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07WEB menor1143Ícaro Sol, estudante de Engenharia, e a mãe, a professora Luciana Salgado, da Matemática, sintetizam em um lar a experiência da comunidade acadêmica nas aulas remotasA adaptação ao ensino remoto é bastante diversificada entre os estudantes. Para alguns, a experiência se revela mais leve; outros não se sentem tão confortáveis. Enquanto alguns veem as vantagens de não precisarem se deslocar até o campus; outros necessitam fazer grandes deslocamentos para conseguir uma interntet de qualidade.
    “O PLE é uma experiência única, que vai transformar a gente por completo. Nosso ensino presencial nunca mais vai ser o mesmo”. É a opinião da estudante de Enfermagem Victoria Cristina, de 21 anos, que não sofreu dificuldades na fase de inscrições. “Achei tranquilo. Nas minhas disciplinas, havia bastantes vagas”, conta. “Mas sei que meus colegas de outros períodos tiveram esse problema, de disciplinas com 10 vagas e 100 alunos querendo entrar”, relata.
Duas das três disciplinas da estudante começaram nesta semana e os professores disponibilizaram o material pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os encontros síncronos são gravados para quem não puder comparecer. “Batemos muito nessa tecla com os professores. Alguns disseram até que só precisavam passar o conteúdo, que não tinham que mandar video-aula e gravar nada”, lembra.”Mas a gente lutou por isso, e acabamos convencendo os professores de que não é assim. Cada caso é um caso. Não podemos deixar que um aluno fique sem conteúdo ou sem tirar a dúvida por que simplesmente o professor não quis apertar o botão de gravar”, reitera.
Victoria também fez parte do grupo de voluntários, mobilizados pela Coordenação de Enfermagem e reitoria, para a entrega de chips aos estudantes. “Por questão de biossegurança, foi muito legal que colocassem a galera da Saúde para fazer esse trabalho”, diz. “Porque temos que passar álcool o tempo todo na mão. Às vezes, a galera não leva caneta e temos que higienizar, manter o distanciamento”, explica. Para a estudante, a entrega de chips também foi tranquila. “O pessoal já sabia como fazer, foi rapidinho, cinco minutos de espera. Todo mundo manteve o distanciamento, foi de máscara, a maioria levou caneta”, detalhou.
Não é a realidade de todos. Em Vale Verde, distrito de Porto Seguro na Bahia, Denildo Vidal, de 27 anos, espera a chegada do chip prometido pela universidade. O estudante, que está no último semestre de Design, relata problemas com o uso de internet. “O sinal é ruim aqui. Mas, com o dinheiro do auxílio-equipamento, encontrei um modem rural que conecta ao chip”, explica. “Comprei e coloquei aqui pela internet do meu celular, já que não recebi ainda o chip da UFRJ; ele está em trânsito devido à greve dos correios”, conta.
Mas nem sempre o procedimento funciona, conta Denildo. “Se não der certo, eu tenho que viajar mais de 60 quilômetros até a casa da minha irmã para poder acessar a internet”, afirma. “Coloco o crédito de R$ 20 a R$ 30 reais por semana. Aí recebo 3 gigas e fico regrando a internet para poder estudar”, explica.  Caso não consiga conectar, Denildo pega a estrada de Vila Verde até Arraial D’Ajuda, onde sua irmã mora. “Eu vou até lá para poder conectar e ter a aula, mas por enquanto eu não precisei fazer isso”.
Eduarda Vasconcelos (21), estudante de Nutrição do campus Macaé, foi beneficiada com um chip. Moradora de Conceição de Macabu, a 60 quilômetros de Macaé, teve de ir ao campus buscar o material. “Fiquei um pouco chateada, porque achei que pudesse ter a opção de enviar pelo correio”, conta. “Por mais que eu more numa cidade vizinha, tive que ir lá e tem toda aquela preocupação de me contaminar. Por mais que eles tenham agendado horário certo e não houve aglomeração na faculdade, eu tive que ir de ônibus até Macaé”, explica. Para a estudante, pelo menos, o esforço valeu a pena. “A verdade é que está funcionando bem o chip. Desde segunda-feira, estou usando tanto para as aulas como para o projeto de extensão”.
Para Diana Tabach (21), estudante de Geologia, o PLE está sendo bom por não ter que se deslocar até a faculdade. “Eu moro no Recreio e estudo no Fundão”, afirma Diana, que normalmente levaria cerca de uma hora e meia para chegar à faculdade. Devido ao estágio, a estudante relata dificuldade em conciliar o ritmo do PLE e das obrigações. “Por isso, puxei menos matérias, matérias mais leves. E também porque não estou num momento muito bom psicológico”, explica. “Mas eu acho que vai dar certo sim”, diz.
Existem lares que estão vivendo os dois lados do ensino remoto. Ícaro Sol, estudante de Engenharia Elétrica no CT e sua mãe, a professora Luciana Salgado, do Instituto de Matemática, estão se ajustando ao novo cotidiano. “A rotina da casa foi modificada porque a gente teve que determinar alguns dias para cada um ficar responsável pela comida ou arrumação”, conta.”Antes era mais tranquilo, porque almoçávamos sempre fora, eu comia no bandejão e a casa também ficava menos desarrumada, porque transitávamos menos nos ambientes”, explica.
Ícaro considera interessante a experiência de ensino remoto até o momento. “É um estresse diferente, não é mais nem menos”, afirma.”Ajudei minha mãe em algumas coisas que achava melhor para ela adaptar”, lembra. “Ajuda um aluno estar aqui do lado para falar mais ou menos qual forma seria melhor, e ela acatou a maior parte das minhas dicas.”

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