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06WEB menor1143Os professores da UFRJ experimentaram diferentes sensações na primeira semana do Período Letivo Excepcional. A apreensão com a eficácia das aulas mediadas por tecnologia se misturou com a alegria pela retomada dos vínculos com os alunos.  
Alguns passaram por uma adaptação mais tranquila. O professor Guilherme Travassos, da Coppe, leciona Desenvolvimento de softwares orientados a objetos, disciplina eletiva do curso de Engenharia de Computação e Informação. “Estou envolvido no projeto do Cederj desde o início. Tenho familiaridade com o Moodle”, contou o docente, que já usava tecnologias digitais de apoio na disciplina. Mesmo assim, a modalidade remota traz o desafio de criar o ambiente onde o trabalho dos alunos possa ser materializado. São 15 inscritos no PLE, número próximo dos que fazem a disciplina normalmente. “A turma desenvolve um projeto de software. Não posso ter muitos alunos, mesmo em ambiente real, porque o programa tem todo um aspecto de mentoria e acompanhamento”
Guilherme também vai fazer um encontro síncrono semanal com a turma pelo programa Jitsi. “Essa dinâmica é importante. Os encontros das aulas servem para eles apresentarem o que foi construído ao longo da semana”, afirmou. O docente avalia que o PLE é uma ótima oportunidade para a universidade. “Está sendo excelente para estabelecermos essa ligação com os alunos, que é muito importante, e para evoluirmos na estrutura de trabalho de ensino com atividades remotas”.
Kátia Tavares, professora da Faculdade de Letras, também tem familiaridade com tecnologia de ensino remoto, mas leciona para um número muito maior de alunos. Suas turmas de Inglês Instrumental I e II, na Letras, e Inglês Instrumental na Licenciatura em Biologia somam 140 estudantes. Nas três disciplinas, vão predominar as atividades assíncronas, e os alunos vão usar a plataforma moodle Letras 2.0. “Essas disciplinas já utilizavam o moodle. Fazia sentido manter o que está lá, e acrescentar mais conteúdo”, disse. As duas disciplinas da Letras são divididas com a professora substituta Valeska Serafim, e ambas vão participar das atividades síncronas, no Google Meet. Para Kátia, as primeiras semanas também são importantes para se aproximar da turma. “Temos que acolher o aluno, orientá-lo, sem nos desesperarmos”, defendeu.
A sala de aula virtual da disciplina Intelectuais Negras, ministrada pela professora da Faculdade de Educação Giovana Xavier, revelou ser esse espaço acolhedor, e de troca entre os estudantes. “Senti que as pessoas estavam, dentro dos limites do atual momento, animadas de retomar a rotina acadêmica”, afirmou. “Proporcionar esses encontros pelo ambiente virtual está sendo positivo. Interagir com a turma, perguntar como está sendo a sua experiência na pandemia”, explicou. Giovana dará aulas exclusivamente síncronas. Totalmente contrária às aulas remotas como modelo permanente de ensino, a docente encontrou no PLE uma janela de observação da realidade, graças aos depoimentos de algumas das alunas. “Revela a desigualdade dentro do espaço acadêmico. Meninas de bairros distantes falando que não tinham como atravessar a cidade para fazer minha disciplina, na Praia Vermelha”, observou.
Sua primeira aula de Intelectuais Negras, por exemplo, terminou com cada estudante usando uma palavra para explicar o que significou aquele momento. “Produzimos muito conteúdo em turma. Fico pensando se para quem trabalha em uma dinâmica de usar mais o quadro, como deve ser produzir um material de qualidade, e, ao mesmo tempo, não correr risco de deixar a aula monótona”.
Para fugir dessa monotonia, o professor Nelson Braga, do Instituto de Física, resolveu se reinventar para tornar a dinâmica das aulas mais atraente.
Nelson usou uma mesa digitalizadora para simular uma lousa, e aprendeu edição de vídeo para apresentar o conteúdo da disciplina Mecânica Quântica. O material é enviado antes dos encontros síncronos com a turma, chamados por ele de “reunião-aula”, feitos pelo Zoom.
“Estou gostando muito da combinação dos vídeos com essa reunião com a turma, quando procuro passar ânimo e energia para eles”, relatou. A novidade fez Nelson, que dá aulas há 30 anos, sentir-se ansioso como se fosse sua primeira vez em frente a uma turma. “Quando acabou, deu aquela sensação boa, me senti animado. Estava sentindo falta de dar aula”, confessou.
Professor da disciplina Direito Administrativo na Faculdade de Direito, Fábio de Oliveira ficou impressionado com as possibilidades oferecidas pela plataforma AVA moodle, e pretende continuar usando o sistema quando as aulas presencias retornarem.“O AVA é uma plataforma muito boa, estou impressionado. Ela tem vários recursos úteis,. O curso fica bem organizado”, disse. As aulas serão assíncronas, com encontros síncronos ao fim de cada módulo do curso.
A empolgação com a tecnologia não contagiou a professora Silvia Lorenz Martins, do Observatório do Valongo. No curso de Tópicos avançados em Astronomia – Mineralogia, disciplina eletiva, escolheu dar aulas síncronas, que são gravadas e disponibilizadas para os alunos que não puderam acompanhar ao vivo. Silvia acha que há perda nas aulas remotas. “Prefiro aulas presenciais porque há uma interação maior com os alunos. No online você quase não vê a carinha deles. Não dá para saber suas reações”, observou. “Mas é o que temos no momento”, resignou-se a professora.

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