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04WEB menor1143Silvana Sá e Kelvin Melo

Às vésperas de completar 100 anos, a UFRJ vive a incerteza de como será o amanhã. Literalmente. Ao longo da semana, entre uma aula remota e outra do Período Letivo Excepcional, os professores avaliaram as propostas de calendário acadêmico para os próximos semestres. A decisão caberá ao Conselho de Ensino de Graduação na próxima quarta-feira, dia 2. Nove propostas foram apresentadas ao CEG na reunião do dia 21. A reitoria também voltou atrás e divulgou sua segunda proposição. A anterior previa períodos muito curtos e não permitia intervalos entre os semestres letivos.
A segunda sugestão de datas assimilou parte das críticas feitas à primeira proposta: dilatou os semestres e colocou intervalos entre os períodos. Mas passou a considerar uma sobreposição entre o PLE e 2020.1, de setembro a novembro. A intenção dos centros é apresentar propostas que melhor atendam às realidades de suas unidades e, a partir daí, tentar ajustes no CEG. A tarefa não é fácil e reflete a enorme diversidade da instituição. Há questões que vão desde a exaustão provocada pelo trabalho remoto e as consecutivas mudanças no PLE, até a necessidade de adaptação entre disciplinas obrigatórias e eletivas ofertadas no perído excepcional antes do início de um semestre regular.
No Centro de Ciências da Saúde, o decano Luiz Eurico Nasciutti explicou que as 14 unidades, que reúnem os 28 cursos de graduação da área, estão realizando reuniões ao longo de toda a semana em busca de consensos que possam ser defendidos no Conselho de Coordenação, marcado para o dia 31. “Não deliberamos ainda sobre o tema, mas discutimos princípios. Somos favoráveis a que quem aderiu ao PLE seja liberado de um dos períodos regulares. Além disso, não é possível que haja período com menos de 12 semanas. Este é o mínimo aceitável”, argumentou.
O professor Walter Suemitsu, decano do Centro de Tecnologia, também informou que o CT ainda não tem posição fechada, mas que a sobreposição de períodos não seria um problema para os professores do CT. “Sabemos que há uma diversidade grande, mas essa justaposição nos atende”, disse.
Na sua visão, a melhor saída para a universidade seria montar um calendário flexível, para se ajustar aos diferentes níveis de adesão ao PLE. “A maior parte das disciplinas do CT foi oferecida. Na Escola de Química, 100% dos calouros se inscreveram. Mas esta não é a realidade de todos os centros. Por isso, acredito que deveria haver algumas datas como marcos em torno dos quais as unidades poderiam se organizar, mas com alguma flexibilidade para não penalizar nem quem aderiu nem quem não aderiu ao período excepcional”, explicou.
Diretora da Faculdade de Letras, a professora Sonia Reis afirmou que a unidade apoia a proposição formulada pela Escola de Comunicação. A ECO sugere um planejamento até 2022.1, com períodos sequenciais, sem concomitância, com duração mínima de 12 semanas, férias de 48 dias e intervalos administrativos de 22 dias entre os semestres. “Entendemos que é a mais equilibrada, que leva em conta todas as decisões tomadas pelo CEG”, argumentou. A Letras tem mais de quatro mil alunos em 26 cursos de graduação. Desses, 600 aderiram ao PLE. “Este é um considerando importante para nós. Portanto, não apoiamos que o PLE se transforme em 2020.1, nem concordamos com períodos simultâneos. Não temos como iniciar um novo semestre em setembro”, disse a docente.
A proposta da reitoria repercutiu também na plenária de decanos e diretores do dia 25. Diretor do Instituto de Biofísica, o professor Bruno Diaz enfatizou que as unidades ofertaram vagas no PLE sem saber que, depois, haveria a possibilidade de sobreposição com 2020.1. Para Bruno, seria impossível conciliar as atividades dos dois períodos. “A maior parte dos professores está optando por fazer atividade síncrona gravada, que tem sido também o formato preferido dos alunos”.
O diretor lembrou que a inscrição no PLE era facultativa e questionou a ideia da PR-1 de o professor não ministrar a mesma disciplina em 2020.1, se tiver feito uma oferta “adequada” de vagas no PLE. Segundo o docente, alunos que decidiram aguardar um período regular ficariam sem ter como cursá-la em 2020.1. “A proposta que fiz ontem no Conselho de Centro é que se tome a decisão de acabar o PLE e tenhamos apenas o período regular para evitar que alunos e professores sejam prejudicados”, disse.
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo promoveu adaptações de algumas disciplinas teórico-práticas para oferecimento no PLE. O diretor Guilherme Lassance citou a necessidade de criação de turmas menores e uso de atividades síncronas para favorecer a orientação dos alunos nestes casos. “Temos um PLE começando a funcionar e preocupa, no meio do caminho, sermos obrigados a voltar a uma oferta obrigatória, de março, sem conseguir compatibilizar com as adaptações que fizemos agora”, disse.
Diretora da Escola Politécnica, a professora Cláudia Morgado informou que a unidade ofertou 98% de toda a grade de 2020.1. E defendeu a concomitância. “Se não, teríamos três períodos até maio”. Mas explicou que o primeiro período de 2020 sobreposto ao PLE deve ser considerado como complementar. “Na verdade, não podemos dizer que esses períodos são regulares. Não estamos numa situação regular”, completou. A professora defendeu que os professores devem ser obrigados a dar pelo menos dois PLEs – de três – até maio, fazendo com que os alunos integralizem um ano letivo nos currículos. “Na minha equação, PLE1 mais PLE2 mais PLE3 é igual a 2020.1 mais 2020.2”, concluiu.

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