Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ foi apresentado para as entidades que fazem parte do FORMAS – Fórum de Mobilização e Ação Solidária –, que reúne AdUFRJ, Sintufrj, DCE, APG e Attufrj. O encontro aconteceu com representantes da Pró-reitoria de Planejamento e Finanças. O PDI passa por consulta pública, na qual integrantes da comunidade acadêmica e da sociedade civil podem dar sugestões de acréscimos e mudanças ao texto. O prazo para contribuições vai até 13 de novembro, pelo site pdi.ufrj.br.
Com mais de 400 páginas, o documento detalha todo o planejamento da universidade até 2024. O útimo PDI da UFRJ foi formulado em 2006, vigorou até 2011 e não foi mais atualizado. “O PDI é um requisito obrigatório na avaliação e revalidação de cursos. Essa ausência já vem trazendo prejuízos para a UFRJ”, explicou o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp. “Uma das questões com a qual a gente havia se comprometido era que logo que assumíssemos (a reitoria) produziríamos um novo PDI. Mas veio a pandemia e transformou toda a realidade”.
A consulta virtual acabou sendo uma imposição provocada pela crise sanitária da covid-19. “Pensamos em formas de estimular a participação da comunidade acadêmica. Daí surgiu a ideia da consulta pública”, contou Raupp. “Já há cerca de 70 participantes, com muitos comentários e contribuições ao documento”, disse. A consulta foi aberta no dia 13 de outubro.
A partir da aprovação do documento, a reitoria pretende fazer atualizações constantes. “Planejamos um sistema próprio de monitoramento da execução do PDI, que vai permitir que sejam feitas as atualizações das metas e verificar o que foi alcançado. A ideia é que haja sempre uma ampla participação de toda a universidade”, garantiu o pró-reitor. As unidades acadêmicas também serão incentivadas a desenvolverem seus próprios planos de desenvolvimento.
De acordo com Maria de Fátima Bruno, superintendente de Planejamento, as sugestões recebidas serão estudadas e o que não for incorporado ao documento será formalmente justificado. “Nossa preocupação é que haja a maior participação possível e que a versão, já com as contribuições incorporadas, seja apresentada para deliberação do Conselho Universitário em dezembro”, disse. Pelo cronograma oficial, a discussão deve chegar ao colegiado em 10 de dezembro.
Presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller observou que o maior desafio não é escrever um novo PDI. “A UFRJ precisa parar de fazer PDI só para cumprir tabela. Nosso maior desafio não é aprovar o documento, mas mudar uma cultura institucional sobre o planejamento estratégico, sobretudo para ser medida e avaliada permanentemente”, afirmou. “É importante que todos participem deste processo”.
O professor Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ, sugeriu que fosse incorporada a melhoria da estrutura, treinamento e equipamentos da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST). “Docentes novos não conseguem ter seus pedidos de insalubridade examinados porque não há equipamento e capacidade técnica para essa avaliação”, reclamou. “No meu laboratório, entre 30% e 40% não têm insalubridade, mas seria preciso que todos tivessem”.
Joana de Angelis, diretora do Sintufrj, concordou. “Existe uma dificuldade de entendimento sobre o que é um ambiente insalubre, além da falta de pessoal, da falta de capacitação e de materiais”, disse. Ela também sugeriu que o PDI considere plano de carreira dos técnicos-administrativos nas ações voltadas ao segmento.
A estudante Antônia Velloso, do DCE Mário Prata, destacou a preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência. E sugeriu que o documento aborde melhor a associação entre a permanência estudantil e o planejamento acadêmico da universidade. “Inclusive a residência estudantil precisa sair da estrutura da PR-1 (Pró-reitoria de Graduação) e ser incluída na PR-7 (Pró-reitoria de Políticas Estudantis), já que é um item de assistência”, opinou.
Para o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, a universidade precisa “retomar o horizonte de planejamento de médio e longo prazos”. “Queremos que o PDI seja um instrumento político que reúna a comunidade acadêmica. Não pode ser um instrumento de gestão. Definitivamente, este não é um PDI da Denise e do Fred”, afirmou.
Perguntado sobre como garantir que o planejamento será executado com a perspectiva de cortes cada vez mais acentuados no orçamento da UFRJ, o vice-reitor fez uma comparação. “O que ocorreu em outros momentos da história da universidade foi trabalhar com a hipótese de que não teríamos problemas financeiros. Desta vez, partimos de uma realidade de fortes restrições orçamentárias, o que nos permite planejar e determinar metas muito mais realistas”.