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WhatsApp Image 2022 02 04 at 17.42.23 1MURAL de 32 metros, pintado pelo mestre Zirado, poderá ser exposto ao público em uma praça, prevê o projeto - Foto: Arquivo AdUFRJO projeto Viva UFRJ está de cara nova para 2022. Em dezembro passado, a reitoria assinou um aditivo ao contrato firmado em 2018 com o BNDES para exploração de áreas da universidade pela iniciativa privada em troca de investimentos diretos na infraestrutura acadêmica. Todos os locais previstos no projeto original — 485 mil metros quadrados nos campi da Cidade Universitária e da Praia Vermelha e um imóvel na Praça da República — foram substituídos pela futura alienação dos 11 andares que a instituição possui nos edifícios Ventura Towers, na Avenida República do Chile, no Centro.
“Nós sentimos que a comunidade gostaria de ter aqueles espaços preservados para atividades acadêmicas”, explica o vice-reitor, professor Carlos Frederico Leão Rocha. Por outro lado, o mesmo vínculo não existe em relação ao Ventura. “Avaliamos que não há interesse de uso pela UFRJ e nós estamos com problemas na gestão deste ativo”, completa. A instituição enfrenta dificuldades para alugar os andares, apesar de estarem localizados em um ponto nobre da cidade.
As contrapartidas estipuladas inicialmente no projeto — contratado durante a gestão do ex-reitor Roberto Leher —, como a construção e manutenção de alojamentos e moradias estudantis, também serão revisadas pelo comitê técnico do Plano Diretor da UFRJ. “Eles vão fazer uma revisão e uma proposta de ordenação”, informa Carlos Frederico.
O vice-reitor adianta uma sugestão que será feita pela administração superior: reformar dois andares da Escola de Música que, hoje, em função das dificuldades de infraestrutura, ocupa uma parte do próprio Ventura. “Temos que recuperar uma parte da Escola de Música para abrigar justamente o que estaria sendo desalojado”, disse.
A previsão é que o Consuni discuta o tema em junho. Mas, frisa o vice-reitor, é importante que as unidades e centros preparem ou atualizem seus projetos de obras a tempo. “Queremos alienar o Ventura até o final do ano”, disse.
Há outra importante alteração no contrato: a criação de um equipamento cultural no campus da Praia Vermelha deixa de ser uma contrapartida e se torna um local disponível à exploração pela iniciativa privada. “Não vou usar recursos do Ventura para o equipamento cultural”, informou Carlos Frederico.
A iniciativa se livrou de um obstáculo no último dia 14, quando foi publicada a lei complementar municipal que estabelece as condições para implantação do novo espaço cultural no campus da Praia Vermelha — o antigo Canecão sempre funcionou de maneira irregular em relação à legislação da cidade.
O formato final da gestão do novo espaço, que deverá se financiar, ainda não está definido. Haveria um salão principal, com capacidade para 1,5 mil pessoas e o maior palco do Rio de Janeiro. “A intenção é estabelecer um número de dias por ano em que a universidade usaria este salão. O palco seria maior que o do Theatro Municipal”, observa Carlos Frederico. Além disso, mais dois salões menores seriam integralmente dedicados à UFRJ. Pintado por Ziraldo, um mural de 32 metros de largura que ficava no antigo Canecão seria exposto publicamente em uma praça ao lado do imóvel.

DEBATE
As mudanças do contrato foram divulgadas e debatidas durante a primeira reunião em 2022 do Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE) da UFRJ, no dia 1º de fevereiro.
Decana substituta do Centro de Ciências da Saúde (CCS), a professora Russolina Zingali considerou “importantíssima” a revisão das contrapartidas do projeto. “A primeira discussão do Viva foi muito frustrante por não podermos colocar os prédios inacabados”, disse. A docente destacou a necessidade de um planejamento institucional simples e eficiente para viabilizar as futuras obras.
Não há dinheiro suficiente para reformas ou novas instalações, no que depender da gestão Bolsonaro. As dificuldades financeiras da universidade foram tratadas pelo decano do Centro de Tecnologia (CT), professor Walter Suemitsu. “Não tem orçamento para investimento. Se o orçamento mudar, só a partir de 2024, porque o orçamento de 2023 ainda vai ser elaborado por este governo”, afirmou.
Superintendente da pró-reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, George Pereira confirmou as preocupações. A Lei Orçamentária Anual, publicada em 24 de janeiro, indica uma verba para investimento na maior federal do país de apenas R$ 5,9 milhões. E nem isso está garantido, pois todas as verbas dependem de um decreto com a programação orçamentária e financeira do governo federal. “Pode haver um contingenciamento ou não, neste primeiro momento”, disse.
Além de terminar obras, o decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), professor Marcelo Macedo Correa e Castro, chamou atenção para a situação dos prédios mais antigos e tombados da UFRJ. “Acho que vamos nos dividir entre coisas inacabadas, coisas por fazer e coisas por reformar. No CFCH, temos o IFCS/IH, no Largo de São Francisco, e a Faculdade de Educação e a ECO, no Palácio Universitário”, exemplificou. “Prédios com necessidades muito prementes de reforma, inclusive pela questão da segurança”, completou.

UNIVERSIDADE PREPARA AMPLO RETORNO EM ABRIL

A volta integral das aulas presenciais, prevista para abril, também foi tema da reunião do CSCE de 1º de fevereiro. “O grande desafio nosso, neste momento, é voltar a ocupar a universidade. Temos que tomar as iniciativas necessárias e a reitoria está à disposição para auxiliar centros e unidades neste retorno”, disse o vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha, durante a reunião do CSCE. A UFRJ retomou na segunda-feira (31) as atividades presenciais de 2021.2 que estavam em curso no começo de janeiro e foram interrompidas, ou transferidas para o remoto, em função do aumento de casos de covid-19 causado pela variante ômicron.
“Os prédios precisam estar ocupados diariamente. Não há mais nenhum motivo para vermos prédios com suas entradas principais fechadas na universidade”, reforçou a reitora Denise Pires de Carvalho.
Mas não será nada fácil colocar a casa em ordem em menos de três meses. O decano do CT, professor Walter Suemitsu, ponderou sobre os limites de atuação dos gestores locais, diante da falta de recursos e de pessoal. “A decania tem suas responsabilidades, mas não tem recursos”, afirmou. “A manutenção está acabando, pois as pessoas vão se aposentando e não há mais concursos para substituição. Alguns cargos foram extintos”.
Superintendente de Planejamento da pró-reitoria de Pessoal, Rita dos Anjos esclareceu que desde a década de 1990 as universidades vêm sofrendo redução neste setor. “As universidades não têm mais autorização para fazer concurso para estes cargos de manutenção, como carpinteiro ou pedreiro”, disse. “É um problema muito sério, não só da UFRJ, a falta desses servidores”.
Além da redução do número de técnicos-administrativos, existe a preocupação com a falta de professores substitutos para realização das aulas. “Tenho unidades, historicamente, com defasagem de docentes: FND, IRID, FACC. Estou citando exemplos conhecidos”, disse o decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), professor Flávio Martins. “Não é uma simples reposição para ocupar vaga de alguém que está licenciado por algum motivo”, completou.
Para minimizar o problema, a UFRJ lançou esta semana um edital para seleção de 152 docentes temporários. As vagas são para o Rio e para os campi de Duque de Caxias e de Macaé.

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