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WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.04.21Foto: Alessandro CostaA saudade dos corredores cheios não escondeu os velhos problemas da maior unidade da UFRJ, o Centro de Ciências da Saúde (CCS). Os problemas crônicos – banheiros precários, goteiras e paredes com mofo – saudaram calouros e conhecidos da casa. No percurso para a faculdade, os ônibus lotados e BRTs com as portas abertas em movimento já prenunciavam as dificuldades. “Saímos com três horas de antecedência e não chegamos”, desabafa Luísa Cavalcante, estudante do 5º período de Enfermagem.
No bandejão, as filas gigantescas assustavam os estudantes, que ficaram debaixo do sol esperando por mais de uma hora.
Após dois anos de universidade virtual, calouro não é apenas o aluno do primeiro período. Quem cursou metade da graduação em casa também sentiu o frio na barriga de pisar na faculdade pela primeira vez: “Perdi todo o meu ciclo básico, mas estou feliz. O momento é agora”, conta determinada a estudante do 4º período de Ciências Biológicas, Letícia Nascimento.
As turmas cheias confirmam a saudade e animação. “Eles estavam ansiosos, perguntando muito. No remoto, são sempre os mesmos indivíduos que participam. No presencial, a participação é maior, mais democrática”, observa o professor Norton Heise, da Nutrição. Mesma opinião do professor Ricardo Reis, da Odontologia. “Desde segunda, quando a turma iniciou o curso, ela está cheia. Ou seja, claramente as pessoas querem voltar ao presencial. A UFRJ nunca esteve tão participativa”, comemora o professor, na frente da sala, com todos os alunos de máscaras.
Os problemas estruturais, no entanto, seguem graves no CCS. No auditório do bloco N, a palestra “Acolhimento UFRJ”, com o objetivo de apresentar o funcionamento da Universidade para os calouros, aconteceu no calor. Os dois aparelhos de ar-condicionado estavam quebrados. Na Escola de Educação Física (EEFD), a precariedade também continua.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.05.26
“Nós temos um número de estudantes infinitamente maior do que o número de espaços disponíveis para a aula. Então, nós já tínhamos um problema; agora ele só aumentou, porque não foi resolvido”, explica a diretora da Katya Gualter. “Ainda assim, meu sentimento é profunda emoção. Chegar e encontrar esses corpos coabitando esses espaços revitaliza”, reconhece a professora, com o mesmo sentimento esperançoso da estudante Tamires Costa. “Tocar, sentir o cheiro sem estar mediado pela tela. É esperançoso voltar ao presencial”.

A arte do acolhimento

O prédio que reúne os maiores problemas estruturais da universidade é o edifício Jorge Machado Moreira, que abriga a reitoria e os cursos da Escola de Belas Artes (EBA), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR). Atingido por dois incêndios em cinco anos, o prédio ainda passa por reformas e reforço de pilares danificados pelo tempo. No primeiro dia de aulas, a decania do Centro de Letras e Artes, que funciona no térreo do prédio, montou uma atividade para calouros e veteranos.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.35.23 2
“O acolhimento começou do lado de fora, com a organização dos alunos e esclarecimento de dúvidas sobre acesso e comprovante de vacinação”, conta a servidora Vânia Godinho. “Temos alunos do primeiro ao quinto períodos que estão inaugurando os espaços da universidade. Ficamos com medo que eles não se adaptassem, não encontrassem suas salas, acessassem algum espaço em obras. Era realmente necessário esse trabalho de orientação”, avalia a técnica-administrativa.
Dos quatro elevadores do prédio, apenas um funciona. “Damos prioridade para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência e orientamos todos os outros a utilizarem as escadas”, explica a servidora. A equipe também montou um mini manual do aluno, com orientações diversas sobre a UFRJ.
Apesar do esforço, ainda houve quem se perdesse. Laila dos Anjos, do segundo período da FAU, procurava uma sala. “Estou muito ansiosa com este retorno”, comemora. Ela começou a estudar na UFRJ em 2021.2 e viveu muitas dificuldades com o ensino remoto. “Na minha casa acontecem muitas coisas, eu não tenho estrutura para estudar lá”, conta a aluna. “Estar aqui presencialmente é um sonho. Espero que seja meu recomeço”.

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