Renan Fernandes
Dois novos equipamentos de última geração prometem ampliar as possibilidades de pesquisa na UFRJ. O Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio) inaugurou no início de novembro uma plataforma de criomicroscopia eletrônica. Também no fim do ano passado, o Museu Nacional adquiriu um microtomógrafo. Em fase final de testes e calibragem, a expectativa é que as duas máquinas — únicas no Brasil — estejam em pleno funcionamento a partir de fevereiro.
A microscopia eletrônica com criogenia revolucionou o campo da biologia celular e estrutural. A tecnologia permite a obtenção de imagens de alta resolução de moléculas biológicas, vírus, células e até mesmo de tecidos, proporcionando avanços em diversas áreas da ciência, como a medicina, a farmacologia e a biotecnologia.
O professor Kildare de Miranda, vice-diretor do Cenabio e diretor da Unidade de Microscopia Avançada, comemorou a chegada do equipamento, comprado com recursos da Faperj. “Essa técnica se popularizou pelo mundo inteiro e o Brasil estava muito atrás. A gente não tinha essa tecnologia de ponta”, afirmou.
Já o microtomógrafo era um desejo dos professores e pesquisadores do Museu Nacional desde 2016. “Há uma enormidade de possibilidades de uso”, celebra o professor Cristiano Moreira, coordenador do Comitê Gestor dos Laboratórios do Museu Nacional.
Finalmente adquirido com os recursos de uma emenda parlamentar, o aparelho tira sucessivas radiografias do item analisado e possibilita a reconstrução tridimensional através de um programa. O método permite o estudo de peças raras sem a necessidade da utilização de técnicas destrutivas.
A digitalização do acervo do Museu fará as peças existirem não apenas no mundo material, mas também no mundo virtual. Existe ainda a possibilidade de reprodução de itens do acervo por meio de impressão em três dimensões a fim de preservar as características originais.
“Pesquisadores que visitam o Museu e pedem material emprestado para pesquisa podem examinar uma imagem digital do objeto de estudo, o que proporciona maior longevidade ao nosso acervo”, apontou Moreira.
Kildare, docente do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, também integra o Comitê Gestor do Museu Nacional e destacou a cooperação entre as diferentes unidades da UFRJ.
“A conversa vai permitir que a gente faça estudos transescala, indo do átomo até o organismo inteiro. Esse microtomógrafo falta ao Cenabio para fazer a ligação entre as escalas de tecidos e de órgãos. Em breve, estaremos na fila do Museu para usar a ferramenta”, completou.