Na terceira edição Especial Eleições 2025, o Jornal da AdUFRJ quer saber os planos das chapas para os professores que contribuíram por toda a vida para a construção da universidade e de uma sociedade mais justa. Os aposentados são parcela significativa dos sindicalizados da AdUFRJ: eles são 1.489 professores e representam 41,6% do total de filiados. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 2 – ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública.
As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. As inscrições para o CR seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos estão disponíveis a seguir.
Inscrição individual CR 2025-2027
Inscrição chapa CR 2025-2027
Participe!
1. Quais as propostas das chapas para os aposentados?
O saber é uma construção social de caráter intergeracional e coletivo. A ciência, as artes e a cultura são impensáveis sem o reconhecimento às(aos) que vieram antes de nós. Aposentadas(os) são nosso maior patrimônio. E patrimônio a gente cuida!
Nosso primeiro sentimento para com as(os) colegas aposentadas(os) é de gratidão por sua dedicação à UFRJ. Agradecemos por nos legarem conquistas como a carreira docente e salários unificados, a liberdade didático-científica, o sistema nacional de ensino federal e todo conhecimento que, por obra do seu trabalho, hoje nos sustenta e eleva.
A recuperação e a valorização das aposentadorias são uma luta urgente e que deve mobilizar a todas(os) pela manutenção da dignidade na vida pós trabalho. Por isso, nosso principal compromisso é com a defesa da paridade entre ativas/os e aposentadas/os.
A defesa da aposentadoria é um pilar do programa da CHAPA 2. Paridade e integralidade podem ser garantidos mediante o respeito e o estímulo à solidariedade intergeracional. Mobilizar ativos e aposentadas(os) pela recomposição das aposentadorias mediante o reenquadramento dos aposentados às novas carreiras é importante para preservar seus provimentos uma vez que a carreira tinha outra feição e um número diferente de níveis.
2. Como inserir os aposentados no dia a dia do sindicato e nas campanhas salariais?
A memória é insumo da consciência no exercício da liberdade. É importante recordar a história da alteração dos regimes de previdência que desfiguraram o direito à aposentadoria previsto na Constituição de 1988. Ali, se conquistou a aposentadoria por tempo de trabalho. Até a Emenda Constitucional nº 20/1998, que foi seguida de numerosas outras contrarreformas, a Carreira Docente – Magistérios EBTT e Superior – exigia 25 (mulheres) e 30 (homens) anos de trabalho.
O governo de Fernando Henrique Cardoso elevou esse tempo no Magistério Superior para 30 e 35 anos. Ademais, o tempo de trabalho foi substituído por tempo de contribuição.
Essa medida representou entre cinco e sete anos de acréscimo às exigências de aposentação.
Na primeira gestão do Presidente Lula, foram extintas a paridade e a integralidade. Houve a redução de 30% no valor da pensão por morte, a instituição de teto para o setor público: igual ao do INSS (hoje em R$ 8.157,41). Também em 2003 foi instituída a contribuição previdenciária para quem já está aposentado. Acabar essa injusta contribuição é a mais urgente ação por dignidade de aposentadas(os).
A presidenta Dilma criou a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (FUNPRESP), fundo de “previdência privada” por capitalização que estimula a especulação e carrega riscos de bancarrota e quebra, ameaçando estruturalmente o direito à aposentadoria. Não podemos concordar com a desresponsabilização do Estado para com o direito fundamental de proteção aos aposentados, como está explícito na Ficha de Adesão da FUNPRESP.
Com Bolsonaro, a previdência social foi gravemente atacada para atender aos interesses do capital. Assim, em momentos “de crise”, os valores das aposentadorias podem ser congelados, seus percentuais de contribuição ainda mais elevados e, como se não bastasse, sofrer descontos extraordinários!
Além disso, foi criado um mecanismo que retardou o acesso ao direito e um sistema de pontos que combina, a cada ano, idade e tempo de contribuição. Esse sistema tem por consequência o aumento da idade para aposentadoria até alcançar 62 anos de idade (mulheres) e 65 anos (homens).
Para transformar a realidade é preciso conhecê-la. Trabalhar para que esse histórico seja reconhecido pelo professorado, usando as ferramentas de comunicação da seção sindical é o básico. Também é essencial reativar o Grupo de Trabalho Seguridade Social/Assuntos de Aposentadoria, na UFRJ, rearticulá-lo nacionalmente e mobilizar os colegas para participarem.
3. Como combater o etarismo na universidade e defender as condições de trabalho de docentes aposentados que continuam em atividades acadêmicas?
O etarismo se funda no individualismo e na renúncia da solidariedade aos mais frágeis, por estarem invisíveis na universidade. Mas, nas lutas cruciais da UFRJ, as(os) aposentadas(os) sempre contribuíram para pensar a universidade para além do imediato. Assim, sensibilizar para a luta de interesse comum deve ser uma prioridade.
Condições de trabalho precárias são a contraparte do ataque às aposentadorias e potencializam inseguranças, adoecimento e o endividamento de todas as gerações. Lutarmos juntos é a chave para alcançar vitórias e abrir novos horizontes para o exercício da docência quando o Brasil precisa mais do que nunca de seus cientistas para construir um projeto socialmente justo e soberano.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.