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17 09 2025 Lançamento da terceira edição de educadores no Brasil 4Fotos: Alessandro Costa‘O que tornou sua trajetória admirável foi a persistência na defesa da democracia e da educação para a democracia, que constituiu o motivo central de devotamento da sua vida, apesar das rupturas que lhe foram impostas pelas conjunturas políticas de 1935 e 1964. Essa defesa não foi apenas apaixonada: foi polida por uma filosofia da educação e uma compreensão aguda da história da sociedade brasileira; foi iluminada pela sua imaginação pedagógica”.
Esse é um trecho do verbete dedicado ao educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971), escrito pela pesquisadora Clarice Nunes, um dos 186 perfis abordados na 3ª edição do “Dicionário de Educadores no Brasil — da Colônia aos dias atuais”, lançado no último dia 17 pela Editora UFRJ. Em tempos de ataque à soberania nacional, a obra de 1.236 páginas é um mosaico da construção do pensamento brasileiro no campo da Educação e de seu papel na consolidação da democracia.
“Nesse momento em que a gente tem que reivindicar a soberania do nosso país, ter a história do pensamento educacional brasileiro sistematizada a partir da Faculdade de Educação é um grande marco. Há vários educadores brasileiros perfilados nessa obra que muitos de nossos próprios estudantes não conhecem. É uma fonte de pesquisa riquíssima sobre a evolução das ideias pedagógicas no Brasil. São autores que viveram aqui e pensaram a nossa realidade”, atesta a professora Ana Paula Moura, diretora da Faculdade de Educação (FE) da UFRJ.WhatsApp Image 2025 09 24 at 20.16.55 7LANÇAMENTo do livro: Libânia Xavier, Osmar e Maria de Lourdes Fávero em 17 de setembro

PESQUISA DENSA
Organizado por Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero, Jader de Medeiros Britto (1931-2024) e Osmar Fávero, o dicionário é fruto de um longo trabalho de pesquisa. A primeira edição, com 74 verbetes e 496 páginas, foi publicada pela Editora UFRJ em convênio com o MEC/Inep, em 1999. Em 2002, a segunda edição já contava com 144 verbetes e 1.088 páginas. Mais de duas décadas se passaram até a consolidação dessa 3ª edição, que é dedicada ao professor Jader de Medeiros Britto, falecido em 2024, e que agora teve seu nome incluído entre um dos biografados — todos já falecidos. Britto foi assistente de pesquisa do professor Anísio Teixeira.
“Foi um trabalho desafiador, começamos em 2023 a organizar a 3ª edição, e tenho que registrar o apoio inestimável da pesquisadora Helena Ibiapina, sem o qual não teríamos conseguido avançar. Acompanhei as três edições do dicionário e posso dizer que o compromisso dos organizadores com essa pesquisa é algo que emociona toda a equipe da Editora UFRJ. Infelizmente, no meio do caminho perdemos um dos organizadores, o professor Jader Britto, que sempre esteve presente”, lembra Fernanda Ribeiro, diretora adjunta da Editora UFRJ. O reitor Roberto Medronho e a vice-reitora Cássia Turci participaram do lançamento.
Além dos três organizadores , o livro conta com a participação de outros 175 autores de verbetes, num gigantesco processo colaborativo. Uma das autoras é a professora Libânia Nacif Xavier, titular da FE e especialista em História da Educação. “É um trabalho de referência para o desenvolvimento da pesquisa educacional. Há biografias de vários educadores De José de Anchieta a Paulo Freire, de Rui Barbosa a Darcy Ribeiro, passando por nomes como Amaro Cavalcanti, Benjamin Constant, Bertha Lutz, o padre Antonio Vieira, Florestan Fernandes, dom Hélder Câmara e Maria Yedda Linhares, o dicionário cobre desde os tempos do Brasil Colônia aos dias atuais, mas se debruça mais fortemente sobre o período entre a década de 1920 e os vinte primeiros anos do século XXI. Cada verbete traz dados da história pessoal, formação acadêmica, atividades profissionais, matrizes de pensamento, produção científica e propostas apresentadas pelos educadores para enfrentar situações desafiadoras da realidade brasileira.
Várias fontes históricas para o estudo da Educação utilizadas pelos autores estão armazenadas no Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade (Proedes), da FE/UFRJ, criado por Maria de Lourdes Fávero, que dá nome à principal sala de arquivos. “Essa obra foi praticamente concebida aqui no Proedes, temos a guarda da documentação proveniente da produção do dicionário. Fui bolsista de iniciação científica da professora Maria de Lourdes, que chamamos de Lurdinha, ela foi também minha orientadora de mestrado. Esse dicionário se deve muito ao árduo trabalho dela em pesquisa histórica, inclusive como criadora do Proedes”, enaltece a professora Ana Lúcia Fernandes, coordenadora do programa.

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