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WEBOPERAFoto: Alessandro CostaQuarta-feira, 10 de outubro, duas e quarenta da tarde. As luzes se apagam no lotado Salão Leopoldo Miguez. Os músicos começam a melodia e o silêncio toma conta da plateia infantojuvenil. São alunos de diversas idades e escolas da cidade que estão prestes a conhecer a magia de mais uma ópera produzida pela Escola de Música.
A ação ocorre todo ano, há mais de uma década, na semana do Dia das Crianças e faz parte do projeto “A escola vai à ópera”. Com participação do coral infantil da UFRJ, o evento busca ampliar o universo cultural das crianças no palco e na audiência. “Nos dedicamos a introduzir principalmente crianças de redes públicas nessa linguagem, de forma lúdica e com histórias que tenham a ver com o universo delas”, explicou a ex-diretora da Escola de Música e diretora-geral do projeto, professora Maria José Chevitarese.
Na história deste ano, “A roupa nova do imperador”, o personagem central, viciado em novos trajes, cai na lábia de dois falsos artesãos que prometem uma roupa invisível aos olhos de quem fosse tolo ou que ocupassem posições não merecidas. Com medo de serem julgados e expulsos de seus cargos, os ministros da Economia e da Justiça, e até mesmo o imperador, fingem enxergar o tecido inexistente.
O tema surgiu de uma parceria com a Academia de Música de Malmö, na Universidade de Lund, Suécia. O professor Sven Kristersson, encantado com o projeto realizado pela Escola, se dispôs a participar e compôs a música do evento. A escolha do conto de Christian Anderson também partiu do compositor, que queria juntar a cultura das duas regiões. “Embora seja uma história antiga, o assunto é muito atual. Fala da necessidade de as pessoas serem aceitas e de se importarem o que os outros pensam”, avaliou aprofessora Chevitarese.

ESFORÇO COLETIVO
A ópera é construída pela colaboração entre diversos cursos da UFRJ. A atividade congrega alunos da Escola de Belas Artes, para cenografia e e indumentária. A Escola de Comunicação entra para fazer a iluminação e a direção teatral. Além de alunos da própria Escola de Música, que compõem a parte instrumental e vocal. “É muito importante para quebrar essa organização tão encastelada da instituição. É o que dá sentido à ideia de universidade”, afirmou o professor José Henrique Moreira, professor de Direção Teatral e responsável pela direção cênica do espetáculo.
Sarah Salotto, aluna de bacharelado em canto e solista do evento afirma que o projeto é muito importante. “Durante a minha infância, nunca tive contato com ópera. Então, para mim, é um prazer imenso estar aqui no palco apresentando isso para as crianças”.
A cada ano, um edital diferente é procurado para a continuidade do projeto. Desta vez, o auxílio financeiro veio de um programa de apoio às artes, uma parceria entre o Fórum de Ciência e Cultura e a Fundação Universitária José Bonifácio. O prêmio PROART/UFRJ é concedido a grupos artísticos de representação institucional.
Segundo a professora Maria José Chevitarese, quando o projeto se iniciou, as pessoas ficaram espantadas por acharem o gênero artístico inacessível aos mais jovens.
“Diziam: ‘Mas crianças em óperas? E elas gostam?’ E o que eu via era uma alegria imensa”, brinca Chevitarese.

CORAL FAZ 30 ANOS O coral infantil da UFRJ completa 30 anos em 2019. Criado pela professora Maria José Chevitarese, tem como proposta ser um coro inclusivo, com cerca de 70% dos alunos de escolas públicas. “O que mais me dá alegria é ver como esse projeto já transformou a vida de muitas dessas crianças”.

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