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WhatsApp Image 2022 11 16 at 21.29.01 3Com 37 votos favoráveis, 22 contrários e cinco abstenções, o 14º Conad Extraordinário do Andes — reunido em Brasília nos dias 12 e 13 de novembro — aprovou a proposta de desfiliação da entidade da central sindical CSP-Conlutas. A proposta será debatida e terá deliberação final no 41º Congresso do sindicato nacional, em Rio Branco (AC), entre os dias 6 e 10 de fevereiro.
As principais críticas dos favoráveis à saída da CSP-Conlutas tratam do sectarismo da frente sindical e da sua posição diante do golpe contra a presidente Dilma Rousseff em 2016 (quando a CSP defendeu o “fora, todos”), a negativa em apoiar a candidatura de Fernando Haddad contra Jair Bolsonaro, nas eleições presidenciais de 2018, e até mesmo uma defesa da prisão de Lula, também em 2018, feita por um representante da frente à época.
“O Conad veio em um momento muito importante, porque estamos nessa discussão desde 2016, quando ficou claro o posicionamento da CSP-Conlutas. Hoje eles estão na mesma posição. Não conseguem entender as pautas que temos como professores e como classe trabalhadora”, avaliou a professora Elisa Guaraná, presidente da Adur-RJ, a associação dos docentes da Rural do Rio, e integrante do Renova Andes, grupo de oposição à atual diretoria do sindicato nacional.
Para Elisa, a decisão tomada no Conad é também histórica, mesmo que ainda tenha que ser referendada pelo Congresso do Andes. “Chegamos aqui, em um momento pós-eleição do Lula, colocando a importância de a gente continuar muito mobilizado e organizado. E é exatamente por isso que esse tema é tão central. Precisamos conseguir efetivamente nos articular com o Fórum Nacional Popular de Educação e com tantas organizações e entidades das quais nos afastamos por conta de um sectarismo da linha estreita que governa o nosso sindicato”, explicou.WhatsApp Image 2022 11 16 at 21.29.01 4
O Renova Andes foi um dos grupos que apresentou um texto de resolução sustentando a saída da CSP-Conlutas, mas não foi o único. Outros quatro textos propunham a saída imediata da CSP, como no caso dos TRs apresentados pela Asduerj e por professores da Unidade Classista, corrente sindical ligada ao PCB. O Sindoif, seção sindical do IFRS, também apresentou um texto no mesmo sentido.
A própria diretoria do Andes apresentou um texto em que faz o balanço da atuação da CSP-Conlutas nos últimos dez anos, conforme deliberado no 39º Congresso, e com a indicação de desfiliação para o 41º Congresso. O TR tem trechos em que critica o posicionamento da central. “Sucessivos erros de avaliação da conjuntura nacional marcaram indelevelmente a central, levando-a a uma posição de isolamento político e sindical. A central não teve capacidade de rever seus erros e aprofundou um discurso ‘esquerdista’ que de fato levava água para o moinho dos setores direitistas”, diz o texto, além de apontar que a CSP não consegue mais “agregar setores do bloco proletário e popular nas lutas concretas em curso”.
Os rumores de que a diretoria do sindicato estava dividida diante do tema circulavam pelo Conad e eram mencionados em falas durante o debate, o que gerou uma resposta da diretora Rosineide Freitas, 2ª vice-presidente da Regional Rio de Janeiro. “Nós tivemos responsabilidade, colocamos a realidade dos estados, pensamos o acumulado de outras diretorias com relação ao balanço e enfrentamos de forma fraterna, mas não menos complexa, este debate. Mas no que nos detemos, e foi muito central, foi no nosso texto de balanço”, disse a diretora.

CRÍTICAS AO MÉTODO
Em sua fala, a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, criticou o método de discussão do Conad. “Eu me dirijo a um plenário cansado de uma manhã inteira já depois de um dia inteiro de deliberação, e o método de deliberação tem como resultado a exclusão. Deliberamos de uma maneira que exclui qualquer professor que está fora desse ambiente sindical, qualquer professor que não tem disposição de ficar doze horas discutindo sobre um assunto sobre o qual já fomos informados e discutimos amplamente. Esse é um sindicato só para sindicalista, porque quem não é sindicalista já treinado, não consegue participar”, criticou.
Mayra também apontou o principal problema de manter o Andes filiado à CSP. “A Conlutas tem adotado uma posição sectária diante dos grandes processos que vivemos nos últimos anos, por considerar que governos de coalizão são uma traição aos reais interesses do proletariado, sem compreender que o mesmo não existe mais (se é que já existiu), enquanto categoria homogênea. Então aqueles que, como eu, são favoráveis a governos de coalizão, em virtude da sua maior capacidade de lidar com a natureza plural da sociedade, e que entendem que governos assim precisam de atores progressistas para movimentar essa coalizão em prol das categorias não hegemônicas, são a favor de uma central sindical e de um sindicato que estejam dispostos a cumprir a missão de participar dos processos políticos. Isso não fere a nossa autonomia. Pelo contrário, faz com que ela deixe de ser uma bandeira vazia e se torne um instrumento de luta”, defendeu a professora.
Na avaliação da vice-presidente da AdUFRJ, a votação do Conad mostra que há espaço para a ampliação, dentro do Andes, de um grupo que abarque a pluralidade necessária para a atual conjuntura, especialmente considerando as eleições para o sindicato nacional, que acontecem no ano que vem. “O Renova tem potencial para abarcar essas visões mais plurais, uma chapa de coalizão que faça oposição à visão sectária da atual diretoria”, afirmou.
A professora da UFRJ Marinalva Oliveira, ex-presidente do Andes, defende a manutenção da filiação à CSP-Conlutas. “O neofascismo, a ultradireita estão na rua, nós vamos ter um governo que foi eleito, e temos que garantir a posse deste governo, e também garantir que esse governo atenda às reivindicações da Educação Superior, que nos últimos anos foi extremamente prejudicada com os cortes de recursos”, defendeu.
Para Marinalva, a unidade é importante neste momento. “Independentemente de como essa conjuntura se desenrolar até o Congresso de fevereiro, será um erro gravíssimo aprovar a desfiliação de uma central justamente no momento em que precisamos unificar. Não estou dizendo que não há erros na central que precisamos corrigir, mas erros não justificam a desfiliação. Erros justificam fazer o debate pela base para fortalecer e corrigir os rumos”, disse a professora. Para ela, o debate central agora deve ser feito pela unidade em torno da recomposição do orçamento das universidades.

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