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Fotos: Alessandro Costa‘O que tornou sua trajetória admirável foi a persistência na defesa da democracia e da educação para a democracia, que constituiu o motivo central de devotamento da sua vida, apesar das rupturas que lhe foram impostas pelas conjunturas políticas de 1935 e 1964. Essa defesa não foi apenas apaixonada: foi polida por uma filosofia da educação e uma compreensão aguda da história da sociedade brasileira; foi iluminada pela sua imaginação pedagógica”.
Esse é um trecho do verbete dedicado ao educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971), escrito pela pesquisadora Clarice Nunes, um dos 186 perfis abordados na 3ª edição do “Dicionário de Educadores no Brasil — da Colônia aos dias atuais”, lançado no último dia 17 pela Editora UFRJ. Em tempos de ataque à soberania nacional, a obra de 1.236 páginas é um mosaico da construção do pensamento brasileiro no campo da Educação e de seu papel na consolidação da democracia.
“Nesse momento em que a gente tem que reivindicar a soberania do nosso país, ter a história do pensamento educacional brasileiro sistematizada a partir da Faculdade de Educação é um grande marco. Há vários educadores brasileiros perfilados nessa obra que muitos de nossos próprios estudantes não conhecem. É uma fonte de pesquisa riquíssima sobre a evolução das ideias pedagógicas no Brasil. São autores que viveram aqui e pensaram a nossa realidade”, atesta a professora Ana Paula Moura, diretora da Faculdade de Educação (FE) da UFRJ.LANÇAMENTo do livro: Libânia Xavier, Osmar e Maria de Lourdes Fávero em 17 de setembro
PESQUISA DENSA
Organizado por Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero, Jader de Medeiros Britto (1931-2024) e Osmar Fávero, o dicionário é fruto de um longo trabalho de pesquisa. A primeira edição, com 74 verbetes e 496 páginas, foi publicada pela Editora UFRJ em convênio com o MEC/Inep, em 1999. Em 2002, a segunda edição já contava com 144 verbetes e 1.088 páginas. Mais de duas décadas se passaram até a consolidação dessa 3ª edição, que é dedicada ao professor Jader de Medeiros Britto, falecido em 2024, e que agora teve seu nome incluído entre um dos biografados — todos já falecidos. Britto foi assistente de pesquisa do professor Anísio Teixeira.
“Foi um trabalho desafiador, começamos em 2023 a organizar a 3ª edição, e tenho que registrar o apoio inestimável da pesquisadora Helena Ibiapina, sem o qual não teríamos conseguido avançar. Acompanhei as três edições do dicionário e posso dizer que o compromisso dos organizadores com essa pesquisa é algo que emociona toda a equipe da Editora UFRJ. Infelizmente, no meio do caminho perdemos um dos organizadores, o professor Jader Britto, que sempre esteve presente”, lembra Fernanda Ribeiro, diretora adjunta da Editora UFRJ. O reitor Roberto Medronho e a vice-reitora Cássia Turci participaram do lançamento.
Além dos três organizadores , o livro conta com a participação de outros 175 autores de verbetes, num gigantesco processo colaborativo. Uma das autoras é a professora Libânia Nacif Xavier, titular da FE e especialista em História da Educação. “É um trabalho de referência para o desenvolvimento da pesquisa educacional. Há biografias de vários educadores De José de Anchieta a Paulo Freire, de Rui Barbosa a Darcy Ribeiro, passando por nomes como Amaro Cavalcanti, Benjamin Constant, Bertha Lutz, o padre Antonio Vieira, Florestan Fernandes, dom Hélder Câmara e Maria Yedda Linhares, o dicionário cobre desde os tempos do Brasil Colônia aos dias atuais, mas se debruça mais fortemente sobre o período entre a década de 1920 e os vinte primeiros anos do século XXI. Cada verbete traz dados da história pessoal, formação acadêmica, atividades profissionais, matrizes de pensamento, produção científica e propostas apresentadas pelos educadores para enfrentar situações desafiadoras da realidade brasileira.
Várias fontes históricas para o estudo da Educação utilizadas pelos autores estão armazenadas no Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade (Proedes), da FE/UFRJ, criado por Maria de Lourdes Fávero, que dá nome à principal sala de arquivos. “Essa obra foi praticamente concebida aqui no Proedes, temos a guarda da documentação proveniente da produção do dicionário. Fui bolsista de iniciação científica da professora Maria de Lourdes, que chamamos de Lurdinha, ela foi também minha orientadora de mestrado. Esse dicionário se deve muito ao árduo trabalho dela em pesquisa histórica, inclusive como criadora do Proedes”, enaltece a professora Ana Lúcia Fernandes, coordenadora do programa.
Fotos: Fernando SouzaO orgulho estampado no rosto da professora aposentada Ana Maria Rambauske foi a melhor tradução da cerimônia em comemoração aos 80 anos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e aos 200 anos do ensino de Arquitetura no Brasil, na manhã do último dia 17, no histórico edifício Jorge Machado Moreira (JMM), na Cidade Universitária. “Fui da segunda turma da faculdade aqui no Fundão, em 1963. Éramos a única unidade na ilha então, vi a UFRJ crescer ao redor e passei minha vida aqui até me aposentar há 20 anos”, disse ela, emocionada, ao lado da neta Juliana, aluna do terceiro período da FAU. “É uma dinastia que segue, isso me dá muita alegria”.
Ana Maria lembrou que a paixão pela Arquitetura e pela UFRJ a levaram direto da graduação, em 1967, para a carreira docente, depois de fazer o mestrado e o doutorado na Coppe. “Atuei também como arquiteta do ETU, planejando a ocupação da Ilha do Fundão. A Arquitetura ocupava os oito andares do JMM, sendo que no oitavo ficava o curso de Urbanismo. Voltar aqui para comemorar os 80 anos da FAU me traz muitas recordações, não só daqui, mas de todo aquele clima da universidade nos anos 1960, a ebulição cultural, o lançamento da Bossa Nova no Teatro de Arena no Palácio Universitário. É uma ligação muito forte, a gente leva para a vida inteira”, lembrou ela, representando gerações de mestres.ALEGRIA Ana Maria com a neta Juliana
Elos do passado e do futuro se juntaram nas comemorações. Diante de um auditório lotado, o reitor Roberto Medronho, que presidiu a sessão solene da Congregação da FAU em homenagem à data, anunciou um “presente” carregado de simbolismo: a reforma do painel artístico em concreto armado da fachada do JMM, criado pelo paisagista Roberto Burle Marx, um antigo sonho da comunidade da FAU. “A Arquitetura tem uma imensa contribuição na vida brasileira, inclusive na área de Saúde. Os arquitetos foram importantes nas ações saneadoras que se seguiram à gripe pelo vírus influenza, inadequadamente chamada de gripe espanhola, no início do século passado”, lembrou Medronho.
O anúncio da recuperação do painel (foto maior, no alto) de Burle Marx — que também projetou a ocupação das áreas livres da FAU, com seu jardins geométricos e seus espelhos d’água — emocionou a todos. A vice-reitora Cássia Turci resumiu esse sentimento: “Eu vejo esse auditório lotado de um amor incomensurável. Esse prédio me emocionou muito quando cheguei à UFRJ, há muitos e muitos anos, e continua me emocionando. Vida longa à FAU!”.
CAMINHOS DA HISTÓRIA
O diretor da FAU, professor Guilherme Lassance, destacou que os 80 anos têm como marco a criação da antiga Faculdade Nacional de Arquitetura (FNA), em 1945. “A faculdade passou a funcionar neste edifício a partir de 1961, um projeto de Jorge Machado Moreira e da equipe do então ETUB entre 1949 e 1961”, pontuou Lassance, que fez questão de usar na solenidade a bela medalha dos diretores da FAU, cunhada nos tempos da FNA.
A história da faculdade — e do ensino da Arquitetura no país — é contada em detalhes na exposição FAU Continuidade e no livro FAU 80—200, lançados no dia 17 como parte das comemorações. “O ensino oficial da Arquitetura no Brasil tem origem na criação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios em 1816, embrião da futura Academia Imperial de Belas Artes, que efetivamente começou a funcionar de forma regular em 1826. Durante os primeiros anos, os professores davam aulas de forma irregular, muitas vezes em suas próprias residências, ao mesmo tempo em que realizavam projetos e obras para a Corte, enquanto se aguardava a conclusão da sede projetada pelo arquiteto francês Grandjean de Montigny. Tudo o que restou dessa sede, demolida em 1938, foi um pórtico que hoje está no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, destacou o diretor da FAU.
A segunda sede da já então Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), sucessora da Academia Imperial, foi projetada por Adolpho Morales de Los Rios, também professor da escola, e inaugurada em 1908. É o prédio da Avenida Rio Branco que hoje abriga o Museu Nacional de Belas Artes. O curso de Arquitetura da ENBA deu origem à a Escola Nacional de Arquitetura em 1937, que em 1945 se tornou a FNA. Depois de um período provisório da Praia Vermelha, a faculdade chegou até a sede da Ilha do Fundão. “Esse patrimômio onde estamos, como outros da UFRJ, foram forjados por profissionais arquitetos formados por esta instituição octogenária e também bicentenária. É muita história”, disse Lassance.TECNOLOGIA Gonçalo e Medronho com escultura feita com uso de robôs no LAIDE a história da FAU continua, cada vez mais atrelada a avanços tecnológicos. Após a sessão solene da Congregação, o reitor Roberto Medronho e a vice-reitora Cássia Turci inauguraram o Laboratório Aberto de Inovação e Design (LAID), onde se destaca uma unidade robótica de última geração. “É um laboratório aberto, fruto de uma parceria entre a FAU, a EBA e a Coppe. Temos aqui um robô industrial e outro colaborativo capazes de construir protótipos em escala real”, explicou o professor Gonçalo Castro Henriques, um dos coordenadores do laboratório, que é multiusuário e integra as áreas de Design, Arquitetura, Urbanismo e Engenharia de Materiais. É a FAU desenhando seus novos passos para o futuro.
Um processo eleitoral bem-sucedido, apesar dos problemas da votação em papel. Esta foi a avaliação do presidente da comissão eleitoral e decano do Centro de Ciências da Saúde, professor Luiz Eurico Nasciutti. “Mesmo com as dificuldades do voto em papel, tivemos mais de mil docentes que compareceram às urnas, um número bastante significativo”, disse.
Com a mudança do modelo de voto online dos dois últimos pleitos para o voto presencial imposto pelo Andes, a comissão já previa uma diminuição na participação dos docentes. “Era esperado que teríamos dificuldade, principalmente em função dos professores aposentados”, disse Nasciutti.
O decano fez um apelo pela modernização do processo. “Espero que as próximas eleições não sejam com voto em papel, porque isso está ultrapassado. Temos que voltar a uma alternativa mais moderna que faz com que as pessoas participem mais”.
Durante a apuração, a comissão esclareceu sobre problemas em três seções eleitorais. Na Praia Vermelha 1, a urna foi guardada sem o lacre entre os dias de votação. Mas todas as cédulas tinham as assinaturas dos mesários e não houve divergência com a lista de votantes. Em Macaé, um professor votou sem assinar a lista. Já na urna da antiga reitoria, uma cédula foi depositada sem assinatura dos mesários. Em todos os casos, a comissão — que tem representantes das duas chapas —considerou que não havia razões para impugnação.
“São muitas pessoas envolvidas no processo. Por mais que tenhamos feito uma orientação detalhada com todos, mesmo assim tivemos problemas”, disse Nasciutti. “Não sendo mais voto em papel, vai facilitar para todo mundo”, completou.
Nasciutti deixou uma mensagem final de agradecimento aos mesários e funcionários da secretaria da AdUFRJ. “Tudo funcionou bem graças ao trabalho de todos eles”, celebrou. “Só aceitei essa função porque sabia que teria uma ajuda maravilhosa da equipe da AdUFRJ”, concluiu.
Ensino, pesquisa e extensão de braços dados para todo mundo ver, em uma grande festa do conhecimento. Até sexta-feira (26), a Semana de Integração Acadêmica vai mobilizar 15.125 participantes em todos os campi da UFRJ. Serão 3.374 professores, 8.340 alunos de graduação, 2.184 de pós-graduação, 92 de ensino médio e 456 técnicos-administrativos, além de 679 inscritos de fora da universidade (veja na página ao lado os números da edição 2025). Todos envolvidos com mais de 6 mil trabalhos de todas as áreas do conhecimento construídos com rigor científico, muitos deles interdisciplinares.
As apresentações são o alicerce da proposta de integração entre ensino, pesquisa e extensão proposto pela SIAC. A professora Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, se emocionou ao falar sobre a importância do evento para a UFRJ.
“Para mim, a herança mais bela que a Semana de Integração Acadêmica é que quando unimos nossos esforços, quando nos integramos, conseguimos fazer algo belo, duradouro, que a sociedade aplaude de pé”, disse com a voz embargada desejando vida longa à SIAC. “Esse espírito de integração está presente e se repete em diversos eventos da nossa universidade”.
A pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela, não poupou elogios à atividade.“É mostrar o que nós fazemos, é conhecer o que o colega do lado faz”, disse.
A docente lembrou de sua chegada à UFRJ e comparou com o momento atual. “Conheci a universidade com semanas incipientes de pesquisa, ensino e extensão. Hoje, vejo como essa atividade tomou uma abrangência muito maior”, celebrou.
“Queremos que os estudantes de graduação cheguem cada vez mais longe com o apoio da universidade, de todos os professores, técnicos-administrativos e pós-graduandos envolvidos nos laboratórios”, completou Quintela.
A professora Cássia Turci, vice-reitora, apontou a Semana como um dos eventos mais importantes na universidade. “São esses trabalhos da SIAC que vão dar margem depois a especializações, dissertações e teses”.
DIVERSIDADE
As iniciativas podem ter as mais variadas matérias como objeto de estudo. Podem ser ações educativas dentro de um hospital universitário, o olhar sociológico para um quarto de serviço, o mapeamento de um manguezal na Cidade Universitária, a análise de pinturas brasileiras ou uma forma de ensinar árabe de forma mais agradável.
Em toda esta diversidade, apenas um consenso: a SIAC é um evento fundamental para fomentar a formação dos jovens e para dar ampla visibilidade ao que se faz na UFRJ.
O Jornal da AdUFRJ percorreu as sessões da SIAC e conversou com pesquisadores e orientadores de diferentes campos do conhecimento.
Veja a seguir alguns trabalhos apresentados.
EDUCAÇÃO PARA ALIMENTAÇÃO MAIS SAUDÁVEL
Foto: Kelvin MeloEducar para uma alimentação mais saudável é o objetivo de um projeto de extensão que atua na sala de espera do Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica (PROCIBA) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. “Nós sempre aconselhamos a reeducação alimentar. Muitas pessoas pensam que fazer cirurgia bariátrica vai resolver todos os seus problemas e não é assim. Tudo é um processo”, diz a estudante Priscilla dos Santos, do 5º período de Nutrição.
Ela e colega Hozana Cristina, também do 5º período, comparecem ao HU às quartas-feiras para conversar com os pacientes. “Eles falam como é a alimentação deles. Perguntam sobre algum alimento. E nós apresentamos nosso caderninho de receitas com baixo valor calórico. É muito enriquecedor para a gente”.
A orientadora Eliane Rosado reforça: “Uma coisa é a teoria; outra coisa é quando o aluno convive com o indivíduo que tem aquela enfermidade. Aqui elas consideram a questão técnica da nutrição, as questões socioeconômicas dos pacientes, as emoções e vontades”, afirma.
A docente elogia a visibilidade aos projetos oferecida na SIAC. “Dá essa oportunidade de os alunos mostrarem para o público o que estamos fazendo e ninguém vê, numa sala de espera de hospital”, completa.
MANGUEZAL MONITORADO POR DRONE
Foto: Kelvin MeloTecnologia a serviço da preservação da natureza. Estudante do 10º período do curso de Engenharia Eletrônica e Computação da Escola Politécnica, Arthur Beserra é um dos autores do trabalho que utiliza um drone para monitorar o manguezal da Enseada de Bom Jesus, próximo ao Parque Tecnológico. A ideia da pesquisa é aprimorar técnicas para o mapeamento mais preciso do terreno e da vegetação, identificando pontos de degradação. “Os resultados que apresentamos são mais recentes. No futuro, poderemos compreender a situação de degradação ou regeneração do ecossistema”, disse Arthur.
Em sua primeira SIAC, o estudante não escondeu o nervosismo, mas avaliou a experiência de forma positiva. “É bem divertido estar aqui, apresentar e ter o ponto de vista de outras pessoas que não acompanharam o projeto”.
Um dos orientadores, o professor Marcos Gallo, da Coppe, considera a SIAC fundamental para a formação dos estudantes. “É muito importante para o crescimento deles. Tentamos apoiar o máximo para que participarem da SIAC. Temos até alunos sem bolsa participando”, disse. “o que a gente fala é que tentem explicar da forma mais simples possível pois os avaliadores ou colegas podem não entender nada daquele assunto”.
OLHAR SOCIOLÓGICO NO QUARTO DE SERVIÇO
Foto: Renan FernandesO quarto de serviço para trabalhadoras domésticas, localizado nos fundos das casas e apartamentos da classe média, é o objeto da pesquisa “Quarto reversível, desigualdade e trabalho doméstico”, apresentada por João Victor Evangelista, estudante do oitavo período do curso de Ciências Sociais.
Seja como espaço de descanso de trabalhadores, seja convertido em um escritório ou despensa da residência, João Victor considera impossível um morador não ser afetado pelo ambiente. “O quarto de serviço condensa muitas perspectivas”, disse.
“Pensamos nesse quarto de forma mais ampla, como o lugar que reúne narrativas sobre ele, como a ideia de uma moradia digna para a classe média e para quem vive no quarto”, explicou o estudante.
A pesquisa é um projeto da FAU com o IFCS, realizada no Núcleo de Estudos de Sexualidade e Gênero (Neseg). O professor Jonas Delecave de Amorim, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é o orientador de João Victor no trabalho e comentou a importância do diálogo entre as áreas do conhecimento.
“Através de uma, pensamos na outra. Podemos pensar o impacto da Arquitetura no mundo e em como a elaboração de espaços e projetos arquitetônicos marcam relações sociais”, afirmou.
A PAISAGEM COMO IDENTIDADE NACIONAL
Foto: Renan FernandesDurante uma aula do curso de História da Arte, um grupo de amigos teve a ideia de pesquisar projetos de construção da identidade nacional a partir das pinturas de paisagens e suas repercussões em diferentes movimentos artísticos e contextos políticos. Foi o ponto de partida para a pesquisa “A natureza como expressão da identidade nacional no Brasil: estudos de caso em pintura de paisagem no século XIX”.
“Nessa época, se falava muito sobre a paisagem e o surgimento da nacionalidade brasileira. A Academia Imperial de Belas Artes estava buscando essa aura brasileira”, explicou Darine Ferreira, aluna do oitavo período. “É mais fácil as pessoas prestarem atenção nessa criação de identidade através de imagens”, pontuou.
A estudante apresentou um estudo de caso sobre a gravura “Colheita de café na Tijuca”, de Johann Moritz Rugendas.“Ele registrou a vida dos escravizados, onde moravam, o que comiam, o tipo de trabalho. A paisagem mostra essa complexidade que a pesquisa revela”.
A professora Ana Maria Cavalcanti, da EBA, destacou a atitude dos estudantes em começar espontaneamente o trabalho de pesquisa. “Geralmente, nós professores abrimos chamadas para nossos grupos de pesquisa. No caso deles, foi o contrário, eles vieram me pedir para orientá-los”, elogiou.
UM JEITO LÚDICO E ATUAL DE APRENDER ÁRABE
Foto: Renan FernandesGisele Silva se deparou com um problema quando começou a trabalhar como monitora de árabe no CLAC, o curso de línguas oferecido pela Faculdade de Letras. “O material que tínhamos disponível partia do inglês para o árabe, o que dificulta para o aluno falante de português”, afirmou. A dificuldade motivou o trabalho de conclusão de curso de Letras Português-Árabe, com o título “Entre Vygotsky e Freire: caminhos para uma prática significativa para o ensino de árabe”.
A estudante procurou a professora Paula Caffaro em busca de orientação. “Para desenvolvermos uma pesquisa que conjugasse sua experiência como monitora do CLAC Árabe e a abordagem sociointeracionista aplicada ao ensino de línguas estrangeiras”, lembrou. “Há uma carência grande destes materiais específicos produzidos e pensados para o público brasileiro”, completou.
Gisele iniciou a pesquisa para tornar o processo de aprendizagem mais agradável. “Em conversas com amigos e falantes nativos de árabe, encontrei músicas e materiais de influenciadores, youtubers e podcasters para trazer assuntos da atualidade para a sala de aula”. A ideia vai ao encontro da visão de Lev Vygotsky, que destaca a interação social como elemento central da aprendizagem e do conceito de educação dialógica de Paulo Freire.
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Mais de mil e cem professores participaram das eleições da AdUFRJ. Desse total, 738 escolheram o grupo da situação, liderado pela professora Ligia Bahia, para dar continuidade ao projeto político inaugurado em 2015.
A análise dos números da votação deste ano trouxe algumas novidades: ampliou percentualmente o alcance da Chapa 1 em comparação com o total de votantes e consolidou alguns nichos eleitorais dos dois grupos que disputaram a diretoria da AdUFRJ. Houve vitórias expressivas da situação no CCS 1 (Farmácia e Biologia) (74 a 1), no CCS 2 (IBCCF, IBqM, IMPG, INJC, IPPN, Nubea e Nutes) (88 a 12), nas duas urnas do CT (83 a 7 e 80 a 14) e no CCMN 1 (Física e Instituto de Química) (63 a 5). Já a oposição ganhou por larga margem apenas na Praia Vermelha 2 (ESS, IP, IPUB, INDC e NEPP-DH) (58 a 4) e no CAp (50 a 6).
“Apesar do voto presencial e em papel, o comparecimento foi expressivo”, avalia a presidente eleita, professora Ligia Bahia. “Contudo, é inadmissível a imposição de um procedimento que impede professores aposentados ou que estão viajando — para congressos ou bancas de tese — de participar da escolha da diretoria da AdUFRJ”, afirma Ligia Bahia.
O quórum, embora significativo, foi reduzido pela votação presencial determinada pelo Andes e atingiu os dois grupos políticos. O Colégio de Aplicação (CAp) um dos principais redutos da oposição e unidade da professora Renata Flores, candidata a presidente pela chapa 2, viu o total de votos cair de 89 para 57. Já a unidade da professora Lígia, o IESC, igualou a participação de dois anos atrás.
A urna de Caxias foi uma das poucas – a outra, o Nupem, em Macaé – a registrar aumento da votação. Foram 15 eleitores contra 9, de 2023. “Em 2025, foi a primeira eleição com uma candidata do Campus de Caxias na composição da chapa. Isso foi importante também na inscrição para o conselho de representantes. Estas candidaturas podem ter contribuído no aumento do número de votantes”, avalia a professora Luisa Ketzer, 2ª tesoureira eleita e ex-vice-diretora do campus Caxias.
No Nupem, houve 21 votos contra 19 da eleição anterior. Para Rodrigo Nunes da Fonseca, 2º tesoureiro da AdUFRJ e docente do Nupem, o olhar cuidadoso com a interiorização influenciou no resultado. “A diretoria atual realizou eventos e participou ativamente da vida dos associados de Macaé”, afirma.
OSCILAÇÕES
Algumas mudanças podem ser observadas nos números de 2025, quando comparados aos do último pleito. Mas, antes, é importante registrar que, nas eleições virtuais, as “urnas” eram atribuídas às unidades. Para este comparativo, foram somados os números daquelas que correspondiam às seções eleitorais físicas de agora.
A situação conseguiu “virar” o voto em três seções: Praia Vermelha 3 (Educação e ECO), Enfermagem e CCMN 2 (Computação, Geociências e NCE). A oposição “virou” na Letras e na antiga reitoria (EBA, FAU, IPPUR, Coppead).
Considerando a diferença de votos entre as chapas, a situação cresceu no CCS 1 (Farmácia e Biologia), no CT 1 (EQ, Coppe, IMA, Nides), no Nupem, em Caxias e no IESC, onde foi registrada a única vitória com 100% de aproveitamento: 16 a 0. Também pelo mesmo critério de diferença de votos, a chapa 2 cresceu apenas na urna que reuniu Direito e Observatório do Valongo.
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