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museu do amanhaFoto: Agência BrasilIntegrantes do comitê científico, consultores e parceiros do Museu do Amanhã nas áreas de ciência, cultura e educação – entre eles, vários professores da UFRJ – enviaram ofício à Prefeitura do Rio para questionar edital que ameaça futuro da instituição. Segundo o documento, empresas poderiam gerir o espaço visando ao lucro. “Caso tenha fins de lucro, não será um museu, e sim um estabelecimento comercial, talvez, uma galeria de arte ou simplesmente um parque de entretenimento ou shopping center”, diz um trecho do ofício, reproduzido a seguir:

“Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2019.

O Museu do Amanhã é um museu de ciências. E, em função disso, manteve durante sua concepção e construção um grupo de consultores do mais alto nível acadêmico, abarcando diversas áreas do conhecimento. Após sua inauguração, foi instituído um Comitê Científico composto por parte destes consultores e por pesquisadores e intelectuais também de grande projeção nacional e internacional, cujos membros não recebem qualquer tipo de remuneração. A função deste Comitê tem sido garantir que o Museu do Amanhã mantenha suas atividades museais, seja através das exposições ou de seus diversos programas e ações, dentro do maior rigor acadêmico. Ao longo destes quatro anos de funcionamento temos acompanhado o importante trabalho desenvolvido pelo Museu do Amanhã em prol da ciência, da cultura e da educação em nosso país.

Ficamos extremamente preocupados com o edital lançado pela Prefeitura do Rio de Janeiro para a concessão do Museu do Amanhã, que traz enormes riscos para o futuro da instituição e de suas atividades. Um museu é, por definição, um espaço sem fins lucrativos. Esse é um valor universal seguido tanto no Brasil como em demais países. Quando empresas decidem construir ou se responsabilizar por um museu, elas criam fundações ou instituições sem fins lucrativos para gerir estes espaços de conhecimento e cultura. Caso tenha fins de lucro, não será um museu, e sim um estabelecimento comercial, talvez, uma galeria de arte ou simplesmente um parque de entretenimento ou shopping center.

Da mesma forma como é inaceitável que um museu seja fonte de lucro para empresas, é inaceitável que ele seja utilizado para fazer caixa para um ente público, como a Prefeitura. Caso o Museu do Amanhã venha a ter superávit, este deve ser investido exclusivamente no próprio museu, aprimorando suas exposições e atividades ou reduzindo o valor do ingresso para a população. De forma alguma é admissível que parte dos recursos de um museu seja direcionado para o caixa da Prefeitura, independente de qual finalidade esta pretenda dar a estes recursos. Isso contradiz a razão de ser de um museu.

Outro aspecto alarmante desta chamada pública é a exigência do proponente ter experiência em “gestão e exploração integradas de empreendimentos – com controle de bilheterias e lojas em geral”. Isto configura novamente um total e absoluto desconhecimento do que é um museu, e muito menos um museu de ciências. Bilheteria e loja são acessórios de um museu e podem existir ou não.

A essência de um museu é seu conteúdo, suas exposições, seu acervo, suas atividades educacionais, científica e culturais. Reduzir um museu a uma bilheteria e suas eventuais lojas é tão absurdo como caracterizar uma universidade apenas por seu jardim ou estacionamento. A exigência do edital em que o futuro gestor do Museu do Amanhã possua em seus quadros um engenheiro, um museólogo, uma pessoa formada em ciências exatas e um técnico em informática não traduz em hipótese alguma a experiência da instituição na gestão de museus, especialmente de ciências, de espaços culturais ou de ações de divulgação científica.

O Museu do Amanhã tornou-se um importante espaço de ciência, educação e cultura não só da cidade do Rio de Janeiro, mas de todo o país, e é obrigação da Prefeitura zelar para que seu futuro gestor continue fiel a sua vocação educativa, mantendo os padrões de excelência, qualidade e rigor científico que o tem caracterizado desde sua abertura.

Neste sentido, solicitamos à V.Sa. a imediata suspensão do referido edital e sua correção, de forma a garantir que a gestão do Museu do Amanhã seja feita visando apenas a educação, a ciência e a cultura, como deve ser um museu de ciências.

O presente ofício vai assinado por membros do Comitê Científico, consultores e parceiros do Museu do Amanhã nas áreas de ciência, cultura e educação."

Luiz Davidovich – presidente da Academia Brasileira de Ciências

Ildeu de Castro Moreira - presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Luiz Alberto Oliveira – pesquisador do CBPF e presidente do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Rachel Biderman – doutora em gestão pública e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Débora Foguel – professora da UFRJ e representante da Academia Brasileira de Ciências no Comitê Científico do Museu do Amanhã

Rosiska Darcy de Oliveira – membro da Academia Brasileira de Letras e do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Luiz Pinguelli Rosa – professor da UFRJ, membro do Comitê Científico e consultor do Museu do Amanhã

José Augusto Pádua – professor da UFRJ e membro do Comitê Científico e consultor do Museu do Amanhã

Stevens Rehen – professor da UFRJ e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Renato Lessa – professor da PUC-RJ e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Carlos Nobre – pesquisador do INPE, membro do Comitê Científico e consultor do Museu do Amanhã

Mayana Zatz – professora da USP, membro do Comitê Científico e consultora do Museu do Amanhã

Wanderley de Souza – professor da UFRJ e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã

Alfredo Tolmasquim – pesquisador do MAST e membro do Comitê Científico do Museu do Amanhã

David Zee – professor da UERJ e consultor do Museu do Amanhã

Alexandre Kalache – Presidente da Aliança Global de Centros Internacionais da Longevidade e consultor do Museu do Amanhã

Jorge Roberto Lopes – pesquisador do INT e consultor do Museu do Amanhã

Paulo Vaz – professor da UFRJ e consultor do Museu do Amanhã

Henrique Lins de Barros – pesquisador do CBPF e consultor do Museu do Amanhã

Sergio Besserman Viana – membro do Conselho do Museu do Amanhã e diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Alexander Kellner – diretor do Museu Nacional

Hugo Aguilaniu - diretor-presidente do Instituto Serrapilheira

Paulo Knauss – diretor do Museu Histórico Nacional

Roberto Lent – Coordenador da Rede Ciência para Educação

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