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Principal instância de deliberação do movimento docente, o 43° Congresso do Andes acontece até sexta-feira (31) em Vitória (ES). O evento reúne 467 delegados, 127 observadores e 34 diretores do Andes. Além dos professores, há oito acompanhantes e 13 crianças. Vinte e dois jornalistas trabalham na cobertura das atividades. A AdUFRJ participa com 22 representantes, entre delegados e observadores.

Neste segundo dia do Congresso, os docentes se dividem em grupos mistos de trabalho para debater temas relacionados à política que será conduzida pelo Sindicato Nacional em 2025, tanto no plano de lutas geral, como no plano específico para os setores municipais, estaduais e federal. A carreira docente federal é um dos temas da programação.

A reunião de Vitória terá a inscrição de chapas que irão concorrer às eleições para a diretoria do Andes, em maio. Em paralelo às discussões das plenárias, os grupos políticos que disputam a direção nacional do sindicato vão se articular para a corrida eleitoral.

Confira alguns registros do Congresso feitos pela enviada especial Silvana Sá.

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WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.20.07 2A ciência brasileira deu mais um importante passo na busca de diagnósticos mais precisos, rápidos e simples para o Alzheimer. Pesquisadores da UFRJ descobriram uma ligação entre a perda de uma substância chamada carnitina no sangue de mulheres e a identificação da doença. O achado foi publicado em 7 de janeiro na revista Molecular Psychiatry, do grupo Nature, e abre caminho para a popularização de exames menos invasivos na população de risco para a demência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 35 milhões de pessoas vivem com Alzheimer. No Brasil, estima-se que 1,2 milhão de pessoas convivam com a doença. Setenta por cento dos pacientes são mulheres.
Nos achados dos pesquisadores brasileiros, a reduzida quantidade de carnitina – molécula que participa do transporte de gordura – no sangue tornou o diagnóstico para o Alzheimer mais preciso em pacientes mulheres. Líder da pesquisa na UFRJ, o professor Mychael Lourenço, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo De Meis (IBqM), explica que os cientistas buscam descobrir o que torna as pessoas vulneráveis à demência. “Tentamos avançar nessas respostas. Nossa pesquisa mais recente traz dois apontamentos principais. Primeiro: a perda da carnitina. Percebemos essa molécula reduzida principalmente no sangue de mulheres com Alzheimer”, conta. “Segundo: quando nós juntamos este achado com outros parâmetros já conhecidos, o diagnóstico ficou muito mais preciso”, explica.WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.20.07 3Mychael Lourenço é professor do Laboratório de Neurociência Molecular do IBqM e líder do estudo na UFRJ - Foto: acervo pessoal
A descoberta abre a possibilidade para a popularização de diagnósticos menos invasivos e mais rápidos. “Já temos marcadores que mostram maior precisão no diagnóstico da doença e a carnitina pode ser mais um deles. Hoje temos exames muito caros, só feitos em laboratórios muito específicos. Então, são diagnósticos ainda pouco acessíveis à população”, afirma. “Creio que, num futuro próximo, as pesquisas tornarão esses exames mais democratizados e mais acessíveis”.
A pesquisa foi feita com 125 pessoas do Brasil e dos Estados Unidos, numa cooperação entre a UFRJ e a Universidade de Nova York (NYU). Houve, ainda, participação do Instituto D’Or e da Universidade da Califórnia no recrutamento de pacientes. A maioria formada por mulheres. Esse é um outro diferencial da investigação. “Muitos estudos nessa área são feitos com populações europeias ou norte-americana, que são muito diferentes da nossa população. Além disso, muitos estudos não dão ênfase às mulheres, que são as maiores vítimas da doença”, explica o docente.
A próxima fase da pesquisa pretende ampliar o número de pessoas investigadas para tentar compreender a exata relação da carnitina com a demência. “Precisamos saber por que a baixa carnitina está associada com a perda de memória. Pode ser que a carnitina atue como fator de proteção para mulheres e sua queda, a partir da menopausa, torne essas mulheres mais suscetíveis ao Alzheimer”, aponta o pesquisador.
A queda da molécula na menopausa abre outra possibilidade para a ciência, segundo Mychael Lourenço. “Talvez tenhamos que ter intervenções mais personalizadas. A medicina já está avançando para esse campo, a chamada medicina de precisão. É preciso um olhar diferente para homens e mulheres em vulnerabilidade à demência”, defende.
Algumas ações já são conhecidas e valem tanto para homens quanto para mulheres evitarem ou minimizarem os riscos de desenvolver demência. “Realizar treinamentos cognitivos, reverter eventuais perdas auditivas com auxílio de aparelhos, realizar atividades físicas e controlar a pressão estão entre ações preventivas ao Alzheimer”, orienta o pesquisador.
RELEVÂNCIA INTERNACIONAL
WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.20.07 4Ricardo Lima Filho é pós-doutorando do Laboratório de Neurociência Molecular - Foto: acervo pessoalA pesquisa liderada pelo professor contou também com intenso trabalho do pós-doutorando Ricardo Lima Filho, do Laboratório de Neurociência Molecular, orientando de Mychael. “É muito gratificante achar novos indicativos de uma molécula ainda tão pouco estudada numa pesquisa com relevância internacional”, orgulha-se. “Comecei a trabalhar nesse projeto ainda no doutorado. Já havíamos investigado, junto com a professora Carla Nasca, da NYU, a carnitina no diagnóstico de depressão em mulheres. Resolvemos, então, seguir a investigação para o Alzheimer”, conta. “Foi tão interessante ver essa relação acontecendo e os resultados serem tão alinhados entre os pacientes brasileiros e os norte-americanos! Ficamos muito felizes em ver essa amostragem tão semelhante em um público tão diferente. Deu mais segurança para seguirmos com as pesquisas”, diz Ricardo.
O pesquisador conta que a equipe notou a relevância dos achados logo no início do estudo. “Ficamos bastante confiantes que conseguiríamos ter uma validação com o segundo grupo de pacientes e que poderíamos publicar a descoberta numa revista de grande visibilidade”, afirma. “É um processo longo, demorado, feito com muito cuidado, criterioso. A resposta da revista foi muito positiva no sentido de confirmar que os resultados eram confiáveis. É realmente muito gratificante”.

ORGULHO DE SER UFRJ
Diretor do IBqM, o professor Robson de Queiroz Monteiro não esconde o orgulho dos colegas, do trabalho publicado e das descobertas sobre uma doença que afeta tantos brasileiros. “Além de ser o atual diretor do instituto, eu coordenei o programa de pós-graduação em Química Biológica por sete anos. Os professores que lideram esses estudos são meus parceiros”, conta. É uma satisfação em triplo! Primeiro porque sou cria da UFRJ, fiz minha graduação, mestrado, doutorado aqui. Depois, por ter como colegas professores tão gabaritados. E por ser amigo deles!”.
O diretor é só elogios ao amigo, professor Mychael Lourenço. “O professor Mychael é uma prata da casa. Brilhante desde quando era estudante. Ele faz parte de um grupo muito atuante de professores que lideram pesquisas extremamente relevantes para doenças neurodegenerativas. É um imenso orgulho para nosso instituto e para a universidade termos professores tão brilhantes e que levam o nome do instituto e da UFRJ para o mundo”, afirma. “Tive a honra de conviver com o professor Leopoldo de Meis, que dá nome ao nosso instituto. Ele certamente também estaria muito feliz com o sucesso desses estudos”.
Segundo Monteiro, a descoberta também mostra o potencial da pesquisa brasileira. “O estudo mostra a importância da pesquisa feita na universidade pública brasileira e pode até impactar nos índices de ranqueamento internacionais”, sugere. Mas ele faz um alerta. “Se queremos manter esse índice de qualidade, precisamos ter atenção com a nossa infraestrutura. Não basta vencermos um edital de fomento para um equipamento superespecífico, se nossa estrutura é passível de quedas de energia, de perda de dados”, afirma. “A gente quer ter pequenos centros de excelência e grandes áreas depreciadas?”, questiona. “O governo precisa se debruçar sobre essa questão. Precisamos de financiamento para dar conta de nossa infraestrutura”.

WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.20.07Iniciar um detalhado levantamento energético em todos os prédios da universidade e fomentar a introdução de disciplinas ligadas ao tema da sustentabilidade nos cursos de graduação são duas ações imediatas da recém-criada Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (SER/UFRJ), aprovada em dezembro pelo Conselho Universitário. Mais do que buscar formas de reduzir o consumo e os gastos com energia elétrica e água — uma demanda urgente da reitoria —, a nova política tem como foco uma mudança de comportamento em todo o corpo social da UFRJ, com a pretensão de que essa mudança se espalhe pela sociedade.
“É um desafio muito grande? Sim, é uma utopia. Mas é viável e ela tem que ser perseguida. Não temos outra opção. Se não reduzirmos a emissão de gases de efeito estufa e encontrarmos formas de sequestrar o carbono da atmosfera, nós vamos ter catástrofes num futuro próximo. Fortes ondas de calor, enchentes e queimadas, por exemplo. Temos que nos reeducar. A educação é o motor dessa transformação. Nosso foco é uma mudança de comportamento na UFRJ, por meio da sensibilização, e daí para a sociedade”, acredita o professor Francisco Esteves (Nupem/CCS), coordenador da SER/UFRJ.

LEVANTAMENTO
Vinculada diretamente à reitoria, a coordenação da SER/UFRJ vai atuar com o apoio de seis câmaras técnicas (veja abaixo), que vão gerar conteúdos e recomendações relacionados às ações de sustentabilidade e educação regenerativa. Uma delas, sob a coordenação da professora Susanne Hoffmann (EQ/CT), é a Câmara Técnica de Planejamento e Gestão Ambiental. Caberá a ela a elaboração de um diagnóstico sobre as condições de uso de energia elétrica em toda a UFRJ.WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.39.20AFINADOS Susanne e Francisco integram a equipe da SER/UFRJ e querem sensibilizar para a mudança - Foto: Alexandre Medeiros
É um trabalho e tanto, mas experiência não falta. A professora Susanne vem trabalhando há muitos anos no Plano de Logística Sustentável (PLS), um programa governamental criado em 2012 e obrigatório para órgãos federais. “Quem estava com essa incumbência aqui na UFRJ era um grupo pequeno na prefeitura, sem estrutura e pessoal suficiente para essa tarefa. Cheguei à equipe da SER/UFRJ por conta desse histórico e do diagnóstico que temos do consumo de água e energia elétrica, ainda bem inicial”, diz a professora.
De acordo com as informações mais recentes levantadas no âmbito do PLS, a UFRJ tem acentuadas desigualdades no consumo de energia elétrica entre suas unidades. Se o Restaurante Universitário Central, pelo uso intensivo, tem alto consumo, prédios como o IFCS e o JMM têm baixo consumo. “Esses prédios estão em situação precária, não têm climatização e até iluminação adequadas. Nesses lugares é preciso aumentar o consumo para garantir um bom ambiente para o estudo. Por outro lado, temos prédios onde há excessos ou desperdício, onde é preciso cortar. Temos que equilibrar isso, ter um olhar mais cuidadoso. Deixar um ar-condicionado ligado, por exemplo, pode passar despercebido aqui, jamais passaria em uma residência”, exemplifica Susanne.
Segundo a docente, a inspeção energética pode identificar gargalos e apontar soluções, algumas simples e de baixo custo. “Esse levantamento pode ser feito com equipes também compostas por alunos, estagiários, bolsistas. No CT, por exemplo, há várias salas com somente um interruptor para diferentes gabinetes. Era uma sala grande que foi dividida. Às vezes uma só pessoa trabalha com vários gabinetes com a luz ligada, algo simples de ser corrigido, e barato. A inspeção pode detectar isso e sugerir correções”.
Susanne Hoffmann sustenta que o consumo de energia elétrica na UFRJ não pode ser considerado “exagerado”. “A conta parece muito alta, mas quando a gente olha a conta per capita, a quantidade de alunos que atendemos, essa conta não é muito além do que se espera para uma universidade do nosso tamanho. Isso precisa ser desmistificado. Temos problemas internos, sim. Temos que aumentar nossa rede de medidores de energia. Temos 70 mil pessoas para 65 medidores, aproximadamente. Não é possível mensurar quem exagera ou não no consumo. Precisamos fazer análises mais detalhadas dentro dos prédios, identificar onde é possível usar a energia elétrica de forma mais inteligente. Não vamos reduzir pela metade a conta de energia da UFRJ, pois há lugares em que o consumo precisa subir para garantir condições adequadas, e outros onde ele vai diminuir. Mas talvez consigamos reduzir em 10% ou até 20%”.
No ano passado, os gastos da UFRJ com energia elétrica e água bateram R$ 136 milhões e as concessionárias chegaram a suspender o fornecimento por falta de pagamento. Em 7 de janeiro, o reitor Roberto Medronho reuniu-se com integrantes da coordenação da SER/UFRJ, além do ETU e da Prefeitura Universitária, para definir ações de uso racional da energia elétrica e da água. A inspeção energética foi uma das ações propostas no encontro.

MODELO
Ao mesmo tempo em que uma inspeção pode indicar soluções para o uso racional de energia elétrica nos campi, a SER/UFRJ vai trabalhar nas instâncias de decisão da universidade para introduzir disciplinas ligadas à sustentabilidade e à educação regenerativa nas grades curriculares. “O reitor Roberto Medronho procurou o Instituto de Biologia com o intuito de montar um grupo de trabalho para propor uma política para a UFRJ, uma das poucas universidades brasileiras que não tinha uma diretriz estabelecida nesse tema. Fizemos um levantamento e percebemos que as políticas de sustentabilidade de muitas universidades tinham como foco a gestão dos recursos, mas que não tinham um componente que nós incorporamos na nossa política: a educação”, contra o professor Francisco Esteves.
O coordenador da SER/UFRJ acredita que a universidade poderá quebrar paradigmas com mudanças curriculares. “Fizemos apresentações em todos os centros. No CT, um professor da Escola Politécnica veio me procurar após a apresentação e disse assim: ‘A ideia é fantástica. Mas aqui formamos engenheiros que não têm ideia do que é isso. Temos várias disciplinas de Cálculo e nenhuma de Sustentabilidade’. Esse é o desafio. O currículo precisa ser mudado. Vamos induzir essa discussão e mostrar que há necessidade de introduzir a Sustentabilidade em todas as áreas do conhecimento, mudando as grades curriculares, algumas mantidas como eram nas décadas de 60 e 70 do século passado. Temos que mostrar aos alunos, ao longo da graduação e da pós-graduação, que o homem se afastou da natureza e que tem que se reconectar com ela”, defende Esteves.
Na visão da SER/UFRJ, a Ilha do Fundão, maior campus da universidade, tem tudo para se tornar um modelo de sustentabilidade. “Temos aqui um potencial enorme. O Fundão é um lugar maravilhoso para ser um campus sustentável. Temos grandes áreas verdes, interface com o mar. Poderíamos ter um grande pátio de compostagem aqui para aproveitamento de resíduos. Temos a Ilha do Catalão, um espaço incrível. Podemos tornar o Fundão um modelo de sustentabilidade”, vislumbra Susanne Hoffmann.

POR DENTRO DA SER/UFRJ: ESTRUTURA, RECURSOS E EQUIPE

A nova Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa deu seu pontapé inicial em outubro de 2023, quando a reitoria reuniu especialistas no tema e instituiu um grupo de trabalho para definir os parâmetros da diretriz. A partir de oficinas ampliadas, esse grupo chegou ao modelo da política aprovada pelo Consuni em 12 de dezembro do ano passado, em que a educação está no centro da gestão ambiental da universidade.
A SER/UFRJ prevê que os conceitos e práticas voltados para a sustentabilidade e para a educação regenerativa devem ser integrados às atividades de ensino, pesquisa, extensão, inovação, gestão, governança, planejamento e gerenciamento de projetos e obras da UFRJ. Além da Coordenação Geral, pilotada pelo professor Francisco Esteves, a SER/UFRJ tem um Comitê Executivo, um Fórum e seis câmeras técnicas.
O Comitê Executivo é composto por um representante docente de cada centro e por dois alunos indicados pelo DCE Mário Prata e pela Associação de Pós-Graduandos (APG), além da Coordenação Geral. Já o Fórum é um órgão consultivo que reúne a Coordenação Geral, o Comitê Executivo e as câmaras técnicas.
As seis câmaras temáticas vão municiar a Coordenação da SER/UFRJ com propostas em várias áreas. “Estamos abertos para receber adesões de alunos, técnicos e professores para nos ajudar na execução da política”, convoca o professor Francisco Esteves. São elas:
 Ambientalização Curricular e de Pesquisa: será dela a tarefa de propor mudanças curriculares na graduação e também na pós-graduação e extensão.
 Planejamento e Gestão Ambiental: ficará com a missão de fazer a inspeção energética e sugerir planos de ação para mitigar e evitar passivos ambientais, além de contribuir para a elaboração do Plano Diretor e do Plano de Logística Sustentável.
 Transição e Futuros Sustentáveis: tem a missão de fomentar uma cultura de sustentabilidade nos campi e unidades externas da UFRJ, inclusive estimulando a formação de parcerias.
 Comunicação, Escuta Socioambiental e Cultural: vai trabalhar para fortalecer os laços de comunicação, participação e integração dentro da comunidade universitária, contribuindo para a construção de uma universidade mais democrática, sustentável, inclusiva e diversa.
 Prevenção e Enfrentamento de Desastres Naturais e Emergências Ambientais e Sanitária: vai auxiliar na elaboração de metas e planos de adaptação e mitigação frente às mudanças climáticas, assim como no enfrentamento de situações de desastres.
 Estratégia de Implementação da Política SER/UFRJ: vai coordenar a elaboração do plano de implementação da política.

A SER/UFRJ terá uma estrutura de apoio para captação de recursos por meio de editais de fomento como os do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do Ministério de Minas e Energia.

EDUCAÇÃO REGENERATIVA É DIFERENCIAL DA NOVA POLÍTICA

A inserção da Educação Regenerativa na SER/UFRJ é um “pulo do gato” em relação a diretrizes da mesma temática de outras universidades brasileiras e mesmo do exterior. Um amplo levantamento feito pela equipe da SER/UFRJ mostrou que esse é um diferencial, já que as políticas existentes têm foco na gestão dos recursos.
“A articulação entre ensino, pesquisa, extensão e inovação será prioritária para que a Educação Regenerativa passe a vigorar nos currículos, no pensamento e na ação da comunidade universitária”, defende Francisco Esteves.
Foi fundamental para a conceituação de Educação Regenerativa o estudo feito pelo professor Guto Nóbrega (EBA), vice-decano do CLA, a partir do qual ficou evidente a necessidade de introduzir a temática da Sustentabilidade nos currículos da UFRJ.
“Ao pensarmos no ambiente da UFRJ devemos considerar a sua força motriz, que é a produção de conhecimento. Estamos falando de práticas educacionais que muitas das vezes são operadas por uma lógica de pesquisa pautada na produtividade e a eficiência. São valores que talvez mereçam ser parametrizados por uma outra temporalidade, menos quantitativa e maquínica, mas mais próxima da natureza e seus ciclos. Para tal feito necessitamos reorientar nossos currículos”, sustenta Guto Nóbrega.

ROMPER BARREIRAS
O professor da EBA argumenta que os saberes tradicionais, como os dos povos originários, devem ser incorporados à lógica da academia. “Temos o saber científico, mas também os saberes locais, tradicionais, ancestrais. É papel de uma educação regenerativa e sustentável resgatar tais saberes e reintegrá-los ao lugar de fala da produção de conhecimento”.
Guto Nóbrega sabe que não será fácil incorporar essa visão aos rígidos padrões da academia, mas acredita que a SER/UFRJ possa romper barreiras. “O que é imperativo é uma nova filosofia que promova a mudança necessária no indivíduo, para que possamos a partir nosso lugar de ação transformar nosso ambiente comum. São pequenas mudanças que, somadas pouco a pouco, podem desencadear a transformação comportamental que desejamos para benefício da planeta. Isso se dá no domínio da educação, uma educação regenerativa”.
O professor Francisco Esteves reforça a crença. “Nosso objetivo é efetivamente fortalecer o legado da UFRJ na sociedade com nossas ações e, para tanto, a formação de nossos estudantes, da educação básica à pós-graduação, precisa ter como cerne a sustentabilidade”, diz ele.
Além de Francisco Esteves, Susanne Hoffmann e Guto Nóbrega, integram a equipe de coordenação da Política SER/UFRJ os professores Laísa Freire (IB/CCS), Thiago Gomes (Instituto Politécnico/UFRJ-Macaé), Andrea Borde (FAU/CLA), Jussara Lopes (IQ/CCMN), Fátima Bruno (FACC/CCJE) e Marcelo Côrtes (CAp/CFCH).

WhatsApp Image 2025 01 24 at 18.20.07 1Na próxima semana, entre os dias 27 e 31 de janeiro, a cidade de Vitória (ES) receberá o 43º Congresso do Andes. O Sindicato Nacional prevê a participação de 600 a 650 professores de universidades federais, estaduais, municipais e CEFETs de todo o país. Os números consolidados do encontro serão conhecidos apenas ao final do primeiro dia de atividades, quando será encerrado o credenciamento das delegações.
O Congresso deste ano terá a inscrição de chapas que irão concorrer às eleições para a diretoria do Andes, em maio. Em paralelo às discussões das plenárias, os grupos políticos que disputam as forças da direção nacional do sindicato vão se articular para a corrida eleitoral.
Ao menos três grupos têm condições de apresentar chapas: o Andes de Luta e Pela Base, que atualmente dirige o Sindicato Nacional e é composto por professores ligados a correntes políticas do PSOL e PCB; o Fórum Renova Andes, até o momento o principal grupo de oposição à diretoria nacional, que reúne docentes ligados ao PT, PSOL, PDT e PCdoB; e o Coletivo Rosa Luxemburgo, responsável por articular a votação para a entrada em greve ainda no início do ano passado (vencendo a posição da diretoria nacional em plenário), cujos integrantes são alinhados com setores mais à esquerda do PSOL, PCB e PSTU.
Luis Acosta, professor da UFRJ e 2º vice-presidente nacional, acredita que o tema central do encontro será o modelo de carreira de professor federal. “O congresso eleitoral ‘esquenta’ as discussões, mas acredito que o principal tópico será a carreira única”, diz. A conjuntura nacional e internacional é outro ponto de preocupação. “Também acho que haverá centralidade no debate sobre o novo governo dos Estados Unidos e como ele vai direcionar as ações da ultradireita no mundo, inclusive aqui no Brasil”, aponta o dirigente.
O docente prevê, ainda, que as discussões em torno do reajuste salarial deste ano, fruto de acordo firmado em 2024 e ainda não efetivado em folha, trará mais tensão aos debates. “Há um mal-estar na categoria, porque o início do pagamento foi adiado até que se aprove a Lei Orçamentária Anual”, avalia. “Ainda que haja um certo compromisso do governo nessa efetivação do acordo, esse processo acontece de forma muito lenta”. acredita. “É um governo que está sendo muito atacado pelo setor financeiro e se mostra vulnerável e fraco do ponto de vista político nessas disputas ante o mercado”, considera. “Essas questões certamente atravessarão os debates”.
Ricardo Medronho, professor emérito da UFRJ e um dos eleitos pela assembleia para compor a delegação, também concorda com Acosta sobre o assunto central do congresso. “Um tema que considero relevante e acredito que poderá ser a tônica do encontro é a carreira docente”, avalia.
“É um tema sobre o qual o Andes vem se debruçando, mas a proposta que eles lançam não é bem aceita pela maioria dos professores com quem eu tenho conversado”, avalia Medronho, que já foi diretor da AdUFRJ entre 2021 e 2023.
A proposta do Andes prevê uma carreira única, que deixe de separar o Magistério Superior do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. Além disso, indica a possibilidade de progressão e promoção na carreira por tempo de serviço e sem avaliações recorrentes por pares. “O problema não é a carreira única, mas a possibilidade de um docente chegar ao nível de titular sem doutorado, por exemplo. A maioria dos professores da UFRJ não concorda com isso”, afirma. “A gente quer que os docentes sejam avaliados para que a universidade siga como produtora de conhecimento, referência nas pesquisas. Se essa produção mínima não for cobrada dos docentes, não teremos mais pesquisa, nem produção do conhecimento”.
Presidenta da AdUFRJ e delegada indicada pela diretoria ao Congresso, a professora Mayra Goulart também destaca a conjuntura política como ponto sensível dos debates. “Esse congresso acontece num momento de recrudescimento e regozijo da extrema direita global, que é muito forte também no Brasil”, aponta. Ela faz um alerta.“Infelizmente, ainda há certo solipsismo no debate, que ignora esse contexto e só enxerga a categoria e o governo como atores que estão em oposição”, conclui.

VEJA QUAL É A DELEGAÇÃO ELEITA AO 43º CONGRESSO

A delegação da AdUFRJ ao 43º Congresso foi votada em assembleia geral presencial, no dia 16 de dezembro. Foram eleitos 12 delegados e 11 observadores. Presidenta da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart é a delegada indicada da diretoria e por isso não foi votada na assembleia. Veja quem são os delegados e os observadores.

Delegados
1. Mayra Goulart (diretoria)
2. Nedir do Espirito Santo
3. Antonio Mateo Solé Cava
4. Verônica Miranda
Damasceno
5. Rodrigo Nunes da Fonseca
6. Marcio Marques Silva
7. Carlos Augusto
Domingues Zarro
8. Cláudia Rocha Mourthé
9. Eleonora Ziller
Camenietzki
10. Jorge Ricardo Santos Gonçalves
11. Renata Baptista Flores
12. Fernanda Maria
da Costa Vieira
13.Alessandra Nicodemos

Observadores
1. Claudia Figueiredo
2. Bruno Reys
3. Tatiana Oliveira Ribeiro
4. Maria Fernanda Elbert
Guimarães
5. Ricardo Medronho
6. Maria Tereza Leopardi
7. Maria Auxiliadora
Santa Cruz
8. Alice Coutinho da Trindade
9. Leonardo D’Angelo
10. Cláudio Ribeiro
11. Aline Caldeira

EVENTO VOLTA AO ESPÍRITO SANTO APÓS 40 ANOS

O 43º Congresso será realizado em Vitória. A anfitriã será a Adufes, a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo. As plenárias acontecerão no Campus Goiabeiras. O congresso volta à capital capixaba depois de 40 anos.
“É uma grande alegria ter conosco mais uma vez as delegações de todo o país para realizar o mais importante evento deliberativo da nossa categoria”, comemora a professora Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes. “Estamos colocando todo nosso empenho para fazer um grande Congresso”, garante.
A organização do evento começou ainda no primeiro semestre do ano passado e envolve as diretorias da Adufes e do Andes, além de dezenas de profissionais de diversas áreas. “É um evento grande.Tudo foi preparado com muita atenção, profissionalismo e carinho. Cada detalhe, desde os materiais gráficos e informativos, até as instalações e demais estruturas. Está tudo sendo cuidado para oferecer o melhor Congresso que podemos fazer”, afirma. “Estamos ansiosos e ainda temos muito trabalho nos próximos dias!”.

 

WhatsApp Image 2025 01 17 at 17.58.51Imagens: REAB/ETURenan Fernandes

Um dos grandes desafios da UFRJ para os próximos anos, a recuperação da infraestrutura, acaba de alcançar uma cifra impactante. Levantamento do Escritório Técnico da Universidade (ETU) estima em R$ 1.059.184.000 o custo da reabilitação total dos espaços avaliados até agora. O valor é mais de três vezes superior ao orçamento de R$ 324 milhões previsto para despesas de funcionamento básico da instituição em 2025 e que ainda aguarda aprovação no Congresso. O estudo de 2023 apontava um custo de R$ 795,7 milhões para recuperar 52% de toda área construída.
Chamado de REAB, o levantamento de 2024 analisou 95 prédios, o que equivale a 76% (ou 754.337 m²) da área construída da universidade. Sobre os 24% não analisados, a expectativa do ETU para a próxima edição é a inclusão dos dados do prédio do Centro de Ciências da Saúde e da Escola de Educação Física e Desportos.
“Sabemos que a infraestrutura física da UFRJ é muito precária e conhecer a dimensão real desta situação e ter projetos para cada uma das edificações avaliadas são pontos cruciais que levarão à sua recuperação”, analisou a professora Cassia Turci, reitora em exercício — o professor Roberto Medronho está de férias.
O cenário é caótico. Do custo total de reabilitação, 74% (ou R$ 778.639.000) são para intervenções consideradas emergenciais, anomalias graves que podem colocar em risco a integridade física de quem frequenta os campi da universidade.
Já considerando os recursos escassos que inviabilizam obras maiores, uma novidade da mais recente edição do estudo foi a inclusão de uma estimativa de investimento em manutenção dos imóveis, de forma a frear a degradação e aumentar sua vida útil. O valor estimado para cobrir esses custos de manutenção é de R$ 29.637.400 por ano.
“Quanto pior está o prédio, mais cara é a manutenção. Queremos incluir na próxima edição uma previsão de quanto seria esse valor se as edificações estivessem nas condições ideais para saber quanto dinheiro é jogado fora”, explicou o arquiteto Christiano Ottoni, do ETU.
A professora Cássia disse que a reitoria está empenhada em garantir a conservação dos prédios. “Estamos trabalhando em um contrato de manutenção para todos os setores de forma a atender serviços básicos nas redes elétrica, hidráulica e conservação mínima das edificações. Um grupo de trabalho foi formado para este fim, envolvendo servidores de todos os centros e da reitoria”, disse.

CT
A inclusão dos dados referentes aos 215.221 m² de área construída do Centro de Tecnologia aumentou a abrangência do levantamento. O CT agora corresponde a 28,5% de toda a área avaliada pelo REAB.
A imensidão no tamanho é refletida nos custos para reabilitação do prédio. Apesar do estado de conservação ser considerado “regular”, o imóvel saltou para o primeiro lugar no quesito custo para reabilitação total, com R$ 202,3 milhões. O edifício Jorge Machado Moreira, no estado de conservação “muito ruim”, mas com uma área três vezes e meia menor, aparece em segundo lugar com custo estimado de R$ 198,1 milhões. Já o custo de manutenção de todo o prédio foi avaliado em R$ 8,1 milhões anuais.Entre as intervenções prioritárias no prédio estão as instalações de esgoto e elétricas, revestimentos externos, cobertura e fundação.
E poderia ser pior, não fosse o esforço dos servidores do setor. O arquiteto Ivan Carmo, diretor do Escritório de Planejamento do CT, exaltou o trabalho da equipe responsável pela manutenção. Entre 2023 e 2024, 1.600 ordens de serviço foram abertas e 90% concluídas. “Durante os últimos dois anos de regime de manutenção organizado, conseguimos recuperar devagarinho alguns problemas no CT”, explicou.
Ivan elogiou o levantamento feito pelo ETU. “O REAB é uma ferramenta de planejamento fantástica. Por meio do levantamento, já identificamos onde priorizar os esforços para ter um prédio razoavelmente controlado quanto à manutenção”, disse Carmo.

OUTRAS UNIDADES
Alguns prédios registraram piora no índice de reabilitação na comparação entre os levantamentos de 2023 e 2024. Foram os casos do IPPMG, do Palácio Universitário, do Restaurante Universitário Central e do prédio do Instituto de Matemática. Mas a maior discrepância aconteceu com a Escola de Serviço Social, que despencou da classificação “Regular” para “Ruim”. A causa principal foi a identificação de problemas graves na estrutura da caixa d’água que não foram observados no levantamento anterior.
Para Ottoni, avaliações melhores e mais detalhadas são resultado da boa aceitação do trabalho. “Com a repercussão dos resultados de 2023, muitos servidores entenderam a funcionalidade e a importância desse trabalho e dedicaram mais tempo e atenção nas vistorias de 2024”, avaliou o arquiteto. “A cada ano, com a consolidação do sistema de gestão REAB UFRJ e a repetição do trabalho, a tendência é que as vistorias abranjam cada vez mais detalhes da real situação”, completou.
Já o CAp UFRJ foi uma das unidades que registraram uma melhora na classificação. Antes considerado “Regular”, o prédio localizado na Lagoa evoluiu para “Bom”. O prédio passa por reformas para solucionar problemas de infiltrações e na rede elétrica.
Apesar da melhoria na classificação do levantamento, a professora Cassandra Pontes, diretora da escola, listou algumas demandas estruturais que preocupam a comunidade do colégio. Entre os pontos destacados estão reformas na quadra esportiva, no muro ao redor da escola, a pintura interna e externa do prédio, além da construção de uma cozinha industrial.
“A direção geral da escola, em suas diferentes gestões, sempre teve o forte compromisso com a promoção de ações de conservação predial. No entanto, as limitações orçamentárias constituem o maior desafio”, afirmou a docente.

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