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Durante dois dias, coletivo marxista organizou discussão sobre as diversas dimensões da formação dos professores

Seminário: formação docente

Seminário de dois dias, realizado na Praia Vermelha, debateu as diversas dimensões da formação dos professores

Perspectiva do Colemarx é conhecer outros grupos de pesquisas que discutem o mesmo tema

Discutir a formação docente no âmbito do trabalho. Este foi o objetivo de dois dias de encontro organizado pelo Coletivo de Estudos Marxismo e Educação (Colemarx) da Faculdade de Educação da UFRJ. Coordenado pelo professor Titular da FE, Roberto Leher, o grupo de pesquisa, constituído há um ano, pela primeira vez realiza um seminário sobre o assunto.

A conferência de abertura, na manhã de terça-feira 17, contou com a participação da professora Eveline Algebaile, da Faculdade de Formação de Professores da Uerj. Ela apresentou aspectos da organização das “Políticas de formação docente a partir dos anos 90 no Brasil”.

Para a professora, a partir da década de 1990 o governo começa a impor o que chamou de “formação institucionalizada”. Desde então, segundo ela, houve o estabelecimento de novas formas de organização das políticas educacionais. O problema, disse ela, são os marcos nos quais isso se apresenta: “Em geral, é uma decisão verticalizada e de cima pra baixo”.

A estratégia utilizada pelos diversos governos para levar os professores novamente às salas de aula é considerada perversa pela docente: “O que acontece quando eu sou submetida sistematicamente à necessidade de formação? Ou o que ocorre quando somos convencidos de que nos falta algo? O discurso era de que a culpa das lacunas no sistema de ensino era nossa, porque não tínhamos formação adequada”, salientou.

Entre os anos 1990 e 2000, a maior parte dos estudantes das universidades, sobretudo públicas, nos cursos de Licenciatura e Pedagogia era composta por professores da rede municipal de ensino. “Na Uerj, por exemplo, toda vez que perguntávamos o que os motivava a estarem novamente em sala de aula, a resposta era apenas uma: ‘Disseram que eu iria perder meu emprego se não apresentasse o diploma do curso superior, por isso estou aqui’. O que era, rigorosamente, uma grande mentira”, afirmou.

Outro aspecto apontado por Eveline é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que em sua reedição abre a possibilidade para que qualquer pessoa que tenha formação superior possa dar aulas. Para Jussara Macedo, professora da Faculdade de Educação da UFRJ, que mediou o debate, essa permissão é um elemento que dificulta a organização dos professores como categoria. “O Banco Mundial e outros mecanismos internacionais ditam as políticas para formação docente no Brasil”, afirmou Jussara.

Mundo do trabalho

Claudia Piccinini, que também compõe o Colemarx, disse que para além do debate sobre a formação docente, o coletivo tem por objetivo conhecer outros grupos de pesquisa que estudam o tema. “O grupo tem essa perspectiva de discutir o mundo do trabalho de forma associada à Educação. Com este seminário queremos fazer um debate qualificado sobre os ataques impetrados contra a Educação pública”.

 

De acordo com a docente, a perspectiva do grupo de pesquisa é realizar seminários anuais sobre a temática. Esse ano, todos os convidados são do Rio de Janeiro, mas a expectativa é que nos próximos encontros seja possível a participação de estudiosos do tema de todo o país.

Debate na Letras: críticas à carreira

Professores se reúnem na Unidade e aprofundam discussão sobre lei imposta pelo governo

Um novo encontro será realizado no início de outubro, no prédio da Reitoria. Desta vez, além da carreira, será debatido também o tema assédio moral, reivindicação surgida na reunião

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O presidente eleito da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro, fez duras críticas à lei da carreira docente imposta pelo governo – apesar da greve nacional de mais de 100 dias em 2012. Segundo Cláudio Ribeiro, a atual lei se apresenta sem lógica institucional e se traduz num projeto centrado na redução de custos e na meritocracia, num viés produtivista. O professor lembrou a insensibilidade de Brasília que ignorou o debate acumulado pelo Andes-SN e preferiu o caminho do adesismo do Proifes (instituição chapa-branca criada para apoiar o governo).

As afirmações do dirigente foram feitas no debate realizado na Faculdade de Letras e que reuniu ainda o professor Luciano Coutinho, também diretor eleito, e a advogada da Seção Sindical, Ana Luísa Palmisciano.  “Quando a gente pega a lei e vê que desaparecem (termos como) autonomia e indissociabilidade, já sabemos para onde a coisa caminha”, observou a professora Cinda Gonda, do Conselho de Representantes da Adufrj-SSind. 

“É a cultura do publicar ou morrer. Todos enlouquecidos pelos setes (conceito mais alto de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) da Capes,  orientador assinando artigos feitos por alunos na política do eu te cito e tu me citas”, criticou a professora da Faculdade de Letras.  “No mais, uma política  do imponderável com aceno de que todos podem ser Titular, mas não se sabe nunca como nem quando”, disparou.

No debate, questionamentos sobre o projeto de universidade e sobre a divisão da instituição em ilhas abastadas frente a uma maioria precarizada foram recorrentes. Um novo encontro será realizado no início de outubro, no prédio da Reitoria. Desta vez, além da carreira, será debatido também o tema assédio moral, reivindicação surgida na reunião.

Exclusão

Cláudio Ribeiro apresentou a lei que define a nova carreira docente, aprovada em 2012, e complementada este ano. O docente relacionou a proposta para os professores com projeto de universidade do governo federal. “A exclusão do debate coletivo, acumulado pelo Sindicato Nacional, com a assinatura de um falso acordo (firmado pelo Proifes) é muito expressiva, nesse sentido”, disse Cláudio. “Da mesma forma é sintomático que a lei traga uma parte mínima de texto  sobre a carreira e páginas e páginas de tabelas (salariais) anexas”, acrescentou o professor.

Cláudio Ribeiro observou que a nova carreira não pode ser bem compreendida isoladamente: “Junto à criação da Ebserh e do Funpresp (previdência privada para servidores), a lei da carreira completa a reforma universitária que ainda não terminou”, afirmou. “Os impactos políticos e acadêmicos destas transformações serão sentidos em breve. E precisam ser avaliados por nós”. 

O professor Luciano Coutinho reforçou a análise de Ribeiro,  apontando uma série de distorções da carreira, entre as quais a remuneração do professor 20 horas superior à metade do valor recebido pelos profissionais 40 horas. Coutinho enfatizou que a lógica empreendedora impressa na nova carreira agrava o quadro de desigualdades na distribuição dos recursos entre as unidades acadêmicas. “Nem todos têm o mesmo potencial para captar recursos”, frisou. “O sistema meramente quantitativo está longe de refletir a diversidade da universidade”, afirmou, criticando as consequências da lógica concorrencial dentro da universidade. “O resultado disso (desigualdades), a gente percebe na estrutura até das salas de aula”, disse.

 

Barreiras para progressão

A advogada da Adufrj-SSind, Ana Luiza Palmisciano, disse que as implicações da nova legislação para os docentes da UFRJ ainda é parcialmente obscura.  “Há muita margem de interpretações e a reitoria ainda não se posicionou sobre muitos temas”, informou. Na avaliação da assessora, as mudanças mais significativas para vida funcional dos professores dizem respeito à progressão. “A GED (Gratificação de Estímulo à Docência) acabou, mas a vinculação às avaliações continua”, analisou ela. “E a regulamentação (disso), ainda está por vir”, advertiu em seguida. 

A advogada sublinha a fragilidade da lei: “em menos de um ano, já recebeu em seu corpo de texto alterações três vezes”.  Ana Luísa destaca que enquanto a legislação anterior a 2012 explicitava no texto da lei os percentuais de remuneração, a posterior substituiu a definição por valores fixados em tabelas “anexas”, conforme citado por Cláudio Ribeiro.

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

As histórias mostradas em sequência na Faculdade de Direito da UFRJ (FND) revelaram uma realidade espantosa. O testemunho de 12 jovens e alguns de seus familiares que romperam o medo parecia emergir de um cenário de sombras extinto com a ditadura. Mas o caldeirão de horrores exposto ali para a plateia perplexa que lotava o salão nobre da FND apresentava casos que atingiram pessoas que foram às ruas nas mobilizações iniciadas em junho deste ano no Rio de Janeiro. Os registros apontam prisões arbitrárias, abusos policiais, acusações e flagrantes forjados, ameaças de morte, violências físicas e psicológicas. 

Os depoimentos foram prestados na terça-feira 17 no encontro “Legalidade ou perseguição política?” Os relatos deram conta de práticas de intimidação por parte dos agentes do estado que operavam numa zona nebulosa muito próxima da ação clandestina: espionagem e perseguições policiais incompatíveis com Estado democrático de direito e típicas de regimes de exceção foram denunciadas. Além disso, os episódios expostos trouxeram de novo à cena a ação de grupos paramilitares, as milícias que atuam em várias regiões da cidade. O evento teve como organizadores a professora Julieta Schachter, da UFRJ, advogados e entidades ligadas aos Direitos Humanos e teve apoio Adufrj-SSind e da direção da FND.

Ian, Caio, Maíra e suas famílias receberam, entre 5h e 6h  grupos de policiais  em suas casas, apresentando mandados de busca e apreensão. Tiveram computadores, arquivos eletrônicos, cadernos, agendas, livros, objetos pessoais confiscados para averiguação por suspeita de prática de suposto crime de quadrilha, em relação a pessoas que nunca tinham se encontrado antes. “Levaram livros sobre anarquismo, bandeiras e materiais de trabalho. E uma máscara de Veneza que a Maíra ganhou de presente”, contou Felipe (namorado de Maíra). A estudante estava em viagem à Bolívia, quando houve a batida policial. Orientada por advogados, ela não mais voltou ao país. 

Pais expressaram perplexidades sobre os episódios. “Um vizinho abriu o portão da vila e quando saí do quarto, de calcinha, me deparei com aqueles policiais no meio da minha sala”, disse uma mãe. “Nossa desorientação era tão grande que não conseguimos balbuciar qualquer direito”, relata o pai de um dos perseguidos. O responsável de Ian conta: “foram direto ao notebook no quarto e conheciam os arquivos do meu filho melhor do que ele”.

Milícias 

 Participantes de outros movimentos recentes, como os Ocupa Cabral e Ocupa Câmara, também tornaram públicas informações preocupantes a respeito da política de segurança do Rio de Janeiro. Relatos de sequestros relâmpagos, telefonemas anônimos, coação por milícias e perseguições armadas foram denunciadas por ativistas e militantes.


Um vale-tudo

De acordo com o professor da UFRJ e integrante do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH), Carlos Eduardo, acusações sem correspondente tipificação foram banalizadas durante operações de repressão não apenas a militantes e a ativistas, mas contra qualquer pessoa com participação na agenda de mobilizações de ruas a partir de junho. 

Como exemplo, Eduardo citou a recorrente acusação de “formação de quadrilha” que legalmente “pressupõe estabilidade para cometer crime”, e que não poderia ser aplicado em outro caso. Outras violações à lei foram listadas, como a detenção e encaminhamento ao sistema penitenciário sem o devido acompanhamento de advogados e o isolamento de familiares. 

É o caso dos três jovens enviados ao Complexo Penitenciário de Gericinó (antigo Complexo de Bangu) por postarem mensagens e administrar a página Black Block em uma rede social (Facebook). Como outros detidos nos últimos meses, dois deles respondem em liberdade a processo criminal por formação de quadrilha armada e incitação à violência. Já Wallace Vieira dos Santos, 26 anos, segue preso no presídio em Bangu enquanto aguarda julgamento. 

O Chile na Lapa

Um pedaço da Lapa ganhou ares de Chile revolucionário na agradável tarde-noite de final de inverno. Os acordes do cavaquinho do botequim Vaca Atolada, no coração do bairro boêmio, foram substituídos pelo violão latino do grupo Canto Libre nas canções de Vitor Jara e Violeta Parra. Os dois artistas são símbolos na cultura, da experiência revolucionária do governo da Unidade Popular (1970-1973) no país andino. Não faltaram empanadas e vinho na celebração em memória  dos 40 anos do golpe militar no Chile que pôs fim ao governo socialista de Salvador Allende, e deu início à ditadura sanguinária de Pinochet. A base de cultura do PCB, que organizou o evento, chamou para um debate sobre democracia e poder popular os professores Virgínia Fontes (Fundação Oswaldo Cruz) e Mauro Iasi (UFRJ). O professor Jaime Osório, chileno, mas radicado desde o golpe no México, onde leciona na Universidad Autônoma Metropolitana, foi o convidado especial. “Tomar o céu por assalto”, sintetizou Osório ao tentar traduzir o que foi a experiência do governo Allende.

 

 

 

 

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A experiência revolucionária do governo da Unidade Popular transformou o socialismo em fenômeno de massas, observou Mauro Iasi.

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Iasi lembrou que, ao assumir o governo, Allende passou a cumprir o programa com o qual foi eleito.

Nacionalizou a mineração, que representava 80% da economia do país e era controlada por empresas transnacionais.

Estatizou o sistema financeiro.

Estabeleceu normas contra os monopólios industriais e grandes empresas de telecomunicações, entre elas a gigante americana ITT.

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O discurso de Iasi foi intercalado com apresentações de artistas reproduzindo canções de Vitor Jara, que teve as mãos decepadas ao ser assassinado pelo regime fascista.

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O professor lembra que a atmosfera revolucionária do Chile da Unidade Popular foi acompanhada de uma explosão de cultura popular.

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“Se a esquerda abraçou o povo, o povo abraçou suas bandeiras e o socialismo”, disse.

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No clima de tarde revolucionária, a professora Virgínia Fontes fez uma reflexão sobre as dificuldades de luta de classes no Brasil e no mundo.

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Virgínia começou lembrando que o papel de “gendarme do mundo” que os EUA chamaram para si, só é possível pela aliança com as burguesias locais.

A professora destacou a truculência da burguesia brasileira (citou a violência da polícia nas manifestações de junho). Mas disse, também, que nos últimos 20 anos um setor dessa burguesia aprendeu a manejar formas aceleradas de convencimento.

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Chamou atenção para as armadilhas a serem enfrentadas. Uma delas: a suposição de que o desenvolvimento, “com a palavrinha mágica sustentável, que ninguém sabe o que quer dizer”,  possa assegurar  uma modificação das condições da existências das grandes massas é uma falácia.

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“Não pode”, ela disse.  Pelas simples razão de que este desenvolvimento se dará pela lógica capitalista. 

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13092372Democracia e poder popular. Mauro Iasi, Jaime Osório, Virgínia Fontes e Marta (PCB) na tarde da Lapa. Foto: Base de Cultura PCB - 14/09/2013Outra  armadilha: a ideia de que existe uma “boa burguesia” que irá nos conduzir a um capitalismo autônomo.

“Agora, vem cá: alguém acredita na possibilidade de capitalismo autônomo em pleno século XXI?”, provocou.

Virgínia Fontes disse que, hoje, no mundo,  a exigência democrática que se coloca é a  “igualdade”.

Segundo ela, uma palavra que havia sido “proscrita” , reesignificada, trocada por equidade, participação, cidadania etc..

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Depois de Virgínia, um chileno e uma mexicana do grupo Canto Libre cantaram Violeta Parra.

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“Gracias a La Vida” emocionou.

Foi nesse clima que Jaime Osório foi chamado a falar.

Ele disse que as bandeiras, as músicas, a palavra dos que o antecederam, tudo isso o deixava muito comovido.

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O professor, que deixou o Chile logo depois do golpe, buscou a síntese para traduzir o que foi a experiência revolucionária no seu país.

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“É quando o extraordinário se torna o comum”, disse. “Foi tomar o céu por assalto”.

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