Quem conhece apenas de vista o professor Jacob Herzog não imagina que ele se divide entre dois ofícios tão diferentes: as aulas de piano na Escola de Música da UFRJ e o plantio de amoras em Nova Friburgo.“A pressão da cidade às vezes sufoca”, afirma o docente, cujo sobrenome famoso é apenas uma coincidência com o do jornalista assassinado na ditadura. Para vencer o estresse urbano, o pianista comprou um sítio – onde também tem um piano – e passou a se aventurar pela vida na roça.Acorda às 5h, prepara sua comida, termina os afazeres domésticos e parte para o campo. O próprio Jacob transporta o cultivo para a capital, em sacos de um quilo. “Meu grande comprador é um restaurante no centro, mas vendo para lojas de sucos também”, diz. Hoje, a produção beira os 500 kg por ano. A escolha da fruta surgiu da conversa com um especialista, que recomendou o plantio em função do clima e do fato de nenhuma outra pessoa plantar amoras na região.Recomeçar é um verbo conhecido no currículo do professor. Ele só entrou na vida acadêmica depois dos 40. Antes, era jornalista. Aos 44, decidiu fazer a graduação, mestrado e emendou um concurso na Escola da Música. “Entrei aqui já tendo uma expertise. Conheci o piano aos seis anos, mas precisava de um diploma para conseguir trabalhar com isso”, conta.“Às vezes, eu me sinto ocupado demais”, lamenta. “Reclamo à beça, me pergunto por que fui inventar isso”, diverte-se. Ao mesmo tempo, não se arrepende de suas escolhas. “Acho que viver é isso, é você se comprometer com novas coisas e atuar da forma mais harmônica possível”.
A UFRJ pretende fazer muito barulho contra a agenda antipopular do governo. Isso ficou claro após reunião entre representantes da reitoria e das entidades dos professores, técnicos e pós-graduandos, no último dia 5 — o DCE não pôde comparecer. A ideia é aproveitar o início do próximo ano letivo para a realização de grandes debates acadêmicos, envolvendo toda a comunidade. “A paralisação da universidade é o pior cenário”, afirmou o reitor Roberto Leher. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck, considerou muito importante a aproximação entre os segmentos e a administração central. Ela recomendou que, para além dos diagnósticos e avaliações, a universidade apresentasse propostas, já pensando nas eleições de 2018: “Temos de mostrar para a população a importância da defesa da universidade pública”, acrescentou. O próximo encontro entre as entidades e a reitoria ficou marcado para 18 de dezembro.
Defesa da universidade pública, democracia e soberania nacional. Estes são os eixos que vão guiar um movimento docente apartidário e não sindical, ainda em formação. A informação foi divulgada durante a Assembleia Geral da Adufrj do dia 4 pela presidente Maria Lúcia Werneck. “Nosso foco de atuação será o Congresso Nacional”, explicou a professora. A primeira reunião, que contou com representantes de seis associações docentes, ocorreu na sede da Adunb, em Brasília, no dia 1º. Com o objetivo de lançar um documento do grupo até março, início do período letivo para a maioria das universidades, outros encontros devem ser realizados nas próximas semanas. Maria Lúcia explica que o movimento surgiu em resposta à conjuntura de contrarreformas e outras medidas do governo que prejudicam o ensino superior público. As atividades do grupo serão mantidas pelo menos até as eleições de 2018, produzindo materiais para serem levados às candidaturas.
Reitoria ajusta despesas às reduzidas receitas previstas pelo governo para o ano que vem. Proposta será votada no próximo Conselho Universitário A universidade deve encerrar 2017 com um déficit de R$ 160 milhões. E, para 2018, o cenário continua desanimador. Na proposta de lei orçamentária do próximo ano, estão previstos R$ 388,2 milhões para as despesas da universidade: para efeito de comparação, neste ano, a LOA havia indicado R$ 417 milhões. O Conselho Universitário decide sobre os gastos da instituição no próximo dia 14. Os números foram divulgados pela reitoria ao Consuni do dia 30, em sessão extraordinária. A administração responsabiliza o governo pelas contas no vermelho: orçamentos insuficientes nos últimos anos e, ainda assim, contingenciados. A novidade da discussão deste ano é que a reitoria propõe uma série de medidas para ajustar as despesas aos limites orçamentários impostos pelo governo. Dentre elas, destaque para a revisão dos contratos terceirizados, buscando baixar as despesas em R$ 39 milhões e a ampliação da campanha “Essa conta é de todos”, com o objetivo de economizar aproximadamente R$ 16 milhões na tarifa de luz. Também são propostos: diminuição do fluxo dos ônibus internos (mais R$ 3,2 milhões) e o aumento do controle de acesso ao serviço de alimentação estudantil (R$ 1,2 milhão de economia). O reitor Roberto Leher justificou o “aperto do cinto”: “Nós não podemos manter a tendência de aumento das dívidas. Isso torna a UFRJ vulnerável diante do governo e diante de fornecedores”. Ele completou: “A reitoria tem total clareza que esses cortes trarão problemas para dentro da universidade, mas nós precisamos diminuir os gastos”. * colaborou Marianne Menezes
Resistir às reformas e participar do ato do dia 5, sem paralisar as atividades acadêmicas. Por 58 votos a 27, a proposta encaminhada pela diretoria da Adufrj foi a vencedora na assembleia de professores, realizada em 4 de dezembro. “Achamos o encontro positivo. Tivemos a oportunidade de criticar as reformas e a Medida Provisória 805. Manter a universidade funcionando é uma decisão madura”, analisou a presidente da Adufrj, professora Maria Lúcia Werneck. A convocação da assembleia foi às pressas. As Centrais Sindicais resolveram fazer uma greve geral no dia 5, mas só comunicaram a paralisação na sexta-feira, 24 de novembro. Na terça-feira, 28,o Andes encaminhou às seções sindicais a solicitação de realização de assembleias. Menos de cinco dias depois, as maiores Centrais desistiram da greve, mas a Adufrj resolveu manter a reunião.“Tivemos pouco tempo, mas nos desdobramos para realizar o encontro”, analisou o professor Fernando Duda, diretor da Adufrj. “Infelizmente, os ataques à universidade não têm provocado mobilização. Temos que pensar por que não estamos conseguindo trazer as pessoas”, completou a professora Tatiana Sampaio, também diretora do sindicato. “Tem que ter debate, mas fazer só reflexão acadêmica não será suficiente”, criticou o professor Luciano Coutinho. “Acho importante manter a paralisação”. Já a professora Maria Paula Nascimento Araújo, diretora da Adufrj, discordou do colega. “É absolutamente importante manter a mobilização com a universidade funcionando”, analisou. “O momento é gravíssimo e não está claro ainda por que aparentemente as pessoas não estão mobilizadas”, disse. A assembleia foi realizada em três locais, simultaneamente: no Fundão, foram 7 votos favoráveis à paralisação e 34 contrários; em Macaé, foram 6 favoráveis e 14 contrários; na Praia Vermelha, 14 favoráveis e 10 contrários. Além do debate, o encontro resultou em boas novas. “Em Macaé, os professores estão animados. Conseguimos cinco novas filiações e ainda distribuímos mais fichas”, comemorou o diretor da Adufrj, professor Felipe Rosa. Diretoria da Adufrj participa de ato contra a reforma Diferentes categorias, estudantes e movimentos sociais encontraram-se no Centro do Rio, na tarde de terça-feira, 5, para uma manifestação unificada contra a Reforma da Previdência apresentada pelo governo Temer. O ato nacional foi marcado por desencontros na convocação entre as centrais sindicais. A maioria anunciou a suspensãodo movimento, após o governo dizer que não colocaria a reforma na pauta do Congresso. O setor da educação teve participação expressiva no protesto do Rio e a Adufrj também compareceu à mobilização. A tradicional passeata da Candelária até a Cinelândia preencheu as pistas da Avenida Rio Branco (Elisa Monteiro).