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 Luiz Davidovich - Foto: Divulgação/ABC[/caption]    A cobrança de tarifas aumentaria os recursos das universidades Pesquisa feita pela Andifes mostra que isso seria suficiente para 30% do orçamento necessário, além de comprometer 25% da renda bruta familiar por aluno. “Os argumentos de que os ricos deveriam pagar funcionaria melhor com uma lei que taxasse grandes fortunas e destinasse os recursos para a Educação”, defende Emmanuel Tourinho, presidente da Andifes.    O FIES deveria ser expandido para financiar o acesso a universidades federais, combinado com bolsas para os mais pobres Para Lena Lavinas, professora Titular do Instituto de Economia da UFRJ, o sistema financeiro será o maior beneficiado, caso avance a proposta do Banco Mundial. As famílias serão obrigadas a contrair empréstimos, sujeitos a juros elevados, para os filhos cursarem as universidades. Ela justifica o argumento com a atual situação do FIES, com 47% de inadimplentes.    Os alunos das universidades públicas são de famílias ricas Segundo pesquisa da Andifes, em 2014, apenas 10,6% da população estudantil nas IFES tinha renda familiar média acima de dez salários mínimos. O professor Carlos Frederico Rocha, do Instituto de Economia, acrescenta que o levantamento ainda não mostra completamente os efeitos da lei das cotas, de 2013. “O mais provável é que esteja subestimada a participação dos estratos inferiores de renda”, afirma.  
 Fernando Haddad - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil[/caption]    Para Lena Lavinas, professora Titular do Instituto de Economia da UFRJ, o sistema financeiro será o maior beneficiado, caso avance a proposta do banco. As famílias serão obrigadas a contrair empréstimos, sujeitos a taxas de juros elevadas, para os filhos cursarem as universidades. “Se entrarmos no site da Estácio para simular os custos de um curso como Medicina, por exemplo, estamos falando em valores superiores a R$ 500 mil. Quem pode pagar isso, mesmo sendo de classe média?”, questiona. “Os bancos e outras instituições financeiras, cujo número se multiplica rapidamente, em meio à retração da oferta de FIES, já oferecem crédito estudantil a juros de 2% a quase 5% ao mês, quando a previsão de inflação não deve ultrapassar 3%”.    A tese do banco de que alunos ricos predominam no ensino superior federal é desmentida por pesquisa realizada pela associação de reitores das federais (Andifes), em 2014. A tabela (nesta página), extraída da revista Debate Econômico, mostra que a distribuição dos alunos do ensino superior público federal por estratos de renda acompanha a participação dos mesmos segmentos na população brasileira.
    O ponto de vista da agência multilateral também foi criticado por Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências: “O relatório é, para mim, um exemplo das limitações da econometria, que não pode substituir análises mais gerais sobre a qualidade e a estrutura da educação superior em nosso país”. O presidente da ABC considera urgente uma reforma do ensino superior: “Não será, no entanto, um documento do Banco Mundial que levará à transformação necessária das instituições de ensino superior no Brasil”.    Já o professor emérito da Faculdade de Educação, Luiz Antônio Cunha considerou as recomendações do Banco Mundial coerentes com as medidas neoliberais do governo. “Concebe os estudantes como clientes, como se o ensino superior fosse um serviço qualquer. Pensa instituições como se fossem empresas”, criticou.    O professor também comparou o atual governo com a ditadura militar. Uma diferença que ele sublinha entre aquele momento e o de hoje em dia é que, na década de 60, apesar das perseguições, os militares estabeleceram uma aliança estratégica com os pesquisadores. “As universidades, que eram apenas nominais passaram a ser universidades substantivas, com professores em tempo integral e produção científica, tecnológica e cultural”. Ele completou: “Agora é o contrário. Estamos retomando uma perspectiva perversa de 64 e acrescentando o elemento mais perverso da política econômica atual”, lamentou.    Luis Eduardo Acosta, 1º vice-presidente do Andes, afirmou que, em momentos de crise, o empresariado e os governos sempre voltam a debater a cobrança de mensalidade em universidades públicas.    O reitor Roberto Leher reforçou a preocupação com o documento: “A manifestação do banco é congruente com a Emenda Constitucional 95, do teto de gastos públicos. Nós dissemos que a Emenda inviabiliza direitos sociais e ignora o direito fundamental humano ao conhecimento científico, artístico e cultural”.  
    Desde outubro, o MEC anuncia uma proposta de “residência pedagógica”, sem entrar em detalhes: “O governo chama de ‘aperfeiçoamento” do Pibid, mas na verdade descaracteriza o programa”, disse Joaquim, pelo que foi informado até agora. Na avaliação do docente, que reclama da falta de diálogo com o ministério, o programa segue um modelo similar implementado em São Paulo, em 2014: “O licenciado era usado até para fazer faxina. É um retrocesso a tudo que foi conquistado”, lamentou.    Alternativa própria    Se o governo insistir na destruição do Pibid, Silva estuda meios de manter um programa interno à UFRJ de formação de professores. Chamado pelo professor de Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIID), o projeto ainda está em fase preliminar. “A ideia seria implementar um programa de extensão interunidades vinculado às políticas de formação docente da universidade”, explicou.    A proposta, no entanto, não teria condições de fornecer bolsas, uma das principais dificuldades. “Estamos avaliando como envolver o professor da educação básica nesse processo, de forma justa, que não implique sobrecarga”, finalizou.    Elogios    Durante a Jornada do Pibid, docentes e bolsistas reforçaram as críticas às decisões do governo: “O Pibid é uma política ousada, que marcou a formação docente no país. Vamos viver o ensino docente nas eras antes e depois do Pibid”, afirmou a professora Silvia Contaldo, da PUC-MG, que participou do segundo dia de debates.