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Team working at the clean bench

Silvana Sá
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A UFRJ quer mapear quem da comunidade acadêmica já teve coronavírus e, para isso, vai montar um posto de coleta de amostras para testagem. O teste rastreará mesmo quem teve contato com o vírus, mas permaneceu assintomático. A expectativa é de que o posto seja instalado entre dezembro e janeiro e deve funcionar no Grêmio da Coppe.

O modelo de teste foi desenvolvido em parceria entre a Coppe e Instituto de Biofísica, e nasceu de pesquisa coordenada pelos professores Leda Castilho, do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares, e André Vale, do Laboratório de Biologia de Linfócitos. Contou, ainda, com a participação de docentes da Biologia e da Medicina.

“Alguns insumos ainda estão sendo adquiridos, para que então a gente possa colocar o posto em atividade”, conta a professora Leda. Num primeiro momento, o teste será voltado para o corpo social que segue em trabalho presencial durante a pandemia. “Depois de atender a este público mais específico, conforme demanda da reitoria, a testagem deve ser ampliada para outros setores”, conta a pesquisadora.

O teste é sorológico, ou seja, feito a partir de amostras de sangue. Para participar, a pessoa não pode estar com os sintomas, já que o exame não é do tipo que detecta a infecção ativa, mas sim os anticorpos que o organismo passa a produzir cerca de 15 dias após o contato com o vírus. “A amostra será coletada por meio de um furo no dedo e as gotas de sangue serão absorvidas em uma tira com papel filtro”, explica Leda. “Essa metodologia simplifica e barateia o teste do tipo ELISA (do inglês Enzyme Linked Immunosorbent Assay), que tradicionalmente é feito com amostra de sangue tirado da veia”, informa a cientista.

A ideia é que além do resultado – positivo ou negativo para anticorpos – a investigação também sirva como fonte de dados para outras pesquisas sobre o novo coronavírus, já que os participantes responderão um questionário com perguntas relacionadas à covid-19 e questões sócioeconômicas. “Essa testagem poderá subsidiar estudos nas mais diversas áreas, da Saúde Coletiva à Economia”, garante a cientista. As amostras serão processadas no Instituto de Biofísica, em uma iniciativa liderada pelo professor Leonardo Travassos.

Reitora da UFRJ, a professora Denise Pires de Carvalho destaca que a testagem será “um excelente estudo epidemiológico de exposição da comunidade acadêmica”. Apesar de o teste ser capaz de determinar se um indivíduo foi ou não exposto ao vírus, os dados científicos disponíveis até o momento não permitem afirmar se uma pessoa que tem anticorpos para o novo coronavírus está imune e nem por quanto tempo. “Também não pode dizer se os indivíduos ainda podem transmitir o vírus. E, por isso, não garante retorno ao (ensino) presencial, infelizmente”, lamenta a reitora.

Proteína S
Onze meses depois do primeiro caso confirmado no mundo, ainda há muito para se entender sobre o novo coronavírus. Os cientistas correm contra o tempo em busca de vacinas, testes mais baratos e eficazes, além de medicamentos que possam combater a pandemia. A UFRJ atua em todas essas frentes, com resultados promissores. Muitas destas pesquisas existem graças à produção em laboratório da Proteína S do coronavírus, que é a base do desenvolvimento do teste da universidade.

A Proteína S é produzida desde fevereiro no laboratório coordenado pela professora Leda. Agora, a equipe trabalha na implementação do processo em escala. O “S” vem do termo em inglês spike, ou espícula, em português. “Essa proteína está presente na superfície do vírus, nas ‘pontinhas’”, resume a professora. “Nossa ideia foi modificar células geneticamente para que passassem a produzir a proteína S, que é um alvo preferencial para a resposta imunológica do organismo”, explica.

Em julho, a equipe anunciou a criação de um teste capaz de medir anticorpos, cujo valor é muito inferior aos testes encontrados no mercado. Produzido na universidade, o teste pode custar, em média, 70 vezes menos que os mais comuns disponíveis no mercado. “Nosso teste é extremamente confiável e barato. Se realizado na universidade, gasta-se menos de R$ 2 por teste, com insumos. Se for feito em outro tipo de instituição, incidem também outros custos, mas mesmo assim o custo total fica entre R$ 5 e R$ 6 por amostra”, afirma a pesquisadora.

O professor André Vale expica como foi a sua participação no trabalho. “Meu laboratório estuda a resposta do sistema imune e utiliza a metodologia ELISA para diversas finalidades”, conta o pesquisador. “Num primeiro momento, padronizamos o método, inclusive comparando a proteína com diferentes graus de pureza. Alcançado esse resultado, passamos à etapa de validação do teste, com mais de mil amostras”, resume Vale.

“Dar respostas de excelência num tempo tão curto foi o maior desafio”, afirma o pesquisador. “Em junho nós já estávamos com o teste totalmente validado, e em julho submetemos o artigo para publicação”, revela. “O rigor científico foi amplamente perseguido, mas há enorme demora na publicação. Acredito que para a indústria e para determinados grupos não seja interessante que a universidade pública produza um teste tão bom e tão barato”.

O docente também critica a falta de apoio à ciência. “Não queremos comercializar. A única coisa que a gente quer é que a população tenha acesso ao teste. Se a gente tivesse mais apoio, as várias esferas de governo poderiam economizar bilhões gastos em testes caríssimos e ruins. A gente lamenta isso, mas segue trabalhando”.

 

NOVIDADES NO TRATAMENTO E PREVENÇÃO

A professora Leda Castilho foi a convidada do Café com Ciência e Arte, quadro do programa semanal da PQ Leda 0 1140AdUFRJ na Rádio UFRJ. O episódio, apresentado pelo professor Felipe Rosa, do Instituto de Física, foi ao ar nesta sexta-feira, às 10h. E pode ser conferido no site radio.ufrj.br. A seguir, alguns trechos.

Felipe Rosa – Vocês estão pensando em prover testes para o Rio de Janeiro, para o Brasil ou exterior?
Leda Castilho – O que viabiliza o teste é a produção da Proteína S, que estamos desenvolvendo na UFRJ. Realmente a gente já tem enviado essa proteína para inúmeras universidades, empresas e institutos Brasil afora. A ideia é dar a ferramenta para que se possa implementar os testes em qualquer lugar do mundo. Além do teste, os cavalos do Instituto Vital Brasil passaram a ser vacinados com a nossa Proteína S e os resultados foram surpreendentes. Eles desenvolveram anticorpos numa concentração muito alta, capazes de neutralizar o coronavírus em células infectadas em laboratório. A gente espera que até o final deste ano tenha mais resultados nessa área.

Esse trabalho é mais na linha de tratamento pós-infecção ou de vacina?

O trabalho com os cavalos é para tratamento e pretendemos oferecer o soro a pessoas bem no início da infecção. Mas a Proteína S pode ser utilizada também como vacina. Estamos testando em camundongos. Esperamos que em alguns meses os ensaios já tenham sido feitos em outras espécies. Também é preciso fazer estudos de toxicologia, normalmente em ratos e em coelhos. Depois de tudo isso, poderemos partir para ensaios em humanos. É o sonho da vacina tendo origem na UFRJ.

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Kelvin Melo
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Não faltam razões para os professores universitários participarem das eleições do Andes, entre os dias 3 e 6 de novembro. Reforma administrativa, trabalho remoto na pandemia, intervenções nas reitorias e orçamentos reduzidos para as universidades são desafios que exigem um sindicato nacional forte nas negociações com o governo. Para enfrentar os dois últimos anos da gestão Bolsonaro, o primeiro passo é legitimar o Andes com uma votação expressiva.

A pandemia mudou a rotina da eleição. Pela primeira vez, a votação será virtual. As urnas físicas foram trocadas por um sistema telepresencial – confira o guia explicativo de como votar na página 5 – com salas virtuais e que exigirá a apresentação de documento de identidade de cada professor.

O sistema de votação será um obstáculo a mais para superar os números do pleito de 2018. Naquele ano, dos 69.152 docentes aptos a votar, apenas 16.887 compareceram às urnas. Na UFRJ, maior colégio eleitoral do país, dos 3.481 aptos, somente 542 votaram. Em 2020, podem votar 68.618 professores, sindicalizados até 3 de agosto. Na UFRJ, 3.847.

Duas chapas concorrem à direção: Unidade para Lutar, chapa 1, da situação; e Renova Andes, chapa 2, de oposição. São candidatas à presidência as professoras Rivânia Moura, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, pela chapa 1; e Celi Taffarel, da Universidade Federal da Bahia, pela chapa 2. Para a Regional Rio de Janeiro, são candidatos a 1º vice-presidente: a professora Elizabeth Barbosa (chapa 1), da UFF; e o professor Felipe Rosa (chapa 2), da UFRJ.

Os votos serão apurados a partir das 22h do dia 6. Um resultado preliminar será divulgado assim que concluído o processo de contagem. Após o prazo para apresentação de recursos das chapas, o resultado oficial será divulgado no dia 10. A nova direção toma posse na abertura do 10º Conad Extraordinário, em dezembro.
Confira a seguir, algumas propostas e reflexões das duas chapas As perguntas e respostas foram recebidas por e-mail e o Jornal da AdUFRJ não editou nenhum dos textos, apenas corrigiu pequenos erros de ortografia.

 

WhatsApp Image 2020 10 30 at 18.06.03     ENTREVISTA I CHAPA 1 UNIDADE PARA LUTAR

1 - Como aproximar o Andes do professor que não é militante sindical?

O Andes-SN é um sindicato nacional integrado por todas as seções que o compõem. Cabem às seções, que estão na base da categoria, organizar, mobilizar e deliberar, a partir das suas instâncias democráticas, e participar dos congressos e conselhos onde são votadas essas posições da base. De um lado, as seções devem repercutir essas deliberações e, de outro, até porque têm autonomia para isso, encaminhar as pautas locais. Portanto, a pergunta deveria ser: como as seções estão debatendo com a categoria os seus problemas concretos, como as seções têm trazido a categoria para o debate e participação sindical? Sob que concepção de luta sindical? Resolvida essa questão, que é de método sobre o funcionamento do Andes-SN, de fato, os desafios são imensos para que a categoria veja o sindicato como um instrumento de luta, de reivindicação. Há uma conjuntura ofensiva, de ataque à educação e aos direitos sociais, e isso impacta no processo organizativo da categoria. Assim, um dos desafio é o de articular as pautas locais e a construção da luta unitária com as demais categorias do serviço público, com as lutas populares e da juventude.

2 – Qual o posicionamento da chapa em relação à filiação à CSP-Conlutas?

Depois de lutar conta a reforma de FHC, a direção da CUT se entregou à reforma da Previdência do governo Lula, que acabou com a isonomia e a paridade entre ativos e aposentados do Serviço Público Federal na reforma de 2003. Por essa razão, saímos da CUT e construímos a CSP-Conlutas, para reunir de forma ampla os que lutam com independência de classe. Porém, avaliamos no congresso que, diante da ofensiva bolsonarista, é preciso organizar frentes de atuação mais amplas e unitárias. Por essa razão, deliberou-se construir o fórum em defesa das liberdades democráticas e avaliar junto à categoria a permanência na CSP-Conlutas.

3 – Como avalia a posição da gestão do Andes na última década, em pontos decisivos para a universidade e o país, como o impeachment de 2016, o Reuni, o Sisu e o sistema de cotas?

O processo de impeachment foi um golpe parlamentar. Foi para atender a necessidade da classe dominante de ter um governo que aprofundasse as políticas de austeridade fiscal que já estavam em vigor, mas sem concessões, mesmo que limitadas para os mais pobres. E foram justamente as contradições do governo derrubado que dificultaram a mobilização contra o golpe. No governo Lula se fez uma política mitigada, de um lado se implantaram programas de expansão, como foi o Reuni, destinados ao ensino público e, de outro, se destinaram recursos consideráveis para o financiamento estudantil, turbinando o crescimento privado, aliado a programas focalizados nos mais vulneráveis, via compra de vagas (Prouni). Foi uma opção política para não mexer na política de austeridade vigente.

4 – Existe alguma proposta prática para mudar a organização dos Conads e Congressos do Andes?

Nosso sindicato possui um processo democrático de participação, permitindo que filiados se expressem e disputem suas ideias. Mas a democracia depende de disposição. Ainda temos muito que melhorar, sempre. Mas um dos avanços foi a constituição em todo congresso de uma comissão de ética para coibir as práticas de assédio moral e sexual. Não pensamos em seguir o caminho das últimas diretorias da AdUFRJ, que define de antemão o que pode ser votado ou não nas assembleias. Isso não é democrático e não tem melhorado nem a participação, nem a qualidade dos debates nas assembleias. Mas essa tem sido uma falsa polêmica. Nosso principal problema não é melhorar a dinâmica congressual, no dia do evento, mas garantir que suas decisões sejam implementadas na base.

5 – Quais são as propostas para defender os direitos dos professores no ensino remoto?

O ensino remoto é a educação à distância em caráter emergencial. Como modalidade de ensino substitutiva do ensino presencial, nosso sindicato deve permanecer sendo contrário, até porque não é só uma modalidade de ensino. É projeto para sucatear a educação, precarizar o trabalho, abrir ainda mais o caminho do desfinanciamento público. Somos contra naturalizar ou tentar regulamentar essa situação emergencial. Fazer isso coloca lenha na fogueira do MEC, que quer aproveitar a situação para acelerar o processo de extensão das horas permitidas para atividades à distância nos cursos presenciais e usar este formato para a expansão de novas vagas. Defendemos que o governo arque com os custos extras de nosso trabalho, que garanta formação para os docentes no uso das plataformas, que a prioridade seja o uso de plataformas públicas e que não se deixe nenhum e nenhuma estudante para trás.

6 – Qual a proposta da chapa para enfrentar os cortes impostos pelo governo Bolsonaro?

O governo Bolsonaro tem dado continuidade à política de cortes para as universidades públicas. Em 2015 começou este ciclo. Naquele ano fizemos uma greve que não foi acompanhada por setores importantes do corpo docente e fomos derrotados. Pretendemos continuar lutando pela autonomia universitária e pelo orçamento adequado para a realização das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Rejeitamos veemente o projeto FUTURE-SE. A articulação de frentes amplas é importante e, neste caso, a defesa da nossa autonomia e independência de classe é fundamental.  E são os militantes da nossa chapa que têm uma longa experiência nestas construções na direção classista e independente.

7 – Qual a proposta da chapa para a reforma administrativa?

Construímos e participamos no FONASEFE, que é a entidade que vai ter que se colocar na frente da luta contra a reforma administrativa. Vai ser uma luta longa e difícil. Esperamos que as “grandes” centrais sindicais, como a CUT, não repitam as atitudes de omissão que tiveram com a contrarreforma previdenciária e trabalhista. Estamos construindo os fóruns nos estados e municípios e só uma grande mobilização dos/as trabalhadores/as (ao final somos 11 milhões de servidores públicos nas três esferas do estado) poderá derrotar o governo e o Congresso.

8 – Qual a proposta da chapa para a intervenção nas reitorias?

Lutar pela autonomia universitária. No último período de governos antes do golpe institucional, não se alterou a velha legislação (Lei nº 9.192 de 1995), pela qual a universidade se limita a apresentar uma lista tríplice e é o presidente quem escolhe o reitor. Estamos apoiando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pelo Partido Verde no STF contra as listas tríplices. Vale lembrar que já tivemos um processo de intervenção na UFRJ em 1998. A AdUFRJ, naquela época, deu o exemplo sobre o que fazer diante de reitores interventores: lutar em unidade e sem cansaço até sua derrubada.

 

ESPAÇO EXTRA

A chapa 1 não atendeu à solicitação de uma entrevista que seria publicada na edição nº 1.150, de 9 de outubro. Estamos abrindo um espaço extra para a chapa responder às questões enviadas naquela ocasião e não repetidas nesta publicação. E com o mesmo tamanho das respostas da chapa 2, já publicadas há duas semanas.

Por que é importante votar na eleição do Andes?

“Quem nasce sob o signo da luta está destinado a vencer”. Esta frase foi dita no congresso de criação da Andes e assim nosso Sindicato construiu sua história na defesa da educação pública e do trabalho docente. As eleições acontecem num contexto de ofensiva aos nossos direitos e votar significa fortalecer a importância do Andes-SN para enfrentar essa conjuntura.

Por que a chapa se posiciona contra o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação? A aproximação entre universidades e empresas não pode ser positiva para a produção de conhecimento? (Exemplos: Oxford-Astrazeneca; Coppe-Petrobras)?

A chapa se posiciona criticamente ao Marco Legal porque altera três aspectos fundamentais: indica como missão das IES públicas a “inovação tecnológica”; possibilita a contratação de servidores sem concurso, e corrompe a dedicação exclusiva, legalizando sua “quebra” dentro das IES. O Andes-SN defende um sistema público de C&T voltado para os interesses da maioria da sociedade. E esse princípio só pode ser garantido com investimento público nas IES. É issso que a Chapa 1 defende!

 

WhatsApp Image 2020 10 30 at 18.06.04     ENTREVISTA I CHAPA 2 RENOVA ANDES

1 – Como aproximar o Andes do professor que não é militante sindical?

Como docentes sabemos que um dos primeiros passos para a solução de um problema é identificar as experiências bem sucedidas já realizadas. Uma destas está aqui na AdUFRJ, que de 2018 a 2020 aumentou em 266 docentes o número de filiações. Entender o que foi feito de correto, adaptar à realidade de cada seção sindical, que vivem contextos distintos, e divulgar estas informações são passos nesta direção. Além disso, o Andes-SN precisa de uma comunicação que chegue a cada docente. Por fim, o movimento sindical precisa de uma pauta que dialogue de forma mais próxima com os interesses de professoras e professores, que discuta nossa carreira, salários, que são a razão de ser de um sindicato docente.

2 – Qual o posicionamento da chapa em relação à filiação à CSP-Conlutas?

Esta filiação é uma das causas do isolamento de nosso sindicato em relação a importantes entidades do campo sindical, científico e social com quem precisamos ter mais diálogo. Um exemplo é a existência do Fórum Popular Nacional de Educação, que reúne mais de 50 entidades e do qual o Andes-SN não participa, optando por participar de um fórum que reúne menos de dez entidades relacionadas com a CSP-Conlutas.

3 – Como avalia a posição da gestão do Andes na última década, em pontos decisivos para a universidade e o país, como o impeachment de 2016, o Reuni, o Sisu e o sistema de cotas?

É fato que o Andes-SN demorou para reconhecer o golpe no processo democrático no Brasil. Isto se deu tanto na recusa em se colocar contra o impeachment e em denunciar a prisão arbitrária do ex-presidente Lula, quanto na dificuldade em combater a perseguição ao reitor da UFSC, assassinado pela perseguição jurídica e midiática. Da mesma forma, a oposição radical ao programa Reuni tornou difícil para o Andes-SN atuar na crítica aos pontos que precisavam ser melhorados naquele projeto. Para nós, tanto o Reuni quanto a política de cotas apontaram, de forma e intensidade distintas, para a ampliação da presença de setores normalmente excluídos do ensino superior. Temos clareza de que estes passos não resolvem o problema da exclusão, mas igualmente sabemos que, ao contrário do que fizeram as últimas diretorias em relação ao Reuni e ao Sisu, não podemos esperar que as condições ideais se manifestem para ampliar o ensino superior público e gratuito.

4 – Existe alguma proposta prática para mudar a organização dos Conads e Congressos do Andes?

Temos encaminhado, em cada um destes espaços, propostas no sentido de torná-los mais democráticos e menos burocratizados, e seguiremos na busca por eventos acessíveis a cada docente e não apenas aos seus setores mais militantes.  

5 – Quais são as propostas para defender os direitos dos professores no ensino remoto?

Nossa categoria está submetida ao Ensino Remoto Emergencial que não pode, em hipótese alguma, ser tornado permanente. Frente a esta realidade há duas possibilidades. Ou fingimos que ela não existe e nos isolamos dos e das docentes, ou defendemos medidas de proteção que não permitam a precarização e a intensificação do trabalho docente. Além disso, não podemos permitir a exclusão das pessoas incorporadas pelo Reuni e pelo sistema de cotas. Para isto, é necessária uma pauta de reivindicações que contemple a utilização de plataforma pública, com softwares livres, que garantam segurança e proteção de dados; condições materiais e tecnológicas que permitam o trabalho em casa sem onerar e comprometer a nossa saúde; formação tecnológica e pedagógica; estabelecimento de jornada de trabalho com diferenciação para as pessoas envolvidas com o cuidado de pessoas em situação de risco que, na nossa sociedade, recai principalmente sobre as mulheres, entre outras reivindicações. Temos que lutar pela biossegurança para que seja garantida a vida de todos e todas – professores, estudantes, técnico-administrativos e trabalhadores terceirizados, em qualquer circunstância. Não podemos deixar os professores à sua própria sorte.

6 – Qual a proposta da chapa para enfrentar os cortes impostos pelo governo Bolsonaro?

Temos três frentes para atuar. A imediata é no seu local de trabalho para avaliar os impactos destes cortes.  A segunda é analisar as consequências para as funções precípuas das universidades, dos institutos federais e CEFETs deste tipo de medida e, assim, levantar as pautas de reivindicações. A terceira é atuar nas frentes parlamentares, nos ministérios, nas secretarias, para exigir que as reivindicações salariais, carreira, contratação e progressões, entre outras, sejam cumpridas.

7 – Qual a proposta da chapa para a reforma administrativa?

Derrotar a reforma administrativa porque ela destrói serviços públicos e atinge terrivelmente nossa categoria. A pandemia da covid-19 demonstra que nós precisamos de mais serviços públicos, tais como o SUS. A reforma vai dificultar o acesso à estabilidade, criar avaliação de desempenho baseada nos interesses dos governos de plantão, abrir espaço para o fim do Regime Jurídico Único, reduzindo a remuneração média no decorrer da carreira, ao retirar progressões por tempo de serviço e/ou automáticas. Vai aumentar o poder do Executivo para extinguir cargos, funções, benefícios e instituições e ampliar a contratação de temporários. Para derrotar este projeto será decisiva a mais ampla unidade com quem, independentemente de comungarem com os princípios do Andes-SN, esteja na defesa do serviço público de qualidade.

8 – Qual a proposta da chapa para a intervenção nas reitorias?

Lutaremos para que seja respeitado o princípio da autonomia universitária. Reitor eleito pela comunidade universitária tem que ser reitor/a empossado/a. São 14 instituições com intervenção e atuaremos para que isso seja revertido. Além desta luta imediata, temos que enfrentar o processo dentro das instituições, combinando autonomia e democracia universitárias.

 

 PASSO A PASSO DA  VOTAÇÃO

1. Podem votar todos os professores sindicalizados até 3 de agosto. É necessário um documento oficial com foto e o aplicativo Zoom instalado, no celular, tablet, notebook ou computador.

2. O docente vai acessar o site da votação, ainda em elaboração pela empresa Pandora (O Andes informa que a empresa foi contratada por já ter experiência com eleições virtuais de sindicatos). O link será divulgado amplamente. Nesse site, além das informações da eleição, haverá um espaço para o professor digitar o CPF.

3. Ao digitar o CPF, o professor cadastrado no sistema da eleição, será direcionado a uma  Mesa Virtual Telepresencial. A AdUFRJ terá cinco mesas, que funcionarão de 9h às 21h.

4. Caso o professor não esteja com o CPF cadastrado, aparecerá uma mensagem com a informação e uma nova tela de cadastro será disponibilizada. O professor deve preencher seu nome, CPF, telefone e seção sindical para o cadastro ser efetuado. Depois, será direcionado para a sala de identificação no Zoom, onde sua situação será checada pelos mesários.

5. Dentro da sala virtual, haverá um presidente, um secretário e os fiscais das chapas. O professor deve ligar a câmera, o microfone e apresentar o documento de identificação.

6. Após checar o documento, o mesário enviará um link de votação para o e-mail ou celular do professor, que terá 10 minutos para registrar o voto. Se não conseguir concluir a operação dentro do prazo, será possível acessar novamente a mesa virtual e solicitar um novo link. Isso poderá ser feito no mesmo dia, ou em outro, desde que durante os dias de eleição.

7. No link, estarão disponíveis as opções:  Chapa 1, Chapa 2, voto em branco ou voto nulo.

8. Após votar, o professor receberá um comprovante do comparecimento à eleição.

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Elisa Monteiro
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O corte de 16,5%, previsto para o orçamento do ano que vem, pode reduzir a pó um esforço gradual da UFRJ para colocar as contas em dia. Segundo a pró-reitoria de Planejamento e Finanças, a universidade deve fechar 2020 com um déficit operacional (anual) na casa dos R$ 20 milhões, contra o saldo negativo de R$ 50 milhões do ano anterior. “O corte fará o déficit explodir novamente, chegando a R$ 75 milhões”, alertou o pró-reitor, professor Eduardo Raupp. A informação foi compartilhada durante a Plenária de Diretores e Decanos do último dia 27.

 “Se em 2021 tivéssemos o mesmo orçamento de 2020, chegaríamos a um déficit de R$ 12 milhões para 2022”, disse Raupp. A projeção da reitoria era de uma dívida ainda menor em 2023, algo em torno de R$ 7 milhões. Renegociações com a Light e a Cedae – grandes credoras da UFRJ – e a otimização da captação de receitas próprias, como aluguéis, foram algumas iniciativas citadas para a redução do passivo.  “O corte orçamentário do ano que vem coloca todo esse esforço a perder”, reforçou Raupp.

Os valores atualizados dos orçamentos de 2011 e de 2012 equivalem ao dobro do atual, com aceleração das perdas a partir de 2016 e sem sinal de recuperação, explicou o pró-reitor. As negociações para secar “gorduras” não foram em vão: “Se não tivéssemos feito ajustes e se tivéssemos arrastado dívidas de dois meses, como vinha se fazendo, provavelmente a universidade estaria insolvente em março ou abril”.

A forma do repasse do orçamento em 2021 também preocupa Raupp. “A proposta orçamentária do governo (PLOA) só libera 44% dos recursos. Os outros 56% dependem da liberação de créditos suplementares do Congresso Nacional”, observou. Na prática, a universidade daria a partida em 2021 com um valor que “não cobre mais do que um terço do ano”. “Em 2020, tivemos um maior clamor de complementação em função da pandemia. Mas não sabemos como ficará”, avaliou. O dirigente disse que a proposta ao Consuni para reorganização e realocação de gastos levará em conta todos esses fatores.

A pró-reitoria de Gestão e Governança anunciou a redução de contratos de limpeza, alimentação e segurança a partir do mês de outubro. Segundo o pró-reitor André Esteves, ao todo, dez contratos foram revistos. Por solicitação das unidades, o pró-reitor esclareceu que “não houve de fato encolhimento das despesas durante a quarentena” em função dos termos de contratos, que não são diretamente vinculados ao consumo real.  A administração disse não descartar a judicialização nos casos de fornecimento de água e luz.

Alguns representantes de unidades manifestaram preocupação com a preservação de patrimônio, especialmente, equipamentos laboratoriais, diante da redução das verbas. Além da manutenção, foram relatados problemas com furtos ou ameaças de furtos. “Nós tivemos três aparelhos de ar-condicionado roubados em outubro. O parque computacional está ali. Se perdermos mais um, cai toda a rede da UFRJ”, relatou Henrique Serdeira, do  Núcleo de Computação Eletrônica (NCE). “Estamos com o mato alto e parcialmente na escuridão de frente para a Washington Luiz”, alertou Daniele Silva sobre o polo Geraldo Cidade (UFRJ Caxias).

A adaptação das instalações da universidade ao cenário pandêmico também foi questionada durante a reunião. “Prevendo um modelo híbrido para 2021, precisamos nos preparar para uma possível volta. E isso é caro. Nós temos um prédio da década de 1970”, argumentou o diretor do Instituto de Química, Claudio Mota. “Com uma vacinação, no horizonte de junho, temos que pensar como trabalhar esse retorno não só acadêmico, mas administrativo”, completou o decano do CCJE, Flávio Martins.

WhatsApp Image 2020 10 24 at 00.54.53Está chegando a hora. Em menos de duas semanas, os professores das instituições de ensino superior de todo o país irão às urnas (virtuais) para escolher a nova direção do Andes - Sindicato Nacional. Inicialmente previstas para maio, e adiadas por conta da pandemia do coronavírus, as eleições ocorrerão entre 3 e 6 de novembro. A atual gestão, que teve seu mandato prorrogado até novembro por conta do adiamento do pleito, cederá lugar a uma nova diretoria, que comandará a entidade nacional dos docentes no biênio 2020/2022. A posse dos eleitos está prevista para dezembro, na plenária de abertura do 10º Conad (Conselho do Andes-SN) Extraordinário.

É a primeira eleição do Andes que contempla a paridade de gênero na formação das chapas concorrentes, como foi aprovado no 38º Congresso do sindicato, em 2018. São duas chapas na disputa. Na Chapa 1 (Unidade para Lutar), as professoras Rivânia Moura (UERN) e Maria Regina Ávila (UFSC) são candidatas aos cargos de presidente e secretária-geral, respectivamente, enquanto Amauri Fragoso Junior (UFCG) concorre ao cargo de 1º tesoureiro. Na Chapa 2 (Renova Andes), a candidata a presidente é a professora Celi Taffarel (UFBA), tendo a companhia dos professores Luis Antônio Pasquetti (UnB), como secretário-geral, e Paulo Opuszka (UFPR), como 1º tesoureiro. As nominatas completas e as cartas de princípios de cada chapa podem ser acessadas AQUI.

VOTAÇÃO TELEPRESENCIAL
Em virtude da pandemia, os delegados participantes do 9º Conad Extradordinário, realizado entre os dias 28 e 30 de setembro, descartaram a votação presencial e optaram por maioria pelo formato remoto, em modo telepresencial. Ele funciona da seguinte forma: o professor sindicalizado se apresenta, via câmera, em uma sala eleitoral virtual com um documento de identificação. Só então ele recebe um link com limite de tempo para acesso e registro do voto. As salas virtuais contarão com a presença de fiscais de ambas as chapas.

PARTICIPAÇÃO É FUNDAMENTAL
Para a professora Eleonora Ziller, presidente da AdUFRJ, é fundamental a participação maciça dos docentes nas eleições do Andes-SN, sobretudo porque a nova direção vai atravessar os dois últimos anos do governo Bolsonaro, marcado pelo projeto de destruição do ensino público de qualidade no país. “Apesar de o formato da votação não ser o ideal, pois dificulta o acesso dos eleitores, a AdUFRJ ressalta a importância do voto para o fortalecimento de nossa entidade nacional, nesse momento em que as universidades públicas são alvo de vários ataques por parte do governo federal”.  

Segundo circular divulgada na terça-feira (20/10) pela Comissão Eleitoral Central do Andes-SN, estão aptos a votar 68.618 docentes em todo o país. O maior colégio eleitoral entre as universidades públicas brasileiras é o da UFRJ, com 3.847 sindicalizados.

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