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Foram definidos os nove observadores que a AdUFRJ levará ao 67º Conad do Andes, que acontece entre os dias 26 e 28 de julho, em Belo Horizonte. Confira o resultado da apuração dos 31 votos em urna de professores filiados.
Foram eleitos os nove primeiros colocados:
1 - Eleonora Ziller Camenietzki - 31 votos
2 - Veronica Damasceno - 30 votos
3 - Ricardo Medronho - 30 votos
4 - Claudia Mourthe - 29 votos
5 - Nedir do Espirito Santo - 28 votos
6 - Carlos Zarro - 28 votos
7 - Rodrigo Fonseca - 27 votos
8 - Antônio Solé - 27 votos
9 - Ana Lúcia Fernandes - 27 votos
10 - Cleusa Santos - 3 votos
11 - Caio Martins - 2 votos
12 - Fernanda Vieira - 2 votos
13 - Maria Cristina Miranda - 2 votos
A professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ, representará a seção sindical como delegada no Conad.
Foto: Ana Beatriz Magno
Houve mudança do local em que serão apurados os votos para a eleição da delegação da AdUFRJ ao 67º Conselho do Andes (Conad). Em vez da sala E-212 do Centro de Tecnologia, será a sala E-205. O horário de 13h está mantido. Concorrem 13 nomes às nove vagas de observador.
O Conad, que será realizado entre 26 e 28 de julho, em Belo Horizonte, atualiza o plano de lutas do movimento docente para o segundo semestre.
Foto: Kelvin Melo
Foto: Kelvin Melo
O Conselho Universitário começou a discutir a permuta dos 11 andares da universidade no prédio corporativo Ventura Towers, no Centro do Rio. A proposta da administração central é trocar os espaços por obras de infraestrutura acadêmica e assistência estudantil.
A troca segue o princípio da política de valorização dos ativos imobiliários da UFRJ iniciada na gestão do ex-reitor Roberto Leher e apresentado ao Consuni em 2018, em parceria com o BNDES. “Não é o projeto de uma reitoria. Já passou por três reitorias e foi aprimorado. Hoje, posso dizer que é um projeto da UFRJ, que será decidido, espero que favoravelmente, durante nossa gestão”, afirmou o reitor, professor Roberto Medronho.
Hoje, a UFRJ detém aproximadamente 17% de todo o imóvel,ou 16.663m² de área construída. Desta parte, 19,74% são ocupados pelo setor administrativo da Escola de Música; 54,4% estão locados para empresas e 25,85%, vagos.
Após um período de baixa na pandemia, os alugueis voltaram a dar lucro — o saldo do ano passado foi positivo em aproximadamente R$ 5 milhões —, mas a administração central entende que a permuta trará benefícios importantes para a precária infraestrutura da universidade, no curto prazo. Para não atrapalhar a licitação junto ao mercado, os valores estimados do negócio não foram revelados.
“Se a gente colocasse numa ‘caixinha’ todos os recursos que nós obtemos hoje, demoraríamos mais de 50 anos para obter o valor total necessário para atender à lista de contrapartidas”, afirmou o professor João Carlos Ferraz, do Instituto de Economia, integrante da comissão que assessora a reitoria no projeto. “Se nós alienarmos hoje ou no futuro próximo, o tempo necessário para a execução das obras seria de três anos”.
Além do tempo menor, a expectativa é conseguir colocar a serviço da comunidade acadêmica uma área bem maior que a disponível no Ventura. “Se nós formos bem sucedidos na licitação, conseguiremos colocar em funcionamento 71 mil m² de instalações novas ou refeitas pela UFRJ”, disse Ferraz.
Estão previstas dez contrapartidas, como a construção de um prédio próprio para o curso de Dança; dois restaurantes universitários (mais um no Fundão e outro, em Macaé); e a conclusão do complexo CFCH-CCJE, mais conhecido como “paliteiro”, ao lado da Faculdade de Letras. A lista completa pode ser conferida no quadro desta página.
A lista não surgiu do acaso ou por vontade da atual gestão. “Elas foram estudadas desde o início deste projeto de valorização do patrimônio da UFRJ, em 2017. Também são objeto de ampla discussão entre decanos e a administração superior”, informou a pró-reitora de Governança, professora Claudia Cruz.
Todas as contrapartidas atendem a critérios de priorização de obras e investimentos do Plano Diretor da UFRJ, com exceção das duas obras da Escola de Música. Como única unidade ocupando dois andares do Ventura, ela ficaria à frente das demais para acelerar a desocupação do imóvel.
A permuta seria em bloco para melhor aproveitamento dos recursos. “Não vamos vender as lajes individualmente. Seria muito difícil, dentro deste modelo, associar um andar à obra de um prédio, de forma separada”, acrescentou Claudia Cruz.
As dez obras estão divididas em dois grupos: as do primeiro estão previstas para começar no oitavo mês pós-assinatura de contrato; as do segundo, somente no 26º mês. “Por que não começa imediatamente? Porque consideramos os prazos de aprovação de projetos e licenciamentos pelo município”, explicou a pró-reitora.
PRIMEIRAS OBRAS
Figuram no primeiro grupo as duas obras da Escola de Música, o prédio “Fronteiras” — uma área multidisciplinar do Centro de Ciências da Saúde —, a sede própria do curso de Dança e o complexo CFCH-CCJE.
De forma diferente da EBSERH, o primeiro debate no Consuni indica que a polêmica não deverá ser entre apoiadores e críticos do projeto. Mas entre os contemplados e os que ficaram de fora das contrapartidas. Ou entre quem deve ser beneficiado no primeiro momento e quem estará no final da fila.
“O que eu gostaria de questionar é a ordem das obras que estão sendo propostas. Quando esse processo começou a ser discutido, o prédio do Instituto de Matemática era prioridade dois. Agora, caiu de prioridade (para o segundo grupo)”, disse a professora Walcy Santos, do Instituto de Matemática. O prédio estaria mais de 80% construído, de acordo com a docente. “Deixar esse ativo mais dois anos parado, deteriorando o que a gente já investiu nele, eu acho um absurdo”, completou.
Já a professora Débora Foguel, do Instituto de Bioquímica Médica, comemorou a contrapartida do prédio “Fronteiras”, do CCS. “É uma obra emblemática desta universidade. Foi totalmente pensada pelos estudantes da nossa FAU. É um prédio multidisciplinar”, disse. As instalações serão aproveitadas por áreas de fronteira do conhecimento na saúde — daí o seu nome. A ideia é que nesta edificação convivam pesquisadores do Instituto de Bioquímica, do Instituto de Biofísica, da Microbiologia, entre outras unidades.
Representante estudantil, Gabriel Batista avaliou que o projeto é importante, mas não resolverá todos os problemas de infraestrutura da universidade. “Escolhas precisam ser feitas. Difícil citar um prédio da UFRJ, se é que há um, que não tenha demandas estruturais muitas vezes urgentes”, afirmou. “A solução efetiva dos nossos problemas, principalmente pela ordem de grandeza dos valores, é a disputa do fundo público de orçamento. Iniciativas como a do Ventura ajudam a cobrir emergências”.
DISCUSSÃO CONTINUA
O professor João Ferraz esclareceu que uma comissão independente do Plano Diretor da UFRJ estabeleceu a pontuação que define as prioridades das obras. “Infelizmente, o Instituto de Matemática, apesar de ter uma pontuação alta, entra no segundo bloco, por conta de estar no primeiro bloco uma obra de volume de recursos substantivo, que é o complexo CCJE-CFCH”, respondeu João Ferraz. Outro ponto que pesou para as escolhas foi onde se conseguiu o mínimo de informações para estimar o valor do investimento a ser feito em determinada obra.
O reitor Medronho anunciou que pretende fazer, pelo menos, duas audiências públicas para debate do projeto: uma no CCS e outra na Praia Vermelha. “Embora não seja uma discussão nova, ela é uma discussão que se renovou. Porque houve uma mudança do escopo original do projeto para este atual, que foi apresentado aqui. Por isso, acho necessário que a gente retome essa discussão junto ao corpo social da UFRJ”, afirmou.
POR QUE A UFRJ TEM UM PEDAÇO DO VENTURA?
O empreendimento foi construído em um terreno da universidade onde chegou a funcionar a Faculdade de Letras, de 1970 a 1985. Com a mudança da unidade para a Cidade Universitária, o espaço foi ocupado irregularmente por um estacionamento. O processo de negociação para a construção do prédio passou por três gestões de reitoria até sair do papel — Paulo Alcântara Gomes (1994-1998), José Vilhena (1998-2002) e Aloísio Teixeira (2003-2011). A obra durou de 2005 a 2009, ano em que o prédio foi inaugurado.
Fotos: Alessandro CostaAo morrer, em 1880, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro, tinha entre seus “bens” 12 homens e mulheres escravizados, que cuidavam de tarefas domésticas e de lavoura em sua chácara, na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Algumas das escravas tinham filhos “ingênuos”, que é como se chamavam os nascidos após a Lei do Ventre Livre, de 1871. O inventário de Duque de Caxias integra há tempos o acervo do Museu Histórico Nacional (MNH), mas suas informações só se tornaram públicas recentemente, em uma das intervenções decoloniais promovidas pela instituição — e que jogam luz sobre fatos invisibilizados de nossa história.
As intervenções decoloniais foram um dos destaques da visita guiada ao MHN, a última do ciclo de passeios histórico-culturais da AdUFRJ no primeiro semestre. Há a expectativa de um novo ciclo no segundo semestre, com novas temáticas e locais de visitação. Realizada na manhã de sábado (22), a visita reuniu 15 professores e foi guiada por Douglas Libório, graduado em História pela UFRJ e doutorando pela UFF, um apaixonado pela história (revista) do Brasil: “As intervenções decoloniais podem tornar os museus mais plurais. Neste museu, criado de um modo militarizado, elas podem ressoar uma ideia mais democrática de Brasil”.
ORIGENS
A visita começou pelo Pátio Epitácio Pessoa, também conhecido como Pátio dos Canhões. Douglas Libório falou das origens do MHN e do papel de seu idealizador, o integralista Gustavo Barroso. “Foi um intelectual que dialogou com o autoritarismo no entreguerras, no início dos anos 1900. Ele foi um dos mais ferrenhos defensores do antissemitismo no Brasil, e isso contribuiu para seu posterior ‘apagamento’. No integralismo, ele era da ala mais antissemita. Foi o criador do museu e seu diretor até a morte, nos anos 1950”, lembrou.
Entre as contribuições de Gustavo Barroso se destaca a criação do primeiro curso de museus do Brasil, em 1932, embrião do atual curso de Museologia da Unirio, o maior da América Latina. “Barroso vai se inspirar nos museus militares criados na Europa entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Ele vai buscar as relíquias e os ícones das chamadas grandes batalhas do Brasil, como Tamandaré, Riachuelo, Osório, Caxias. O início da coleção do Museu Histórico Nacional é pautado por essa grandiosidade imperial e militar do Brasil”, explicou o guia. Aberto em 1922, nas comemorações pelo centenário da Independência do Brasil, o MHN ocupa três prédios que abrigaram instalações militares do Império.
Com ouvidos atentos às explicações do guia, o professor José Paulo Azevedo, da Escola Politécnica e da Coppe, tinha o olhar dedicado a detalhes da imponente construção da Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio. “Essas visitas nos dão um panorama de nossa história que dificilmente teríamos sem as orientações do guia. Nós passamos na frente de instituições como esta e não imaginamos quanta história há lá dentro. Estou bem satisfeito com essa iniciativa da AdUFRJ, espero que ela prossiga. Como sou da área de Engenharia, fico obervando os materiais empregados nas construções, as diferenças entre as arcadas, é tudo muito rico”, observou o professor.
RELEITURAS
Entre as novas inserções do MHN uma das mais belas e emblemáticas é a instalação do Altar de Oxalá, toda em tons de branco e prata, dedicado ao orixá. A obra do escultor baiano Emanoel Araujo, morto em 2022, abre espaço à reflexão sobre a perseguição sofrida pelas religiões de origem africana no Brasil — e à violência do período escravagista, de forma geral. “São reflexões importantes. É impossível falar da história dos povos pretos no Brasil sem falar da violência, de nossas orações censuradas, das mulheres estupradas, dos açoites”, apontou Douglas Libório.
Os povos indígenas também receberam novas leituras no museu. A equipe do MHN propôs intervenções que firmaram o compromisso “com a escuta, a diversidade e o protagonismo de novas histórias que foram invisibilizadas ao longo da construção de uma ‘história oficial’”. A mostra “îandé: aqui estávamos, aqui estamos” celebra ritos, lugares e saberes dos povos originários desde antes da chegada dos colonizadores portugueses.
Douglas Libório também encantou a todos com ‘bastidores’ pouco conhecidos da Independência do Brasil. Um deles é retratado na tela “Sessão do Conselho de Estado”, da pintora paulista Georgina de Albuquerque. Ex-aluna da Escola Nacional de Belas Artes (atual EBA/UFRJ), Georgina dá tons impressionistas à pintura encomendada pelo governo em 1922 e que retrata o momento em que Dona Leopoldina é aconselhada por José Bonifácio a escrever uma carta a Dom Pedro I recomendando-lhe a proclamar a Independência do Brasil. A cena se passa em 2 de setembro de 1822, cinco dias antes do “Grito do Ipiranga”, cena imortalizada em famosa tela de Pedro Américo.
NOVO CICLO
Fiel frequentador do ciclo de visitas da AdUFRJ — participou de todos —, o professor Ricardo Medronho, emérito da Escola de Química, elogiou o projeto do sindicato e defendeu sua ampliação. “Acho uma iniciativa fantástica, uma forma de levar aos nossos filiados um pouco da cultura do país. Essa visita ao Museu Histórico Nacional nos proporcionou, em três horas de passeio, conhecer uma parte do acervo. E isso nos traz o desejo de voltar aqui. Quero conhecer o resto”, disse Medronho.O gosto de “quero mais” também alcançou a professora Cibeli Reynaud, aposentada da Escola de Música e presidente da AdUFRJ de 1989 a 1991. “O guia é maravilhoso. A gente vive cada segundo da visita com o ânimo dele. Achei extraordinário, espero que venha mais por aí”, pediu ela. O mesmo desejo foi expresso pelo professor Oswaldo de Campos Melo, aposentado da Faculdade Nacional de Direito e um dos mais ativos participantes da visita ao MHN: “O guia é muito bom e conhece bem a história do Brasil. Foi empolgante a visita. Que venham outras!”, comentou o professor.
Se depender da disposição do guia e da vontade da diretoria da AdUFRJ, não resta dúvida: vem mais um ciclo de visitas por aí. De tão entusiasmado, Douglas Libório deu um “spoiler”: “Foi um ciclo importante, começamos com a história da cidade, no Museu Histórico da Cidade, e encerramos aqui com a história do Brasil. Foi um roteiro diversificado e deve ter impactado os professores. Parabenizo a AdUFRJ pela iniciativa, e espero que no segundo semestre possamos aprofundar o projeto com roteiros na área de arte moderna”.
Para a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, os passeios proporcionam uma troca de experiências. “O que temos aqui é um experimento de entrelaçamento de saberes. Não é só um guia que explica e um grupo que escuta. São professores que interagem e acrescentam informações de suas áreas”, observou Mayra, também apontando para um novo ciclo. “Estamos aceitando sugestões de roteiros e lugares de nossos sindicalizados. Nossa intenção é ampliar esse projeto”, adiantou. Sugestões? Mande um e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Uma assembleia nesta terça-feira (2), às 9h30, define a delegação da AdUFRJ ao 67º Conselho do Andes (Conad). A reunião será realizada na sala D-220 do Centro de Tecnologia.
A AdUFRJ tem direito a um delegado ou delegada — o nome é indicado pela diretoria —, com direito a voto, além de nove observadores.
A delegação será escolhida com voto em urna a partir dos nomes que forem indicados na assembleia. As urnas estarão abertas das 13h30 às 19h. A apuração será realizada na quarta-feira, dia 3, às 13h, na sala E-212 do CT.
O Conad, que acontece no final de julho, em Belo Horizonte, atualiza o plano de lutas do movimento docente para o segundo semestre.