O ato do dia 19 foi realizado na Uerj. Estrangulada financeiramente pelo ajuste fiscal, a universidade virou símbolo de resistência para o ensino superior e a Ciência do país O último dia 19 foi marcado pelo lançamento da Frente Nacional em Defesa das Instituições Públicas de Ensino. O ato foi realizado, não por acaso, na Concha Acústica da Uerj. Estrangulada financeiramente pelo ajuste fiscal do estado, a universidade virou símbolo de resistência para o ensino superior e a Ciência do país. A atividade contou com expressiva participação de entidades relacionadas à Educação como Andes, Fasubra, UNE e ANPG, além da adesão de centrais sindicais e movimentos sociais. “É inaceitável que tenhamos que lutar para obter os salários por dias trabalhados”, lamentou a professora Bruna Wernek da Fundação Cecierj, no palco. A fala expressou o misto de perplexidade e indignação que marcou a manifestação. Toda a rede estadual deve pagamentos aos profissionais. Taila Frazão, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), chamou atenção para os estudantes que voltaram a ter as bolsas atrasadas: “Temos um papel fundamental nas pesquisas. E os que dependem das bolsas da Feperj, por exemplo, chegaram a ficar quatro meses sem receber. O valor foi pago, mas agora está atrasando novamente”, revelou. A Adufrj compareceu para prestar solidariedade aos colegas. "O que está acontecendo com as universidades estaduais é um crime. A Uerj é um patrimônio da população fluminense e de todo o Brasil. Estamos aqui solidários e contra esse desmonte", disse o professor Felipe Rosa, 2º tesoureiro da Adufrj. [caption id="attachment_9441" align="alignleft" width="300"] "Estamos aqui solidários e contra esse desmonte", disse o professor Felipe Rosa[/caption] Plural Dirigentes de universidade marcaram presença no ato. Luis Passoni, reitor da Uenf, se contrapôs à austeridade aplicada às universidades “Estamos diante da volta do discurso de que o Estado gasta muito e deve ser mínimo para o país voltar a crescer. Em lugar nenhum do mundo isso funcionou", destacou. O reitor da UFRJ, Roberto Leher, representou a Andifes: "Somos todos Uerj, somos todos Uenf e somos todos Uezo. Não há dúvidas de que o que acontece hoje nas universidades não se descola do projeto de mudanças em curso no país. A Emenda Constitucional 95 (do teto de gastos) é a maior contrarreforma desde as modestas conquistas da Constituição de 88", avaliou. Movimentos sociais se incorporaram à campanha em defesa da rede pública. “Educação é um direito fundamental, assim como a moradia. E também aproveitamos para levantar a reflexão sobre qual educação é destinada para a maioria da população pobre. A educação pública que dialoga com a realidade tem tudo a ver com o que a gente acredita”, disse Aline Abreu, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. A atividade contou ainda com a presença de parlamentares. Jandira Feghali (PCdoB) reforçou o papel da mobilização social para um patamar mínimo de financiamento das universidades: “É só olhar o orçamento que preparam para 2018 para perceber que não cabe nenhum projeto de educação e de pesquisa científica”. Nem mesmo o intenso calor pré-verão carioca dispersou as quase mil pessoas que, depois da reunião na Uerj, seguiram em passeata até o campus Maracanã do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). O ato foi encerrado, durante o percurso, após repressão da Polícia Militar.
Em auditório cheio, Tatiana Roque e Maria Lúcia Werneck falaram sobre os desafios de dirigir a Adufrj em tempos de crise
Uma visita ao passado recente e um esboço do que serão os próximos dois anos da Adufrj. Esse foi o tom da cerimônia de posse da nova diretoria do sindicato na noite do último dia 16, em um cheio Salão Pedro Calmon, no Palácio Universitário. A tônica da gestão anterior foi “buscar novas formas de mobilização” para “representar melhor as diferentes visões de professoras e professores da universidade”, explicou a ex-presidente Tatiana Roque. Para ampliar a participação docente nas decisões do sindicato e conectar a Adufrj com a sociedade, ela destacou as inéditas assembleias multicampi com votação em urna e a campanha Conhecimento Sem Cortes. [caption id="attachment_9080" align="alignleft" width="300"] Assembleia representativa: 113 docentes assinaram o livro da reunião - Foto: Fernando Souza[/caption] A abertura de espaços de discussão sobre temas nacionais foi outra marca. Tatiana lembrou a luta contra o teto de gastos públicos, a participação nas Marchas pela Ciência e a solidariedade às instituições estaduais de ensino superior do Rio de Janeiro. “Defender a universidade pública é uma das razões de existir da Adufrj”. Sobre a transparência dos gastos e o custo de funcionamento da Adufrj, a ex-presidente mostrou que houve crescimento na arrecadação: “Fizemos tudo isso deixando o orçamento da Adufrj maior do que quando entramos”, enfatizou. A gestão que herdou R$ 727 mil deixou para o novo biênio mais de R$ 1,2 milhão. Carlos Frederico Leão Rocha, 1º vice-presidente da diretoria anterior, completou o balanço 2015-2017 com duras críticas à reitoria: “Nos últimos anos, perdemos capacidade de gestão, perdemos coesão em nossas decisões”, disse. “É inconcebível que as contas não estejam online para que todos pudessem saber a origem e a direção dos gastos. A recorrente prática de aprovação de orçamentos deficitários é danosa”, completou. O professor destacou, ainda, a publicação das três revistas da associação, no período: a primeira, voltada para as cotas; a segunda, para o orçamento da universidade; a última, para os problemas do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O que vem por aí Nova presidente, Maria Lúcia Teixeira ressaltou a responsabilidade de representar um corpo social tão heterogêneo e plural. Para Maria Lúcia, a tarefa de dirigente da Adufrj só pode ser desempenhada com respeito à divergência de ideias: “Não se trata de impor ao conjunto de docentes decisões tomadas por poucos. Exige reflexão, discussão e participação crescente”, enfatizou. “Não somos ferroviários. Sem nenhum demérito aos ferroviários. Todos têm uma função importante na sociedade. Temos uma inserção no mundo, que é uma especificidade. Somos diferentes, porque transmitimos saberes diferentes”, completou. [caption id="attachment_9079" align="alignleft" width="300"] Sede própria: Fazer a mudança da Adufrj está nos planos da nova diretoria - Foto: Fernando Souza[/caption] Em seguida, a nova presidente anunciou as primeiras medidas, como a convocação do Conselho de Representantes. A professora citou, ainda: uma reunião aberta para discutir os critérios de avaliação da Capes; o início de novas campanhas; um debate sobre a política de extensão da UFRJ; e o acompanhamento das instâncias superiores da universidade. A construção de uma sede própria é outra meta. “É muito grande a responsabilidade de dar sequência ao trabalho realizado pela diretoria que hoje nos passa o bastão”, afirmou. Compareceram à assembleia de posse mais de cem professores, além de amigos, familiares, técnicos-administrativos e estudantes. A administração central da UFRJ foi representada pela vice-reitora Denise Nascimento; pela pró-reitora de Extensão, Maria Malta; e pelo pró-reitor de Graduação, Eduardo Serra.
Conselho será o “parlamento” da Adufrj
*Isabella de Oliveira e Marianne Menezes “Deve ter um papel de parlamento”. Foi assim que a nova presidente da Adufrj, professora Maria Lúcia Teixeira definiu o Conselho de Representantes da entidade. “Vamos estimular estes representantes a trazerem as reivindicações, as demandas de seus representados, das unidades. Será um intermediário permanente”, acrescentou. Durante a cerimônia do último dia 16, os novos integrantes do conselho também foram empossados, até outubro de 2019. Ao todo, são 55 representantes titulares e 35 suplentes de 27 unidades, além dos campi de Macaé e Xerém. “Nosso conselho está bem mais representativo”, destacou a professora Tatiana Roque, presidente do biênio 2015-2017. Disposição para ajudar Ouvidos pela reportagem, muitos conselheiros ressaltaram a conjuntura difícil que atravessa o ensino superior público. Ao mesmo tempo, mostraram disposição para, aliados à diretoria e aos colegas de unidade, enfrentar todas as ameaças à universidade. Confira, a seguir, alguns depoimentos dos conselheiros eleitos sobre as expectativas para os próximos dois anos: “Lutar internamente por melhores condições de trabalho e apoiar os professores que entraram sob novas leis na carreira” ANA LÚCIA C. FERNANDES Faculdade de Educação “Precisamos mostrar a importância da universidade para que as lutas pela manutenção e fortalecimento do ensino público e gratuito ganhem apoio.” MARTA CASTILHO Instituto de Economia “Eu espero que a minha atuação no conselho fortaleça uma gestão cada vez mais participativa.” OLAVO AMARAL Instituto de Bioquímica Médica “Nosso desafio principal é resistir ao desmantelamento da universidade pública e da pesquisa brasileira.” FERNANDO FRAGOSO Escola de Comunicação [caption id="attachment_9081" align="alignnone" width="300"] Encontro institucional: vice-reitora cumprimenta nova presidente do sindicato - Foto: Fernando Souza[/caption]
A mensagem da nova diretoria da Adufrj é ambiciosa: quer ocupar todas as frentes e fazer um sindicalismo que respeite as particularidades dos professores enquanto produtores de conhecimento A mensagem da nova diretoria da Adufrj é ambiciosa: quer ocupar todas as frentes e fazer um sindicalismo que respeite as particularidades dos professores enquanto produtores de conhecimento. Na UFRJ, haverá mais atenção à vida institucional, com acompanhamento dos colegiados superiores e monitoramento do sistema de progressão de carreira. No cenário externo, a prioridade é a defesa da universidade pública e de qualidade. Os compromissos foram anunciados durante a cerimônia de posse, no salão Pedro Calmon, no último dia 16. A primeira medida concreta é política e financeira. A Adufrj vai deixar de repassar R$ 180 mil anuais para a CSP-Conlutas: “É uma central muito isolada, muito esvaziada. O professor da UFRJ não perde nada. Queremos encerrar esta relação”, afirma a presidente Maria Lúcia Teixeira. A economia dos recursos vai ajudar na realização de um velho sonho dos associados: a construção de uma sede própria para a entidade, hoje localizada em uma sala do Centro de Tecnologia. A direção promete também realizar estudo sobre o perfil dos professores e disputar os rumos do movimento docente nacional, participando de forma crítica dos fóruns do Andes. “Vamos preservar as conquistas alcançadas e avançar na consolidação da Adufrj como um espaço democrático de resistência”, resume Maria Lúcia.
Ela acaba de assumir a presidência da Adufrj, em um dos momentos mais ameaçadores para a universidade pública brasileira. Leia entrevista com a professora sobre os planos da gestão
*e Kelvin Melo
Ela quer terminar o mandato menos magra e mais jovem. Aos 74 anos, Maria Lúcia Teixeira Werneck Vianna não tem medo de desafios. Professora aposentada do Instituto de Economia, decana do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas de 2010 a 2014 e uma das maiores especialistas em previdência social do Brasil, ela acaba de assumir a presidência da Adufrj, em um dos momentos mais ameaçadores para a universidade pública brasileira. “Serão tempos bicudos, mas seremos mais bicudos que o tempo”, promete.O combustível da motivação, explica a professora, é a vontade de continuar fazendo política dentro da universidade. Um traço em comum com o irmão Aloisio Teixeira, falecido em 2012, ex-reitor da UFRJ entre 2003 e 2011. Maria Lúcia lembra que Aloisio lhe contou que queria ser presidente da Adufrj após sair da administração central. “Ele não conseguiu satisfazer esse desejo. Faço por ele”.Nesta entrevista, a professora também critica a postura da atual reitoria da UFRJ e apresenta um pouco dos planos da gestão que se inicia.Qual será a marca desta diretoria? Será uma gestão mais inserida na universidade. O que não quer dizer que a gente não vai se abrir para fora. Participaremos mais do Consuni, acompanharemos os colegiados superiores da universidade, a Comissão Permanente de Pessoal Docente e a Comissão Temporária de Alocação de Vagas. Que leitura pode ser feita da vitória das chapas que não receberam apoio da reitoria, na Adufrj e no Sintufrj? O recado mais geral à reitoria é que estão fazendo a política errada. A tese do “quanto pior, melhor” é extremamente equivocada. Para avançar na resistência ao obscurantismo, exige-se de nós uma política mais propositiva e menos negativa. Já existe uma primeira ação da nova diretoria? Sair da CSP-Conlutas. Porque ninguém é da CSP-Conlutas. É uma central muito isolada, muito esvaziada. O professor da UFRJ não perde nada. Gastamos R$ 180 mil anuais com esse repasse. O que vai ser feito com esse dinheiro? Temos um sonho que é ter uma sede própria. Estamos discutindo se é conveniente fazer dentro do campus ou não. Eu, particularmente, gostaria que fosse na Cidade Universitária. O problema são os índices de violência. As pessoas não estão conseguindo ficar à noite no Fundão. A Adufrj vai se inserir no debate das eleições de 2018? Estamos planejando formular uma carta da universidade para garantir dos candidatos algum compromisso em termos orçamentários e pôr fim às perseguições que a universidade tem sofrido por irregularidades absolutamente ininteligíveis. Ninguém enriqueceu por aí. Como atrair mais professores ao sindicato? Podemos pensar numa redução da contribuição dos mais jovens. Para os mais antigos, vamos nos apresentar. Eles nos conhecem. Com uma sede, poderíamos fazer eventos com os aposentados. Também estamos começando a fazer uma espécie de demografia dos professores da UFRJ. Queremos conhecer mais a fundo este universo que vamos representar. Até para traçar estratégias de filiação. A extensão universitária precisa ser rediscutida? Sim. Há muitas mudanças em curso e os professores precisam ser ouvidos. Hoje, fazer trabalho social na Maré é extensão, mas dar uma palestra numa entidade científica, não. O intercâmbio com a sociedade não é só com a Maré. É com as escolas, com as empresas. Por que assumir esta função na Adufrj? Tem a ver com essa vocação de fazer política na universidade. Uma coisa que eu nunca falei é que o Aloisio, quando saiu da reitoria, disse: “Agora eu quero ser o presidente da Adufrj”. Ele queria ficar na universidade, atuando. Ele não conseguiu satisfazer esse desejo. Faço por ele.
A chapa 1, Equilíbrio e Ação, composta pelo atual diretor, professor Eduardo Mach e pela candidata a vice, professora Fabiana Valéria da Fonseca, ganhou por menos de um ponto percentual na votação calculada por média ponderada *e Marianne Menezes Resultado apertado, divulgado na tarde desta quarta-feira (18), marcou a eleição para a direção da Escola de Química. A chapa 1, Equilíbrio e Ação, composta pelo atual diretor, professor Eduardo Mach e pela candidata a vice, professora Fabiana Valéria da Fonseca, ganhou por menos de um ponto percentual na votação calculada por média ponderada: 39,13% a 38,62%. A cerimônia de posse acontece na segunda quinzena de janeiro. Na eleição da Escola de Química, o segmento dos professores representa 50% dos votos; os técnicos, 30% e os alunos, 20%. A chapa 2, Renovação e Inovação, dos professores Maria Antonieta (candidata a diretora) e Ladimir José de Carvalho (candidato a vice) recebeu mais votos entre os técnicos-administrativos (1) e entre os alunos (53). No entanto, uma diferença de três professores a favor da chapa 1 definiu o pleito. Confira abaixo o resultado completo. Campanha chamou atenção no CT A eleição para a diretoria da Escola de Química chamou a atenção de quem passou pelos corredores do Centro de Tecnologia nos últimos dias. Havia bastante material de propaganda dos candidatos. Não à toa. A disputa entre dois grupos mudou a rotina de chapa única que ocorria desde a década de 90. Antes do resultado, a professora Fabiana Valéria, da chapa 1, avaliava que a gestão do colega Mach se renovaria com uma mistura de profissionais mais experientes e novos quadros nas diretorias propostas. Ela destacava a de “avaliação”, que pretende sistematizar informações sobre os alunos para combater de maneira eficaz problemas como a evasão escolar. “A gestão do Mach, de certa forma, quebrou uma lógica anterior, na Escola, de poder baseado apenas em eméritos. E abriu espaço também para os mais jovens com muita vontade de trabalhar”, disse. Pela oposição, Ladimir José de Carvalho apontava que a Escola de Química vive um momento de isolamento político. E que a articulação da chapa com a professora Maria Antonieta, com um largo histórico de participação institucional na UFRJ, seria um diferencial. “Principalmente em um momento de crise como o atual, acreditamos que são necessários parceiros como os que a chapa traz. O que percebemos hoje é a Escola de Química isolada tanto no Centro de Tecnologia, quanto na universidade”. Eleição pra nova Direção de Química – ResultadoVotantes CHAPA 1 DOCENTES: 48 SERVIDORES TAE: 29 ALUNOS: 186 PERCENTUAL PONDERADO CHAPA 1 DOCENTE: 23,76 SERVIDORES TAE: 13,59 ALUNOS: 1,78 TOTAL: 39,13Votantes CHAPA 2 DOCENTES: 45 SERVIDORES: 30 ALUNOS: 239 PERCENTUAL PONDERADO CHAPA 2 DOCENTES: 22,28 SERVIDORES TAE: 14,06 ALUNOS: 2,28 TOTAL: 38,62VOTOS NULOS DOCENTES: 1 ALUNOS: 2 SERVIDORES: 1 VOTOS EM BRANCO DOCENTES: 0 ALUNOS: 3 SERVIDORES:1