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Tema do noticiário nacional foi discutido em atividade da greve docente, na FND, no último dia 29. Na ocasião, especialistas desmontaram argumentos dos que são favoráveis à redução da maioridade penal

Proposta já foi aprovada, em primeiro turno, pelos deputados

 

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O debate sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos que movimentou (e ainda vai movimentar) o noticiário nacional também foi incorporado à agenda da greve dos professores do ensino superior. Em Brasília, o movimento docente participou, ao lado de várias entidades, das manifestações contra a mudança, dia 30. No Rio, na véspera, uma aula pública foi realizada na calçada da Faculdade Nacional de Direito (FND).

Defensor do primeiro jovem (de 16 anos) apreendido pela Polícia Civil como suspeito de ter esfaqueado o médico Jaime Gold, de 57 anos, na Lagoa, Zona Sul do Rio, o advogado Alberto Sampaio deu sua opinião profissional: “É falaciosa a noção de que o aumento da punição à juventude trará mais justiça. O sistema socioeducativo já representa toda ordem de violência física, psicológica e sexual que se possa imaginar”. Ele completou: “O que as estatísticas mostram é que a juventude hipossuficiente (pobre) sofre muito mais violência do que pratica como ré”. 

De acordo com o advogado, a violação de direitos tem início desde a apreensão: “No caso dos menores, nunca é oportunizado o direito ao silêncio. É a partir de um depoimento recolhido sem acompanhamento de defensor que se desdobra toda uma série de violações do devido processo legal”. 

No caso específico do homicídio na Lagoa, Sampaio conta que “mesmo com dezenas de depoimentos relatando de que o adolescente nada tinha a ver com a situação, e apesar de, depois, outros dois terem assumido a autoria do crime, a acusação foi mantida. O Estado sempre busca condenar aquele que apontou primeiramente como culpado”. “Pelos anos de experiência criminal, eu diria que, se o acusado é jovem, negro e de uma localidade pobre como no caso (Manguinhos), a chance de ser condenado deve ser de algo como 85%”.

Com pesquisa dedicada ao sistema penitenciário do Rio de Janeiro e Paraíba, Mariana Trotta (FND) destacou, entre as violações de direitos, a falta de acesso à defesa como o mais recorrente. Além disso, trata-se de instituições onde não há oferta de atividades socioeducativas, educação formal ou trabalho. “As instalações são insalubres e a maioria não dispõe de visitas intimas. Imagine o que significa isso em um grupo de jovens de 16 anos”. “Pensar em redução significa também inserir jovens e adolescentes nesse quadro”, apontou.

Douglas Leite (professor de Direito da UFF) acrescentou, ainda, sobre a prática de deturpação das prisões preventivas: “Não é incomum os casos de cumprimento das penas antes do julgamento”.

Prisões seletivas

Luciana Boiteux (diretora da Adufrj-SSind e professora da FND) destacou que, em um cenário onde as detenções (de adultos e menores) por tráfico de drogas são as que mais crescem proporcionalmente (já sendo a maior causa de encarceramento entre mulheres maiores), se observa também “uma clara seletividade de prisões” entre as camadas mais pauperizadas. E como, “ao contrário do que se diz pretender, a criminalização não está reduzindo o consumo”, a tendência é de “aprofundamento da crise carcerária”. Para Boiteux, a proposta de redução da maioridade penal responde tanto a um controle social seletivo como a interesses de exploração comercial da privatização de cadeias, já praticada em alguns países. 

Opinião pública

Já para o professor Salo de Carvalho, a mídia cumpre um papel significativo na assimilação do retrocesso de direitos: “Uma orientanda que trabalha com análise do discurso deu atenção especial ao trágico caso da Lagoa. Depois de uma série de matérias que davam a entender um suposto aumento de homicídios com arma branca, O Globo deu apenas uma pequena nota desmentindo a informação e admitindo que os números desse crime, na verdade, tinham diminuído”. O professor frisa que, entre os jovens, a maioria dos crimes é de ordem patrimonial, sem uso de violência.

Carvalho não vê incongruência entre as políticas que retiram recursos da Educação ao mesmo tempo em que aumentam a criminalização da juventude. “Não há paradoxo entre os movimentos; ao que parece, caminhamos para um estado que se resume cada vez mais a um estado penal”. 

Alexandre Bernardino Costa (professor visitante da FND) avaliou o tema: “Não podemos ainda dizer que temos um sistema de proteção aos adolescentes”. E ressaltou que a greve é também uma oportunidade para “ir além de conteúdos”. “É um momento em que podemos discutir e refletir sobre a realidade. Precisamos de perspectivas teóricas que se relacionem com os casos concretos para gerar Justiça”.

 

Mudança, em primeiro turno, ocorreu após manobra regimental

Apenas 24 horas após o plenário rejeitar a redução da maioridade para crimes graves, a Câmara dos Deputados colocou novamente o tema em votação e o aprovou na madrugada do dia 2. A manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), revoltou parlamentares contrários à mudança constitucional. Para virar lei, o texto ainda precisa ser apreciado mais uma vez na Casa e, depois, ser votado em outros dois turnos no Senado.

Envolvida em mais uma crise da terceirização na UFRJ — trabalhadores estão com dois meses de salários atrasados —, Escola de Serviço Social só abriu as portas para uma reunião comunitária de mobilização

Unidade também já ficou sete meses sem porteiros

Da Redação

Para potencializar as lutas de todos, os professores, estudantes (de graduação e de pós), técnicos-administrativos e terceirizados da Escola de Serviço Social realizaram uma reunião comunitária na tarde de hoje (1º de julho).

O “cenário” não poderia ser mais propício à mobilização por um dos eixos comuns às greves de todas as categorias: condições de trabalho e estudo. Afinal, aquela Unidade encontra-se fechada desde sexta-feira (26 de junho) em função de falta de funcionários para limpeza (foi aberta, excepcionalmente, para esta reunião). Os trabalhadores da empresa responsável pelo serviço (Higi Time) estão com dois meses de salários, tíquetes para alimentação e vale-transporte atrasados. Detalhe: a direção da ESS foi informada de que não há débitos da UFRJ com a firma, mas o dinheiro não chegou até as contas dos terceirizados.

Diretora da Escola de Serviço Social, a professora Andréa Teixeira participou da reunião comunitária e relatou os problemas que a dependência da terceirização provoca já há bastante tempo: a Unidade ficou sete meses sem serviço de portaria, com técnicos-administrativos e integrantes da diretoria revezando-se na tarefa para manter o funcionamento do prédio: “Mas banheiro é questão de saúde pública. Isso é insalubridade. Não sei como as pessoas estão fazendo para manter os outros prédios (atendidos pela mesma empresa) abertos. E vamos continuar fechados até o pagamento dos funcionários”, disse Andréa.

Representante dos técnicos-administrativos, Fábio Marinho declarou que a situação dos terceirizados “é absurda”. Ele observou que uma das demandas de sua categoria é justamente a reabertura de concursos para as classes de apoio, o que evitaria a falta de pagamentos.

Durante o encontro, o professor Cézar Maranhão observou a importância da mobilização conjunta: “Greve forte é aquela que publiciza o que está acontecendo aqui. O que está em jogo é o funcionamento da universidade pública. Não adianta falar para nós mesmos, mas para a sociedade”, afirmou.

2015070662Escola de Serviço Social fechou pela ausência de condições sanitárias. Foto: Kelvin Melo - 01/07/2015  2015070663Banheiros da unidade estão interditados. Foto: Kelvin Melo - 01/07/2015

Outro docente da ESS, Gustavo Repetti também avaliou como positivo este primeiro encontro de todos os segmentos da Escola de Serviço Social. “Estávamos observando a realização de muitas atividades pulverizadas e esta reunião nós dá a oportunidade de pensar como otimizar estas lutas”, disse.

Juliana Nascimento observou que os pós-graduandos da ESS estão na quinta semana de paralisação: “Estamos acompanhando os cortes na pós-graduação, nas bolsas. A entrada na greve não foi uma escolha, mas uma necessidade”. Lilian Barbosa, pelo centro acadêmico local, cobrou mais assistência estudantil e mais apoio às demandas dos terceirizados.

Caravana em Defesa da Educação

Ao final, os segmentos elencaram uma série de ações — algumas das quais serão levadas para o Comando Local de Greve de cada categoria. A formação de um comitê para estudar a terceirização e subsidiar iniciativas para acabar com esta precarização dos trabalhadores foi uma das ideias sugeridas. Todos incentivaram a participação na Caravana Nacional em Defesa da Educação, que acontece em Brasília (DF), neste dia 7 de julho.

Relato emocionado

Ainda durante a reunião, Terezinha da Costa, diretora da Associação de Trabalhadores Terceirizados da UFRJ emocionou a todos com o relato das experiências sofridas pela sua categoria: “Nosso piso salarial é de pouco mais de setecentos reais. Para alguns, não é nada; mas precisamos dele para pagar aluguel e levar o pão para casa. Essa questão dos atrasos (de pagamentos) não vem de ontem, do ajuste fiscal. Nós somos escravizados. Não levamos chibatadas na carne, mas na alma”, contou.

 

Elevador pronto não pode funcionar

Como se não bastassem os problemas com a terceirização, a Escola de Serviço Social sofre até com algo que parecia estar resolvido. Parecia.

Desde o final de 2013, ficou pronto um elevador (foto) que permitirá o deslocamento de pessoas em cadeira de rodas entre o térreo e o segundo andar da Unidade. Após ajustes técnicos que só foram resolvidos no fim de 2014, o dispositivo mostrou-se perfeito para uso. 

Mas a situação voltou a empacar na burocracia: a prefeitura do município precisa autorizar seu funcionamento, algo que não ocorreu até o momento, apesar das solicitações da ESS.

2015070664Foto: Kelvin Melo - 01/07/2015

Assembleia rejeita respostas  do governo e mantém a greve

Dirigente diz que reunião representou vitória da democracia sindical, com ampla participação de docentes

A resposta dos professores da UFRJ à mise-en-scéne do governo que procura desqualificar a pauta do Andes-SN e oferece reajuste abaixo das projeções de inflação foi de rejeição quase unânime na Assembleia Geral convocada pela Adufrj-SSind na tarde/noite de quinta-feira, 2 de julho. A reunião decidiu, ainda, manter a greve iniciada em 23 de junho: 244 votos favoráveis, 234 contrários e houve uma abstenção.

As respostas do MEC foram dadas ao Sindicato Nacional em audiência de 23 de junho. Em 25 de junho o Ministério do Planejamento apresentou ao Fórum dos SPF  proposta de reajuste salarial anual de 2016 e 2019 em índices bem abaixo da inflação projetada para o período.

O presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro, depois da assembleia, festejou o resultado da reunião. Segundo o dirigente, os professores da UFRJ mostraram que estão preparados para lutar em defesa do caráter público da universidade, um dos eixos que preside a pauta do Andes-SN. “Foi uma vitória importante da democracia sindical pela ampla participação de docentes”, disse.
A resposta ao governo vem acompanhada de uma série de encaminhamentos que buscam enraizar o movimento e fortalecer o fôlego da greve. O objetivo principal de agora é colocar a greve na rua para dialogar mais com toda a sociedade, denunciando as condições de precarização da universidade.

Esta semana já se inicia com ações conjuntas. Em Brasília haverá reunião da Educação Federal nesta segunda-feira 6 e na terça (7) várias caravanas chegam à Capital Federal para manifestação em defesa da Educação Pública (veja matéria na página 6) pressionando a negociação com o MPOG que ocorre no mesmo dia. Além disso, o Comando Local de Greve (CLG) está começando a organizar uma grande aula pública coletiva.


Na assembleia, várias abordagens sobre a crise da universidade foram expostas. Alguns professores não consideraram, por exemplo, a greve como a forma de luta para o momento. Mas a maioria dos docentes entendeu o contrário, como expressou a votação.

Para garantir um debate qualificado e oferecer informações complementares a todos os presentes (sindicalizados e não sindicalizados) o CLG elaborou uma apresentação a partir do documento que circulou na forma de encarte na edição (nº 894) anterior do Jornal da Adufrj e que se encontra disponível no site da Seção Sindical (“CLG da Adufrj-SSind avalia respostas do governo às demandas dos professores”).

Além desse conteúdo, o CLG também editou um resumo com texto mais enxuto que circulou entre os docentes. O esforço foi, ainda, mais longe: um telão exibiu o mesmo conteúdo e integrantes do comando foram escalados para apresentar os temas na assembleia.
 Os professores Sara Granemann (ESS), Cristina Miranda (CAp), José Miguel (Politécnica) e Luciana Boiteux (FND e também diretora da Adufrj-SSind) fizeram exposições seguindo um roteiro. Tratou-se da defesa do concurso público, do corte no orçamento, em condições de trabalho cada vez mais precárias, autonomia universitária, carreira e salários.

Os eixos da pauta 
Defesa do caráter público da universidade
 
Melhorias das condições de trabalho
 
Garantia de autonomia universitária
 
Reestruturação da carreira
 
Valorização salarial de ativos e aposentados

Essas exposições realizaram uma  autópsia da conjuntura adversa que ameaça a universidade pública, além de pôr a nu a inaceitável atitude do governo em relação às demandas dos professores federais e, de forma mais geral, ao funcionalismo público.
O saldo positivo da reunião foi destacado ao final da assembleia. O presidente da Adufrj-SSind observou a aprovação praticamente unânime dos docentes em relação às críticas feitas pelo CLG às propostas do governo. “A manutenção da greve, sobretudo neste aspecto, indica um acerto da categoria que, inclusive, mantém o CLG funcionando em condições de manter suas atividades de modo a dialogar com toda a categoria”, disse Cláudio.

Por orientação do CNG/Fasubra, ato ocorreu em várias universidades, em 1º de julho 

Por conta da contraproposta econômica do governo apresentada aos servidores públicos federais, no último dia 25 (reajuste de 21,3%, ao longo de quatro anos), a assembleia do Sintufrj realizada em 30 de junho decidiu que é preciso radicalizar o movimento para mostrar que os trabalhadores não estão de brincadeira.

Seguindo orientação do Comando Nacional de Greve (CNG/Fasubra), na madrugada de 1º de julho, a categoria fechou as entradas do prédio da reitoria, no Fundão, e ninguém teve acesso ao prédio.

Por volta das 8h, teve início um ato público em frente à portaria principal. Os técnicos-administrativos entregaram panfletos explicando as razões da greve e convocando os que ainda não aderiram para a luta. Atos com a mesma finalidade repetiram-se em outras universidades federais, como UnB, UFF e UniRio.

A greve nacional deflagrada pelos técnicos-administrativos em 28 de maio (desde 29 de maio, na UFRJ) conta com adesão de 65 universidades e instituições federais. (Fontes: Fasubra e Sintufrj. Edição: Adufrj-SSind)

O mais novo outdoor da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (Adufrj-SSind), instalado na lateral da ex-casa de espetáculos Canecão, na Zona Sul do Rio de Janeiro, reforça a campanha contra a redução da maioridade penal. O assunto estará na pauta da Câmara dos Deputados, amanhã (30).

 

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