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WEBABREminervaO ano que termina não foi fácil. Nem para a educação, nem para a ciência, e especialmente para nós, das universidades públicas brasileiras, onde o ensino e a pesquisa estão entre seus fundamentos básicos. Pela primeira vez na história do país, tivemos um governo que, através de seus dois ministros, declarou guerra aberta às instituições universitárias. Não se trata de restringir recursos orçamentários, como já vinha acontecendo nos últimos anos, quando começamos a sofrer cortes e contingenciamentos. Não é uma batalha como a que travamos ao longo dos governos FHC, contra a crescente privatização das formas de financiamento à pesquisa. Nem mesmo encontramos parâmetros similares nos mais difíceis anos de chumbo da ditadura militar, onde houve uma paradoxal expansão das universidades federais, aliada à censura e a à perseguição a estudantes e professores, sendo que muitos até hoje permanecem nas listas de desaparecidos políticos.
Enfrentamos um novo tipo de combate, expresso numa persistente campanha de desmoralização da vida universitária em seu conjunto, que foram desde acusações de malversação de recursos por parte de reitores até a desqualificação dos estudantes e professores, através da divulgação criminosa de notícias falsas e de anúncios de controle ideológico. Além de toda sorte de ofensas vinculadas a cientistas e professores de renome internacional, esse enfrentamento tomou a sua forma mais cruel e degradante através da suspensão de bolsas, desmantelamento de programas importantes.
Foram ações de desrespeito à produção de conhecimento no país, demonstrando menosprezo pela ciência e pelos pesquisadores, desestruturando em poucos meses o que significou décadas de investimento e de muito trabalho. O Future-se, plano apresentado pelo governo como solução para o financiamento das universidades públicas, é a sua mais completa tradução: se for implantado, destruirá a universidade naquilo que a fundamenta e a constitui. Enfrentamos tudo isso, e enfrentaremos mais no próximo ano. Mas não podemos permitir que tudo isso nos leve ao conformismo ou ao desânimo. Porque não foi pouco o que fizemos ao longo do ano, das grandes manifestações de maio aos incansáveis abraços e abaixo-assinados, notas, manifestos, artigos, declarações... Para cada ofensa, uma reação. Para cada tentativa de censura, um novo desafio. Sim, foi um ano ruim, mas poderia ter sido pior. E o próximo poderá ser desastroso, mas está para ser escrito e isso faz toda a diferença. Com a força das coisas que ainda estão por vir, 2020 se anuncia como um dos maiores desafios que enfrentamos. E se não podemos decidir como ele será, podemos ao menos garantir o que faremos com ele. Que seja um ano de afirmação da vida, da diversidade, da democracia. Esperançaremos.

Diretoria da Adufrj

WEBconselhoFoto: Fernando SouzaCampanha de sindicalização, cartilha sobre progressões, visitas às unidades, integração com o centenário da UFRJ e um grande evento da universidade de portas abertas à população. A última reunião do Conselho de Representantes da AdUFRJ esboçou algumas propostas para o reinício dos trabalhos do sindicato em 2020. O encontro foi realizado no Centro de Tecnologia, no dia 16.
“O ano que vem será de muitos embates. E a ideia desse conselho era avaliar o que fazer. Foi uma reunião muito boa. No final, as falas de cada um foram dando corpo aos nossos desejos e histórias”, afirmou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “Tivemos um ano bastante difícil. Pela primeira vez, um titular do Ministério da Educação teve como meta e método atacar, desmoralizar e mentir sobre a universidade. Mas, ao mesmo tempo, a universidade lutou bravamente. E sobrevivemos”.
O foco na mobilização dos professores, para fazer frente ao estrangulamento financeiro da universidade e às perdas de direitos, foi ponto pacífico entre os conselheiros e diretores. Assim como buscar mais integração com a sociedade: levar a produção de conhecimento da instituição às ruas, com um UFRJ na Praça, ou o oposto, trazer a comunidade externa para uma grande atividade na Cidade Universitária foram algumas das proposições apresentadas. O simbolismo do centenário da UFRJ, celebrado ano que vem, deve ser aproveitado nestas atividades.
“Abrir mais a universidade é fundamental. Eu tenho trinta anos de UFRJ, acho que todos nós sentimos orgulho e desejo de comemorar essa história”, avaliou a professora Celina Figueiredo (Coppe). “Os cem anos podem ser um catalisador. Inclusive para ações conjuntas com o Sintufrj e a reitoria”, concordou o diretor da AdUFRJ, Felipe Rosa.
O cenário indefinido para a Educação, no próximo ano, preocupa os docentes. A professora Cláudia Piccinini, da Faculdade de Educação, desconfia da desidratação do projeto do governo para as universidades, o Future-se. Ela apontou o acirramento dos mecanismos de controle expresso, por exemplo, na recriação da comissão que discute o projeto Escola Sem Partido na Câmara. Outros avaliaram que os ataques ao funcionalismo federal, exemplificado no pacote da reforma administrativa e três Propostas de Emenda Constitucional (PEC) do ministro da Economia, Paulo Guedes, serão o pior desafio.
A divergência no Conselho foi quanto às formas de luta que os docentes devem utilizar em 2020. “Se todos concordam que a situação da Educação, com esse governo, é gravíssima, por que a diretoria é contra o estado de greve?”, questionou Herli de Menezes, da Faculdade de Educação, em referência à votação do estado de greve proposto pelo Andes na assembleia de 27 de novembro – e rejeitado por 34 votos a 28. “Temos acordo no diagnóstico. E desacordo sobre o que fazer. Um estado de greve agora seria precoce”, se contrapôs Antonio Solé, do Instituto de Biologia. A diretoria da AdUFRJ esclareceu que não tinha posição fechada contra o estado de greve.
Promover uma campanha para conseguir novas filiações para o sindicato também faz parte dos planos para 2020. Uma das possibilidades para ampliar o quadro de sindicalizados será durante a realização de reuniões itinerantes nas unidades, com mediação do próprio Conselho. Na sequência do reinício das aulas, será organizado um calendário de ações locais. A diretoria anunciou que também pretende realizar uma nova eleição para preencher mais vagas no Conselho de Representantes.
Alguns conselheiros apontaram ainda a necessidade de um debate sobre o Projeto Viva UFRJ e por mais discussão das condições de trabalho na universidade.

PROGRESSÕES
Antes do início do ano letivo, os docentes darão uma atenção especial à questão das progressões múltiplas. Uma comissão de professores organizará uma cartilha, orientando os colegas com pendências.
O acordo pactuado entre a reitoria, a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) e a AdUFRJ prevê a substituição dos pedidos de progressões múltiplas – proibidos pelo Ministério da Economia e pela AGU – por pedidos de progressões de modo consecutivo. “O fundamental é que os processos sejam distintos”, explicou o diretor Felipe Rosa.

PRÓXIMO CONSELHO
O próximo encontro do Conselho já está marcado. “A tarefa mais importante é que, no próximo Conselho do dia 17 de março, possamos ouvir melhor o que vem das unidades no sentido do que poderá ser feito para a grande mobilização de que precisamos em defesa da universidade”, avaliou Eleonora Ziller.
Ao final da reunião, os professores participaram de um almoço de confraternização de fim de ano, na sede da AdUFRJ.

IMG 5842Foto: Alessandro Costa/Arquivo AdufrjA reitora da UFRJ, professora Denise Carvalho, assinou na segunda-feira, 16/12, o contrato de cessão provisória de uso gratuito do terreno das Cavalariças para reconstrução das áreas acadêmicas e administrativas do Museu Nacional (MN). Firmado com a União, o documento prevê a doação de 44 mil metros quadrados do terreno, que pertence ao Ministério da Economia (ME). O espaço será destinado à construção de salas de aulas e laboratórios, que funcionavam no Palácio de São Cristóvão, atingido pelo incêndio em setembro de 2018. 

A doação foi intermediada pela Superintendência de Coordenação e Governança do Patrimônio da União e pela Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6) da Universidade. O contrato tem prazo de quatro anos, contados a partir da data da  assinatura. Durante esse prazo, caberá à UFRJ a administração, guarda e conservação da área cedida. 

Além da reitora e de Fernando Bispo, secretário de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, participaram do ato representantes do MN e da PR-6. A reitora salientou a importância desse momento para a UFRJ e a sociedade brasileira. “A cessão do terreno permite que uma demanda antiga do Museu Nacional seja agora atendida: a atividade de ensino e pesquisa em ambiente fora do Palácio de São Cristóvão”, lembrou Carvalho. (Fonte: UFRJ)

WEBbelineO fim de ano será mais tranquilo para 4.798 professores da UFRJ, sendo 2.049 ativos e 2.749 aposentados. Graças a uma articulação entre a AdUFRJ e a Coordenação de Relações Institucionais da universidade (Corin), os 26,05% estão preservados na folha de pessoal que será paga no início de janeiro.
A reitoria ainda não recebeu a resposta da Procuradoria Geral Federal (PGF) para um pedido de revisão do parecer que manda cortar os 26,05% dos contracheques dos docentes. Em reunião realizada antes do último Conselho Universitário, a administração central informou que aguardava um retorno da PGF até o fim de dezembro.
Diretor da AdUFRJ, o professor Felipe Rosa observou que o sindicato, a Procuradoria da UFRJ e a Corin estão alinhados na manutenção do ganho judicial. “Temos um legado jurídico favorável há bastante tempo. Com esta contestação do parecer da PGF, não há por que cortar os 26,05%”, disse.

HISTÓRICO
Os 26,05%, recebidos pelos docentes que ingressaram na UFRJ até 2006, são resultantes de uma ação antiga da AdUFRJ. O Plano Verão de 1989 congelou os preços e salários e extinguiu o reajuste baseado na variação da unidade de referência de preços (URP), utilizada à época. A consequência foi a retirada do percentual dos salários. Diversos sindicatos entraram com ações na Justiça para recuperar o valor. Em 1993, a Seção Sindical obteve decisão favorável na Justiça do Trabalho. A assessoria entrou com uma solicitação, em maio, para reverter a decisão do ministro. Ainda sem retorno.
O governo tenta suprimir os 26,05% dos contracheques docentes há anos, alegando que já foi absorvido por ganhos posteriores na carreira do magistério federal. A mais recente tentativa é baseada em uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no fim de setembro de 2018.
Moraes observou que a Justiça do Trabalho não teria competência para decidir assuntos que envolvam o Regime Jurídico Único (RJU) dos servidores públicos federais. A assessoria jurídica da AdUFRJ discorda, pois, quando a associação entrou com a ação, o RJU ainda não existia – a legislação só entrou em vigor em dezembro de 1990. A advogada Ana Luisa Palmisciano destaca que o STF, em nenhum momento, concedeu à AdUFRJ a oportunidade de se manifestar.
A assessoria jurídica também argumenta que uma reclamação trabalhista como a que motivou a deliberação do ministro do Supremo não poderia violar uma decisão que já transitou em julgado.

Elisa Monteiro e Lucas Abreu

O último mês do ano no Brasil é marcado por duas efemérides paradoxais. No dia 10 de dezembro, ocorreu a celebração dos 71 anos do mais importante documento civilizatório – a Declaração Universal dos Direitos Humanos, base de todas as leis contemporâneas que defendem princípios essenciais para todo cidadão. A outra data histórica não merece comemoração – apenas que se recorde para não se repetir. Trata-se dos 51 anos do mais cruel ato de arbítrio do regime miliar, o AI-5.
Aprovada três anos depois do fim da Segunda Guerra pelos Estados membros da ONU, a Declaração expressa uma repactuação em torno de consensos mínimos. Entre eles, o direito à vida, à integridade física, à livre expressão e à associação, sem restrição de raça, cor, sexo, religião ou visão política. São 30 artigos dedicados aos direitos inerentes – aqueles que nascem com todo mundo – e aos inalienáveis, os que não podem ser tirados de ninguém.
Para o professor Vantuil Pereira, diretor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH), o simbolismo da declaração torna-se “importantíssimo” em um contexto contemporâneo de “desprezo à vida”. “É uma época de ataque a grupos sociais historicamente marginalizados, como os negros, as mulheres, LGBT’s e indígenas, assim como a população favelada”, avalia o docente. “Ainda que saibamos das limitações da efetividade dos direitos humanos, é fundamental levantar suas bandeiras: civilidade, respeito e necessidade de diálogos com o diferente”.
Não havia diálogo no tempo do AI-5. Quinto decreto do regime militar após o golpe de 1964, ele suspendeu todas as garantias constitucionais e colocou uma pá de cal sobre as liberdades no país. E abriu brecha para as violações rechaçadas na carta de 1948, como a institucionalização da tortura pelo Estado.
A declaração “Não se assustem se alguém pedir o AI-5”, de Paulo Guedes, em novembro, cutucou a ferida aberta da democracia brasileira. Sobre o episódio, o diretor do NEPP-DH avalia que o pensamento que não tolera a diferença sempre existiu. “O processo de transição entre 1979-1988 foi mal encaminhado. O entulho autoritário, em especial mecanismos como a Lei de Segurança Nacional, não foi removido”, argumenta. “Não punimos torturadores, não reconstruímos o Judiciário. Passamos da ditadura para a fase democrática com pessoas que pensavam de forma autoritária”, acrescenta.
Diante do crescimento da intolerância no país, a AdUFRJ considera importante e pertinente marcar as duas datas tão antagônicas. O Jornal da AdUFRJ lista os 30 artigos da Declaração Universal e mostra, com exemplos, como esses direitos são respeitados pela universidade e violados pelo governo que defende o AI-5.

Confira o arquivo em PDF da matéria AQUI.

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