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UFRJ PRETA

Durante três dias, o fotógrafo Ernesto Carriço, negro,  51 anos de idade, 28 de ofício, nascido em Volta Redonda, percorreu a UFRJ para retratar a diversidade nos corredores e jardins da instituição. O resultado do trabalho é um mosaico de rostos e histórias negras. Sim, os campi da maior universidade do Brasil mudaram de cor. Estão mais coloridos, mais diversos, e por isso, muito mais interessantes e produtivos.

A universidade mudou, mas é preciso avançar mais. Nenhum professor negro foi encontrado pelo fotógrafo no período em que se deslocou pelo Fundão para fazer o ensaio. Um técnico-administrativo não quis participar. Já os terceirizados negros da universidade estão aqui representados por Waldinéa Nascimento (5), da Associação dos Trabalhadores Terceirizados da categoria (ATTUFRJ)

Os estudantes são de diversos cursos: Samuel Castelo, do bacharelado em Dança (1); Camila Andrade, da Biologia (2); Thirza Caroline, da Escola de Belas Artes (3); Samuel Washington, da Biologia (4); Caio Lima, da Faculdade de Letras (6); Ana Luiza Oliveira, da Escola de Comunicação (7) e Ivanise Regina, da Faculdade de Letras (8).

 A página em arquivo PDF pode ser conferida AQUI.

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WEBdebretEsta edição do Jornal da ADUFRJ está sendo produzida exatamente após os trinta dias iniciais de nosso mandato. Impossível resistir à ideia de um primeiro balanço. Não que haja tanto a ser avaliado sobre o nosso trabalho, mas é que o correr dos fatos tem nos colocado diante de muitos desafios. Desde que tomamos posse em 15 de outubro, o cenário brasileiro já sofreu grandes alterações deixando para trás a conjuntura específica que nos elegeu. Hoje temos o ex-presidente Lula fora da prisão, o partido do governo implodido e uma fortíssima instabilidade política devastando a América Latina. Ainda em final de outubro tivemos a eleição de Alberto Fernández na Argentina, as grandes marchas e o enfrentamento da população contra a política ultraliberal chilena e, mais recentemente, a renúncia de Evo Morales com violentos contornos de golpe de Estado. Não é pouco para um período tão curto.

No âmbito da UFRJ, também não estamos vivendo um período fácil. Como se não bastasse a aprovação da reforma da previdência, um lamentável parecer do Procurador Geral da UFRJ, Renato Vianna, de 9 de outubro, justificou a suspensão da concessão das progressões múltiplas pela Reitoria, apesar de ainda não existir uma decisão a respeito aprovada pelo CONSUNI. Compondo o quadro, temos ainda a flagrante ilegalidade do Ministro Alexandre de Moraes do STF, que fundamenta o corte de pagamento dos 26,05%, referentes ao Plano Verão de 1989. Em ambos os casos, expõe-se a esdrúxula situação da fragilidade institucional de nossa vida democrática, na qual se confunde a legalidade das ações administrativas com o terrorismo jurídico sobre nossos dirigentes. Dentre tantos princípios da Constituição de 1988 que vêm sendo atacados, parece que o da razoabilidade tem sofrido mais ultimamente.

Mas nada se compara ao que nos espera em 2020. O chamado pacotaço de maldades ultraliberais do governo, um plano de desmonte do aparelho estatal brasileiro, vai levar de roldão toda a rede de proteção ao cidadão, em especial as áreas da saúde e educação. Se havia dúvida sobre quais seriam os objetivos desse governo, a combinação dessas últimas ações com as propostas ensaiadas no Future-se e as armadilhas do Projeto de Lei do Orçamento Anual agora já deixam mais do que óbvio que estamos diante de um inimigo declarado.
Nesse contexto, qual o significado de uma edição do jornal inteiramente dedicada ao Dia da Consciência Negra? Faz sentido suspender todo esse debate para atermo-nos exclusivamente a ela? Se menos de 5% do nosso corpo docente é composto de professores negros, como se justifica a centralidade deste assunto numa semana de tantos embates e questões que afetam a maioria de nós? Hoje, quase dez anos depois da implantação da primeira política de cotas na UFRJ, temos uma maioria de jovens negros entre os estudantes da universidade. Trata-se de uma transformação profunda e qualitativa da vida universitária que ainda dará seus frutos mais duradouros. Essa movimentação não alcançou todos os cursos, tampouco os patamares necessários entre os pós-graduandos, e demorará para produzir mudanças substanciais na composição do corpo docente. Entretanto, ao evidenciar a brutalidade de uma exclusão que se naturalizou por quase cem anos de vida universitária, temos a convicção de que estamos tocando no âmago do problema que vive nossa sociedade. Em recente entrevista à Folha de São Paulo, Roberto Schwarz cita um trecho do historiador Luiz Felipe de Alencastro, escrito ainda na década de 1990, que dá dimensão histórica e social ao problema: “A escravidão legou-nos uma insensibilidade, um descompromisso com a sorte da maioria que está na raiz da estratégia das classes mais favorecidas, hoje, de se isolar, criar um mundo só para elas, onde a segurança está privatizada, a escola está privatizada, a saúde também” (1996).

Diretoria da Adufrj

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WEBprofessorProfessor Antonio CarlosMaria, uma jovem negra, está feliz pela bolsa de estudos integral que conseguira através da   ONG Educafro para estudar na prestigiosa Fundação Getúlio Vargas.

WEBcoletivoCOLETIVOS ajudam negros a ganharem espaço na universidade - Foto: Ernesto CarriçoDesde 2013, a implantação das cotas nas universidades federais fez a UFRJ avançar rumo à democratização do ensino superior. Apesar da conquista, o dia a dia acadêmico ainda é terreno árido para estudantes negros. São eles os mais dependentes de políticas de permanência como bolsas, moradia, transporte e alimentação. Os alunos também esbarram em violências subjetivas, como a falta de representatividade no corpo docente.
A partir das dificuldades, surgiram os coletivos negros na instituição. Primeiro, na graduação; depois, na pós. “Hoje, nós temos 19 coletivos”, conta Luciene Lacerda, da Comissão de Coletivos Negros da UFRJ. “A ideia é que a universidade se responsabilize pelas discussões e políticas, e pense ações”, afirma. Além dos coletivos, a comissão também congrega as pró-reitorias de Graduação, Pós-Graduação, Extensão e de Políticas Estudantis.
“Algo comum entre todos os coletivos é justamente ser apoio e transformar a realidade”, justifica Alexandre Freitas da Silva, do Coletivo Negrex, da Medicina. O grupo discute a saúde da população negra e conseguiu introduzir o tema em três momentos do curso: no terceiro e sexto períodos e no internato. “Queremos combater o racismo enquanto futuros profissionais de saúde”, explica o estudante.
Apesar do avanço, o currículo oficial ainda não prevê disciplinas sobre o tema. “É preciso institucionalizar. A população atendida pelo SUS é majoritariamente negra, mas a formação ainda é elitista e branca”, critica.
No IFCS, há o Coletivo Guerreiro Ramos. Iracema Souza conta que o grupo montou um curso preparatório para a seleção da pós-graduação. “É voltado a estudantes negros da UFRJ e de outras universidades”, explica. “Atuamos em duas dimensões: fortalecimento de quem já está na pós e ampliação do acesso para negros”.
Como principal entrave para estudantes negros, Iracema destaca o não domínio de línguas estrangeiras. “É a principal barreira, somada à restrição de recursos”. A falta de representatividade também afeta emocionalmente. “Nosso programa não tem docentes negros”, diz a aluna do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia
Daniel Lopes, é um dos fundadores do Coletivo Dona Ivone Lara, do Serviço Social. “Antes mesmo da rede de apoio, surgimos lutando pelo direito de acessar a pós-graduação”, conta. O grupo foi formado em 2017, a partir des discussões para adoção das cotas na pós da unidade.

 

NOTA DE AGRADECIMENTO

Os coletivos negros da UFRJ escreveram mensagem de agradecimento pelo apoio da AdUFRJ para realização de eventos na universidade.

A Comissão de Coletivos Negros da UFRJ vem por intermédio desta carta agradecer à Adufrj pela contribuição financeira para a realização do evento Black In Fundão- Festival Preto, que ocorreu dia 14/11, no campus Fundão, na Reitoria. Reconhecendo a importância do mesmo para a valorização da presença da juventude negra na Universidade e suas expressões político-culturais.
A luta antirracista continua e contamos com o apoio desta instância da Universidade para somar nessa luta mais vezes!
Seguimos!

Comissão de Coletivos
Negros da UFRJ
Coletivos Negros Virgínia Leone Bicudo da Psicologia, Negrex da Medicina, Claudia Silva Ferreira da FND, Coletivo Negro da Geografia, Conceição Evaristo da Letras, Coletivo Negro Ebí da Biologia, Dona Ivone Lara do Serviço Social, Mary Seacole da Enfermagem, Carolina de Jesus do IFCS, Beatriz Nascimento da História, Claudia Silva Ferreira de Direito, Tereza de Benguela de Relações Internacionais, BAFROS da Comunicação Social, Almirante João Cândido de DGEI, Comissão de Direitos Humanos E Combate às Violências, Associação de Pós-Graduandos da UFRJ e DCE.

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IMG 1498Presidente da Adufrj, professora Eleonora Ziller, no Consuni - Foto: Elisa MonteiroAs unidades devem receber e encaminhar para a Comissão Permanente de Pessoal Docente os pedidos de progressão múltipla dos professores. A orientação da reitoria foi divulgada no Conselho Universitário desta quinta-feira (14), após requerimento da diretoria da Adufrj.

A demanda pela continuidade dos processos foi apresentada pela presidente da Seção Sindical, Eleonora Ziller, durante o início da reunião. Eleonora destacou que o ofício conjunto da reitoria e da CPPD, de 1º de outubro, que solicita a suspensão dos processos até que o Consuni delibere sobre o tema, repercute com ruídos na universidade. “Há unidades que violam inclusive o direito do professor de abrir o processo”, exemplificou. “Às vezes, no afã de cumprir determinado parecer com força de lei, cumprimos ilegalidades ainda maiores”, disse.

Eleonora argumentou ainda que a demora do colegiado para definir se as progressões serão permitidas ou não “se torna causa de instabilidade, dificuldade e tensão na vida de uma parcela muito considerável dos docentes”.

O Ministério da Economia e a Advocacia-Geral da União são contrários ao dispositivo, que é regulamentado na universidade desde 2014 por uma resolução do Consuni. A assessoria jurídica da Adufrj argumenta que não há qualquer ilegalidade nas progressões múltiplas.

O vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, que presidiu a sessão do dia 14, admitiu que “os docentes têm todo o direito de entrar com o processo”. Segundo ele, a universidade aguarda resposta do órgão central do Sistema de Pessoal Civil (Sipec), vinculado ao Ministério da Economia, para um pedido de revisão da questão das progressões múltiplas. O documento da reitoria usou como base os pareceres jurídicos do Andes e da Adufrj.

A deliberação do Consuni sobre as progressões está prevista para o Consuni de 28 de novembro.

Macaé quer concursos
Uma comitiva de estudantes do curso de Medicina do campus Macaé se manifestou por concursos docentes, durante a sessão do dia 14. Os estudantes leram uma carta cobrando “a mesma excelência” do curso do Fundão. A administração reforçou a informação, antecipada pelo Jornal da Adufrj, de que destinará nove vagas da reserva técnica à Macaé.


Viva UFRJ: Canecão 2?
Integrantes do Consuni solicitaram à reitoria esclarecimentos sobre o vídeo veiculado pelo prefeito Marcelo Crivella, anunciando a reabertura da casa de shows Canecão, imediatamente após reunião com a equipe do VivaUFRJ, no último dia 6. O vice-reitor voltou a afirmar que não há definições sobre o tema, ainda em fase de estudo. Mas considerou que a universidade tem “uma dívida com a sociedade do Rio de Janeiro” que “está associada a termos retirado uma casa de espetáculo dela”. E citou, entre as possibilidades, o projeto de um centro cultural. Uma apresentação do Viva UFRJ entrará na pauta do Consuni até o final do ano.

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