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WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.06.45Foto: Márcio MercanteA preocupação em receber os alunos, sobretudo os calouros e os que ainda não haviam tido aulas presenciais por conta da pandemia, foi a marca das ações de recepção organizadas por direções de unidades e centros acadêmicos da Praia Vermelha. Quem deu o tom foi professor emérito Marcio Tavares d’Amaral, da ECO, na abertura do Ecomeço, evento organizado para receber os novos alunos: “Nosso trabalho aqui, numa Escola de Comunicação, é afirmar na cara do mundo que a verdade existe e que nós a procuramos. Meu jovem coração de velho está indescritivelmente feliz de ver vocês aqui”, disse o professor, que acaba de completar 75 anos.
O Ecomeço recebeu os alunos no tradicional laguinho do Palácio, mas a recepção foi apenas uma das atividades previstas. Na segunda-feira (11), o professor Muniz Sodré deu a aula inaugural do curso. “É um super Ecomeço, feito para dar conta de acolher toda essa diferença, nesse contexto de fragilidade e vulnerabilidade em que estamos. De 1.280 estudantes de graduação, 600 nunca pisaram aqui”, explicou a professora Suzy dos Santos, diretora da Eco.
A semana também foi dedicada à recepção dos alunos no Instituto de Psicologia. O Centro Acadêmico organizou a Semana de Ambientação de Novos Alunos (Sana), com atividades de integração e apresentação do campus. A direção do instituto apoiou a iniciativa, e suspendeu as aulas da primeira semana. “A Sana já acontece há muitos anos. Normalmente ela é para os alunos do primeiro período, mas dessa vez expandimos”, explicou Mykaella Moreira dos Anjos, do CA da Psicologia.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.35.23 3
Já a direção da Faculdade de Educação organizou um café da manhã para os alunos. A atividade também contou com apresentação de poesia e a confecção de cartazes, feitos pelos estudantes. “Estamos muito felizes e emocionados de ver o campus com essa alegria. Temos estudantes de terceiro período que nunca pisaram aqui. Achamos importante fazer essa inserção, para que eles sentissem que esse espaço também é deles”, contou a diretora da faculdade, profesora Maria Muanis.
O Instituto de Economia recebeu uma aula inaugural na segunda-feira, e manteve as aulas normais na primeira semana. O professor Carlos Pinkusfeld Bastos também não escondia sua animação, e brincou com o longo período afastado das salas de aula: “Espero não estar enferrujado”. Para ele, o momento é de celebração. “Estou feliz. Vai ser tudo muito diferente, dar aula para uma turma de quinto período na qual eu não conheço quase ninguém”, contou o professor.
Aluna do professor Carlos Pinkusfeld, Fernanda Maurelli entrou na UFRJ em 2020.1. Seu primeiro dia na universidade foi também o último das atividades presenciais. A experiência no remoto foi bastante complicada para ela, que acredita que não teve a experiência da universidade. “Eu sonhava com a UFRJ, e com aulas remotas eu perdi isso. Era como não estar na universidade. Está sendo uma realização”, contou.

ENTREVISTA
Paulo Vaz
(60 anos)
Professor da Escola de Comunicação da UFRJ e pesquisador 1A do CNPq

O senhor fez críticas à última edição do jornal, que celebrou o retorno presencial. Não concorda com a volta das atividades presenciais?
Eu acho que era necessário haver uma política de vulnerabilidade. Haver retorno presencial para aqueles não vulneráveis e deixar à escolha dos vulneráveis se desejassem voltar ou não. Não entendo por que [o ensino] não pode continuar remoto em algumas situações. Não sou contra a volta, só que nós temos um problema na forma de discussão sobre a covid-19 que não trata da questão maior que é a passagem da pandemia para a endemia. Isso não significa o fim do vírus, significa uma nova distribuição do risco e o fim das medidas de controle. Como criaremos condições para que os vulneráveis possam se proteger? A UFRJ não fez isso, não criou essas condições, obrigou todos a voltarem. Eu sou contra a volta ao presencial forçada, por isso me espanto com a AdUFRJ celebrar forçar.

Quais seriam as alternativas possíveis?
Não forçar, negociar, tornar a decisão local. Como o Conselho Universitário emite uma regra que obriga um imunossuprimido a ir ao Fundão ser examinado? Por que não aceitar uma autodeclaração? É uma caricatura de vigilância e punição, numa universidade pública. O equívoco fundamental é que os vulneráveis não se limitam aos imunossuprimidos e imunodeprimidos. A covid-19 é especialmente desastrosa para idosos. As congregações poderiam encontrar soluções. O Consuni acha que somos um bando de pessoas que não quer trabalhar?

Os estudantes pressionavam pela volta presencial. Não são eles a razão de a universidade existir?
Se eu fosse jovem, com certeza iria querer voltar ao campus. A vida universitária é tão maravilhosa que alguns nunca saem dela. Mas creio que poderiam ter meio-termos, estipular, por exemplo, que na sexta não teria aula presencial, que até 20% do curso pudesse ser remoto. Eu acho que faltou sensibilidade do Consuni, da reitoria. Você acha que os estudantes não seriam solidários se soubessem que aquele professor é vulnerável, que pode morrer?

Qual disciplina o senhor ministra? Quantos alunos estão matriculados?
Atuo com Psicologia, Comunicação e Filosofia e passei muito tempo da minha carreira discutindo fator de risco. Sou pesquisador 1A do CNPq, trabalho há muito tempo com Medicina e Comunicação. Tenho 40 alunos nesse semestre. O ideal era que eu tivesse uma turma de 20 para o espaço que terei de trabalho. Vou brigar para ter meu direito trabalhista respeitado. É preciso que a AdUFRJ dê apoio aos professores em vulnerabilidade. Só voltarei ao presencial se a universidade cortar meu pagamento, mas espero que isso não aconteça.

 

WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.04.21Foto: Alessandro CostaA saudade dos corredores cheios não escondeu os velhos problemas da maior unidade da UFRJ, o Centro de Ciências da Saúde (CCS). Os problemas crônicos – banheiros precários, goteiras e paredes com mofo – saudaram calouros e conhecidos da casa. No percurso para a faculdade, os ônibus lotados e BRTs com as portas abertas em movimento já prenunciavam as dificuldades. “Saímos com três horas de antecedência e não chegamos”, desabafa Luísa Cavalcante, estudante do 5º período de Enfermagem.
No bandejão, as filas gigantescas assustavam os estudantes, que ficaram debaixo do sol esperando por mais de uma hora.
Após dois anos de universidade virtual, calouro não é apenas o aluno do primeiro período. Quem cursou metade da graduação em casa também sentiu o frio na barriga de pisar na faculdade pela primeira vez: “Perdi todo o meu ciclo básico, mas estou feliz. O momento é agora”, conta determinada a estudante do 4º período de Ciências Biológicas, Letícia Nascimento.
As turmas cheias confirmam a saudade e animação. “Eles estavam ansiosos, perguntando muito. No remoto, são sempre os mesmos indivíduos que participam. No presencial, a participação é maior, mais democrática”, observa o professor Norton Heise, da Nutrição. Mesma opinião do professor Ricardo Reis, da Odontologia. “Desde segunda, quando a turma iniciou o curso, ela está cheia. Ou seja, claramente as pessoas querem voltar ao presencial. A UFRJ nunca esteve tão participativa”, comemora o professor, na frente da sala, com todos os alunos de máscaras.
Os problemas estruturais, no entanto, seguem graves no CCS. No auditório do bloco N, a palestra “Acolhimento UFRJ”, com o objetivo de apresentar o funcionamento da Universidade para os calouros, aconteceu no calor. Os dois aparelhos de ar-condicionado estavam quebrados. Na Escola de Educação Física (EEFD), a precariedade também continua.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.05.26
“Nós temos um número de estudantes infinitamente maior do que o número de espaços disponíveis para a aula. Então, nós já tínhamos um problema; agora ele só aumentou, porque não foi resolvido”, explica a diretora da Katya Gualter. “Ainda assim, meu sentimento é profunda emoção. Chegar e encontrar esses corpos coabitando esses espaços revitaliza”, reconhece a professora, com o mesmo sentimento esperançoso da estudante Tamires Costa. “Tocar, sentir o cheiro sem estar mediado pela tela. É esperançoso voltar ao presencial”.

A arte do acolhimento

O prédio que reúne os maiores problemas estruturais da universidade é o edifício Jorge Machado Moreira, que abriga a reitoria e os cursos da Escola de Belas Artes (EBA), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR). Atingido por dois incêndios em cinco anos, o prédio ainda passa por reformas e reforço de pilares danificados pelo tempo. No primeiro dia de aulas, a decania do Centro de Letras e Artes, que funciona no térreo do prédio, montou uma atividade para calouros e veteranos.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.35.23 2
“O acolhimento começou do lado de fora, com a organização dos alunos e esclarecimento de dúvidas sobre acesso e comprovante de vacinação”, conta a servidora Vânia Godinho. “Temos alunos do primeiro ao quinto períodos que estão inaugurando os espaços da universidade. Ficamos com medo que eles não se adaptassem, não encontrassem suas salas, acessassem algum espaço em obras. Era realmente necessário esse trabalho de orientação”, avalia a técnica-administrativa.
Dos quatro elevadores do prédio, apenas um funciona. “Damos prioridade para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência e orientamos todos os outros a utilizarem as escadas”, explica a servidora. A equipe também montou um mini manual do aluno, com orientações diversas sobre a UFRJ.
Apesar do esforço, ainda houve quem se perdesse. Laila dos Anjos, do segundo período da FAU, procurava uma sala. “Estou muito ansiosa com este retorno”, comemora. Ela começou a estudar na UFRJ em 2021.2 e viveu muitas dificuldades com o ensino remoto. “Na minha casa acontecem muitas coisas, eu não tenho estrutura para estudar lá”, conta a aluna. “Estar aqui presencialmente é um sonho. Espero que seja meu recomeço”.

Está chegando a hora do reencontro. Dois anos e 26 dias após a suspensão das atividades presenciais não essenciais da UFRJ por força da pandemia, milhares de pessoas voltarão a frequentar os campi da maior universidade federal do país. Para todos aqueles que ingressaram na instituição recentemente ou mesmo para refrescar a memória dos “veteranos”, o Jornal da AdUFRJ produziu este pequeno guia de serviços. (clique na imagem com o botão direito do mouse e abra em uma nova guia)

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WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.01.32Fotos: Alessandro CostaO dia 11 amanheceu com abraços apertados e muitas selfies na entrada dos prédios do Centro de Tecnologia e do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. Todo mundo queria trocar um afago com o colega ou com a colega que só viu na telinha de computador por mais de dois anos de pandemia. Calouros tiravam fotos em frente às fachadas ou na conhecida moeda gigante da Minerva, ao lado do auditório do CT. Não bastava estar na UFRJ. Era preciso levar um pouco dela para casa, mostrar para amigos e familiares nas redes sociais.
Após tanto tempo de afastamento, também era preciso acolher os que chegavam da melhor forma possível. A professora Nedir do Espirito Santo, diretora da AdUFRJ, distribuiu kits de boas-vindas do sindicato aos colegas, no saguão do bloco A do CT. “Foi comovente e até surpreendente a tamanha receptividade que as pessoas tiveram com os nossos materiais. Pareciam crianças recebendo presentes”, contou. “Foi uma atividade de aproximação também. Abraçar sem dar o abraço físico, de acolhimento”.
Outras iniciativas de acolhimento estavam espalhadas pela UFRJ. A Engenharia Mecânica preparou um lanche de recepção para “quebrar o gelo” com os calouros. O professor Vitor Romano, coordenador do curso, estava preocupado que não pudessem acessar os bandejões universitários, ainda por falta de uma carteira de identificação estudantil. “A gente sempre fez isso. É uma forma de aproximação. Alguns até almoçaram lá”.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.35.23
Para a maioria da comunidade, foi muito mais complexo fazer uma refeição. O tradicional restaurante Burguesão, frequentado por muitos docentes, fechou as portas. Será transformado em um bandejão estudantil ainda este ano. “Fiquei muito triste quando soube que o Burguesão tinha fechado. Era um espaço muito agradável. E muitos dos trailers ainda não abriram”, relatou o professor Paulo Amorim, do Instituto de Matemática.
Já os estudantes penaram para acessar os bandejões. Fernanda Carrilho, do segundo período de Engenharia Civil, estava com amigos na fila do restaurante do CT, mas resolveu tentar a sorte no Bandejão Central. “Demorei duas horas e quarenta minutos na fila, debaixo de sol. Usei meu guarda-chuva como guarda-sol”, disse Fernanda, que perdeu a primeira aula da tarde.WhatsApp Image 2022 04 15 at 10.02.46
A estudante ainda estava no bandejão quando o presidente da Academia Brasileira de Ciências, professor Luiz Davidovich, falou no auditório Roxinho (do CCMN) sobre a origem de boa parte dos problemas das universidades e institutos de pesquisa, nos últimos quatro anos. “Anos muito difíceis. Não só de cortes na Ciência, mas de negação da Ciência”, disse, na aula inaugural do Instituto de Física. “É importante entender que Ciência e Inovação se fazem através de décadas. São necessárias décadas de apoio contínuo e sustentado para ter resultados importantes para a população brasileira”.

ESCOLA DE QUÍMICA
Mas, na universidade, as lições não são exclusividade de auditórios, salas ou laboratórios. No salão nobre da decania do CT, a cerimônia de posse da primeira direção inteiramente feminina nos 88 anos da Escola de Química — formada pelas professoras Fabiana Valéria da Fonseca (diretora) e Andréa Salgado (vice) — , no dia 12, demonstrou isso. “Dizer o que isso representa nos tempos atuais é falar não só da importância e da sensibilidade feminina. Mas afirmar que cada mulher é sujeito da sua história, devendo ser respeitada e apoiada em suas escolhas”, disse Andréa em seu discurso. “Desafios não nos faltam. Mas, como dizia Sócrates, uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.

WhatsApp Image 2022 04 08 at 17.01.28OBSERVADA pelo vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha e pela reitora Denise Pires de Carvalho, a presidente da Fiocruz enalteceu a CiênciaUm ano com um espírito de refundação. A UFRJ não mudou, mas viu seus alunos e boa parte do seu corpo de professores e servidores afastada das atividades presenciais por dois anos. Agora ela está voltando e, cem anos depois da sua fundação, retoma as atividades presenciais plenas. E o marco simbólico deste retorno, uma espécie de pedra fundamental metafórica dessa UFRJ refundada, aconteceu na segunda-feira (4). “Uma data histórica”, definiu o professor Roberto Medronho, coordenador do Grupo de Trabalho Coronavírus da UFRJ, ao participar da Aula Magna que inaugurou o período 2022.1, proferida pela professora Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz.
Professores, alunos e técnicos formaram a plateia no auditório do Centro Cultural Professor Horácio Macedo, o tradicional Roxinho, no campus do Fundão. Medronho lembrou que, no dia 13 de março de 2020, o GT recomendou a suspensão das atividades presenciais não essenciais da universidade, decisão acatada pela administração central. “Hoje, para mim, é uma data histórica. A universidade foi criada na época da pandemia da gripe espanhola. Cem anos depois, termos esse reencontro presencial é uma coisa que será escrita com letras de ouro nos anais da história da UFRJ”, disse o professor. Ele ressaltou ainda que o reencontro pôde acontecer graças à Ciência, à vacina e ao esforço de todos os institutos de pesquisa e universidades do país. “É uma emoção indescritível, imensurável”, resumiu Medronho.
Igualmente emocionada estava a reitora Denise Pires de Carvalho. Na apresentação da professora Nísia, Denise estava visivelmente comovida. “Eu estou muito, muito emocionada”, declarou a reitora ao Jornal da AdUFRJ. “Encontrei a Nísia apenas duas vezes depois que tomei posse. Agora nos reencontramos, e mais uma vez vamos tentar fazer com que a UFRJ e a Fiocruz fiquem mais próximas, e que isso promova mais e mais o desenvolvimento do país na área da Saúde. É isso que desejamos, que sejamos, UFRJ e Fiocruz, protagonistas do futuro na área da Saúde do Brasil”, defendeu Denise, retomando o tema da aula magna — “Inovação em saúde e pandemia: o papel da ciência e tecnologia no SUS” — e defendendo o investimento público em Ciência e Tecnologia, especialmente em Saúde, como motor de avanços para o país.

EM DEFESA DO SUS
Na sua aula, a professora Nísia apresentou os principais desafios em Saúde, Ciência e Tecnologia para os próximos anos, a partir do estudo do enfrentamento da pandemia de covid-19. Defendeu o investimento em pesquisa na área, razão para o desenvolvimento de vacinas contra a doença em um prazo tão curto, já que as bases científicas da criação dos imunizantes foram estabelecidas em anos de pesquisas feitas por instituições por todo o mundo. Nísia também defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi crucial para o combate à pandemia, desde o surgimento dos primeiros casos até a vacinação. Outro ponto ao qual a professora se dedicou foi a mudança na maneira de a Ciência se comunicar com as pessoas. Para Nísia, a crença deve ser reservada para a religião. “Na Ciência nós devemos confiar, e não acreditar”, disse a professora.
“Foi bem emocionante dar essa aula presencial”, contou Nísia à reportagem. “Para além do valor simbólico, tem a sensibilidade. As pessoas estão precisando desse convívio”. Para ela, algumas mudanças na maneira de se comunicar, como as reuniões por videoconferência, vieram para ficar, mas jamais vão suprir as necessidades de uma universidade e toda a sua complexidade. “O convívio em uma universidade, para os jovens e para nós professores, faz muita falta. A educação foi um dos setores mais impactados pela pandemia, e para os jovens é fundamental a universidade”, disse. Ela citou ainda Machado de Assis para reforçar sua ideia, ao dizer que na universidade “não se aprende só o que está nos livros ou o que dizem os professores, mas é um espaço de formação do seu ethos, da sua forma de estar no mundo”.

ATIVIDADES PRESENCIAS
E foi atrás desse espaço de convivência que muitos estudantes foram para a aula magna. É o caso de Carla Chaves, de 17 anos, aluna do terceiro período do curso de Direito. Ela entrou na UFRJ durante a pandemia, e não tinha tido ainda nenhuma atividade presencial. “Botar o pé na UFRJ para assistir a uma aula presencial pela primeira vez me deixou com a sensação de fazer parte da UFRJ. Sempre sonhei em estudar em uma universidade tão importante para o Brasil, e agora estou aqui”, comentou Carla. Para ela, as aulas remotas foram importantes durante o período mais grave da pandemia, mas não são capazes de substituir a experiência de estar na faculdade.
Acompanhando Carla estava seu amigo Thiago Duarte, de 18 anos, aluno do primeiro período do curso de Engenharia de Produção. “Vim aqui dar uma primeira vista, e estou gostando muito da minha primeira impressão. Estou achando melhor do que esperava”, contou. Ele se sente com sorte por começar a faculdade junto com a volta das aulas presenciais. “É muito importante para a gente ter esse contato com a faculdade, com os colegas, os professores, o que não acontece nas aulas remotas”.
Já Rodrigo Verra, de 19 anos, conhecia a UFRJ. Aluno do terceiro período de Odontologia, Rodrigo já estava frequentando o campus para aulas práticas, mas não perdeu a oportunidade de assistir à Aula Magna. “É incrível cursar uma universidade pública e ter a oportunidade de prestigiar esses eventos que acontecem. O tema e a presença da Nísia Trindade me interessaram, por isso eu vim”, comentou o jovem. Ele não esperava que, depois da expectativa atendida de finalmente passar para a UFRJ, levaria tanto tempo para ter aulas presenciais, mas está animado com a volta. “As atividades presenciais são sem comparação para nós no sentido didático e para a nossa vivência como alunos”, disse.
Não eram só os estudantes que estavam empolgados na plateia. “O meu departamento vai ter todas as aulas presenciais”, contou a professora Mônica Cardoso, do Instituto de Química, que estava na plateia e não escondia a empolgação pelo retorno presencial completo. “Já fiz dois períodos dando aulas práticas presenciais, mas agora melhorou. A pandemia arrefeceu e nos sentimos mais seguros e tranquilos para voltar”, contou.
Ela celebrou a presença da professora Nísia Trindade Lima no evento. “Uma aula magna é muito importante porque estabelece o início de um novo calendário, e foi importante chamar a presidente da Fiocruz porque eles trabalharam muito durante a pandemia”, ressaltou. Para ela, estavam ali as instituições que atuaram com muito vigor e seriedade contra a covid-19. “Essa reunião das representações máximas dessas instituições em uma aula magna presencial é simbolicamente importante para dizer que estamos seguros para voltar”, disse.

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