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Conselho Universitário atualiza normas em relação à lei das carreiras do final de 2012, modificada em 2013

Provas escritas não terão identificação do candidato

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A sessão do Conselho Universitário (Consuni) do dia 13 avançou no regramento dos próximos concursos públicos para o magistério superior dentro da UFRJ, fazendo adaptações para contemplar a nova lei das carreiras (nº 12.772/12, modificada pela de nº 12.683/13). Conforme determina a legislação federal, o ingresso nas universidades é feito no primeiro nível de vencimento da classe A, com o professor recebendo a denominação de acordo com sua titulação: ou seja, ele pode ser Adjunto-A (quando doutor); Assistente-A (quando mestre); ou Auxiliar (quando graduado). Também existe a possibilidade de concurso para o cargo isolado de Titular-Livre.

A aplicação de prova escrita, para todas as denominações, sem identificação dos concorrentes, é uma das novidades — até então, as avaliações das bancas eram feitas com conhecimento da autoria das dissertações. E, para os Titulares, não existia a prova escrita. Haverá também leitura obrigatória das provas, após a aplicação das notas.

Os primeiros oito Titulares-Livres

Em relação ao primeiro concurso para Titulares-Livres da UFRJ, a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Débora Foguel, afirmou que a proposta de alocação das oito vagas abertas (há a expectativa de um total de 65 concursos, nos próximos anos) foi “experimental”, mas contou com “total concordância da reitoria”. Segundo a dirigente, o “espírito” da formulação “aprovado primeiro no CEPG (Conselho de Ensino para Graduados) e depois no CEG (Conselho de Ensino de Graduação)” foi o de “fugir do modelo já praticado” e “criar, sim, vagas voltadas para a pós-graduação”. 

A proposta foi aprovada com ressalvas de duas comissões internas do Consuni (de Ensino e Títulos; e de Desenvolvimento). Dentre as críticas apresentadas pela Comissão de Ensino e Títulos (CET), esteve a indicação de que foram privilegiados programas “fortes”. “Reforçando programas já consolidados, em detrimento de um possível auxílio a outros ainda em desenvolvimento”, observou Maria Malta, da CET. 

Os “agraciados”, uma vaga para cada, foram: Faculdade de Letras (Linguística), Coppe (Engenharia Nuclear), Instituto de Economia (Políticas Publicas, Estratégias e Desenvolvimento), Instituto de Nutrição; Instituto de Matemática; Instituto de Biofísica (Biofísica e Fisiologia); Museu Nacional (Zoologia) e IPPUR. 

 

Moções do Consuni

Konder, presente!

A notícia da partida de Leandro Konder, na véspera, calou a sessão do Conselho Universitário (Consuni) do dia 13. Um minuto de silêncio homenageou uma vida dedicada ao pensamento crítico e a generosidade intelectual do dragão marxista “que a ditadura tanto buscou silenciar”, como destacou Roberto Leher (representante dos Titulares do CFCH) em moção de pesar aprovada pelos conselheiros. Konder se doutorou em Filosofia pelo IFCS da UFRJ (1987) e foi professor da PUC-Rio e do Departamento de História da UFF. 

México em alarme

O Consuni do dia 13 aprovou, ainda, uma moção de pesar pelo recente assassinado de ao menos seis pessoas, sendo três estudantes, e pelo desaparecimento de mais 43 jovens no México. A carta, direcionada às autoridades daquele país, manifesta preocupação em relação à chocante violência. E pede rigor para investigação dos fatos e punição para “executores” e “mentores” do crime.

 

Provas em bom Português

 Com apoio do presidente da Comissão de Legislação e Normas (CLN), Segen Estefen, a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), Débora Foguel, defendeu a realização das provas em línguas estrangeiras. Estimular a “internacionalização” da UFRJ foi a justificativa apresentada. Na visão de Segen, a universidade já praticaria tal “política” na graduação, “enviando estudantes para fora” (leia-se “Ciência sem Fronteiras”).

O argumento acabou derrotado em três aspectos: o risco e o custo para realização de bancas em línguas estrangeiras; a necessidade de valorização do idioma nacional e a importância do domínio do português pelo docente. A proposta apresentada pela PR-2 incluía, além dos Titulares-Livres, também os processos seletivos para Adjuntos-A: “Em um momento em que os estudantes pedem estrutura de alojamento para poder fazer os cursos, exigir que acompanhem aulas em qualquer idioma é forçar a barra”, criticou Maria Malta (representante dos Adjuntos do CCJE).

 

Moradia outra vez

A crise habitacional no campus do Fundão ganhou destaque mais uma vez no Consuni. Representantes do Alojamento pleitearam garantia de permanência na transferência do módulo masculino, que será reformado, para o feminino (ao fim do ano) para aqueles que não dispõem de bolsas da Universidade. Já estudantes que moram na Vila relataram dificuldades com o transporte interno da universidade e também apresentaram um levantamento feito com 100 estudantes que moram naquela parte da ilha. Segundo a breve pesquisa, por exemplo, enquanto 41% desses estudantes da UFRJ veem problemas de segurança na Vila Residencial, 46% apontam problemas de segurança no campus de uma maneira geral. Para mostrar o vínculo desses jovens com a universidade, o estudante Rodrigo Carvalho destacou que 64% deles têm bolsas da UFRJ. 

Para enfrentar problemas nessa área, foi criado um Fórum de Habitação da UFRJ, que reúne, além de estudantes e servidores da UFRJ, outros trabalhadores, como terceirizados residentes no campus do Fundão. Rejane Gadelha apresentou uma pauta que inclui moradia, saúde, saúde, mobilidade, segurança, educação, alimentação e equipamentos culturais para o campus. A primeira reunião do Fórum acontecerá neste dia 17, às 14h, na sala 201, Bloco D do Centro de Tecnologia.

14111742Protesto por mais assistência estudantil foi colado no conselho. Foto: Elisa Monteiro - 13/11/2014

Debate ocorreu nos dias 8 e 9, no alojamento

Samantha Su. Estagiária e Redação

Criar uma Pró-reitoria de Assuntos Estudantis na UFRJ — em vez da atual Superintendência — para centralizar os serviços e debater melhor as necessidades do corpo discente. Esse foi um dos principais encaminhamentos do 1º Encontro de Assistência Estudantil, realizado dias 8 e 9 de novembro, no alojamento. 

Além dessa, outra Pró-reitoria, de Assuntos Etnicorraciais, foi discutida com o objetivo de incentivar a identidade negra na universidade. Um dos objetivos é o estímulo a concursos para professores negros — a esse respeito, aliás, a Lei Federal nº 12.990, de 9 de junho deste ano, reserva aos negros 20% do total das vagas efetivas no edital do concurso público. 

Outra resolução do evento foi a criação do Fórum de Habitação da UFRJ que irá articular professores, servidores e alunos, tanto da Moradia quanto da Vila Residencial, para reivindicar condições de habitação e permanência na universidade. A primeira reunião aberta do grupo é neste dia 17 de novembro, às 14h, no Bloco D do Centro de Tecnologia, no Fundão. 

Incentivo aos docentes que apoiam alunos

Fortalecer as comissões de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAAs), hoje consideradas esvaziadas, foi uma estratégia definida no encontro. A sugestão seria converter a participação docente na COAA em incentivos na carreira. 

Além da comunidade acadêmica da instituição, foram convidados para o seminário o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento Pela Universidade Popular (MPU), a Frente Nacional Quilombola e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). 

Carta final

A Assembleia do Alojamento irá divulgar uma carta com as principais propostas e posicionamentos do encontro. Dentre as exigências estão: uma alternativa para acessibilidade na residência, o passe livre irrestrito, a ampliação das moradias e preenchimento da demanda, bolsa de assistência de acordo com o salário mínimo e ampliação das creches para professores, servidores e estudantes. Além disso, postos de atendimento de saúde, pontos de computadores e digitalização de todo material didático, horário integral das bibliotecas e Restaurante Universitário (RU) em todos os campi.

Medidas para favorecer o uso de bicicletas na ilha do Fundão começam, lentamente, a sair do papel

Recursos para obras vêm do ICMS pago pela universidade

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Graças a uma negociação entre a reitoria e o governo estadual, alguns projetos ligados à “mobilidade verde” começam a sair do papel, como a construção de bicicletários no campus da Cidade Universitária. Também estão nos planos, de médio prazo, a ampliação da ciclovia do Fundão e a compra de um ônibus elétrico para transporte intercampi. Os recursos para as iniciativas vêm do chamado Fundo Verde — constituído com o redirecionamento, para ações ecológicas, das receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) pago pela UFRJ.

De acordo com o prefeito da UFRJ, Ivan Carmo, falta inaugurar apenas 10 das 90 novas vagas para bicicletas no campus da Cidade Universitária. A lacuna corresponde a um ponto na Faculdade de Letras, “em função de pequenas obras que precisam ser concluídas”, explica o prefeito. Os demais bicicletários já estão prontos: no Alojamento, CCS, EEFD, CCMN, CT (nos blocos A e H), Prefeitura, Reitoria e Terminal Rodoviário. 

Outra aquisição planejada pelo Fundo é um ônibus elétrico com capacidade para transporte de 50 passageiros (e mais 50 bicicletas) entre a Praia Vermelha e o Fundão. Segundo Ivan, o novo itinerário passaria a atender o público da Grande Tijuca: “A integração passaria pelas ciclovias da cidade do Rio de Janeiro, pegando, além da Zona Sul e Centro, o ponto no Maracanã e São Cristóvão”, relatou. A condução teria horários fixos, nos moldes do que já é praticado hoje. O transporte de bicicletas para o campus visa, além de desafogar os ônibus internos, a “criar uma cultura ecológica e saudável”. “Não teria sentido fazer isso com uma condução a diesel”, sublinha o prefeito. 

Soma certa

O prefeito universitário confirmou também a ampliação de ciclovias no campus. Mas retificou que o acréscimo de 2,5 quilômetros (a serem construídos) levará a malha atual de 5km para 7,5km. E não de 7,5km para 10km, conforme noticiado pelo jornal O Globo, no início de outubro. Segundo Ivan Carmo, o investimento fará com que o percurso chegue ao Parque Tecnológico e à Vila Residencial.

 

Bicicletas coletivas estão no horizonte

De acordo com a Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6), a universidade já realizou duas reuniões com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscando uma mediação para instalação de um sistema de bicicletas coletivas no campus. Não se trata, portanto, de fato consumado a contratação das “laranjinhas” do Itaú, como apresentado em matéria de O Globo (edição de sábado, 4 de outubro).

A pró-reitora Aracéli Cristina Ferreira relatou que a universidade buscou, em 2013, um levantamento dos custos para instalação de um sistema próprio. “Entre a manutenção dos pontos de estacionamento e das bicicletas, até o software, entre outras necessidades, estimamos um custo anual de mais de R$ 2,5 milhões”. Segundo a dirigente, a administração central mira “uma alternativa de custo zero para a UFRJ”. Neste caso, uma parceria com a Bike Rio, do Itaú, é cogitada. A PR-6 estuda a possibilidade de um chamamento público para patrocínio do projeto.

Sociólogo da Unicamp descreve mudanças que dificultam organização da resistência internacional ao capitalismo

Debate ocorreu no IFCS

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14111751Ricardo Antunes. Foto: Marco Fernandes - 03/11/2014Hoje uma prática banalizada, o envio de mensagens eletrônicas com tarefas para o funcionário, fora do expediente (até mesmo em finais de semana ou feriados), é um dos sinais da necessidade de reorganização da classe trabalhadora no mundo inteiro. “O trabalho chamado ‘virtual’ é flexível e coloca o empregado completamente disponível para o capital”, criticou o sociólogo e professor titular da Unicamp, Ricardo Antunes, em debate realizado no IFCS-UFRJ, na tarde de 3 de novembro — o evento (parcialmente noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj) fez parte das comemorações dos 150 anos de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT ou I Internacional).

Para o palestrante, aparelhos de comunicação como celulares com acesso à internet servem cada vez mais para ampliar a exploração e precarização das relações de trabalho. “A tecnologia da informação mantém as pessoas conectadas ao capital o tempo todo, poluindo seu tempo de trabalho e seu tempo fora dele”, analisou. “Ao contrário do que propagavam as teorias do fim do trabalho, vemos um proletariado que cresce no mundo inteiro. O que existe é uma nova morfologia do trabalho”, observou. 

Tarefa é responder às mudanças

Na visão do sociólogo, o grande desafio para uma organização que venha a cumprir a missão colocada pela AIT, no passado, está em responder às mudanças que afetam a classe trabalhadora. “Hoje, os bancos têm milhares de funcionários no telemarketing que não podem se organizar no sindicato dos bancários. Há um número enorme de motoboys, uma categoria com altos índices de acidentes e mortes em atividade de trabalho sem alternativas para se organizar. Para uma nova AIT, a questão de como organizar esse novo tipo de trabalhador seria imperativo”, disse.

Na mesa, sobre a atualidade do legado da AIT para as trabalhadoras e trabalhadores, Antunes destacou o diagnóstico, já presente na reunião de 28 de setembro de 1864 em Londres: enquanto o capital se globalizava, a organização dos trabalhadores era pressionada a se manter contida à esfera nacional. “Talvez esse aspecto seja o mais grave hoje”, afirmou Antunes. “Enquanto a mercadoria pode ter sua produção subdividida, com projeto europeu, produção de peças na Índia e montagem na América Latina, a organização dos trabalhadores dessas mesmas multinacionais tem de se restringir ao espaço nacional”. 

Desta forma, a solidariedade de classe internacional “era (e é) elemento fundamental”. O sociólogo falou ainda da visão unitária entre anarquistas, comunistas e socialistas sobre a necessidade de ferramentas de luta que fossem “de trabalhadores para trabalhadores”. “A emancipação passava por uma negação da política”, observou o professor de Campinas. Em outras palavras, desde o século retrasado, setores organizados dos trabalhadores buscavam a construção de uma entidade que permitisse uma mediação distinta da realizada pela classe antagônica, a burguesia.

Hoje, a falta de solidariedade

O professor analisou, ainda, que o Brasil acompanha a tendência internacional de “intensificação do tempo” e “deterioração das condições do trabalho”. “Hoje um departamento de pessoal que fala em trabalhadores é quase um ‘crime’. São todos (chamados de) ‘colaboradores’. O ganho é individual por produtividade e o sucesso depende de aniquilar os outros trabalhadores, como em uma guerra aberta que inferniza o ambiente de produção do trabalhador”.  

‘O socialismo tem o futuro’

14111771Foto: Leonardo Aversa / Agência O GloboNuma manhã do fim da primavera de 2004, o auditório Pedro Calmon está  lotado. A  plateia ansiosa aguarda o filósofo marxista Leandro Konder  para refletir sobre os desafios do socialismo num cenário adverso. Um tema angustiante naqueles dias de forças neoliberais consolidadas no mundo, de desapontamento com o governo Lula no Brasil e de confusão na esquerda em busca de caminhos. Konder abre a conversa (conversa, sim, pois ele fala como quem está na varanda de sua casa, entre amigos) com questão instigante. “Com alguma frequência me pergunto: nos 200 anos do pensamento socialista, seria esse o seu pior momento?”. 

Leandro Konder vai à história. Ele recorda que na Alemanha, no finalzinho da década de 30, véspera da Segunda Guerra, judeus e comunistas eram caçados por brigadas nazistas como animais pelas ruas de Berlim. Esse quadro de desalento para os que sonhavam com o socialismo inspirou Bertold Brecht a escrever “Aos Vacilantes”. A poesia se refere à atitude dos socialistas em momentos de agudas dificuldades. “(...) Precisamos ter sorte?/É o que você pergunta/Mas não espere resposta a não ser de você mesmo”, diz o trecho final do texto do dramaturgo alemão. A tradução para o português foi feita pelo próprio Konder. 

Ao invocar as trevas do nazismo, o cenário de horror que inspirou Brecht, o filósofo propõe uma reflexão sobre o histórico de adversidades que tem marcado a vida do socialismo como corrente de pensamento e modelo de sociedade no curso da história. Leandro Konder diz, então, que a realidade impõe enormes desafios para os socialistas. Mas não se trata de batalha perdida. “O capitalismo levou 500 anos para funcionar como funciona hoje “, ele diz. “O socialismo só tem 200 anos, desde a primeira vez que assim se conceituou, com os utópicos na França, no século XVIII”. 

Perto do capitalismo, o socialismo está no início de sua construção histórica. “O socialismo tem o futuro”, diz Leandro Konder, o filósofo marxista que nos deixou na quarta-feira 12 – aos 78 anos.

 
14111772BFoto: Internet‘Tenho uma confissão a fazer: noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira’
Manoel de Barros, no documentário “Só Dez Por Cento é Mentira”. O poeta morreu aos 97 anos, na quinta-feira, 13 de novembro.

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