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Primeira reunião do Fórum de Habitação da universidade reivindica qualidade de vida no Fundão

Mobilidade, segurança e saúde são outros itens da pauta

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Diretores da Adufrj-SSind, Sintufrj, moradores da Vila Residencial e do Alojamento estudantil compareceram ao Centro de Tecnologia, dia 17, para a primeira reunião do Fórum de Habitação na UFRJ. A iniciativa busca unir os diferentes segmentos e movimentos da universidade em torno de uma pauta comum, composta, além da moradia, pela necessidade de saúde, mobilidade, segurança, atendimento educacional, alimentação e lazer. 

O item prioritário é a moradia. Ele engloba a imediata regularização fundiária da Vila Residencial, garantindo o uso do solo para esse fim; e a ampliação de oferta de residência estudantil, gratuita e de qualidade, destinada tanto aos estudantes da graduação, quanto aos de pós-graduação.

Cláudio Ribeiro, presidente da Seção Sindical, explicou que, embora o Fórum possua uma pauta extensa e de fundamental importância para os trabalhadores e estudantes da universidade, “é preciso organizar as ações”: “Todos os pontos são urgentes e necessários”. Luciano Coutinho, também da direção da Adufrj-SSind, destacou o caráter político do Fórum recém-constituído: “A nossa luta não é institucional, mas no dia a dia. Vamos nos organizar para pressionar a institucionalidade a levar adiante as nossas reivindicações”.

Papel da universidade

Para Ilca Dias, estudante da UFRJ e moradora do alojamento, é preciso discutir o papel da universidade. “É uma vergonha termos uma universidade desse tamanho com seu entorno sofrendo tantas violações de direitos. Não só nas favelas que circundam o campus (Fundão), mas também na Vila Residencial e no Alojamento. O conceito de universidade tem sido desconstruído. Não dá para pensar em habitação sem as outras pautas que defendemos”, disse.

Além de moradia, o movimento exige, na área de saúde, a reabertura da emergência do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e a implementação de um sistema de saúde preventivo em todos os campi. Em transporte, o movimento busca pressionar a reitoria para que o sistema de transporte interno e entre os campi da UFRJ seja mais eficiente, público e gratuito.

Há o pedido de abertura de concurso público para o cargo de vigilante, para garantir “uma política autônoma de segurança universitária”. E, ainda, a reivindicação pela implantação de unidades escolares “de atendimento exclusivo à educação infantil e ensino fundamental”. O item “Alimentação” prevê o aumento de Restaurantes Universitários e a ampliação dos horários de funcionamento dos já existentes. O movimento também reivindica a utilização do espaço universitário para lazer de seus moradores, com a implantação de cinema e teatro.

Na Faculdade de Educação, o contingente de terceirizados foi reduzido à metade desde setembro

E a perspectiva é de um corte de 100%

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Desde que as funções de manutenção, como limpeza, segurança e portaria, foram eliminadas do quadro efetivo da administração pública federal, as universidades são impelidas a contratar empresas e terceirizar o setor. Na UFRJ, problemas com o pagamento desses serviços e, em consequência, dos salários desses profissionais, frequentemente emergem em forma de crise.

A bola da vez foi na Faculdade de Educação (FE). Segundo Marcelo de Moraes, “gerente” da unidade, o contingente de trabalhadores foi reduzido à metade desde setembro. “No início do ano, nos avisaram (administração central) que havia uma preocupação em relação aos pagamentos às empresas terceirizadas. Mas depois não se tocou mais no assunto. Quando chegou setembro, apenas fomos comunicados dos corte”, relata. “Não teve negociação alguma”, resume o administrador.

“Mandamos desde sempre memorandos pedindo, ao menos, a manutenção da equipe com a qual trabalhamos, que já é bem enxuta”. Marcelo relata que a limpeza de mais ou menos mil metros quadrados da Unidade era feita por oito profissionais, quatro por turno. Atualmente, são quatro, divididos em equipes de duas pessoas. 

A portaria, antes mantida por um empresa que pediu falência (JCL-Empresa de Trabalho Temporário Ltda), foi suspensa de vez. A solução encontrada foi o desvio de função de servidores concursados. “Estamos trabalhando com remanejamento”, conta Marcelo. “Para não ficarmos sem ninguém na portaria, colocamos um funcionário da UFRJ, o Eduardo Cezar”. Mas o horário acaba restrito e causando confusão no uso das salas de aula, estudo e afins. 

A unidade está repleta de avisos improvisados, por toda parte, que visam suprir a carência de mão de obra. “Tínhamos duas recepcionistas para dar informações, cobrindo dois pavimentos mais um anexo. Agora estamos com uma”. “Se qualquer autoridade chega à Faculdade de Educação, vai ficar procurando nesses labirintos (do Palácio Universitário)”.

Marcelo afirma que a situação é precária. E a reitoria diz que haverá mais cortes. “Parece que a ideia é eliminar 100%. Se isso acontecer, a Faculdade ficará simplesmente sem higienização”, completou. O próprio “gerente”, atualmente, tornou-se responsável pelo almoxarifado. “Antes tínhamos uma pessoa para o controle de material. Agora eu mesmo tenho que cuidar disso”. 

“A impressão é que o projeto é realmente terceirizar tudo, inclusive o curso. Talvez a ideia seja que as pessoas nem mesmo venham à Faculdade. É muito triste ver uma instituição como a UFRJ, respeitada inclusive internacionalmente, nessa situação”, criticou.

 

Funcionários cobram respostas da reitoria

Na quarta-feira, 19, um grupo de aproximadamente 30 terceirizados, demitidos da empresa JCL-Empresa de Trabalho Temporário Ltda, reuniu-se no prédio da reitoria. Segundo uma das porteiras da Casa da Ciência da UFRJ, Waldineia Nascimento, o grupo está sem receber desde o quinto dia útil de novembro. Sem o salário de outubro, portanto.

Ela conta que na semana anterior, do dia 10, parte do grupo foi recebida pela pró-reitora de Gestão e Governança, Aracéli Cristina Ferreira. No encontro, teria sido solicitado pelo reitor um levantamento dos nomes dos funcionários e dias trabalhados desde o último pagamento. Segundo Waldineia, a planilha foi mostrada pelo assessor da pró-reitoria, Harley Frambach Junior, para ela e a outro colega (prestador de serviço do Centro de Ciências da Saúde) na manhã do dia 19. “O que nos foi dito é que já se sabe o valor devido e já há recursos para pagar. Faltava apenas a assinatura do pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (Carlos Rangel)”. 

O dirigente, contudo, não foi encontrado em seu gabinete. “Disseram que estava em Brasília com o reitor exatamente por essa situação. E que segunda-feira (24) trariam uma resposta”, relatou Waldineia. Ela informou que seus colegas resolveram aguardar até o retorno dos dirigentes. E prometem mobilização caso a solução prometida não seja cumprida.

Em função da viagem a Brasília do pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finança, a redação do Jornal da Adufrj não obteve ainda da reitoria informações sobre o corte de equipe de apoio da Faculdade de Educação (e/ou de outras unidades).

Corte orçamentário afeta a vida na Ilha do Fundão

Filipe Galvão. Estagiário e Redação

A confusão gerada pela troca de empresas (desde 3 de novembro) que prestam o serviço de transporte interno na Ilha do Fundão parece perto do fim. Os letreiros digitais indicando o itinerário (nos primeiros dias, não davam essa informação) estão finalmente funcionando e os usuários começam a se acostumar com a mudança. As evoluções, porém, são tímidas. Todos os 16 novos ônibus contam com sistema de refrigeração, pinturas intactas e funcionários que parecem melhor preparados, mas, aos olhos do público, fica por aí. De resto, mais problemas.

Rosinete Ferreira usa os ônibus internos da universidade para chegar ao terminal do fundão, de onde segue para o trabalho. Só que a Procuradoria Federal da UFRJ, a quem foi submetido um Termo de Referência para a troca imediata das empresas, exigiu que os veículos não circulassem mais pela Vila Residencial. “Se não passar mais lá, eu não sei como vai ficar”, diz Rosinete, que é moradora do local há sete anos.

O problema é que não há linha municipal que chegue à Vila. Os ônibus internos ainda fazem manobra na praça do bairro, mas a última parada é dentro do território da UFRJ, na Divisão Gráfica. Rosinete e outras centenas de moradores — entre eles, estudantes e funcionários da universidade — precisarão de pernas fortes para chegar ao ponto onde começam e terminam suas jornadas de trabalho e estudo. A Vila Residencial, de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura Universitária, é uma ocupação e seus moradores não devem ser beneficiados. 

Sem ônibus na madrugada

Outra condição para a troca é a não circulação das linhas durante a madrugada. O que indica um movimento que a universidade parece querer tornar regra: corte orçamentário. A assessoria de imprensa reforçou que a mudança nas circulações dos ônibus contribuiria para reduzir os custos. Não os custos dos estudantes do alojamento que precisem sair ou voltar de madrugada. Nem os dos funcionários da universidade que vivem na Vila. Não os de Rosinete.

Ato no consulado do México no Rio cobrou a investigação do sumiço de 43 alunos daquele país

“Expressão da barbárie”, critica diretora da Adufrj-SSind

Samantha Su. Estagiária e Redação

Um protesto, dia 18, em frente ao consulado do México no Rio de Janeiro reivindicou a investigação do desaparecimento de 43 estudantes naquele país, na cidade de Iguala, desde o final de setembro. A iniciativa do Andes-SN, com apoio da CSP-Conlutas, tinha como objetivo entregar uma carta à consulesa-geral Maria Cristina de la Garza Sandoval — o que se confirmou em uma reunião no último dia 21 (veja quadro). 

Marinalva Oliveira, 1ª vice-presidente do Andes-SN, diz que a solidariedade aos alunos é um dever com a luta pela Educação: “Todos os normalistas mortos estavam indo para um ato em defesa da educação. Eram jovens da zona rural mexicana e arrecadavam fundos para a escola. A criminalização dos movimentos sociais, hoje, é uma ação mundial”, afirmou. 

Julio Cesar Condaque, representante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, afirmou a necessidade de amplificar o caso: “O que aconteceu no México é um crime de Estado. Isso tem gerado uma série de manifestações e o povo mexicano está nas ruas. Somos solidários a essa luta. No estado do Rio de Janeiro, em cerca de dez anos, temos 40 mil desaparecidos. A polícia pratica um verdadeiro extermínio da juventude negra e pobre. Os órgãos internacionais não podem se calar. Queremos que o consulado mexicano pressione, mas buscamos também que o Governo Federal se posicione”.

 Para Cleusa dos Santos, 2ª vice-presidente da Adufrj-SSind, a atividade marcou uma posição não só de solidariedade, mas de repúdio à maneira como a polícia mexicana tem se comportado com as revoltas em todo o país: “Para mim, é a expressão da barbárie. Isso é fruto de um aprofundamento do capitalismo, do estado policial e do cerceamento dos direitos” 

 

Governo sem respostas

Durante o encontro do dia 21, a consulesa Maria Cristina disse que as autoridades mexicanas estão fazendo o possível para investigar o desaparecimento dos estudantes, mas não seria uma tarefa fácil.

Depois da reunião, o professor Roberto Leher, Titular da Faculdade de Educação da UFRJ e conselheiro da Adufrj-SSind, analisou: “O primeiro objetivo, que era transmitir as preocupações dos professores e associações brasileiras, bem como uma manifestação institucional sobre o caso, foi cumprido. Porém, a fala da consulesa não ajuda a ter uma compreensão mais clara dos acontecimentos. Embora já tenham ocorrido prisões e identificação do envolvimento do narcotráfico e denúncias do envolvimento de figuras públicas, como o prefeito de Iguala e sua mulher, não se tem um encaminhamento objetivo por parte do governo mexicano quanto a isso. Tampouco temos os corpos dos 43 estudantes”, lamentou.

Representante da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares vai ao Fundão para encontro nacional de estudantes de Medicina, fala mil maravilhas da proposta de gestão do governo, mas ouve muitas críticas 

Debate ocorreu dia 21

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A convite da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem), o coordenador de Gestão de Pessoal da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Ilson Iglésias, participou de uma sabatina com estudantes de todo país durante o feriadão, sexta-feira 21. A atividade foi realizada no Fundão. Diretor da Adufrj-SSind, Romildo Vieira e a coordenadora de Políticas em Saúde da Denem, Roberta Silva de Paola, também compuseram a mesa.

Economista formado pela UFRJ, Ilson Iglésias afirmou que os Hospitais Universitários Federais não encontraram políticas de Estado por 40 anos.  E avaliou como “muito positiva” a “experiência” da Ebserh. Segundo Iglesias, uma pesquisa contratada junto ao Hospital Sírio Libanês para avaliação de 10 dos 28 Hospitais Universitários que recém-contrataram a Ebserh mostrou que “apenas 30% dos problemas desses hospitais têm a ver com recursos. Os outros 70% passam por mudanças de práticas de organização e gestão”. Ele defendeu, também, a implantação do ponto eletrônico e a redução do tempo de atendimento e internação do paciente. Em sua visão (ou da Empresa), os HUs desperdiçam estrutura na Atenção Básica, em vez de focarem na média e alta complexidades (que é o seu objetivo maior). 

O dirigente insistiu na tese de que a Empresa manterá estrutura 100% sem cobrança à população ou privatização de qualquer ordem. E afirmou ainda que a democracia interna será preservada com indicação do superintendente pelo reitor e funcionamento de Conselho com participação da universidade “e da sociedade civil”. O assessor da empresa garantiu que o diálogo é uma marca da proposta, com discussão profunda do contrato. E livre adesão das universidades.

Empresa recebe críticas de todos os lados

O “panorama de maravilhas” foi questionado pela representação estudantil e sindical. Romildo Bomfim (Adufrj-SSind) e Roberta de Paola (Denem) identificaram o caráter privatizante da empresa pública de direito privado para a Saúde e Educação. 

“Não é uma privatização clássica, como a Vale do Rio Doce, entregue ao mercado por preço irrisório pelo FHC”, sublinhou Romildo, “mas quando indica no seu artigo 8º como fontes de recurso: prestação de serviços; aplicações financeiras e; acordos e convênios como recursos, indica, sim, abertura à privatização”. Romildo destacou que a pressão empresarial sobre os HUs não são de hoje: “Em 2003, (o ex-diretor do HUCFF) Amâncio Carvalho já assinava convênios com a Amil, tendo como contrapartida algumas  reformas pontuais em certos andares do hospital. E como o colega da Ebserh, que é economista, sabe, no mercado não existe jantar grátis”.

Romildo criticou a proposta de redução do tempo de atendimento dos estudantes a pacientes. “Os Hospitais Universitários são unidades de ensino, pesquisa e extensão. O tempo corresponde ao ethos do Hospital que não é um hospital geral. O aligeiramento dos atendimentos corresponde a uma demanda do mercado”. 

Além de frisar que não há aporte de recurso novo para as instituições que aderirem à Empresa, Romildo relatou uma recente observação do reitor da UFRJ, Carlos Levi, antes sempre favorável à Ebserh, afirmando que as notícias dos reitores que contrataram a empresa “é que os recursos não estão chegando”. 

Roberta de Paola (Denem) definiu a Ebserh como “privatização às escuras”. E, para os estudantes, o problema democrático está entre os mais graves: “Na minha universidade, a aprovação foi a portas fechadas. No Paraná, a votação foi pelo telefone. No Pará, por e-mail. Na maioria das universidades em que foi assinado contrato, não houve respeito à opinião popular. Em Campina Grande, mesmo com Conselho Universitário contra, o reitor assinou”. 

Roberta destacou ainda a ausência de conselhos de gestão. “Embora não fosse paritário, antigamente tínhamos (antes da aprovação da Ebserh) um espaço para palpitar sobre o hospital. Agora, quando podemos estar, é apenas para ouvir”. E frisou que uma estrutura “hierárquica” centralizada em Brasília não atende às especificidades de “um país grande como o nosso”.

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