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Anúncio da Prefeitura causa indignação na Faculdade de Educação

Samantha Su. Estagiária e Redação

anuncio secretaria de educacaoAnúncio da SME no Globo de 7 de dezembro. Foto: InternetDepois da greve dos professores da rede pública em 2013 e neste ano ter entoado que “Educação não é mercadoria”, a prefeitura do Rio parece não entender a mensagem e segue reafirmando um modelo contrário à autonomia das escolas. Uma propaganda da Secretaria Municipal de Educação, publicada dia 7 de dezembro no jornal O Globo, trazia a imagem de crianças em carteiras escolares numa esteira de linha de produção. A referência era ao programa “Fábrica de Escolas do Amanhã”, projeto que constrói estruturas pré-moldadas para novos colégios e distribui material para as redes municipais de ensino, todos com o mesmo padrão, segundo a publicidade.

O anúncio recebeu rápida reação na Congregação da Faculdade de Educação, reunida em 9 de dezembro: “O professor Filipe Ceppas pediu para incluirmos como ponto de pauta a proposta de manifestação em relação à imagem e tivemos consenso de que essa não é a concepção de educação que defendemos”, declarou a diretora da faculdade, Ana Maria Monteiro. Ceppas, que é conselheiro da Adufrj-SSind, por sua vez, afirmou: “Assim que olhei, achei que devíamos nos posicionar. Pois ou a prefeitura estava brincando ou não tem a mínima noção do que está fazendo”, criticou.

A moção foi enviada para a Secretaria Municipal de Educação (SME) e para professores, técnicos-administrativos e alunos da UFRJ. Segundo o professor Roberto Leher, Titular da faculdade e também conselheiro da Adufrj-SSind: “O sentido dessa propaganda é absurdo. É considerar que estamos criando uma produção em série de algum produto, e não nos propondo a educar.

 

Nota de Repúdio

“A Faculdade de Educação da UFRJ (FE-UFRJ) vem por meio desta manifestar o seu repúdio à imagem utilizada na propaganda da SME, veiculada na página 05 do jornal O Globo, em 07 de dezembro de 2014. A FE-UFRJ compreende a pertinência de informar à população sobre a criação de uma fábrica de construção de módulos, com a previsão de construção de 136 unidades de ensino climatizadas, e parabeniza a SME por toda iniciativa que objetive aperfeiçoar o sistema de ensino público do município. A FE-UFRJ compreende, contudo, que a imagem de alunos na esteira da linha de montagem de uma fábrica, associando o trabalho da SME à idéia de fabricação de seres humanos como peças industrializadas produzidas em série, contraria frontalmente uma concepção pedagógica responsável e republicana. A formação a cargo da Educação Pública deve, em acordo com a legislação e as orientações emanadas do Poder Público, priorizar a oportunidade de crescimento pessoal e coletivo, dos educandos e educandas, através de valores como solidariedade e respeito à diversidade, e o desenvolvimento de um espírito questionador e investigativo próprio ás bases das tradições científicas e artísticas que compõem as práticas curriculares escolares.”

Exibição do filme sobre caso Amarildo promove discussão sobre projeto de segurança pública do atual governo

Quase 40 mil pessoas estão desaparecidas desde 2007

Samantha Su. Estagiária e Redação

14121582Duda, personagem do filme. Foto: Samantha Su - 28/11/2014Entre os 40 mil desaparecidos no estado do Rio de Janeiro desde 2007, um auxiliar de pedreiro: Amarildo de Souza tornou-se, em 2013, o símbolo da resistência ao projeto de ocupação militar nas favelas, a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). 

“UPP só daria certo se fosse Unidade de Políticas Públicas. Na desculpa que a Rocinha fosse um cartel, transformaram a Rocinha num quartel. A UPP é o AI-5 das favelas cariocas”. Essa é uma das declarações do músico Mc Leonardo, morador da favela da Rocinha e representante da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), no filme “O Estopim”. 

O longa-metragem, que reconta a história do assassinato e desaparecimento de Amarildo, foi exibido dia 28 de novembro no Centro de Tecnologia da UFRJ, seguido de uma roda de conversa. Três dias antes (25), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) havia divulgado decisão, em segunda instância, favorável à família do pedreiro (tratamento médico e psicológico e pensão mensal de um salário mínimo para sete parentes de Amarildo, tudo custeado pelo governo).

Ação da polícia continua violenta 

Apesar do reconhecimento do TJ-RJ, no dia a dia da favela, a ação da polícia parece não ter sofrido recuos: “Não mudou nada. O Bope espancou minha esposa essa semana dentro de casa porque ela tentou filmar quando eles entraram lá”, disse, no CT, Carlos Eduardo Barbosa (o Duda), líder comunitário na Rocinha e personagem principal do documentário.

O principal projeto de segurança pública sustentado pelo atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), não reflete uma reforma na estrutura militarizada da Polícia Militar (PM): “A polícia militar foi criada para garantir a segurança do imperador, da família real. É criada para garantir os privilégios. Eu não sei se vivemos em um Estado democrático; eu acho que estamos em um processo de transição, que é conservador e que propõe em sua Constituição direitos equitativos em uma sociedade que não efetiva esses direitos. À classe média e aos ricos, tudo. Aos pobres, a lei”, afirmou a professora de Direito da UFRJ e diretora da Adufrj-SSind, Luciana Boiteux, também presente ao evento. 

Ela, que tem como objeto de estudo atual a Justiça Militar na época da ditadura, lembrou que a polícia é parte do problema, mas não atua sozinha. Luciana acrescentou a necessidade de pensar no comando das ações e na responsabilidade dos governadores e do próprio Judiciário: “O Ministério Público (MP) tem um grande papel na Constituição de 88, mas se omite na atuação no controle externo da polícia, que é sua atribuição constitucional, e portanto, chancela a violência policial ao não processá-la e investigá-la devidamente. Na verdade, não há ‘impunidade’ dos policiais, pois o sistema penal é seletivo estruturalmente e alcança apenas os mais vulneráveis, mas sim ‘imunidade’. O que a PM (e a polícia, em geral) tem é imunidade. A PM tem certeza de que não será atingida e a descoberta do que aconteceu no caso do Amarildo é exceção”, afirmou.

Estado é duplamente irresponsável

A recente declaração de Pezão, ao afirmar que as entidades dos direitos humanos são omissas diante das mortes de policiais, também foi contestada no debate: “A comissão de Direitos Humanos faz um trabalho de acompanhamento das vítimas, tem o poder de saber como estão as investigações, acompanha e relata as violações, pede providências. Essa declaração do Pezão é muito irresponsável e perigosa. A função dos governantes é garantir direitos. A responsabilidade do Estado recai dos dois lados; do lado que tem que coibir e exigir investigação para controlar as ações da polícia e do outro, responsável porque coloca um soldado sem treinamento adequado, sem proteção, numa lógica bélica em que ele tem que eliminar o inimigo. Isso é o Estado Policial”, observou Alexandre Ciconello, pela Anistia Internacional. 

Ciconello afirmou que as investigações do caso Amarildo foram diferentes por uma série de fatores específicos, como a proximidade com as manifestações iniciadas em junho de 2013 (o pedreiro foi levado pela polícia em julho daquele ano) e a mobilização dos moradores da Rocinha, mas lembrou ser comum o arquivamento das denúncias: “A narrativa oficial do Estado é justificar essa morte em razão da guerra às drogas. Isso precisa ser mais debatido e comentado, porque não se pode cair no discurso da polícia que legitima uma morte por conta da origem da vítima. O Amarildo não era traficante e mesmo se fosse, não poderia ter sido torturado e assassinado pelo Estado”, pontuou. 

Ao fim do debate — que também contou com a presença do diretor do filme, Rodrigo Mac Niven — organizado pelos alunos do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional, restou a mesma pergunta ecoada em julho de 2013 e ainda atual: “Cadê os Amarildos?”.

 

14121583Símbolo. Pergunta que tomou conta das manifestações em julho de 2013 (“onde está Amarildo?”) continua atual. Foto: Samuel Tosta - 08/08/2013Genocídio de negros e pobres

Se o projeto defendido pelo governo do estado é respaldado em torturas e assassinatos, violenta também continua a ser a omissão midiática e do Judiciário sobre o extermínio de negros e pobres nas periferias cariocas. A campanha “Jovem Negro Vivo” lançada pela Anistia Internacional revela diversos dados sobre o assunto. “Em 2012, 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30 mil são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticada por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados”, diz o site da campanha.

No lugar certo da carreira

Consuni garante que docentes vindos de outras Ifes sejam reposicionados na classe e nível onde já estavam anteriormente. Assessoria jurídica da Adufrj-SSind acompanhou de perto esta decisão da universidade

Decisão foi tomada na sessão do último dia 11

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O docente admitido na UFRJ por meio de concurso público, quando já for docente de outra instituição federal de ensino superior, será reposicionado na classe e no nível em que se encontrava anteriormente. É o que garante a mais nova resolução aprovada no Conselho Universitário do dia 11.

A definição tem por base os artigos 1º e 6º da Lei 12.772, de 28 de outubro de 2012, que garantem a unidade e a continuidade do Plano de Carreira e Cargos de Magistério Federal. Para pôr em prática o direito, basta que seja apresentado um requerimento na Unidade onde será lotado. Agora, por exemplo, um Adjunto 4 da UFMG que faça concurso para a UFRJ não precisará mais permanecer como Adjunto-A, seguindo uma interpretação errada da legislação.

De acordo com o parecer relatado pelo presidente da Comissão de Legislação e Normas (CLN) do Consuni, Segen Estefen, que recebeu acréscimos da Maria Malta (integrante da Comissão de Ensino e Títulos), “um professor que já pertence à carreira do magistério superior não pode ter sua contribuição ao Estado brasileiro e ao ensino público federal desconsiderada pela simples alteração da instituição em que exerce o seu trabalho”. A proposta foi aprovada sem manifestações contrárias.

A Adufrj-SSind acompanhou esta luta de perto e trabalhou, via setor jurídico, na construção da decisão tomada, realizando reuniões com a pró-reitoria de Pessoal (PR-4) para obter este entendimento normativo favorável à categoria. Para Ana Luisa, advogada da Seção Sindical, a decisão do Consuni atende a uma reivindicação já antiga: “Nossa interpretação é que a lei nunca restringiu este direito (de reposicionamento), pois a carreira é única”, afirmou. Ela orienta os professores que ainda não tenham conseguido este reposicionamento para reformular seus pedidos à Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), diante da resolução aprovada dia 11.

Enfim, assistência

Embora não tenham conseguido uma sessão exclusiva para tratar do tema da assistência estudantil, a bancada discente ao menos conseguiu debater o assunto no dia 11. A proposta era manifestar-se contra a redução (na prática) das bolsas estudantis, o compromisso com um bandejão para os estudantes das unidades acadêmicas localizadas no centro do Rio e, ao menos, uma política de alimentação transitória para Xerém.  

Roberto Leher (representante dos Titulares do CFCH) destacou que assistência estudantil é tema central a ser considerado na apreciação do orçamento para o próximo ano. O docente lembrou que, desde o início dos anos de 1990, o Banco Mundial orienta os governos da América Latina para reformas do ensino superior que alcancem a seguinte fórmula de financiamento: um terço via cobrança de mensalidades, um terço por captação de recursos via prestação de serviços e um terço patrocinado pelo Estado. Segundo criticou, nesta contabilidade, a assistência estudantil simplesmente não cabe, pois os estudantes devem ser “clientes”.

Já a decana do CFCH, Lilia Pougy, reivindicou um debate sobre assistência estudantil que “acompanhe uma política acadêmica”.  Inclusive no que se refere à moradia. Em sua visão, a Comissão do Consuni sobre o tema deve ampliar o diálogo com as unidades, “revitalizando as propostas” para “orientações menos burocráticas”. Assim como o representante dos pós-graduandos, Gabriel Zelesco, a decana defendeu a inclusão dos já graduados nos bandejões, por exemplo. 

A representante discente Taís Lara Barbas observou que a UFRJ, embora pública, apresenta custos elevados demais para um grande número de estudantes. E alertou para a relação entre a fragilidade da política de assistência e um possível aumento da evasão.

Com poucas manifestações de conselheiros, o reitor encaminhou a postergação da discussão dos pontos, em conjunto com o debate sobre orçamento de 2015, que ficou para a sessão extraordinária do dia 18. 

S.O.S. Faculdade de Educação

Roberto Leher também manifestou-se em socorro da Faculdade de Educação: “A despeito de todos os esforços dos professores, estudantes e técnicos-administrativos para assegurar a qualidade de um setor estratégico para formação de professores e para cumprir nosso papel social, estamos chegando ao final 2014 em uma situação melancólica”. O conselheiro relatou um quadro “dramático”, com deficiências de infraestrutura elementares, como falta de fornecimento de água e acesso à internet.

“Quando discutimos o Plano Diretor, enfatizamos que este deveria atentar para um projeto institucional acadêmico. Aceitamos (Faculdade de Educação) a mudança para o Fundão com previsão de prédio para 2011 e 2012. E agora estamos entrando em 2015 em uma situação absolutamente provisória”, afirmou.

 

Leopoldo de Meis homenageado

Leopoldo de Meis, um dos fundadores do Instituto de Bioquímica Médica, foi homenageado pelo colegiado (foto) com um minuto de silêncio. O professor Titular e emérito faleceu no domingo, dia 7, de causas naturais. O Consuni aprovou uma moção de pesar: “Por sua enorme contribuição acadêmica e compromisso com a inclusão”, disse o reitor Carlos Levi, “nos será sempre fonte de inspiração”.  “Sua perda deixa nossa universidade menor. No entanto, seu legado o manterá vivo na memória”, completou.

 

Ciência para crianças ganha apoio 

Os conselheiros foram surpreendidos por uma manifestação diferente: mais de dez crianças e seus responsáveis participaram da reunião do dia 11. O motivo foi buscar apoio para o projeto de extensão da UFRJ, Clube dos Descobridores, localizado na Casa da Ciência. A turma quer a manutenção do projeto que atende aos filhos da comunidade da Praia Vermelha e seu entorno, propiciando um contato inicial com a Ciência (conforme noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj).

De acordo com uma das mães, Lilian Barbosa, a mobilização já conseguiu mais de 200 assinaturas. O reitor Carlos Levi elogiou a “simpática manifestação”, afirmando ser impossível não se sensibilizar com a causa. “Como não se derreter com as crianças?”, disse. O conselho aprovou uma moção de apoio “à demanda apresentada pelos responsáveis e crianças”, pela manutenção do projeto.

DSC0237Menina do Projeto “Clube dos Descobridores” cumprimenta vice-reitor Antônio Ledo, observada pelo reitor Carlos Levi. Foto: Marco Fernandes - 11/12/2014

Nos 50 anos do golpe de 64, juiz emite ordem de prisão para ativistas que participaram de um protesto

Defesa pediu habeas corpus para os acusados

Samantha Su. Estagiária e Redação

Elisa Quadros (conhecida como “Sininho”), Karlayne Moraes (“Moa”) e Igor Mendes fazem parte de um grupo muito especial de 23 pessoas: acusados de prática de atos violentos em protestos, foram acusados de formação de quadrilha. Em 12 de julho, véspera da final da Copa do Mundo no Brasil, foram presos preventivamente. E, desde agosto, quando liberados por um habeas corpus, estão impedidos de sair do país e de participar de qualquer outra manifestação. 

O pior dos cenários confirmou-se no último dia 3, quando o juiz Flavio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, emitiu nova ordem de prisão para os três — Igor Mendes já está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó. Elisa e Karlayne ainda não foram encontradas. Em 15 de outubro de 2014, eles teriam descumprido a medida cautelar do habeas corpus e participado de uma atividade cultural em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia. A atividade relembrava e repudiava a agressão aos educadores pela polícia militar no ano anterior.

Penalidade desproporcional

O Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH), junto da defesa dos indiciados, entrou com novo pedido de habeas corpus junto ao Ministério Público e à Procuradoria de Justiça. A justificativa é baseada em três aspectos: o primeiro considera a prisão desproporcional, visto que a pena máxima para os réus, caso condenados no processo, é de quatro anos e meio em regime semi-aberto: “Pedir a prisão preventiva deles agora, sendo que, mesmo depois do julgamento, eles não seriam submetidos à pena privativa, é uma medida desproporcional”, afirma Lucas Sada (IDDH). 

Além disso, a declaração do juiz de que o descumprimento da medida cautelar provocaria um risco à ordem pública é controversa. Segundo o IDDH, não há indícios que a manifestação da Cinelândia, em outubro, tenha causado danos à ordem, nem ao patrimônio. Por último, a defesa alega que poderia ter sido determinada outra medida, no lugar da prisão preventiva: “Há uma série de alternativas que poderiam ter sido usadas em razão do descumprimento da cautelar, como o recolhimento noturno ou a prestação de serviços”, conta Sada. 

Julgamento dos 23 réus começa neste dia 16

A primeira audiência do caso vai ocorrer neste dia 16 para serem ouvidas as testemunhas de acusação. Em janeiro, começará a audiência das testemunhas de defesa e os depoimentos dos réus.  

 

Absurdo em cima de absurdo

rafaelbragavieira-preso-protestos-rio-terra-1Rafael Braga. Foto: InternetÚnico condenado das manifestações de junho de 2013 sofre com nova arbitrariedade

Rafael Braga Vieira está preso no Instituto Penal Francisco Spargoli Rocha, em Niterói (RJ), por um motivo absurdo: em 20 de junho de 2013, no auge das manifestações populares, foi detido sob a acusação de porte de material explosivo (na verdade, uma garrafa de água sanitária e um desinfetante). Até mesmo a perícia afirmou que o material apreendido “possuía mínima aptidão/ínfima possibilidade para funcionar como coquetel molotov”.

Mais recentemente, um novo absurdo abateu-se sobre o ex-morador de rua que, em regime semi-aberto, trabalha num escritório de advocacia durante o dia e precisa voltar à prisão até 20h. Ao retornar ao presídio, dentro desta rotina, apenas por ter sido fotografado ao lado de um muro onde se lia “Você só olha da esquerda para a direita; o Estado te esmaga de cima para baixo”, foi obrigado a ficar na solitária, sem direito à saída. Foi a penalidade aplicada pela direção do instituto, que teve acesso à postagem da imagem nas redes sociais, a um alegado “desvio de conduta”.

Para o Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH), que presta assessoria jurídica a Rafael, a medida exemplifica a inconsistência do significado de “desvio de conduta” para a unidade prisional, violando o direito humano de livre expressão. O IDDH recorreu para retirar o registro de mau comportamento da ficha do detento: “É importante reconhecer que uma medida autoritária como essa não pode passar despercebida. Ele cumpriu a sanção, mas pedimos para ser retirada”, conta Thiago Mello (advogado do IDDH). 

Recursos contra a condenação

Também foram encaminhados recursos aos tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) contra a condenação em primeira instância. O julgamento ainda não têm data prevista. 

Segundo Thiago, Rafael está na expectativa de ser liberado e continuar a trabalhar. Caso consiga a absolvição, o IDDH pensa em entrar com uma ação de reparação do Estado a Rafael. Até hoje, o rapaz, negro e pobre, foi o único condenado no contexto das manifestações de junho de 2013. (Samantha Su)

Consuni garante que docentes vindos de outras Ifes sejam reposicionados na classe e nível onde já estavam anteriormente. Assessoria jurídica da Adufrj-SSind acompanhou de perto esta decisão da universidade

Decisão foi tomada na sessão do último dia 11

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O docente admitido na UFRJ por meio de concurso público, quando já for docente de outra instituição federal de ensino superior, será reposicionado na classe e no nível em que se encontrava anteriormente. É o que garante a mais nova resolução aprovada no Conselho Universitário do dia 11.

A definição tem por base os artigos 1º e 6º da Lei 12.772, de 28 de outubro de 2012, que garantem a unidade e a continuidade do Plano de Carreira e Cargos de Magistério Federal. Para pôr em prática o direito, basta que seja apresentado um requerimento na Unidade onde será lotado. Agora, por exemplo, um Adjunto 4 da UFMG que faça concurso para a UFRJ não precisará mais permanecer como Adjunto-A, seguindo uma interpretação errada da legislação.

De acordo com o parecer relatado pelo presidente da Comissão de Legislação e Normas (CLN) do Consuni, Segen Estefen, que recebeu acréscimos da Maria Malta (integrante da Comissão de Ensino e Títulos), “um professor que já pertence à carreira do magistério superior não pode ter sua contribuição ao Estado brasileiro e ao ensino público federal desconsiderada pela simples alteração da instituição em que exerce o seu trabalho”. A proposta foi aprovada sem manifestações contrárias.

A Adufrj-SSind acompanhou esta luta de perto e trabalhou, via setor jurídico, na construção da decisão tomada, realizando reuniões com a pró-reitoria de Pessoal (PR-4) para obter este entendimento normativo favorável à categoria. Para Ana Luisa, advogada da Seção Sindical, a decisão do Consuni atende a uma reivindicação já antiga: “Nossa interpretação é que a lei nunca restringiu este direito (de reposicionamento), pois a carreira é única”, afirmou. Ela orienta os professores que ainda não tenham conseguido este reposicionamento para reformular seus pedidos à Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), diante da resolução aprovada dia 11.

Enfim, assistência

Embora não tenham conseguido uma sessão exclusiva para tratar do tema da assistência estudantil, a bancada discente ao menos conseguiu debater o assunto no dia 11. A proposta era manifestar-se contra a redução (na prática) das bolsas estudantis, o compromisso com um bandejão para os estudantes das unidades acadêmicas localizadas no centro do Rio e, ao menos, uma política de alimentação transitória para Xerém.  

Roberto Leher (representante dos Titulares do CFCH) destacou que assistência estudantil é tema central a ser considerado na apreciação do orçamento para o próximo ano. O docente lembrou que, desde o início dos anos de 1990, o Banco Mundial orienta os governos da América Latina para reformas do ensino superior que alcancem a seguinte fórmula de financiamento: um terço via cobrança de mensalidades, um terço por captação de recursos via prestação de serviços e um terço patrocinado pelo Estado. Segundo criticou, nesta contabilidade, a assistência estudantil simplesmente não cabe, pois os estudantes devem ser “clientes”.

Já a decana do CFCH, Lilia Pougy, reivindicou um debate sobre assistência estudantil que “acompanhe uma política acadêmica”.  Inclusive no que se refere à moradia. Em sua visão, a Comissão do Consuni sobre o tema deve ampliar o diálogo com as unidades, “revitalizando as propostas” para “orientações menos burocráticas”. Assim como o representante dos pós-graduandos, Gabriel Zelesco, a decana defendeu a inclusão dos já graduados nos bandejões, por exemplo. 

A representante discente Taís Lara Barbas observou que a UFRJ, embora pública, apresenta custos elevados demais para um grande número de estudantes. E alertou para a relação entre a fragilidade da política de assistência e um possível aumento da evasão.

Com poucas manifestações de conselheiros, o reitor encaminhou a postergação da discussão dos pontos, em conjunto com o debate sobre orçamento de 2015, que ficou para a sessão extraordinária do dia 18. 

S.O.S. Faculdade de Educação

Roberto Leher também manifestou-se em socorro da Faculdade de Educação: “A despeito de todos os esforços dos professores, estudantes e técnicos-administrativos para assegurar a qualidade de um setor estratégico para formação de professores e para cumprir nosso papel social, estamos chegando ao final 2014 em uma situação melancólica”. O conselheiro relatou um quadro “dramático”, com deficiências de infraestrutura elementares, como falta de fornecimento de água e acesso à internet.

“Quando discutimos o Plano Diretor, enfatizamos que este deveria atentar para um projeto institucional acadêmico. Aceitamos (Faculdade de Educação) a mudança para o Fundão com previsão de prédio para 2011 e 2012. E agora estamos entrando em 2015 em uma situação absolutamente provisória”, afirmou.

 

Leopoldo de Meis homenageado

Leopoldo de Meis, um dos fundadores do Instituto de Bioquímica Médica, foi homenageado pelo colegiado (foto) com um minuto de silêncio. O professor Titular e emérito faleceu no domingo, dia 7, de causas naturais. O Consuni aprovou uma moção de pesar: “Por sua enorme contribuição acadêmica e compromisso com a inclusão”, disse o reitor Carlos Levi, “nos será sempre fonte de inspiração”.  “Sua perda deixa nossa universidade menor. No entanto, seu legado o manterá vivo na memória”, completou.

 

Ciência para crianças ganha apoio 

Os conselheiros foram surpreendidos por uma manifestação diferente: mais de dez crianças e seus responsáveis participaram da reunião do dia 11. O motivo foi buscar apoio para o projeto de extensão da UFRJ, Clube dos Descobridores, localizado na Casa da Ciência. A turma quer a manutenção do projeto que atende aos filhos da comunidade da Praia Vermelha e seu entorno, propiciando um contato inicial com a Ciência (conforme noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj).

De acordo com uma das mães, Lilian Barbosa, a mobilização já conseguiu mais de 200 assinaturas. O reitor Carlos Levi elogiou a “simpática manifestação”, afirmando ser impossível não se sensibilizar com a causa. “Como não se derreter com as crianças?”, disse. O conselho aprovou uma moção de apoio “à demanda apresentada pelos responsáveis e crianças”, pela manutenção do projeto.

DSC0237Menina do Projeto “Clube dos Descobridores” cumprimenta vice-reitor Antônio Ledo, observada pelo reitor Carlos Levi. Foto: Marco Fernandes - 11/12/2014

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