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Foto: João LaetA comunidade científica está mobilizada contra o aparelhamento político da gestão da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Há uma semana, vazou a notícia que o governador Cláudio Castro exoneraria o atual presidente da instituição, o professor Jerson Lima Silva. O cargo, que já foi ocupado por nomes como Darcy Ribeiro, Edmundo Moniz de Aragão, entre outros renomados pesquisadores, agora está prestes a ser leiloado a alas negacionistas do PL.
A reação foi imediata. Na própria quinta-feira (25), dia do vazamento da informação, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) convocou uma reunião emergencial para discutir o assunto. O chamado foi atendido por 300 cientistas. “Queremos é proteger a Faperj e evitar a crise que está se avizinhando”, explicou a professora Lígia Bahia, representante da SBPC no Rio. “A Faperj deve ser ocupada pela comunidade científica. Não podemos estragar um trabalho tão bem-sucedido”.
No dia seguinte (26), centenas de representantes da comunidade científica realizaram um abraço simbólico à Fundação. Eles fecharam o quarteirão entre as ruas Erasmo Braga, São José e Av. Antônio Carlos. “Jerson Lima Silva é absolutamente competente, tem vasta experiência na Faperj, passou por diferentes governos”, argumentou o professor Antonio Solé, vice-presidente da AdUFRJ. “Ele está testado e é aprovado pela comunidade científica do estado”, defendeu.
“Jerson é competente e tem compromisso com a comunidade científica”, explicou o professor João Torres, pró-reitor de pesquisa da UFRJ. “Ele é um pesquisador de renome, amplamento reconhecido e respeitado.Foto: Silvana Sá
À frente da Fundação desde 2019, Lima Silva é professor do Instituto de Bioquímica médica da UFRJ, pesquisador 1A do CNPq com mais de 240 artigos publicados em periódicos internacionais, 12.450 citações e 38 orientações de teses de doutorado. Ele passou por diferentes funções na Faperj, desde 2003.
COTADOS
O primeiro nome ventilado para assumir a vaga do professor Jerson foi o do bolsonarista Alexandre Valle, candidato derrotado do PL nas eleições de Itaguaí. Sem ensino superior, sua indicação foi rejeitada até pelo setor de compliance do Governo do Estado. Valle é do mesmo partido do atual secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes, nome de confiança da família Bolsonaro. Era dele o projeto de lei estadual para extinção da Uerj. O projeto foi engavetado.
A segunda indicação, também rejeitada pelo compliance do gabinete do governador, foi a da atual presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), Caroline Alves da Costa. Formada em Pedagogia e em Odontologia, Caroline já foi vice-presidente de Educação a Distância da Fundação Cecierj, onde também foi chefe de gabinete. Segundo o subsecretário Victor Travancas, a ausência de título de doutorado desqualificaria a indicação.
A comunidade científica, no entanto, defende que o doutorado não é requisito suficiente, dada a importância da função. “É claro que há cargos que devem ser preenchidos por critérios políticos, mas há outros que devem seguir critérios técnicos, republicanos. É o caso da presidência da Faperj”, defendeu a vereadora eleita Tatiana Roque (PSB). A fala ocorreu em novo ato convocado pela AdUFRJ, SBPC, Academia Brasileira de Ciências e Associação Nacional de Pós-Graduandos, no dia 29 de outubro.“É preciso que a Faperj seja ocupada por um nome consensuado com a comunidade científica. Esse nome é o do Jerson”, afirmou.
Na reunião, a vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj, a deputada Dani Balbi (PCdoB), contou que conversou com o governador sobre a possível troca na Faperj. “Tivemos uma conversa longa. Ele me garantiu que não iria nomear os atuais cotados, mas disse que entende que essa é uma prerrogativa do secretário de Ciência e Tecnologia”.
Para Mayra Goulart, presidente da AdUFRJ, defender a Faperj é defender a produção científica. “Nós ensinamos aquilo que produzimos. Não ter financiamento é fazer cessar a pesquisa”.
O reitor da UFF, Antônio Nóbrega, também defendeu a permanência de Jerson. Em nome do fórum de reitores, Nóbrega atribuiu ao professor Jerson a solidez da pesquisa realizada nas instituições públicas do estado nos últimos anos. “Nossas instituições continuam vibrantes e colaborando para mitigar a tragédia do estado do Rio de Janeiro muito em função do perfil do professor Jerson”, disse. “Precisamos defender a Faperj e a população do nosso estado”.
Na próxima sexta-feira, 1º de novembro, haverá uma audiência pública na Alerj, convocada pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa. A reunião acontece às 10h e será feita em parceria com a AdUFRJ, a ANPG e as entidades científicas SBPC e ABC. “A comunidade científica tem nomes qualificados para assumir cargos e pastas. Estamos buscando uma audiência com o governador para tratar do assunto”, contou a presidente da comissão, deputada ElikaTakimoto (PT). Na audiência de sexta são esperados o governador Cláudio Castro e o secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes.
A troca do comando da Faperj não foi publicada no Diário Oficial do Estado até o fechamento desta edição. A reportagem procurou a Secretaria de Ciência e Tecnologia e o gabinete do governador para comentar a crise, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
ANA BEATRIZ MAGNO
ANDRÉ HIPPERTT
KELVIN MELO
NEDIR DO ESPIRITO SANTO
Serve para servir.
Servir ao cidadão,
ao Brasil e a um
mundo melhor
Não há mundos melhores sem servidores públicos, sem servidores do povo, como traduz a etimologia desta tão surrada e necessária palavra – público.
Temos muito orgulho do que somos e também de onde estamos. Estamos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a maior universidade federal do país, castigada pelos problemas que todos conhecemos, mas enraizada no compromisso com a ciência e a cultura.
Se servir ao povo é o nosso dever de ofício, servir ao conhecimento é nossa alegria diária na universidade. Aqui, professores e técnicos estão amalgamados na produção de saberes e na gestão do fascinante espaço dos campi. Estamos nas salas de aulas, nos escritórios, nos laboratórios, nas ruas e nas praças.
Na UFRJ, somos 13 mil servidores públicos na ativa, sendo 9.033 técnicos e 4.765 docentes. Ao lado dos estudantes, dedicamos nossas vidas a construir uma universidade pública, gratuita e de qualidade. E é por ela, para ela e nela que apresentamos a exposição Servidores da Sociedade.
Aqui, mostramos nosso cotidiano e nosso compromisso com o futuro. Preparar esta exposição foi uma aventura compartilhada entre a AdUFRJ e a comunidade acadêmica. As fotografias são da mais variada autoria; muitas da equipe de comunicação da AdUFRJ, mas boa parte foi feita por professores e técnicos engajados em registrar momentos representativos de suas jornadas de trabalho.
É uma honra para a AdUFRJ organizar esta exposição. Foram dois meses de intensa produção coletiva. Desejamos percorrer várias unidades e esperamos contribuições para futuras edições. Nosso propósito é mostrar que a UFRJ é construída por dedicados professores e técnicos, servidores de uma utopia de país, de um país que respeita o público e que está comprometida com a universidade pública, gratuita e de qualidade.
A curadoria da exposição é da professora Nedir do Espirito Santo, vice-presidenta da AdUFRJ.
A direção artística é do designer André Hippertt.
As fotografias são dos acervos da AdUFRJ e dos Centros e unidades acadêmicas que, gentilmente, atenderam ao chamado do sindicato e cederam imagens.
Os textos são dos jornalistas Ana Beatriz Magno, Alexandre Medeiros, Kelvin Melo, Silvana Sá e Renan Fernandes, todos integrantes da equipe
de comunicação da AdUFRJ.
A produção do evento é de Meriane Paula e a administração de Deborah Trigueiro. Alex Silva, Beline Viana e Marcelo Brasil fazem o apoio técnico e administrativo.
A arquiteta Gabriela Olivia Moncada é a responsável pela montagem.
As fotografias expostas estão divididas da seguinte forma:
• Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas
• Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza
• Centro de Ciências da Saúde
• Centro de Filosofia e Ciências Humanas
• Centro de Tecnologia, incluindo o Parque Tecnológico
• Centro de Letras e Artes
• Nupem e Centro Multidisciplinar de Macaé
• Campus de Caxias
• Fórum de Ciência e Cultura
• AdUFRJ
A AdUFRJ tem
orgulho
de servir aos
servidores.
Somos a maior associação de professores das universidades federais. Temos quase 4 mil sindicalizados e um compromisso profundo com a valorização do trabalho docente e o respeito à universidade pública. Nascemos em 1979 na luta contra ditadura no Brasil e jamais nos desvinculamos dos compromissos democráticos, tema essencial para a livre produção do conhecimento científico e cultural. Firme com estas bandeiras que ligam instituição e educadores, o sindicato atravessou 45 anos de história. Foram centenas de atos, palestras, reuniões, assembleias e confraternizações. Nesta exposição, apresentamos um pouco dos 45 anos de nossa história e mostramos em imagens porque nos orgulhamos de servir aos servidores da sociedade.