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02aWEB menor1142Um pequeno balanço sobre os desafios para quem trabalha na universidade, no contexto da crise sanitária da Covid-19, foi promovido pelo Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (NUBEA) na quarta-feira, 19. A mesa ‘Trabalho em tempos de pandemia e as atividades universitárias’ contou com os três sindicatos da UFRJ – AdUFRJ, Sintufrj e Attufrj para uma troca de ideias. E acabou revelando um panorama geral, e desigual, das novas condições de trabalho na universidade frente à pandemia.
 “Estamos enfrentando uma pandemia com um governo que coloca granadas em nossos bolsos e que apresenta a universidade para a sociedade como uma inimiga, como o grande problema do país”, avaliou Eleonora Ziller, presidente da associação docente. “E ainda estamos discutindo uma proposta que é colocar esse PLE (período letivo excepcional) em pé, com atividades letivas sem intervalo para chegar sem atraso ao calendário SISU (Sistema de Seleção Unificada)”.
A presidente da AdUFRJ falou sobre a sobrecarga de tarefas dos docentes no ensino, na pesquisa, na extensão e à frente das funções administrativas. “O compromisso dos professores com os alunos, os laboratórios e todas as dimensões da universidade é enorme”, afirmou, “mas há também uma ponderação sobre até que ponto os professores poderão se sacrificar em nome do histórico de excelência da universidade”.
Eleonora defendeu a articulação entre os segmentos para a garantia de redes de proteção compatíveis com as demandas criadas pelo novo cenário pandêmico. E citou, como exemplo, o espaço criado, em maio, por estudantes, servidores e terceirizados: o Fórum de Mobilização e Ação Solidária (Formas).
Damires França, do Sintufrj, destacou o aumento da carga horária sem limite e do custo doméstico. “Os técnicos online acabam ficando disponíveis full time, inclusive nos finais de semana. Boa parte teve que comprar equipamento e aumentar a internet de casa para poder trabalhar”.
Damires falou ainda do impacto do trabalho remoto sobre a saúde física e mental: “As mulheres estão especialmente sobrecarregadas com os cuidados com filhos e pais”. E sublinhou que o isolamento “desmobiliza a luta coletiva” e “favorece o assédio moral”.
Ponta mais frágil da universidade, os terceirizados registraram um retrocesso nas relações trabalhistas. “Tudo online ficou muito mais difícil para nós”, avaliou Waldinéa Nascimento. A representante da Attufrj listou problemas para pagamentos em geral, como auxílios de alimentação e de transporte, e a agudização do assédio. A terceirizada também reafirmou a importância da articulação entre as associações. “As pessoas não têm noção do que os terceirizados estão passando”.

02WEB menor1142A política institucional brasileira para a cultura pode ser resumida em duas frentes nos dias atuais: estrangulamento financeiro para o grosso da obra e aparelhamento político para o que sobrar de pé. O cenário nada animador para o setor movimentou o encontro virtual da AdUFRJ, #Tamojunto, da sexta-feira (14). O debate, estimulado pela professora Titular da Faculdade de Letras, Beatriz Resende, deu especial atenção ao desmonte da Casa de Rui Barbosa.
“A Casa é um lugar símbolo da preservação da história e do pensamento livre, crítico e criativo”, opinou a presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller. “Seu acervo, documentos e biblioteca compõem um patrimônio cultural valioso para o país e, em especial, para o Rio de Janeiro. Nela, estão reunidos importantíssimos escritores e pensadores da tradição brasileira”.
O título do debate foi “Cultura como caso de Polícia”, tema que também serviu de mote para reflexão de um artigo publicado pela docente, na Folha de São Paulo, dias antes (12). Nos dois momentos, Beatriz Resende questionou a nomeação, nada técnica, do capitão da Polícia Militar baiana, André Porciúncula Esteves, como secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura. “Para calar a cultura não é preciso censura, basta cortar verbas. O cara da grana hoje é nada menos que um policial”, criticou.
A lista de sufocamento foi longa. Cinema, companhias de dança, teatro, orquestras, artes plástica penam à míngua, sem qualquer política de incentivo, mesmo diante da pandemia. Editoras e livrarias igualmente ignoradas e à beira da falência. E finalmente os museus: literalmente às traças. “Talvez seja o setor mais grave, porque a perda de acervo é algo que muitas vezes não pode ser reparado”, lamentou a ex-coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Para a docente, a cultura é vítima de uma estratégia silenciosa de desmonte. “Depois dos escândalos com Roberto Alvim encenando Goebbels, ofendendo Fernanda Montenegro e das barulhentas gafes da Regina Duarte, agora temos esse desgaste silencioso com um secretário ex-galã de ‘Malhação’, Mário Frias”, argumentou. “É uma tônica que temos observado em outras áreas, como a Saúde. Se não tem ministro, não tem pandemia”, comparou.

03aWEB menor1141O fim da primeira etapa de inscrições no período letivo excepcional revelou números surpreendentes. Foram ofertadas 4.066 disciplinas em 6.184 turmas de graduação da universidade. Elas corresponderam a 237.450 vagas disponibilizadas em toda a universidade. O número de de inscrições em disciplinas foi de 195.189, o que corresponde a 82,2% do total de vagas. Os dados, ainda preliminares, foram divulgados pela reitora Denise Pires de Carvalho, no Conselho Universitário, dia 13.
“No geral, há mais vagas do que inscrições no nosso PLE. Os problemas que foram identificados aconteceram em cursos e disciplinas pontuais. Sobre esses dados é que vamos nos debruçar para resolver da melhor forma possível”, afirmou a reitora. A professora Denise informou que a administração central vai apresentar relatórios sobre a adesão e as dificuldades do processo nos próximos dias, mas se monstrou otimista com os números. “Nos deixaram mais tranquilos. Isso mostra o vigor da UFRJ”, afirmou.
O alívio tem uma razão: na última semana as representações estudantis reclamaram seguidas vezes nos colegiados da universidade da oferta escassa de vagas em disciplinas oferecidas no PLE. Os dados preliminares, no entanto, mostraram que o número maior de procura não era algo gerado pelo período letivo excepcional, mas se repetia também em períodos regulares. “É uma questão histórica em algumas disciplinas e em algumas unidades”, argumentou a reitora.
Para se ter uma ideia, a disciplina mais procurada na primeira fase das inscrições teve 1.555 inscritos para 1.410 vagas ofertadas. A segunda com maior procura ofereceu 552 vagas e recebeu 993 inscritos. “Não dá para dizer que as unidades não ofertaram vagas. Agora com o novo prazo de inscrições, esperamos que mais estudantes sejam atendidos. Eles têm alta demanda por estudar”, afirmou Denise.


NÚMEROS

4.066
disciplinas
ofertadas

6.184
turmas

237.450
vagas

195.189
inscrições

82%
de vagas
ocupadas

07bWEB menor1141O campus Duque de Caxias Professor Geraldo Cidade acaba de comemorar 12 anos de fundação com mais autonomia. “Há dez anos, a gente vinha lutando pra ser unidade gestora, pois ainda tínhamos o nosso orçamento executado via Instituto de Biofísica. Agora, tivemos o nosso CNPJ criado e autorizado pelo Ministério da Economia, exatamente no dia 6 de agosto”, disse a professora Juliany Rodrigues, diretora geral do campus. A notícia se tornou o presente de aniversário da comunidade, por coincidir com a data de inauguração das novas instalações, em 6 de agosto, no bairro de Santa Cruz da Serra.
O papel social desempenhado na Baixada Fluminense pela universidade tem sido uma das grandes marcas do local nesses 12 anos, de acordo com a diretora. “Quase 90% dos nossos estudantes são os primeiros membros das suas famílias a cursar o ensino superior, e 80% deles vêm de escola pública”, ressaltou.
Outra característica é a intensa participação. Juliany destacou a criação do canal no youtube do campus durante a pandemia. “O ‘Caxias é Live’ tem sido quase que uma festa e um encontro semanal da comunidade”, lembrou. A adesão ao ensino remoto por parte dos cursos também foi comemorada pela professora. “A gente vai ter 100% dos professores oferecendo disciplinas no PLE, e com muitas das turmas lotadas”, completou.
Juliany acredita que a região tem a necessidade e o potencial de abrigar um complexo científico. A docente aponta a proximidade com muitas empresas instaladas na Baixada como um elemento favorável à criação dessa iniciativa. “Hoje eu olho para a UFRJ no campus de Duque de Caxias e não vejo muito a minha geração, mas vejo os próximos que virão. E eu quero que eles se orgulhem de dizer que a UFRJ atua na Baixada Fluminense”, finalizou.

HISTÓRIA
Criado em 2008 como “Polo Xerém”, a partir de uma articulação entre UFRJ, Inmetro, governo do estado do Rio de Janeiro e a prefeitura de Duque de Caxias, o campus recebeu em 2015 o seu nome atual, após o falecimento do seu primeiro coordenador geral, o professor Geraldo Cidade. As novas instalações do campus, em Santa Cruz da Serra, foram cedidas pela prefeitura e inauguradas em 2018.
Parte do importante processo de interiorização da universidade, o local abriga três cursos de graduação, quatro de pós, e um corpo social de 850 pessoas, entre estudantes, docentes, técnicos e terceirizados.

02WEB menor1141“Quando eu filmo um ancião mais velho, é um saber ancestral que estou guardando”, afirmou o cineasta indígena e professor da UFF, Alberto Alvares Guarani, na última sessão do CineAdUFRJ, promovido pelo sindicato e pelo Grupo de Educação Multimídia da Faculdade de Letras. Na atividade do dia 12, que encerrou a série “Racismo e Democracia”, as questões relativas às culturas e às línguas dos povos indígenas do Brasil foram destacadas. Para a pesquisadora indígena Márcia Kaingang, doutora em Linguística pela UFRJ, o audiovisual é uma ferramenta muito necessária à preservação dos saberes de cada tribo. “Porque traz ali a língua falada, não só escrita. A estrutura linguística pode ser acessada num video”, explicou. Atualmente, informou, há um movimento de indígenas mais jovens que se interessam pela retomada da língua, como os da tribo Pataxó, que buscam gravações para estudar como falavam seus ancestrais.

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