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WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 6ASCOM NUCLEAREstudantes e professoras do Programa de Engenharia Nuclear (PEN) da Coppe contam desde maio com o primeiro espaço da UFRJ voltado ao cuidado de crianças pequenas. É o Núcleo de Apoio Parental (NAP). A sigla não é por acaso. Nap é a tradução de “soneca” ou “cochilo”, em inglês. O local funciona na sala G-200, no Centro de Tecnologia, e se tornou realidade graças à delicadeza e ao importante apoio da professora Inayá Lima, coordenadora do PEN.
“Depois da pandemia tivemos um boom de alunas grávidas na pós-graduação e elas me pediram que houvesse um espaço para que elas pudessem amamentar, enquanto realizam suas atividades na universidade”, explica a docente. “Eu me sensibilizei e então montamos o espaço. Tudo que temos são doações minhas, das estudantes, de professores”, conta. “Aqui temos água, temos geladeira onde é possível armazenar leite e outros alimentos para as crianças, trocador, pomadas, berço, poltrona para amamentação”, diz a professora, enquanto apresenta, orgulhosa, o espaço à reportagem.
É a primeira iniciativa da Coppe voltada ao cuidado parental. “Temos cinco mães na pós-graduação utilizando o espaço. As próprias alunas limpam, ajudam na manutenção”, explica a docente. A preocupação com a saúde física e mental das crianças também pesou para a escolha do local. “Nesta sala, as janelas podem ser abertas para maior ventilação, caso haja muitas crianças num determinado horário, e porque é voltada para a área verde”, diz. “É importante que elas tenham essa vista do jardim”.
A professora aposta na ampliação do espaço e, futuramente, na interação com outros cursos, inclusive da graduação. “Fico emocionada com essa realização. É um legado que vai ficar para outras gestões e poderá ser ampliado para a graduação também”, avalia. “Quem sabe para outros cursos da universidade?”, sugere a docente.
Uma das alunas que solicitou apoio da professora Inayá e ajudou a montar a empreitada foi a doutoranda Thaís Hauradour. Ela saiu de Manaus para o Rio de Janeiro no início de 2020 junto com o companheiro, também doutorando do PEN, quando foram aprovados para o mestrado. Eles não possuem rede de apoio na cidade. Os dois se revezam no cuidado da filha em casa e na universidade. Para Thaís, o espaço fez total diferença no seu dia a dia.
“Quando cheguei aqui na UFRJ, fiquei um pouco assustada, pois a universidade não tem estrutura para receber mães. Não há trocador nos banheiros, por exemplo”, relata a jovem pesquisadora. “Quando fiquei grávida, essa falta de apoio ficou mais aguda. Várias vezes a gente trocou a minha filha bebê em pé, no corredor, num banquinho improvisado”, lembra. A filha, agora com um ano e meio, pode aproveitar o espaço. Ela já mamou muitas vezes, comeu, brincou bastante e tirou bons cochilos, conta a mãe.
Thaís celebra ter feito parte dessa iniciativa. “Foi muito gratificante correr atrás para que esse espaço se tornasse realidade. É um legado; e num programa onde a maioria ainda é formada por homens”, aponta. “É um pequeno espaço, mas é um grande feito na direção do acolhimento”, destaca. “Nós estamos no CT, onde vemos mais homens do que mulheres. Por que isso acontece? Às vezes, é porque falta alguma coisa. Então, este espaço nos mostra que não somos invisíveis”, desabafa. “Queremos que seja expandido para que a universidade receba de braços abertos aquelas mães que não têm rede de apoio”.
Quem também festejou a inauguração do Núcleo de Apoio Parental foi Nathali Ricardo Barbosa de Lima, pós-doutoranda do PEN. Seu bebê de um ano e cinco meses é frequentador do espaço. “Eu achei uma iniciativa ótima, mas queria, na verdade, que ela tivesse acontecido antes”, conta. “Infelizmente, eu só amamentei meu filho até os seus nove meses. Se esse espaço existisse antes, eu provavelmente estaria amamentando até hoje”, lamenta a pesquisadora. “A ausência desse local impactou diretamente na amamentação dele. É uma repercussão para a saúde global do meu filho, inclusive”, observa. “Além disso, se o espaço fosse uma realidade há mais tempo, eu teria conseguido voltar antes para a minha pesquisa”.
Ela usa o NAP nos momentos em que não consegue deixar o bebê com a avó. “Moro em Teresópolis e ainda tenho essa opção de deixar com minha mãe às vezes, mas muita gente não tem qualquer rede de suporte”, observa. “O espaço, então, se faz muito necessário. Se a UFRJ investisse mais nisso, não só para estudantes, mas também para professores, seria muito bom para todos. Hoje sei que posso levar meu filho comigo para algumas atividades que antes não teria muitas vezes nem como participar”, conta. “A comunidade acadêmica precisa se conscientizar sobre o que as mães precisam para seguir suas carreiras. É importante que as pessoas saibam o quanto ainda é necessário avançar nessa área do apoio parental”, conclui.

WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 4RAPIDEZ Diretora do IMA mostra bioplástico de manga recém-produzido e já com sinais de degradação - Fotos: Alexandre MedeirosUma silenciosa revolução está em curso em um cantinho da Ilha do Fundão. É no Instituto de Macromoléculas, um discreto e agradável prédio anexo ao Centro de Tecnologia da UFRJ, que uma equipe de pesquisadores, liderada pela professora Maria Inês Tavares, vem desenvolvendo bioplásticos que associam os mais avançados recursos de nanotecnologia a princípios ativos extraídos de alimentos e temperos como a manga, a abóbora, a linhaça, o alho, o orégano ou o alecrim.
Esses bioplásticos se degradam em poucos dias no meio ambiente e podem, em breve, como indicam os resultados alvissareiros dos testes em laboratório, substituir os tradicionais e poluentes plásticos sintéticos em várias aplicações.
Não se trata de uma só pesquisa, mas de uma linha de pesquisas com polímeros biodegradáveis. A professora Maria Inês Tavares, que é diretora do IMA, conta que o estudo dos princípios bioativos dos alimentos sempre fez parte de seu horizonte acadêmico. “Os princípios bioativos da canela, por exemplo, foram objeto de minha pós-graduação. Criei então uma disciplina na graduação que associa os alimentos funcionais à nanotecnologia, e desenvolvemos aqui no IMA estudos para encapsular os bioativos dos alimentos funcionais para produzir nutracêuticos (suplementos alimentares)”, recorda ela, que é química de formação.
Os estudos se ampliaram com o uso da nanotecnologia para encapsulamento dos princípios bioativos dos alimentos que, em um dos desdobramentos das pesquisas, começaram a ser usados em polímeros para recobrimento de frutas. A proteção se mostrou eficaz para manter a integridade das frutas por mais tempo e proporcionou o amadurecimento natural do produto. “Desenvolvemos um biofilme degradável com bioativos da chia, que está em fase de obtenção de patente”, diz Maria Inês.WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 5ESTUDOS Professora Lizandra pesquisa propriedades do açafrão

NATUREZA AGRADECE
Ao contrário dos plásticos sintéticos, os bioplásticos não deixam resíduos que poluem o meio ambiente, prejudicando a vida nos oceanos e a saúde humana. “O grande problema é a geração de microplástico. Até um rasgo na calça jeans gera microplásticos. Eles estão no ar, na terra e no mar. Os plásticos convencionais, quando se degradam, pela ação da luz, pelo vento, pelo movimento das marés, geram pequenos fragmentos, que são os microplásticos. Os peixes, por exemplo, acabam se alimentando de microplásticos, e nós comemos os peixes e absorvemos essas partículas em nosso organismo. É uma cadeia. Pode gerar um tumor, por exemplo”, alerta a professora Maria Inês.
Ainda são pouco conhecidos os danos que os microplásticos podem causar ao organismo humano. Um estudo publicado no último dia 16 de setembro no Journal of the American Medical Association (Jama) revelou, pela primeira vez, a presença de microplásticos no cérebro humano. Conduzido por pesquisadores da USP, da Universidade Livre de Berlim, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e do Centro Brasileiro de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o estudo analisou 15 cérebros de pessoas mortas que moravam em São Paulo e encontrou nanopartículas de plástico em oito deles. A maior parte dos resíduos é de polipropileno, encontrado em roupas, garrafas PET e embalagens.
Se a degradação dos plásticos sintéticos é lenta, a dos bioplásticos é muito rápida. A diretora do IMA guarda na estante de seu gabinete um dos primeiros bioplásticos produzidos pelos pesquisadores. É possível ver a olho nu os orifícios de desgaste do material. “Esse polímero é biodegradável pela ação de microrganismos. Pode ser descartado numa composteira, e vai levar 180 dias para perder 90% da sua massa. Se for descartado ao léu, vai demorar um pouco mais. Mas com menos de 300 dias ele vai começar a se degradar, vai se fragmentar aos poucos e ficar do tamanho que os microrganismos conseguem se alimentar”, explica ela.
Estima-se que metade de todo o plástico produzido no planeta seja utilizado apenas uma vez e depois descartado no ambiente. Por isso a substituição dos sintéticos pelos bioplásticos pode reduzir a emissão de microplásticos na natureza. “É certo que os polímeros sintéticos seguirão em algumas aplicações, como peças de avião ou de carro, capacetes e equipamentos de segurança. Mas embalagens, por exemplo, podem ser, na maioria, de polímero biodegradável”, enumera a pesquisadora.
As pesquisas com bioplástico do IMA já utilizaram princípios bioativos da abóbora, da chia, da linhaça, do orégano, do alecrim, da manga, do açafrão, do alho, da pata-de-vaca, do inhame e de outros alimentos.
ESTUDOS RECENTES
Ao menos dois artigos recentes tratam dos avanços da linha de pesquisas do IMA. Ambos foram publicados no periódico inglês Journal of Applied Polymer Science (em português, Jornal de Ciência Aplicada de Polímeros). Um deles mostra a sinergia da UFRJ com outras instituições de pesquisa de ponta: foi coordenado pela pesquisadora Edla Maria Bezerra Lima, da Embrapa, com a participação de Maria Inês Tavares na equipe. Ele aborda o uso de sementes de manga na produção de embalagens para alimentos, reduzindo a geração de microplásticos.
O segundo artigo, que foi a matéria de capa da edição de maio do periódico inglês, versa sobre a produção de filmes alimentares para embalagens biodegradáveis. A principal autora do artigo é a professora Lizandra Maurat, também do IMA. “Queremos criar soluções que sejam viáveis, como o reaproveitamento de resíduos. Tenho uma linha de estudo com meus alunos de aproveitamento do talo da couve, que geralmente vai para o lixo. Fazemos a extração de óxidos metálicos, nanopartículas, com rotas amigáveis ambientalmente, para usarmos nas pesquisas de plásticos biodegradáveis”, diz a pesquisadora, que anda encantanda com as possibilidades de bioativos encontrados no açafrão.
Além de Lizandra, o artigo é assinado pelos pesquisadores Paulo Sergio Rangel, Eduardo Miguez, Vinicius Aguiar e Maria Inês Tavares.
A diretora do IMA está muito otimista quanto ao avanço das pesquisas no instituto, mas faz um alerta. De nada adianta obter bons resultados na produção de bioplásticos se não houver avanço na conscientização da sociedade em relação ao consumo. “A primeira coisa a fazer é tentar diminuir a presença de microplásticos no ambiente. O que já está no mar vai ser difícil tirar, mas podemos evitar gerar mais. Estão se formando ilhas de microplástico no mar. As partículas se misturam com os corais, as conchas, a areia, e formam rochas. A natureza está dando conta do que não conseguimos dar”.

WhatsApp Image 2024 10 11 at 15.50.26 4Mauricio Pamplona, Patricia Lustoza e Benjamin SallesO nome é tão simples quanto adequado: sala limpa. Mas por trás dessa simplicidade está um sofisticado laboratório com recursos de última geração capaz de proporcionar ganhos de produtividade e sinergia para diversas linhas de pesquisa em desenvolvimento na UFRJ. O projeto, denominado Fabritek e liderado por professores do Instituto de Física, acaba de ser contemplado com recursos da ordem de R$ 14,5 milhões da Finep no edital para Centros Temáticos 2023, na linha 4 (Defesa), e foi o segundo mais bem colocado na chamada pública, com média final de 4,926 em 5 possíveis — só ficou atrás de um projeto da UFMG, com 4,944.
“Não existe uma infraestrutura dessa natureza na UFRJ. A ideia é montar esse laboratório para que ele receba pesquisadores de diferentes áreas. Estamos no Instituto de Física, mas ele pode servir à Engenharia de Materiais, à Engenharia Elétrica, à Química, entre outros campos. O fato de todos se reunirem numa mesma infraestrutura vai gerar uma sinergia de colaboração muito rica. Será um impulso para todas as linhas de pesquisa, um terreno fértil para a inovação”, acredita a professora Patricia Lustoza (IF), uma das autoras do projeto.

OUTRO PATAMAR
Inicialmente concebido como um centro temático na área de Defesa, o novo laboratório terá como objetivo primordial a fabricação de diversos dispositivos como fotodetectores de infravermelho e células solares usadas em satélites. Já há trabalhos nessa área em parceria do IF com o Instituto de Estudos Avançados da Aeronáutica, por exemplo. E o objetivo é avançar mais. “Essa fabricação caminha no sentido de ajudar o Brasil a reduzir sua dependência de conhecimento nessa área. Muitos desses dispositivos nem podem ser comprados no mercado internacional por conta de uma série de barreiras”, explica Patricia Lustoza.
O laboratório já tem uma sala reservada no prédio do Instituto de Física, no campus do Fundão, mas só deverá entrar em operação daqui a dois anos. Esse é o tempo necessário para as obras civis e para a compra, instalação e testes dos equipamentos. A maior parte dos recursos — em torno de R$ 12 milhões — deverá ser investida em equipamentos como perfilômetros, metalizadoras e microscópios em escala micro e nano.
De acordo com Patricia Lustoza, há laboratórios no Rio que possuem alguns desses equipamentos, como na PUC-Rio, no CBPF e no IME. “Mas concentrar todos eles numa sala limpa é nosso objetivo. São equipamentos importados e de uso intensivo. Peças sobressalentes e técnicos de reparos nessas máquinas não se encontram aqui, às vezes tem que vir um especialista do exterior para consertar. É fundamental ter mais de um equipamento como esse na mesma cidade, de forma a não interromper pesquisas por conta da quebra de um deles”.
Segundo o professor Mauricio Pamplona (IF), também autor do projeto, o laboratório pode levar a UFRJ a outro patamar em pesquisas. “Muitos equipamentos da área de Defesa são de uso dual, ou seja, podem ter também utilização civil. Isso dá uma grande amplitude ao projeto. Nós temos no IF um laboratório multiusuário, com equipamentos de grande porte, com uma gestão coletiva e usuários externos. A gestão da sala limpa vai seguir esse mesmo molde. Será integrada a esse laboratório multiusuário que já existe, vamos ter um sistema de agendamento e oferecer treinamento”, diz o professor.
Pamplona prevê novos tempos para a pesquisa na universidade. “A UFRJ era muito carente nisso, assim como o próprio Rio de Janeiro. Essa estrutura que vai ser criada, com essa integração de equipamentos que teremos, será a única de nosso estado. Vai ser uma mudança grande, um impulso para atrair alunos e projetos. Eu estou muito animado”.

FONTE DE CRESCIMENTO
A mesma animação é compartilhada por outro autor do projeto, o professor Benjamin Salles, também do IF. “A sala limpa é um espaço onde tudo que é instalado ou que entre lá dentro é preparado de tal forma que não espalhe partículas no ar. Porque se cair uma sujeirinha durante qualquer processo dentro do laboratório ela pode comprometer a qualidade do dispositivo. Então o espaço e o ar têm que estar muito limpos. Para entrar nessa sala, por exemplo, nós temos que usar um traje especial que cubra todo o nosso corpo, e utensílios que cubram nosso cabelo, nosso rosto. Os equipamentos mais sensíveis vão ficar sob um fluxo laminar de ar ultralimpo”, explica Salles.
O professor enxerga um horizonte promissor a partir da operação da sala limpa. “É um laboratório de pesquisa que nos permite estar na interface com o setor produtivo. Poderemos testar novos tipos de estruturas, novos dispositivos, mostrar suas habilidades, seus rendimentos. Se a gente conseguir atingir bons resultados, todo esse trabalho pode ser transferido para a indústria. O nosso papel é fazer a pesquisa para desenvolver novos dispositivos, mais eficientes dos que os que existem atualmente, ou nacionalizar tecnologias que não são comercializadas”, vislumbra.
Salles acredita que o novo laboratório poderá contribuir para a reversão de um processo de perda de talentos observado nos últimos anos: “Nesse período em que tivemos escassez de recursos, a UFRJ como um todo e o IF, em particular, sofreram muito com a perda de jovens professores que foram para outros países. É importante termos boas condições de trabalho para reter esses jovens professores e atrair alunos. Tomara que precisemos abrir concurso para trazer gente que tenha expertise em litografia, em processamento de amostras. É uma fonte de crescimento para o instituto e para a UFRJ”.
Para o diretor do IF, professor Nelson Braga, a classificação do projeto é uma grande conquista. “E não só para o Instituto de Física ou para a UFRJ, mas para o país. Fico muito feliz. A pesquisa experimental de ponta é fundamental para o desenvolvimento da Ciência, e ela depende muito de recursos para a modernização de laboratórios, para a compra de equipamentos. Há profissionais de outras unidades da UFRJ envolvidas nesse projeto, que vai resultar em um laboratório multiusuário. A Finep e o CNPq têm investido nesse tipo de projeto que pode atender a várias áreas”.

WhatsApp Image 2024 10 11 at 15.49.40Foto: Ana Beatriz MagnoA carreira docente é o principal tema do 15º Conad Extraordinário do Andes-SN, iniciado na tarde desta sexta-feira (11), em Brasília, na sede da Associação de Docentes da UnB. A expectativa dos organizadores é que o evento reúna mais de 260 professoras e professores até a noite de domingo (13).
A UFRJ é representada por quatro professoras e um professor escolhidos em assembleia. Mayra Goulart, presidente da AdUFRJ, é a delegada.
“É com enorme alegria que a UnB recebe o Conad. A discussão sobre a carreira do docente é fundamental”, resumiu o professor Paulo Cesar Marques, representante da reitoria da UnB. ”Falar de carreira não é outra coisa que falar de futuro”, discursou o presidente do Andes, Gustavo Seferian (UFMG), na cerimônia de abertura.
Os debates serão baseados no Caderno de Textos, documento de 121 páginas, com artigos assinados pela diretoria do Andes, por grupos de professores e por diretorias de associações docentes.
“A carreira docente deve ser estruturada de forma a permitir que todas, todes e todos docentes alcancem o topo da carreira independentemente da titulação”, escreve a diretoria do Andes, no item 3, da página 57, num dos textos mais simbólicos do encontro.
A diretoria da AdUFRJ espera que o debate seja aprofundado para além das palavras de ordem. “A universidade pública brasileira é um projeto que concilia duas dimensões que raramente andam juntas: inclusão e excelência”, avalia a presidente da AdUFRJ, Mayra Goulart. “O pilar desse projeto é o professor e ele precisa ser bem remunerado e estimulado a seguir se aperfeiçoando incessantemente para que, através do seu exemplo, possa orientar os estudantes a seguir pelo mesmo caminho. Esse deve ser o norte da discussão sobre a nossa carreira”.
O professor Carlos Zarro, do Instituto de Física, leu atentamente o Caderno de Textos e espera bons debates. “Discordo da progressão automática, da questão de todos os docentes chegarem ao topo da carreira com qualquer titulação, o que desestimula a formação docente e o tempo necessário para se chegar ao topo da carreira, maior do que o atual, para um docente que ingressa como adjunto”, resume Zarro.
Leia na próxima edição do Jornal da AdUFRJ a reportagem completa sobre o 15º Conad Extraordinário.

WhatsApp Image 2024 10 11 at 15.50.26 3Foto: João LaetA delicada situação financeira da Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) foi o tema central do Conselho Universitário na sessão desta quinta-feira (10). Ao apresentar os resultados de uma auditoria contratada para mapear os fluxos de gestão e recursos da entidade, o presidente da FUJB, Alberto Nóbrega, disse que a fundação “tem cinco anos a mais” de atividades, se o quadro atual não for revertido. “A FUJB simplesmente fecha. Nós temos que agir agora”, alertou o dirigente.
Nóbrega, que é professor do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, e o secretário-geral da FUJB, o professor emérito Ricardo Medronho, da Escola de Química, assumiram a fundação em janeiro deste ano, nomeados pelo Consuni. Em três meses de trabalho, eles constataram que era preciso alterar os métodos de administração e, sobretudo, as formas de captação de projetos da entidade. Decidiram então contratar a auditoria, que detectou, entre outros problemas, a morosidade dos procedimentos administrativos, a reduzida captação de recursos em novos projetos e, o mais grave, o acúmulo de mais de uma década de passivos operacionais.
“Esse longo período de deficit de caixa vem reduzindo as reservas da fundação, colocando em risco a sua viabilidade financeira”, relatou o presidente. Entre as medidas adotadas pelos dirigentes diante do diagnóstico apontado pela auditoria estão a contratação de três gestores profissionais para a fundação e a decisão de abrir uma nova sede da FUJB no campus do Fundão — o espaço já foi cedido pela reitoria, nas instalações da antiga Bio Rio, e a entidade agora busca parcerias com empresas para viabilizar as obras.

CAPTAÇÃO
Primeira fundação de apoio a instituições de ensino superior no país — foi criada em dezembro de 1975 e serviu de “laboratório” a várias outras que surgiram posteriormente —, a FUJB tem sua sede no campus Praia Vermelha. A criação de uma sede no campus do Fundão, acredita o professor Nóbrega, tende a aproximar a fundação de centros da UFRJ que são prósperos em projetos, como o CCS, o CT e o CCMN.
A nova sede faz parte do que os dirigentes chamam de “Nova FUJB”. Assim como a contratação do advogado Paulo Haus Martins como diretor jurídico, do engenheiro Guilherme Lessa Bastos como diretor-executivo, e da advogada Lilian Turon como diretora administrativa. “Estamos recebendo retorno de vários responsáveis por projetos constatando a melhoria dos processos internos”, disse Alberto Nóbrega.
Na área de captação de projetos, o principal problema apontado pela auditoria, o presidente da FUJB fez uma proposta que gerou intenso debate entre os conselheiros. Ele apresentou dados comparativos da fundação e da Coppetec. Enquanto a fundação criada em março de 1993 a partir de um departamento da Coppe captou um total de R$ 277,8 milhões em projetos de fevereiro de 2023 a maio deste ano, a FUJB captou apenas R$ 19,3 milhões. Em termos percentuais, a Coppetec ficou com 93% dos recursos de projetos da UFRJ no período. A FUJB, apenas 7%.
De acordo com os dados apresentados, uma parte significativa dos recursos obtidos pela Coppetec (R$ 77 milhões) vem de projetos não relacionados à Coppe. “Nossa proposta é que este Conselho defina que os projetos não relacionados à Coppe passem a ser direcionados à FUJB. E que a Coppetec permaneça com os projetos relacionados à Coppe. Essa proposta pode assegurar a viabilidade financeira da FUJB como fundação de apoio da UFRJ. Essa é uma situação institucional que precisa ser equacionada e resolvida. A permanecer esse status quo, em curto prazo a FUJB não será mais financeiramente viável e terá sua existência ameaçada”, apontou o presidente da entidade.
Alguns conselheiros, apesar de enaltecerem o esforço dos dirigentes da FUJB em buscar uma solução para o problema financeiro da fundação, criticaram a proposta, sob os argumentos de que os pesquisadores têm que preservar a liberdade de escolha para a gestão de seus projetos, e de que o Consuni não pode fazer isso “por decreto”.
“Não acho que é através de decreto que a gente vai resolver isso. Acho que é com um bom projeto de divulgação da fundação, mostrando resultados, que se pode mudar a visão que a FUJB tem dentro e fora da universidade, inclusive junto a empresas que são nossas parceiras, como a Petrobras. Há empresas que não aceitam ter seus projetos na FUJB. E se nós tentarmos fazer isso por decreto há empresas que não vão querer assinar. Temos que mostrar que a FUJB mudou”, pontuou a pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela.
Já o decano do CCMN, professor Josefino Cabral, convidou os conselheiros a refletirem sobre a atual conjuntura da FUJB. “Teoricamente, sim, o pesquisador deve ter a liberdade de escolher qual fundação vai usar. Mas, na prática, será que nós podemos apenas esperar a FUJB mostrar resultados para cativar novos pesquisadores? Se não fizermos nada, nós não estaremos matando a FUJB? Esse é o ponto a se pensar”, ponderou Cabral.
Alberto Nóbrega lembrou que há precedentes na UFRJ em decisões “por decreto”. “Vou me permitir divergir de meus colegas a respeito de resolver por decreto. Quero lembrar que o nosso saudoso reitor Aloísio Teixeira determinou que os projetos de óleo e gás fossem para a Coppetec. Então há coisas que acontecem por decreto. Temos que separar a teoria da prática. Que o conselho se debruce sobre esse problema e a gente possa construir uma solução de consenso institucional para viabilizar a FUJB”, disse Nóbrega.
Certamente a FUJB voltará à pauta do Consuni em sessões vindouras.

EMERÊNCIA

Na sessão de quinta-feira (10), o Consuni aprovou, por aclamação, a concessão do título de emérita à professora Eliana Barreto Bergter, titular aposentada do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes e chefe do Laboratório de Química Biológica de Microrganismos. A indicação da docente já fora referendada pela Congregação da unidade e pelo Conselho de Coordenação do CCS. Graduada em Química Industrial pela Universidade Federal de Sergipe (1969), Eliana tem mestrado (1973) e doutorado (1978) em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ, e pós-doutorado pelo Plant Biotechnology Laboratory, do Canadá (1980). Eliana ingressou como docente na UFRJ em 1972 e, em 1998, foi aprovada como titular do Departamento de Microbiologia do IMPG.

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