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Foto: Marcelo BrasilConvidada pela decania do Centro de Ciências da Saúde, a direção da AdUFRJ apresentou informes da atuação sindical ao Conselho de Coordenação local na manhã desta segunda-feira (12). O destaque foi uma resolução sobre progressão e promoção docente que tramita no Consuni. A formulação do documento contou com intensa articulação do sindicato.
“Essa resolução é um avanço, pois os professores passam a ter direito aos efeitos da progressão a partir do momento em que reúnem os pré-requisitos, e não mais a partir da data de aprovação do relatório na banca”, destacou a professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ.
“Relatamos diversas reuniões que tivemos com a reitoria, com a pró-reitoria de Pessoal. E falamos sobre a decisão judicial favorável aos professores nesta situação”, afirmou Renan Teixeira, representando a assessoria jurídica da AdUFRJ.
A proposta de resolução, porém, ainda não cobre todas as solicitações da AdUFRJ. Um dos problemas é o professor precisar de vários processos para corrigir progressões pregressas, em vez de um processo único. “Pedi no conselho do CCS que os representantes no Consuni fossem acionados para conseguir esta alteração”, disse Mayra.
A dirigente contou aos conselheiros do CCS sobre outras iniciativas de congregação e acolhimento dos professores, especialmente neste momento de deterioração das instalações da universidade, como os roteiros histórico-culturais, convênios e a exposição fotográfica sobre o cotidiano da UFRJ.
“Estamos à disposição de outras decanias para fazer essa apresentação. Será um prazer”, disse Mayra.
Na arte do designer André Hippertt, a homenagem do Jornal da AdUFRJ ao ex-presidente do Uruguai, que faleceu esta semana.
Antes de a reitoria anunciar medidas emergenciais para contenção das despesas (leia mais AQUI), as dificuldades do orçamento da UFRJ repercutiram no Conselho Universitário realizado dia 8. Em uma reunião com denúncias de falta de transporte para trabalhos de campo da Geologia, terceirizados sem pagamento e prédios sem acessibilidade na instituição, muitos representantes cobraram uma reação da comunidade acadêmica.
Diretor do Instituto de Economia, o professor Carlos Frederico Leão Rocha lembrou a intensa mobilização da UFRJ quando o governo do estado anunciou a troca da direção da Faperj, no ano passado. “Não tivemos a mesma eficiência e capacidade de mobilização na discussão do orçamento da UFRJ”, disse. “E essa mobilização não vai acontecer simplesmente com a UFRJ. Tem que passar pela Andifes, tem que passar pelas associações sindicais, porque é uma mobilização de nível nacional”, completou.
Mas, dentro do sombrio quadro geral das receitas e despesas da instituição, a polêmica da sessão foi o orçamento participativo — verba que é dividida entre decanias e unidades acadêmicas para o custeio do dia a dia.
Estão previstos R$ 13,05 milhões para esta partilha interna, um valor ligeiramente superior aos R$ 12,9 milhões do ano passado. Pela proposta da reitoria, haveria poucas mudanças em relação a 2024. A primeira delas é que seriam retiradas as três unidades de saúde que passaram a ser geridas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde o ano passado: HUCFF, IPPMG e Maternidade Escola.
Outra novidade é que os institutos especializados criados no Centro Multidisciplinar de Macaé (CMM) em 2021 começariam a receber o valor mínimo, de R$ 26,3 mil. Já a decania do CMM sofreria uma redução de R$ 398,5 mil para R$ 300 mil. A proposta também reservaria R$ 700 mil do total como reserva técnica, para futuros ajustes da reitoria.
O parecer da Comissão de Desenvolvimento do Consuni indicou a criação de um grupo de trabalho que estudaria a divisão da reserva pelas unidades, institutos e órgãos suplementares com o “piso” de R$ 26,3 mil.
CRÍTICAS À PROPOSTA
A proposta não agradou a todos. Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, o professor Cabral Lima reivindicou mais recursos para as unidades que oferecem disciplinas formativas para outras — critério discutido no ano passado, mas nunca adotado, para a reformulação do orçamento participativo “No ano passado, foi pactuado que seria colocado na proposta de orçamento participativo deste ano o apoio às disciplinas de formação. Neste parecer, isso desaparece”, disse. “Para mim, a matéria mais importante da nossa universidade são nossos estudantes. Quando você tira o apoio às disciplinas formativas, você prejudica nossos estudantes”.
O professor Fernando Pinto, representante dos Associados do Centro de Tecnologia, também defendeu que a reformulação da partilha interna obedecesse a critérios técnicos, com base em dados atualizados das unidades. “Ano passado, já foi falado que havia distorções históricas que precisavam ser corrigidas. E nada foi feito”, disse. “Passou mais um ano e a resposta é igualzinha à do ano anterior”, lamentou.
Representante do Centro Multidisciplinar de Macaé, o professor Habib Montoya criticou os reduzidos números apresentados para as unidades do Norte Fluminense. “Os institutos de Macaé não têm como funcionar com R$ 26 mil”, afirmou. O docente observou que, apesar de todas as dificuldades, o Centro tem se desenvolvido ao longo de 15 anos com apoio da prefeitura daquele município. Mas questionou o que será feito se este suporte acabar. “Gostaria que este egrégio conselho refletisse sobre o que significa o Centro Multidisciplinar e como agir se a prefeitura fechar as portas (para nós)”, completou.
O debate sobre o orçamento interno, incluindo a parte do orçamento participativo, foi encerrado por um pedido de vistas do decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, professor Vantuil Pereira. “Acho que os critérios não estavam bem explicitados. O parecer merece uma análise mais pormenorizada para a gente poder ter uma decisão mais a contento”, afirmou o docente à reportagem.
O tema retornará na próxima sessão, ainda neste mês.
Inspirar sonhos para transformar vidas. Esse é o objetivo do “Conhecendo a UFRJ 2025”, que, entre os dias 7 e 9 de maio, recebeu seis mil estudantes de 168 escolas públicas e privadas de todo o estado para apresentar os 175 cursos de graduação da universidade. O evento organizado pela pró-reitoria de Extensão contou com palestras, estandes e visitas guiadas pelas unidades do campus do Fundão.
“É um momento decisivo, que cria um horizonte de entrada na universidade pública para esses estudantes”, afirmou a professora Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão. Para a docente, o diálogo com pesquisadores e a possibilidade de visualizar a ciência que é produzida na UFRJ abre a imaginação dos jovens. “Quando eles veem outros jovens iguais a eles trabalhando num laboratório, construindo coisas legais, isso explode a cabeça deles”.
Cauã Telles, de 17 anos, era um dos estudantes mais empolgados do grupo do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, localizado em Jacarepaguá. “Tinha muita curiosidade de saber como é uma faculdade. Só conhecia de séries e filmes”, disse. Indeciso quanto ao futuro, o jovem saiu encantado com o curso de Nanotecnologia depois do contato com professores e estudantes da área. “Cara! Como os pesquisadores conseguem manipular a matéria em escala nanométrica. São estruturas microscópicas que terão muita importância no futuro. Não sabia se queria fazer uma faculdade, mas agora quero estudar isso”, revelou impressionado.
O professor Marcus Moutinho, coordenador do curso de graduação em Nanotecnologia no Campus Xerém, explicou o impacto do evento para a popularização do campo de pesquisa. “Para um curso novo como Nanotecnologia, que só existe há 15 anos, esse evento é fundamental. É a hora que temos para apresentar o curso para potenciais futuros alunos”.
Juliana Ferreira, professora de Biologia de Cauã, reforçou a importância do evento para mostrar novas perspectivas na cabeça dos estudantes. “Essa visita é essencial para incentivar os alunos a virem para a universidade. Mostrar que eles podem ter acesso a esse mundo que vai oferecer muitas oportunidades durante a vida”, afirmou.
A professora destacou as políticas de permanência estudantil e de incentivo à pesquisa como fatores fundamentais para atrair jovens periféricos. “Eles conheceram as possibilidades de bolsas de permanência, de pesquisa e de iniciação científica. Então, eles saem com essa perspectiva de que não precisam escolher entre estudar ou trabalhar. Dá para estudar, ganhar um dinheirinho e sonhar em mudar de vida”, pontuou.
Convencer os estudantes de famílias de baixa renda de que o ensino superior é um caminho viável também é parte do trabalho diário de Cristiano Azeredo, professor de História do CIEP 201 Aarão Steinbruch, em Duque de Caxias. “Já aconteceu de eu falar que o ensino superior é fundamental e ouvir como resposta que fundamental é comer”, contou. Cristiano organiza, com outros professores, rodas de conversa na escola sobre o acesso e a permanência nas universidades. “Nessas conversas, usamos sempre uma música da Bia Ferreira que fala ‘cota não é esmola’. Hoje, esses jovens conseguem reconhecer esse espaço como deles também. Até pouco tempo atrás, isso não acontecia”.
Uma das estudantes sob a responsabilidade de Azeredo não conseguia esconder a felicidade durante a visita. Vitória Resende, também de 17 anos, é apaixonada por desenho e passou o dia acompanhando as palestras sobre os cursos da Escola de Belas Artes no Auditório G-122, no CT. “Queria fazer Artes Visuais na UERJ, mas agora quero fazer aqui”, avaliou ao final do dia, decidida em se tornar estudante da UFRJ. O motivo dessa mudança foi o deslumbramento com a arquitetura do JMM. Depois das palestras, Vitória foi correndo conhecer o prédio e quase perdeu a hora do reencontro para pegar o ônibus. “Nossa! O prédio é lindo! As esculturas, as pinturas e os desenhos dos alunos nas paredes. Tudo é incrível”, exaltou.
INTERAÇÃO
As palestras ministradas pelos docentes atiçaram a curiosidade dos estudantes, que aproveitaram para tirar dúvidas sobre os cursos. O professor Thiago Gonçalves, diretor do Observatório do Valongo, celebrou o entusiasmo dos alunos após responder a uma série de perguntas dos jovens sobre a Astronomia após sua apresentação no Salão Nobre da Decania do CCMN. “Para a Astronomia, é um momento importante para desmistificar o trabalho que a gente faz, que às vezes parece muito distante. Por isso, é fundamental, seja para eles optarem pela carreira acadêmica na área, seja para entenderem a importância do investimento na Astronomia na universidade”, explicou.
O professor Antonio Santoro, da Faculdade Nacional de Direito, participou pela primeira vez do “Conhecendo a UFRJ”. O docente também reuniu muitos interessados na carreira jurídica no Auditório Horta Barbosa e esclareceu diversas dúvidas. “Fiquei muito impressionado com a quantidade de estudantes e o interesse deles. Foi uma experiência nova para mim. Estamos mais acostumados a falar para o público do Direito, mas é preciso também desenvolver essa capacidade de falar de maneira simples”.
No CCS, a professora Ana Carolina Sodero, da Faculdade de Farmácia, se surpreendeu com a interação com os alunos no Quinhentão. “Eles estavam muito interessados. Achei ótimo, nem estava esperando tantas perguntas”, brincou a docente. Sodero fez uma avaliação positiva do evento. “É difícil para um adolescente conseguir projetar o próprio futuro profissional e a gente consegue dar uma perspectiva do que é o curso, quais as áreas de atuação”.
Fotos: Fernando SouzaA Casa da Ciência abriu na última terça, 13 de maio, a temporada da mostra “Sinfonia da Criatividade”. Até o dia 29 de junho, o público poderá saber mais sobre a indústria fonográfica, a evolução dos equipamentos e a integração entre a música e a propriedade intelectual. Discussões sobre a proteção de direitos autorais e de patentes estão presentes na exposição, assim como a história de instrumentos musicais e a criação dos ritmos que compõem o cenário musical brasileiro.
A grande homenageada da mostra é a compositora, pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga. A exposição oferece ao visitante uma experiência imersiva. Por meio da inteligência artificial, Chiquinha Gonzaga poderá interagir com o público e responder perguntas dos visitantes sobre direitos autorais, músicas, instrumentos e ritmos.
Tataraneta de Chiquinha Gonzaga, a pianista e engenheira Tiana Santos participou da programação de abertura do evento e contou à AdUFRJ sobre a emoção de celebrar sua memória familiar. “Eu fiquei encantada com esse evento. Estou muito curiosa para ver a exposição. É muito emocionante, porque essa mostra juntou várias partes de mim: minha família, o fato de sempre ter trabalhado com tecnologia, e meu amor à música”, disse.
Tiana não poupou elogios à Chiquinha Gonzaga. “Para mim, realmente é uma honra ser tataraneta dela. Uma mulher lutadora, que desbravou o mundo de sua época”, afirmou. “Foi a pessoa que fundou a primeira entidade de direitos autorais aqui no Brasil. Defendia os escravizados, a abolição da escravatura. Ela comprava alforrias com as músicas dela”, contou. “Ela lutou pelos direitos autorais, lutou pelos direitos das mulheres. É uma mulher que marcou não só culturalmente, mas politicamente o nosso país. Atuou fortemente na proclamação da República. Eu me considero abençoada por ser sua tataraneta. Foi muito emocionante receber o convite para estar aqui hoje”.
Na mesa de abertura da programação, o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, professor João Torres, representando o reitor Roberto Medronho, que está em missão fora do país, lembrou que a música é um tema transversal e que está presente em diversas outras áreas do conhecimento, como a física, a matemática. “Como físico, nós sabemos que o universo todo vibra”, observou. “Na verdade, o silêncio é uma ficção. Até o seu corpo produz sons. A música é um tema ligado a questões sociais, a direitos, atravessa todos os campos”, lembrou.
Representando a InovaUFRJ, instituição da universidade que organizou a exposição, a professora Daniela Uziel agradeceu a presença e falou sobre a inspiração para a criação da mostra. “Propriedade intelectual e propriedade industrial são temas muito desconhecidos e a forma que a gente escolheu trabalhar com o grande público foi por meio de uma exposição que será aberta a escolas e terá a música como fio condutor”, explicou.
Superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura, a professora Patrícia Dorneles destacou a importância social da propriedade intelectual. “Precisamos pensar como a propriedade intelectual pode contribuir para o desenvolvimento do nosso país. É mais que um mecanismo legal para proteger a produção. Ela permite a sustentabilidade das atividades culturais”, afirmou.
Serviço
A mostra está aberta de 13 de maio a 29 de junho. A Casa da Ciência funciona de terças a sextas, das 9h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h, na Rua Lauro Müller, 3, Botafogo.