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WEB menor1115 p6Carolina Gil - Foto: Silvana SáA professora Carolina Gil Marcelino teve um fim de ano de grandes alegrias. Aos 35 anos, a pós-doutoranda da Coppe tomou posse como docente do Instituto de Matemática, no Departamento de Ciência da Computação. E, na mesma semana em que foi convocada para o cargo, seu projeto de pesquisa ganhou o prêmio europeu Marie Curie Fellow, voltado para cientistas promissores de todas as partes do mundo.
“Eu não esperava que meu projeto fosse laureado, porque, em geral, os trabalhos têm uma aplicação mais imediata. E o meu é mais teórico”, argumenta Carolina, única mulher representante das Américas na edição 2019.
O projeto aclamado pela comunidade científica internacional envolve inteligência artificial. A cientista investiga se é possível prover energia elétrica sustentável e eficiente para pequenas comunidades isoladas com sistemas de microgeração inteligentes. O chamado microgrid é um sistema elétrico construído para produzir energia, como resume a pesquisadora. “No projeto proposto, considerei fonte eólica, solar, conjunto de baterias. Mas é preciso responder a algumas perguntas: por exemplo, se em dada região é viável instalar esse ‘grid’. Para isso, deve-se estudar a sazonalidade do passado, vento, radiação solar, clima, solo”, explica.
O conjunto de informações alimentará um algoritmo que o projeto propõe criar. “Ele vai receber esses dados que serão tratados e vai acoplar a algum método de tomada de decisão para refinar soluções”, diz.
A docente elenca algumas das possibilidades: “É possível, ao mesmo tempo, minimizar o custo da geração, a emissão de poluentes, maximizar as fontes de energia renováveis, descobrir qual o tamanho ótimo da bateria do meu sistema? Isso tudo a gente quer responder por meio desse novo algoritmo. Por isso, o projeto tem viés mais teórico”, sustenta.

EDUCAÇÃO PÚBLICA
A pesquisadora é um exemplo de como a educação pública pode transformar a vida de alguém. Natural de Minas Gerais, Carolina estudou numa escola pública estadual de Belo Horizonte. Cursou a graduação no Instituto Federal do Espírito Santo. Fez o mestrado e o doutorado no CEFET-MG. Ingressou no pós-doutorado do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe, em 2018, e ficou sob orientação do professor Carlos Eduardo Pedreira. Em outubro do ano passado, tornou-se Bolsista Nota 10 da Faperj. “A educação pública pode mudar a vida de alguém. Mudou a minha! A oportunidade de estudar em instituições de ensino superior federal me fez enxergar um mundo diferente. Trouxe novas possibilidades”.
Carolina é a primeira de três irmãos. “Venho de uma família de poucas posses. O que meu pai e minha mãe nos proporcionaram de legado foi o estudo”, diz. Sua inspiração foi um “tio emprestado”, Almir Martins, professor de nas ciências biológicas da UFMG. “Quando eu era criança, as pessoas perguntavam o que eu queria ser quando crescer. Eu olhava e dizia que queria ser igual a ele: professor e cientista”, relembra.
Agora com a docência, ela se vê diante de um novo desafio. Talvez, o maior enfrentado até agora. “Ensinar e orientar não são tarefas triviais. Não é fácil. Como não foi fácil para meus orientadores me trazerem até aqui. Tenho muito carinho e admiração por eles, Paulo Almeida e Elizabeth Wanner, do CEFET-MG”, cita. “Você tem que ter independência enquanto aluno de doutorado. A pesquisa é uma tarefa muito solitária. Estamos diante de perguntas que não têm respostas. Ter alguém que nos diz ‘olha, caminha por ali’ faz toda a diferença”. Como toda boa cientista, a nova professora do Instituto de Matemática se move por perguntas. “Como eu, Carolina, vou conseguir conduzir pessoas tão bem como fui conduzida?”, questiona-se.

WEB menor1115 p6bFoto: Arquivo AdUFRJA UFRJ colocou em consulta pública, em 18 de dezembro, uma proposta de política de inovação. O objetivo é institucionalizar algo que a universidade faz de forma dispersa até hoje. “É como se você não tivesse uma regra geral, não existisse um padrão, de como funciona o jogo”, explica a superintendente de pesquisa da UFRJ, Ariane Roder. Professores, técnicos e alunos podem se manifestar até o dia 31 de janeiro, em link disponível no site da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2).
Segundo a pró-reitora da área, professora Denise Freire, “a instituição não tem uma política de inovação que deveria ter há, pelo menos, três anos. Diversas outras universidades já têm e é muito importante regulamentar”. A proposta da UFRJ busca adequar a legislação interna ao Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, instituído em 2016.
O texto sob consulta foi montado por um comitê de 18 pessoas de vários centros da instituição, com o objetivo de captar diferentes olhares sobre a inovação. O modelo seguido foi o de estabelecer os artigos de forma mais enxuta, que futuramente poderão ser detalhados. “Cada artigo dá margem para construir uma resolução específica. O compartilhamento de laboratórios, por exemplo, como vamos fazer? Será que é necessário?”, esclarece Roder.
Outro padrão a ser seguido seria o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde toda a política de inovação já está completamente descrita. De acordo com a PR-2, a alternativa poderia atrasar ainda mais a aprovação da política da UFRJ. “Poderíamos ter críticas a pequenas partes do texto”, afirma a superintendente.
Após avaliação das sugestões recebidas, o material será enviado para discussão no Conselho Universitário. A expectativa é que isso ocorra ainda no primeiro semestre.

INTEGRAÇÃO
A integração é um dos destaques da nova política. A criação de um Conselho de Coordenação do Ecossistema de Inovação da UFRJ (CCI) é um dos projetos para 2020. O colegiado integraria as pró-reitorias de graduação, pós-graduação e pesquis e extensão, a Agência UFRJ de Inovação, o Parque Tecnológico, incubadoras e coordenadores de cada centro.
Coordenadora da Agência de Inovação, a professora Flávia Lima destaca que a nova política amplia as possibilidades de ação da universidade: “Nós tínhamos até então uma política de Propriedade Intelectual, que dava o suporte para a atuação da Agência, mas era restritiva e com o foco em patentear os resultados dos projetos de pesquisa”.
Para o diretor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, professor Bruno Lourenço, somente com a integração do Ecossistema de Inovação a UFRJ poderá atingir plenamente seu potencial inovador. “A UFRJ já está entre as universidades mais inovadoras do Brasil. Entretanto, ainda há espaço para melhora e uma política institucional de inovação será fundamental para avançarmos nesta área”.

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IMG 0917Fernando Peregrino, Diretor-executivo da Fundação Coppetec - Foto: Tatiana Lima/Arquivo AdUFRJA UFRJ ganhou uma legislação que simplifica a realização de convênios, contratos e acordos de cooperação com as fundações de apoio da universidade, a Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB) e a Coppetec.
Uma resolução aprovada em 17 de dezembro pelo Conselho Superior de Coordenação Executiva – composto pela cúpula da administração central e os decanos –, agora apresenta tramitações específicas para cada pedido às fundações, como construções ou reformas prediais, pesquisas que demandem cuidados em relação à propriedade intelectual e até contratos de prestação de serviços pela UFRJ.
“Essa resolução complementa uma anterior e pretende agilizar a assinatura de contratos da universidade em conjunto com suas fundações de apoio”, declarou o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha. “Nós pretendemos aumentar a atratividade da UFRJ em relação a recursos que vêm por intermédio das fundações e viabilizar políticas de cooperação com outras entidades, sejam empresas ou entes públicos, como a Finep e o CNPq”, disse o professor.
Para o diretor da Coppetec, Fernando Peregrino, a resolução é uma nova forma de recepcionar o dinheiro que vem de fora da universidade. “A UFRJ perdeu sua competitividade com o mercado. Se, antes, apenas a assinatura dos trâmites demorava cerca de três a seis meses para ser realizada, esperamos que a nova resolução torne esse processo mais ágil e reduza para até um mês”, afirmou o diretor do órgão.
Segundo Peregrino, só a Coppetec atende cerca de 450 convênios de 51 unidades acadêmicas por ano. Com a demora excessiva para assinatura de contratos, por exemplo, a universidade enfrentava problemas para manter pesquisas e receber investimentos externos.
Decano do Centro de Tecnologia, o professor Walter Suemitsu também destacou a necessidade da resolução. De acordo com ele, muitas empresas que procuravam os serviços da universidade reclamavam ou chegavam a desistir de projetos pela demora na assinatura de contratos. “Acredito que haverá menos burocracia, que os projetos serão assinados com maior rapidez. Isso será importante tanto para os laboratórios e unidades quanto para as empresas que procuram a UFRJ”, afirmou. 

WEB future seConsuni da UFRJ do ano passado rejeitou primeira versão do Future-se - Foto: Arquivo AdUFRJO MEC abriu consulta pública para uma nova versão do Future-se, o programa de reforma da educação superior pública proposto pelo governo. O prazo para manifestação da sociedade é até 24 de janeiro. A proposta inicial foi amplamente rejeitada entre as universidades e institutos federais, no ano passado.
A nova versão do texto faz do empreendedorismo um dos eixos do programa e menciona as fundações de apoio como uma alternativa às organizações sociais para a execução das atividades previstas pelo Future-se. Também flexibiliza contratos e metas de acordo com cada instituição de ensino e abandona ideias como permitir que hospitais universitários cobrem pelo atendimento. O plano também passou a citar a “obediência à autonomia universitária”.
Para a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, a aparente razoabilidade da nova proposta esconde riscos. “O projeto é mais perigoso, porque ele tem uma razoabilidade aparente, e vai recuando e encontrando diálogos, e escutando setores das universidades que acham que a universidade deve abrir maisparcerias com a iniciativa privada”, explica. “Mas o Future-se é um projeto de destruição da universidade pública. O fundamento dele continua lá: a privatização e a desobrigação do Estado com as universidades.”
Outra mudança da proposta prevê que as universidades participantes do programa tenham prioridade na hora de receber bolsas da Capes, segundo o MEC, para dar mais “segurança jurídica” às instituiçõies de ensino e fundações de apoio.
“A Capes sempre atuou com autonomia e com critérios próprios”, afirma a presidente da AdUFRJ. “Vincular a distribuição de bolsas ao Future-se é subordinar a Capes a uma política do governo”.
Para reitora Denise Pires de Carvalho, o Future-se ainda não é claro quanto ao seu contrato. Ela entende que o debate deve ser feito de maneira mais ampla possível dentro da sociedade, a fim de garantir segurança para as universidades. “É hora de nos articularmos com o Congresso Nacional, fazer seminários, entender o que se está propondo e somar forças para que as universidades não sejam penalizadas”.
Após o fim da consulta, o texto será enviado como projeto de lei para o Congresso Nacional.

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