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Apesar de um diagnóstico consensual sobre as duras condições de trabalho a que estão submetidos, os professores da UFRJ, reunidos em Assembleia Geral convocada pela Adufrj-SSind, decidiram não aderir à greve nacional que o Andes-SN inicia a partir desta quinta-feira (28). Após cinco horas de intenso debate, foram 199 votos favoráveis à paralisação das atividades a partir de 1º de junho, 300 contrários e 10 abstenções.

Ao fim da reunião, o presidente da Seção Sindical, Cláudio Ribeiro, saudou a representatividade da assembleia, que contou com a participação de mais de 600 professores, entre sindicalizados e não sindicalizados. “Foi um importante momento. O trabalho é duro, é lento, é paciente e vamos continuar a fazê-lo na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade”.

Foto: Marco Fernandes

Rumo ao passado 

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) declarou ao jornal “Estado de S.Paulo” que menor “delinquente” é “problema de polícia”, e não (problema) “social”. Em 2007, Sérgio Cabral (PMDB), então governador, associou a fecundidade das mulheres da favela da Rocinha a “uma fábrica de produzir marginal”. Cesar Maia (DEM), que durante 16 anos mandou na prefeitura do Rio (três mandatos como prefeito e um como eminência parda) ameaçou, em 1992, usar creolina para espantar mendigos das ruas da cidade. 

Tutti buona gente cuja crônica da barbárie encontra em Washington Luís um ilustre ancestral. O último presidente da Velha República (1989-1930), apeado do poder por Getúlio Vargas na Revolução de 30, imortalizou-se com a frase: ‘A questão social é um caso de polícia’.

Até a sua deposição, o Brasil no qual viveu Washington Luís era um país agrário, conduzido pela corrupta e autoritária burguesia cafeeira, de população majoritariamente pobre e analfabeta (62%, segundo o Inest-UFF). Nas eleições presidenciais de 1930, da população de 37 milhões, menos de 2 milhões tiveram direito ao voto – que não era secreto.

De lá até aqui, como se sabe, o Brasil consolidou suas relações capitalistas de produção, ganhou uma legislação trabalhista, a maioria da população passou a viver em cidades, virou a sétima economia do mundo, tem 150 milhões de eleitores  e... a pior distribuição de renda do planeta.

O Rio está entre os termômetros mais visíveis da tragédia social verde e amarela. E quadros da casta política da cidade se incumbem de expor o ânimo segregacionista  que atende à expectativa das influentes camadas médias das zonas mais favorecidas da cidade.

Quando assumiu a prefeitura em 1993, Cesar Maia, um político com origem no trabalhismo de Leonel Brizola, revelou sua face. Se reivindicou porta-voz de uma “nova direita”. Para afastar moradores de rua de áreas nobres, anunciou que iria recorrer a um desinfetante líquido com propriedades anissépticas, a creolina. Não fosse a reação de entidades de Direitos Humanos, a ameaça se cumpriria.

Acossado pelas queixas que exigiam endurecimento de sua política de segurança pública, Sérgio Cabral, filho de uma família do Encantado, bairro da Zona Norte da cidade, defendeu o recurso ao aborto para mulheres pobres: “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal”, disse.

Na quinta-feira, em declaração ao jornal paulista, o prefeito Eduardo Paes procurou surfar na tragédia da morte do cardiologista Jaime Gold, assassinado na Lagoa. Aproveita o fato para reforçar a tese da redução da maioridade penal e atender à expectativa conservadora, aguçada pela comoção que o episódio provocou. 

Puro oportunismo. O prefeito – dono do recorde de remoções de famílias pobres na cidade – tem pretensões presidenciais.

Mobilização arranca negociação com governo do estado

Mas reitor surpreende ao fechar portas da universidade

Samantha Su. Estagiária e Redação

Abandonada pelo governo do estado, a comunidade da Uerj reagiu com um grande ato em defesa das condições adequadas de trabalho e estudo, no último dia 21. Aproximadamente duas mil pessoas realizaram uma passeata até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. 

Na ocasião, o chefe de gabinete do governo, Afonso Monerat, e o sub-secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Vieira, aceitaram se reunir com a Associação de Docentes da Uerj e com o vice-reitor da universidade, Paulo Volpato. Foi aberta a possibilidade de uma mesa de negociação. As pautas primordiais dos docentes são: a recomposição salarial (desde 2001, não há reajustes) e garantia de recebimento do adicional de Dedicação Exclusiva pelos professores aposentados. A primeira reunião de diálogo seria em 2 de junho, mas a Asduerj pretende antecipar a audiência para esta semana.

Portas fechadas ao diálogo

Porém, no dia seguinte ao ato em defesa da Uerj, o reitor  Ricardo Vieiralves cancelou o Conselho Universitário e suspendeu todas as atividades da instituição, sob a justificativa de evitar cenas de violência. O presidente da Asduerj, Bruno Deusdará, criticou a atitude: “Foi até uma grande surpresa para nós a nota da reitoria decidindo fechar a Uerj, pois estávamos com o vice-reitor na reunião e nada nos foi passado. É uma posição lamentável que, no momento em que se abrem as negociações com o estado, o reitor autoritariamente decida fechar as portas da universidade”. O dirigente também observou que Vieiralves nunca recebeu a entidade, apesar de diversas solicitações.

A próxima assembleia da Asduerj acontece em 26 de maio, às 14h.

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