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Foto: Alessandro CostaA defesa da democracia e da soberania nacional foi a marca do ato de lançamento do Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo na UFRJ, na segunda-feira (18), no Centro de Tecnologia, na Cidade Universitária. Unidos por essa bandeira, representantes da AdUFRJ, APG, DCE Mário Prata e Sintufrj, além de parlamentares, se comprometeram a juntar esforços para encorpar a mobilização pelo fim da escala 6 x 1, pela taxação das grande fortunas e pela isenção de imposto de renda para os que ganham até R$ 5 mil mensais. No caso do Rio de Janeiro, o plebiscito inclui também o acesso público a água e saneamento.
Uma das falas mais aplaudidas foi a do vereador Rick Azevedo (PSOL), criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT): “O fim da escala 6 x 1 é uma necessidade urgente, assim como a taxação dos super-ricos. As pessoas estão aqui lutando e tentando provar que trabalhar seis dias consecutivos para ter apenas um dia de folga é errado! Há dias em que não vamos conseguir falar nem com cinco pessoas, mas há outros em que vamos falar com 50”.
Iniciada em 1º de julho, a votação do Plebiscito Popular é uma iniciativa de movimentos sociais, sindicais, estudantis e religiosos, além de partidos políticos do campo progressista, e os resultados serão entregues à Presidência da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal.
UNIÃO DE FORÇAS
Para a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, que representou o sindicato ao lado do professor Antonio Solé, o plebiscito é um instrumento de afirmação da soberania popular. “É um mecanismo direto de democracia previsto em nossa Constituição. O esforço desse plebiscito não pode ser só de consulta, mas de convencimento, de aproximação com a sociedade. Essa é uma iniciativa que é capaz de dialogar com as classes populares e reaproximar o campo progressista desses segmentos. Temos que arregaçar as mangas e conversar com a população”, convocou Mayra.
Na mesma linha, o professor Antonio Solé enalteceu a união de forças dos segmentos da UFRJ: “Essa união é fundamental, pois nossas pautas têm mais em comum do que de diferenças. Todos somos por jornada menos cruel para os trabalhadores, somos pela taxação dos milionários, pela isenção do IR para quem ganha menos. Todos somos contra o genocídio do povo palestino pelos sionistas. Somos pela reestatização de coisas estratégicas como a água. Nossos maiores adversários não são nossos companheiros que empunham bandeiras diferentes, mas sim o capital, na sociedade mais desigual do mundo, a imprensa golpista e os neocons produtores de fake news. Estamos juntos, na luta em todas suas formas”.
OCUPAR AS RUAS
O coordenador-geral do Sintufrj, Francisco de Assis, o Chiquinho, disse que o momento é de deixar de lado as divergências: “Essa ação deve ser única. Podemos ter leituras diferentes de conjuntura, mas temos a certeza de que a única forma de fortalecer as nossas ações é ocupar as ruas, dialogar com a sociedade. Juntos somos mais fortes”.
Representante da APG, Christopher Rocha ressaltou que a mobilização deve levar o corpo social da UFRJ às ruas. “Temos que debater essa ação com a comunidade da UFRJ, com os professores, técnicos e estudantes. Mas esse diálogo tem que ir além da universidade e dos movimentos sociais”, disse ele.
Coordenador-geral do DCE Mário Prata e aluno de Comunicação Visual/Design na EBA, Henderson Ramos lembrou que o fim da escala 6 x 1 é pauta primordial do movimento estudantil: “Aqui na UFRJ, muitos cursos são em horário integral e muitos estudantes trabalham. A escala 6 x 1 impede que a gente tenha a nossa formação completa”.
Em participação remota, o deputado federal Glauber Braga (PSOL) disse que o plebiscito proporciona algo valioso. “É a opção política pela rua. A gente só consegue avançar com essas pautas com muita mobilização popular, fora das articulações no Parlamento. Percorri os 26 estados e o Distrito Federal denunciando as tentativas de cassação do meu mandato. Posso dizer sem errar que o fim da escala 6 x 1 está nacionalizada, é uma agenda que entra com muita força. Assim como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Quando o povo é o protagonista dessa ação, a gente está no caminho correto”, disse ele.
A oportunidade de dialogar com a população foi também destacada pela deputada estadual Marina do MST (PT): “O plebiscito está nos proporcionando abordar o tema da unidade das organizações partidárias, sociais, sindicais, estudantis e populares. Essa unidade em torno do plebiscito facilita nossa organização em defesa de outras pautas e lutas urgentes. Ele está nos propiciando o debate sobre ações conjuntas desses movimentos em todo o país, abrindo um processo de diálogo com a juventude e com a classe trabalhadora”. Também participaram do ato representantes do PCB e da UP.
As eleições da AdUFRJ estão chegando! A votação será presencial e está marcada para os dias 10 e 11 de setembro. Para ajudar na escolha dos leitores, o Jornal da AdUFRJ fez três perguntas sobre orçamento e democracia às duas chapas que disputam a diretoria do sindicato.
A Chapa 1 – UFRJ na luta pela Democracia e Conhecimento, de apoio à atual gestão, e a Chapa 2 - ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública, de oposição – responderam aos temas por escrito. Confira a íntegra, abaixo.
Para o Conselho de Representantes, as inscrições seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos necessários às candidaturas podem ser obtidos a seguir.
Inscrição individual CR 2025-2027
Inscrição chapa CR 2025-2027
Participe e fortaleça o sindicato!
1. Quais as estratégias da chapa para defender o orçamento da universidade?
“Nossa chapa entende que a defesa do orçamento da universidade não se limita à sua manutenção, mas exige sua recomposição e ampliação para que a UFRJ possa desenvolver plenamente seu potencial e responder às demandas sociais. Reconhecemos que o período recente de governos anteriores resultou em um achatamento orçamentário severo, e que, embora o atual governo tenha demonstrado algum avanço, os recursos ainda estão aquém das necessidades.
Para reverter esse quadro, nossa estratégia é multifacetada e essencialmente política. Internamente, promoveremos a ação conjunta e mobilização de toda a comunidade universitária – docentes, técnicos e estudantes. Externamente, atuaremos em diversas frentes:
Articulação Política Ampla: Fortaleceremos as alianças com entidades científicas como a SBPC, ABC, Clube de Engenharia e outras organizações da sociedade civil, buscando construir um amplo arco de apoio à universidade pública.
Incidência no Congresso e Poder Executivo: Intensificaremos a pressão junto ao Congresso Nacional, MEC, MCTI e demais órgãos governamentais para garantir a recomposição orçamentária e a estabilidade financeira da UFRJ.
Comunicação e Engajamento Social: Utilizaremos as redes sociais e os meios de comunicação para ampliar o reconhecimento público sobre o valor da produção universitária, ocupando também os espaços públicos e as ruas para defender a educação pública. Evitaremos o sectarismo, buscando sempre ampliar nossa base de aliados.”
2. Qual seria o modelo de financiamento ideal, na sua perspectiva?
“Nosso modelo de financiamento ideal para a UFRJ é pautado na autonomia e complementaridade. Defendemos que o custeio da ‘fisiologia básica’ da universidade – sua manutenção e funcionamento essenciais – deve ser integralmente garantido por verbas orçamentárias regulares do governo federal. Esta é uma prioridade inegociável da nossa chapa: a luta incansável pela recomposição e expansão do orçamento federal para a UFRJ.
A complementação das fontes regulares é integrada por:
Recursos de Agências de Fomento: A recomposição e ampliação dos orçamentos das agências de fomento federais e estaduais são cruciais para a pesquisa, extensão e inovação.
Parcerias Estratégicas com a Sociedade: Incentivaremos a interação da universidade com a comunidade extramuros, incluindo parcerias com públicas, filantrópicas ou privadas. Essas colaborações podem impulsionar projetos inovadores e gerar recursos adicionais.
É fundamental ressaltar que todas as parcerias deverão seguir critérios rigorosos de transparência, ética e alinhamento inquestionável com os valores de uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. Nosso objetivo é gerar recursos que impulsionem o desenvolvimento da UFRJ, sem jamais comprometer sua autonomia e seu caráter público.”
3. Como o sindicato pode ampliar sua atuação na defesa da democracia do país?
“A defesa da democracia é uma pauta indissociável da luta sindical e da própria existência da universidade pública. O avanço da extrema-direita globalmente, que visa destruir instituições de pensamento crítico como as universidades, representa uma ameaça tão grave quanto as crises climáticas e sanitárias, com as quais está intrinsecamente ligada.
Nesse cenário, o sindicato tem um papel fundamental na ampliação da atuação democrática do país, e nossa chapa propõe:
Defesa da Universidade como Locus Democrático: Reforçar a universidade como espaço de produção de conhecimento crítico, ciência e cultura, essencial para o florescimento da democracia. Defenderemos a liberdade acadêmica e a autonomia universitária como pilares democráticos.
Atuação Política e Parlamentar: Intensificar a luta política e parlamentar pela democracia, reconhecendo este como um campo privilegiado de batalha. Teremos políticas expressas nesse sentido, buscando incidir em debates e decisões que afetam o regime democrático.
Engajamento Social e Alianças: Ampliar o engajamento da ADUFRJ com movimentos sociais, entidades da sociedade civil e outras organizações que defendem a democracia, o meio ambiente, as minorias e a diversidade cultural. O Observatório do Conhecimento, iniciativa da ADUFRJ, é um exemplo de contribuição importante nessa frente.
Posicionamento de Vanguarda do ANDES: Defenderemos que o ANDES-SN assuma posições de vanguarda em prol da democracia, garantindo que a defesa dos interesses corporativos não fragilize a luta por governos democráticos e progressistas. Nossa atuação será sempre em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.”
1. Quais as estratégias da chapa para defender o orçamento da universidade?
A Chapa 2 se compromete a reorganizar a categoria docente, com autonomia, para lutar pela recomposição e ampliação orçamentária da UFRJ junto às demais Instituições Federais de Ensino Superior. Defender a Educação Pública também é denunciar as políticas de austeridade que têm ameaçado a existência das IFES brasileiras. Recompor o orçamento é condição sine qua non para a garantia de perenidade de nosso projeto universitário.
A crise orçamentária da UFRJ é uma questão absolutamente central, contudo, reconhecemos que a UFRJ não é única vítima dos efeitos do estrangulamento financeiro. Em que pese seu tamanho e tradição, ela é parte do sistema de Educação Federal e há de se reconhecer que não haverá solução individual. A única ação realista para a UFRJ é a defesa do orçamento adequado para todas as IFES, e o caminho é a organização coletiva e nacionalizada, junto ao ANDES-SN, à FASUBRA e ao Sinasefe. Os setores oficialistas, que subordinam a ação do sindicato à razão pragmática de que a austeridade é necessária para assegurar a governabilidade, atuam de modo inconsequente e colocam a UFRJ e as demais IFES em severo risco de obsolescência de sua infraestrutura.
É necessário ampliar o debate interno com as categorias da UFRJ para romper com o senso comum de que a problemática do orçamento pode ser reduzida a uma questão de gestão.
É preciso que a Adufrj atue como ela é: uma seção de um sindicato nacional que luta organizadamente; aprender com os erros do último ciclo e reconhecer que as últimas direções adotaram uma posição isolacionista. É razoável supor que a participação da UFRJ na greve de 2024 teria promovido impacto importante no processo de negociação e a possibilidade de arrancar melhor proposta do Governo Federal, inclusive, em relação ao orçamento.
2. Qual seria o modelo de financiamento ideal, na sua perspectiva?
Foi o Andes-SN que assegurou a unidade do sistema Federal por meio da carreira nacional com dedicação exclusiva e orçamento público para as universidades. A educação pública como dever do Estado é a defesa histórica do ANDES-SN desde a Constituição Federal de 1988.
Pleiteamos financiamento público para o conjunto das universidades federais, definido em lei e vinculado a percentuais constitucionais. Os recursos públicos arrecadados pelo Estado constituem o Fundo Público e seus orçamentos. Refutamos as privatizações clássicas e não clássicas por não serem alternativas capazes de impedir o desmonte das IFES e seu radical estrangulamento financeiro; as iniciativas no ensino, na pesquisa e na extensão que refuncionalizam as universidades como organizações de serviços e interesses heterônomos, motivadas pela percepção de ganhos/fomentos individualizantes; iniciativas efêmeras e insuficientes para subsidiar instituições autônomas que apresentem soluções ao desenvolvimento do país na perspectiva da maioria de sua população. As emendas parlamentares não constituem soluções consistentes e continuadas para a universidade pública. A presença do senador Flávio Bolsonaro na UFRJ é um exemplo de particularismo eleitoreiro e o silêncio da diretoria da Adufrj está em evidente contradição com a autonomia universitária; o grupo político do parlamentar planejou o golpe de Estado e a execução de autoridades presidencial e do STF e alinha-se à extrema-direita de Trump e Netanyahu, que atentam contra a universidade, a liberdade e a soberania dos países.
Para nós, é urgente: 1º) implementar um programa emergencial de recuperação da infraestrutura das Federais para erradicar da paisagem os “esqueletos de prédios nunca concluídos” e a se deteriorar pelo caminho; 2º) definir o montante destinado às federais: no mínimo o equivalente à totalidade do custo de pessoal acrescido de 30% de recursos de custeio e capital. Para a UFRJ, tais montantes alcançariam cerca de 1,2 bilhão por ano; 3º) constituir uma nova matriz de distribuição dos recursos na qual prédios e infraestrutura tenham permanente manutenção.
3. Como o sindicato pode ampliar sua atuação na defesa da democracia do país?
A defesa da democracia é não abrir mão de seu exercício. Enfrentar os neofascismos de Trump e seus aliados, e da extrema-direita no Brasil, impedir ações golpistas/de desestabilização de um governo legítimo e opor resistência em uma grande frente popular com toda classe trabalhadora .
Na UFRJ, potencializar a livre manifestação de estudantes, docentes e técnicos nos Conselhos e no cotidiano institucional. Retomar o contato com a categoria em seus locais de trabalho e fomentar o debate para superar o isolacionismo das últimas diretorias e seus fracassados lobbies parlamentares. Alianças institucional/sindical contra os direitos da(o)s docentes (como a que tentou impedir – ilegalmente – suas progressões por diretor da adufrj no CONSUNI) não mais terão lugar. Recuperar a participação docente no sindicato é o mais básico exercício em defesa da democracia.
Foto: DivulgaçãoA obra “Existo, logo penso: histórias de um cérebro inquieto”, do professor Roberto Lent, foi a vencedora do Prêmio Jabuti Acadêmico na área de divulgação científica. O livro, de 2024, une o conhecimento científico publicado em crônicas no Jornal O Globo a registros da vida do pesquisador. Emérito da UFRJ desde 2019, ele se redescobre em novas linhas de pesquisa, ao mesmo tempo em que resgata uma coleção de livros infantis. O Jornal da AdUFRJ conversou com o docente, que recebeu com surpresa o resultado final da premiação. Confira.
Jornal da AdUFRJ – Como foi ganhar o prêmio?
Roberto Lent – Fiquei um pouco surpreso. Não estava acreditando muito. Havia um outro livro muito bom concorrendo, da Academia Brasileira de Ciências, chamado ‘A evolução é fato’, feito por um grupo de trabalho muito competente. Eu acreditava que ele ganharia. Foi uma boa surpresa.
Como surgiu a ideia do livro?
Eu tinha uma coluna no O Globo, chamada ‘A hora da Ciência’ e, depois, ‘Ciência’. Foram 200 crônicas publicadas em quatro anos. Depois que eu decidi parar, porque me demandava muito tempo de leitura – já que para escrever bem é preciso ler muito –, eu resolvi aproveitar para fazer uma coletânea desses textos. Achei, no entanto, que ficaria muito monótono de ler só as crônicas e resolvi dar um tempero com experiências da minha própria vida. É a divulgação científica com toque de afeto.
Pode contar algumas delas?
Eu tenho uma filha que tem uma má-formação congênita no cérebro. Então, conto esse episódio conectado à crônica que fala sobre essa má-formação (agenesia do corpo caloso, uma condição rara em que os dois hemisférios do cérebro não se comunicam de forma convencional) e as últimas descobertas. É uma homenagem à Isabel. Outro episódio que conto é que fui preso pela ditadura. Fiquei numa solitária, sem acesso a nenhum tipo de leitura e encontrei empatia em um soldado da Marinha. Ele passou a enrolar a minha comida em um jornal, para que eu tivesse algo para ler. E a crônica que vem na sequência fala sobre a empatia. Então, eu relacionei esses momentos da vida com as crônicas. As páginas da minha vida são azuis com tipologia branca. Já as crônicas têm páginas brancas com tipologia preta.
A divulgação científica sempre foi uma parte importante de sua trajetória. Qual a importância de um prêmio nessa área?
Esse prêmio é um passo importante no sentido de criar um ecossistema de divulgação científica que possa conversar com o público leigo. A divulgação científica admite vários meios, permite qualquer formato. Precisamos aproximar o público leigo da Ciência, sobretudo em tempos de desinformação e fake news. O país precisa aproveitar os talentos da divulgação científica, dar ferramentas, para que cresçam essas ações.
O livro foi publicado pela Editora Instituto Ciência Hoje, entidade que o senhor ajudou a fundar. É um início de novo ciclo para o senhor?
Sim, eu fui um dos fundadores da Revista Ciência Hoje, junto com Ennio Candotti, Alberto Passos Guimarães, Gilberto Velho. A revista, que foi crescendo, se tornou um instituto. Recentemente, o instituto criou a editora e tive a felicidade de ser o primeiro a editar um livro. A grande coincidência é que escrevi um artigo na primeira edição da Revista Ciência Hoje e o primeiro livro da editora. É um recomeço, digamos assim. O ICH é uma instituição a qual tenho muito afeto.
Quais são os próximos projetos?
Estou trabalhando na nova edição da coleção de livros infantis “As aventuras de um neurônio lembrador”. É uma série de cinco livros que foi lançada pela editora Vieira & Lent, que eu tinha com a minha mulher. A editora fechou e os livrinhos se esgotaram. Então vamos relançar com a editora ICH. Estão sendo ilustrados e devem estar nas livrarias esse ano ainda.
Há outros dois livros. O “100 bilhões de neurônios”, que é um livro didático, atualizado em 2023; e “Cérebro aprendiz”, de 2019, no qual estou trabalhando na atualização. As coisas na área científica ficam velhas numa velocidade cada vez maior.
Como o senhor vê essa crescente pressão pelo aumento de publicações científicas?
A métrica do sistema é muito baseada em números, o que é um problema, porque número não quer dizer nada. Você pode publicar muito com baixa qualidade ou pode publicar pouco com muita qualidade. Existem pesquisadores com 600 trabalhos publicados. É um valor, mas não é um valor maior do que o de alguém que tem 100 trabalhos com profunda qualidade.
As métricas ainda são pouco qualitativas. É preciso pensar em outras métricas. Ao mesmo tempo, o grau de cooperação entre os pesquisadores aumentou. As técnicas utilizadas em cada trabalho são muito variadas, o que acaba reduzindo um pouco essa pressão por publicar individualmente, já que muitos artigos são construídos por grandes grupos.
O senhor continua fazendo pesquisa, além de trabalhar nos livros?
Sim e continuo publicando artigos científicos.
FOTO: STIAL (SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA ALIMENTAÇÃO DE LIMEIRA E REGIÃO)A mobilização nacional pelo Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo vai chegar com força à UFRJ a partir da próxima semana. Está marcado para o dia 18 de agosto, às 10h, no auditório do bloco A do CT, o ato de lançamento do plebiscito na UFRJ, com a participação de diversos parlamentares. Já confirmaram presença os deputados federais Glauber Braga (Psol), Lindbergh Farias (PT) e Taliria Petrone (Psol), as deputadas estaduais Dani Balbi (PCdoB) e Marina do MST (PT), e o vereador Rick Azevedo (Psol). Rick é o criador do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que movimentou as redes sociais no ano passado com uma petição online pelo fim da escala 6 x 1 que teve mais de 2 milhões de adesões.
Representantes da AdUFRJ, do Sintufrj, do DCE Mário Prata e da APG debateram, no dia 6, a participação dos segmentos na reta final de mobilização para a votação do plebiscito. A AdUFRJ foi representada na reunião pela sua presidenta, a professora Mayra Goulart. Iniciada em 1º de julho, a votação do Plebiscito Popular é uma iniciativa de movimentos sociais, sindicais, estudantis e religiosos, além de partidos políticos ligados ao campo progressista, e os resultados serão entregues à Presidência da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. Em seu 68º Conad, realizado entre os dias 11 e 13 de julho, em Manaus, o Andes aprovou a participação do sindicato na mobilização nacional.
De acordo com Leonardo Guimarães, do Comitê Estadual do Plebiscito Popular, as próximas semanas serão decisivas na ofensiva para conquistar o maior número possível de votos. “A ideia é intensificar a mobilização até chegarmos à semana final do plebiscito, a Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro”, disse Guimarães, que é secretário de Movimentos Sociais do PCdoB no Rio de Janeiro. Ele informou que, além das bandeiras originais (fim da jornada 6 x 1, taxação das grandes fortunas e isenção de IR para os que ganham até R$ 5 mil), o Comitê Nacional está propondo a incorporação da soberania nacional no plebiscito, diante do tarifaço aos produtos brasileiros imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Na cédula de votação, o eleitor responde a duas perguntas: se apoia o fim da escala 6 x1, com redução da jornada sem corte de salário, e se concorda com a cobrança de mais imposto para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês, com isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Pautas regionais são incorporadas ao plebiscito de acordo com necessidades locais. No Rio de Janeiro, por exemplo, a pauta regional é a garantia de acesso ao abastecimento de água e ao saneamento básico.
Confira as datas de mobilização sugeridas pelo Comitê UFRJ do Plebiscito Popular:
13 de agosto: Participação no mutirão popular de votação no Centro do Rio de Janeiro (Estação das Barcas, Central do Brasil e Largo da Carioca).
18 de agosto: Ato de lançamento do plebiscito no auditório do bloco A do CT do campus Fundão, às 10h.
20 e 21 de agosto: Instalação de pontos de coleta de votos em locais estratégicos da UFRJ (Estação do BRT do Fundão, elevadores do HU, Restaurante Universitário Central, Praia Vermelha e Macaé, entre outros).
Duas chapas concorrem à diretoria da AdUFRJ. Os grupos, de situação e oposição, se inscreveram na última sexta-feira, dia 8 de agosto. A homologação das chapas aconteceu na manhã desta terça-feira (12), pela Comissão Eleitoral presidida pelo professor Luiz Eurico Nasciutti.
A Chapa 1 “UFRJ na luta por Democracia e Conhecimento” é liderada pela professora Ligia Bahia e representa o setor de continuidade das últimas gestões da AdUFRJ. A docente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva já foi vice-presidente da seção sindical entre 2017 e 2019, na gestão da professora Maria Lucia Teixeira Werneck Vianna. A 1ª vice-presidente é a professora Maria Tereza Leopardi, da Economia.
A Chapa 2 “ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública” é conduzida pela professora Renata Flores, do Colégio de Aplicação, que integra o grupo de oposição à diretoria da AdUFRJ. Renata já fez parte do Conselho de Representantes em algumas gestões. O 1º vice-presidente é o professor Paulo Henrique Pachá, do Instituto de História.
Há previsão de dois debates entre as chapas, que devem acontecer no Fundão e na Praia Vermelha, locais de maior concentração de professores sindicalizados. As datas e horários serão definidos pela Comissão Eleitoral nos próximos dias.
Já os candidatos ao Conselho de Representantes têm até o dia 29 de agosto para se inscrever. A instância ajuda a organizar as ações do sindicato nas unidades. O número de representantes depende da quantidade de sindicalizados em cada unidade: até 60 sindicalizados, 1 representante; de 61 a 120 sindicalizados: 2 representantes, mais de 120 sindicalizados: 3 representantes. Os documentos para inscrição dos candidatos ao CR são:
Inscrição individual CR 2025-2027
Inscrição chapa CR 2025-2027
As eleições serão presenciais, nos dias 10 e 11 de setembro. A posse está prevista para 15 de outubro. Conheça as chapas que disputam a diretoria.
1) O que caracteriza sua chapa?
Nossa chapa se caracteriza pelo compromisso com a UFRJ, seu passado, mas principalmente a perspectiva de mudanças no presente e no futuro nos processos e práticas do nosso trabalho docente que permitam que a instituição ocupe e alargue sua presença no ensino, extensão e pesquisa, bem como amplie a influência na conformação de uma cidadania efetivamente democrática. Os professores que integram a Chapa 1 atuam em diferentes campos do conhecimento, são diversos sob o enfoque identitário e plurais em termos de suas concepções religiosas, filosóficas e políticas. O que nos une são princípios e valores de defesa da universidade pública, inclusiva e de qualidade, especialmente no contexto dos intensos ataques ao fazer acadêmico por governos de extrema-direita.
2) Qual sua expectativa sobre a campanha eleitoral?
Pretendemos que a campanha eleitoral revitalize o debate simultâneo sobre nossas condições de vida e trabalho e as repercussões das práticas docentes em âmbito local, nacional e internacional na formação profissional, pesquisa e atividades de extensão de alunos, movimentos sociais e pesquisadores. Temos responsabilidade pelo futuro, desde a formação de alunos do ensino fundamental até a formulação de alternativas científicas, tecnológicas e de políticas públicas para o desenvolvimento social sustentável. Nossa intenção é promover um diálogo maduro e sensível às possíveis convergências com os eleitores. Queremos uma diretoria próxima, representativa e capaz de compreender as necessidades e os potenciais de participação dos docentes.
3) Qual o principal desafio da futura gestão?
O principal desafio da próxima gestão será a luta pela UNIVERSIDADE pública, gratuita e de qualidade aberta, de pé, cumprindo seu papel de apresentar perspectivas para o País. Não estamos destinados a ser um país pobre, violento e desigual. Cortes para o ensino superior são inaceitáveis. Nos somaremos a sociedades científicas como a SBPC, ABC, entre outras, para lutar por orçamentos para as universidades e pesquisas adequados e estáveis. Estaremos juntos com entidades da sociedade civil na defesa da paz, dos direitos das mulheres, da população negra, da preservação ambiental. Nenhum direito a menos, ninguém fica para trás.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.
1) O que caracteriza sua chapa?
A Chapa 2 ADUFRJ de LUTA é constituída por jovens docentes que ingressaram na universidade na última década e por docentes com décadas de experiência e dedicação à UFRJ, à Educação Pública e à defesa da democracia. No compromisso com o florescimento de uma comunidade acadêmica diversa, somos antirracistas, anticapacitistas, feministas e intransigentes na defesa da democracia no país e na universidade. Representamos professoras e professores que buscam caminhos de luta por melhores condições de trabalho por meio de um sindicato autônomo do Estado, a partidos e reitorias.
2) Qual sua expectativa sobre a campanha eleitoral?
A campanha será o momento de debater concepções diversas de sindicato e universidade. Integradas às condições de trabalho em uma universidade em ruínas, precisamos urgentemente abordar as dificuldades adicionais enfrentadas por um corpo docente formado por mães, negras/os e idosos, docentes adoecidas/os e endividadas/os. Debater também as conquistas coletivas arrancadas pela greve de 2024, ao mesmo tempo que problematizar o inédito não cumprimento do acordo para o fim do movimento paredista – em pontos que sequer envolvem aportes orçamentários. Ademais, e crucialmente, a omissão da AdUFRJ nesse movimento. Portanto, terá centralidade a questão da democracia no sindicato, considerando que temos vivenciado nos últimos anos simulacros de assembleias, destinadas apenas a referendar as posições prévias da Diretoria. Por fim, será o momento de debater que tipo de sindicato queremos para o próximo biênio: um sindicato domesticado, incapaz de propor soluções concretas e que aposta no lobby como único caminho da ação política ou um sindicato aguerrido, intransigente na defesa dos docentes e da democracia.
3) Qual o principal desafio da futura gestão?
Nossos desafios são múltiplos: restabelecer a luta por condições de trabalho dignas para os docentes da UFRJ; resgatar o debate democrático dos caminhos do sindicato autônomo, da universidade e do país; contribuir para o combate contra a extrema-direita e para a proteção da democracia.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.