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Para um setor no qual os atletas sempre estiveram distantes do nível de consciência que resultasse em algum tipo de confronto, Paulo André é uma novidade no futebol brasileiro. Ao lado de outros jogadores que passaram um tempo na Europa e voltaram ao Brasil, o zagueiro do Corinthians é um dos nomes do Bom Senso F.C. O movimento tem se apresentado aos torcedores nos últimos dois meses nos jogos do Campeonato Brasileiro exibindo faixas, cruzando os braços, dando chutões de um lado para o outro no minuto seguinte ao apito do árbitro para o início das partidas. As bandeiras mais imediatas do grupo é reduzir o números de jogos dos clubes da série A, tornando o calendário menos estressante para os jogadores, e obrigar os clubes a apresentar, a cada trimestre, suas contas em dia, inclusive o pagamento dos salários dos jogadores, sob pena de suspensão em caso de inadimplência. 

O jogador afirma que o medo de retaliação sempre enfraqueceu politicamente a sua categoria. Mas hoje os atletas têm acesso maior à informação, o que amplia a capacidade de discussão dos problemas comuns.  Segundo Paulo André, é ilusão imaginar que todo jogador de futebol é milionário: apenas 3% dos jogadores ganham o suficiente para se aposentarem aos 35 anos sem atribulações financeiras, diz. Ele reconhece a existência de corrupção no esporte, critica o financiamento da Copa com dinheiro público (“Seria melhor investir em educação de qualidade, saúde e transporte melhor”, disse a uma revista) e dispara críticas duras contra quem comanda a CBF, a quem responsabiliza pela “crise” do futebol brasileiro. Paulo André acena com a possibilidade de greve se as reivindicações do movimento não forem ouvidas.

 



Rebeldia pioneira

13120973Afonsinho. Levantou a Taça Brasil. Foto: InternetSão raras as histórias de insurgências no futebol brasileiro. Uma delas foi escrita por Afonsinho – um paulista do interior que migrou para o Rio e foi mostrar o seu futebol em General Severiano. Ele integrou o timaço do Botafogo entre 1965 e 1970, jogando ao lado de mitos como Garrincha, e de craques como Gérson. Em 1968, levantou a Taça Brasil pelo clube, o que não o impediu de viver dias de tensão e de deixar o Botafogo brigado. Foi afastado por Zagalo, entre outras coisas, por se recusar a tirar a barba e cortar os cabelos longos, comportamento mal visto na atmosfera de ditadura da época. Mas o que marcou a história do craque e que começou a mudar a relação dos jogadores com a imposição dos clubes foi o fato de Afonsinho conquistar, na justiça, o direito de ser dono do seu passe. Até aquele momento, o passe dos jogadores era propriedade inquestionável dos clubes. Afonsinho inspirou música de Gilberto Gil e sua história foi narrada pelo documentário Passe Livre, de Oswaldo Caldeira. O jogador ainda atuou no Vasco, Santos, Flamengo, Fluminense e América Mineiro. Na política, Afonsinho sempre esteve no campo das posições de esquerda. Como médico, hoje atua no programa Médico de Família, na Ilha de Paquetá.

 



O adversário da cartolagem

13120972Juca sem medo. Foto: Marco Fernandes - abril de 2010O jornalista Juca Kfouri sempre foi pedra no sapato da alta cartolagem do futebol e do esporte brasileiro. Em outros momentos, era quase voz solitária ao denunciar o ex-todo poderoso Ricardo Teixeira e famiglia (João Havelange e companhia), assim como o eterno presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o controverso Carlos Nuzman. Corintiano roxo, foi incentivador da chamada Democracia Corintiana liderada por Sócrates, nos primeiros anos da década de 1980. Recentemente, pôs no seu blog um vídeo com o discurso do então deputado José Maria Marin, da Arena (o partido da ditadura) em 1975, na Assembleia de São Paulo, incitando os órgãos de segurança contra o jornalista Vladimir Herzog, que acabou assassinado pela repressão. Como se sabe, Marin é hoje presidente da CBF e estará nos holofotes da Copa de 2014. Juca Kfouri, numa entrevista à revista Versus da UFRJ, disse que a última instituição que vai mudar no país é o esporte. “Ela é profundamente reacionária, corrupta e corruptora”.

No último dia 5, em cerimônia de acolhimento a 46 professores recém-concursados, na Faculdade de Letras, diretora da Adufrj-SSind esclarece sobre carreira, condições de trabalho e regras previdenciárias

Dirigente sindical também alerta sobre assédio moral na universidade

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Quarenta e seis novos professores da universidade foram recepcionados pela diretoria da Adufrj-SSind no último dia 6, na Faculdade de Letras. Luciana Boiteux, 1ª vice- presidente da Seção Sindical, falou aos colegas sobre temas como a nova carreira e as condições de trabalho. 

Ela explicou que a lógica da nova carreira foi meramente contábil, concedendo aumentos significativos apenas para o topo da carreira (Associados e Titulares), no qual poucos foram beneficiados. Já na classe de Adjuntos, a mais numerosa da categoria, o aumento foi “praticamente inexistente”: “Isso permitiu ao governo divulgar um índice médio alto. Infelizmente, não corresponde à realidade”. 

Em resposta a perguntas de professores em estágio probatório, Luciana sublinhou que, entre as mudanças negativas da nova carreira, há o impedimento de progressão na carreira durante os três anos do período. “Tudo isso pesa em uma cidade que encareceu como o Rio de Janeiro”

Condições de trabalho ruins

A dirigente também reforçou as dificuldades do lugar de trabalho no cotidiano: “Prédios em condições muito ruins, falta de equipamento para dar as aulas”, listou. E sublinhou que o tema mobilizou os professores em 2012 até a greve dos cem dias. Luciana fez menção, ainda, ao problema do assédio moral, que “afeta, sobretudo, os mais novos na instituição”. “A UFRJ é uma universidade antiga com uma estrutura burocrática pesada”, disse Luciana. “Há muita pressão de todas as partes para publicações e atividades em geral. E, no estágio probatório, é mais recorrente o assédio”. 

Segundo Luciana, mesmo dentro da universidade, existem realidades bem diferentes. “A UFRJ é muito desigual”, afirmou. E depois, avaliou: “Vocês vão perceber que em alguns lugares as condições são melhores que em outros. É importante que vocês compreendam o contexto da universidade para não ficarem expostos a constrangimentos”.

 

Aposentadoria causa apreensão

Um dos temas que mais provocaram questionamentos dos novos professores foi a aposentadoria. Ainda mais após a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) pelo governo.

De acordo com o pró-reitor de Pessoal (PR-4), Roberto Gambine, atualmente 43 novos concursados (não só desta última leva, mas contando todas as mais recentes) corresponderiam ao perfil de interesse da Funpresp, isto é, cujos salários superam o teto limite para pagamento pelo Estado (R$ 4.159).  “Nossa ideia é buscar essas pessoas para uma reunião que tire as dúvidas”, disse Gambine. “Muita coisa será caso a caso”, avalia. 

Gambine afirmou que, a despeito das pressões “de Brasília”, a universidade não realizará campanha para “captar” servidores para adesão ao Fundo.  “Qual o problema? É um fundo que não vai se saber a curto e médio prazo qual será o retorno”. O dirigente informou que a administração pretende solicitar à Funpresp um representante para participar de um debate que esclareça dúvidas na universidade.

Diretora da Adufrj-SSind, Luciana Boiteux distribuiu material explicativo sobre a previdência complementar, elaborado pelo Andes-SN. Ela informou que a Seção Sindical pretende realizar mais debates sobre o tema, no início do próximo ano. A professora defendeu que as pessoas tenham acesso ao maior número de informações possível. Boiteux esclareceu que o Sindicato possui posição contrária ao fundo, pois entende que há transferência de recursos públicos à gestão privada e causa risco para o contribuinte. “As contribuições são feitas no escuro. Não se sabe qual será o retorno. O rendimento depende do mercado, sujeito a chuvas e tempestades”, frisou. 

Sindicato Nacional na pauta

Boiteux também apresentou as principais frentes de atuação do Andes-SN: “Nós nos organizamos em um Sindicato Nacional, organizado pelos locais de trabalho, justamente para termos mais força”, explicou. Luciana deixou entre os novos o convite para participarem da construção da Adufrj-SSind e do Andes-SN. Também divulgou que o próximo Congresso da categoria será realizado em fevereiro, na cidade de São Luís, no Maranhão.


"
Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".



Nelson Rolihlahla Mandela (nome de batismo Rolihlahla Dalibhunga Mandela) faleceu na quinta-feira (05/12), aos 95 anos. As palavras acima foram ditas em 1964, durante seu julgamento. Em junho daquele ano, ele seria condenado à prisão perpétua. Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela passou a ocupar a cela de número 466/64, cujas dimensões eram de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm. Viveu ali por 27 anos.

O prolongado período de cárcere ao qual Mandela foi submetido era uma manifestação direta do brutal regime segregacionista do apartheid imposto pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul. De 1948 a 1994, ano das primeiras eleições livres no país – conquistadas pelo líder popular –, os direitos da grande maioria dos habitantes eram cerceados pelo governo, formado pela minoria branca. De fato, a segregação racial data do período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial no final dos anos 1940.

Com ele tiveram origem os bantustões, pseudoestados de base tribal criados pelo regime para manter os negros fora dos bairros e terras brancas, mas suficientemente perto delas para servirem de fontes de mão-de-obra barata.

Pouco tempo antes, o jovem Mandela, membro de uma família de nobreza tribal da etnia Xhosa, nascido em uma pequena aldeia do interior, se mudou para capital, Johannesburgo, com 23 anos e começou a atuar na política. Naquele ambiente cosmopolita, em contraste com o cenário rural no qual havia vivido até então, Mandela se formou em advocacia e passou a liderar a resistência não-violenta da Liga da Juventude do CNA (Congresso Nacional Africano).

Na Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros, Mandela fez muitos amigos com quem mais tarde formaria o núcleo de comando da Liga, movimento de resistência ao apartheid que se transformou em partido político a partir de 1994, o CNA.

Na capital, Mandela trabalhou como vigia de uma mina e conheceu Walter Sisulu, ativista político, em 1941. Sobre o encontro Sisulu diria, mais tarde: "Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório."

Alguns anos depois, Mandela se juntou a outro ativista, Oliver Tambo, com quem inaugurou o primeiro escritório advocatício negro do país. Biografias de Mandela analisam que, somente em Johannesburgo, quando já não era mais tratado como um garoto da nobreza tribal, e sim como mais um negro pobre do interior, o jovem percebeu a dimensão do abismo entre brancos e negros. Essa, provavelmente, foi a fagulha determinante para o início da luta contra o racismo.

Em 1951, Mandela é eleito presidente da Liga e no ano seguinte presidente do CNA na província de Transvaal, o que o coloca como vice-presidente nacional da instituição. Em 26 de junho do ano seguinte, é lançada na África do Sul a “Campanha de Desafio”: por todo o país, negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – banheiros, escritórios públicos, correios. Ele é condenado, junto a outros 19 companheiros, com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados.

Em 8 de abril de 1960, o CNA é banido e Mandela fica preso até o ano seguinte, quando passa para a clandestinidade. Em 1961, ele cria o Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação" – também conhecido pela sigla "MK”, braço armado do CNA. O movimento surge em resposta ao Massacre de Sharpville, em 20 de março de 1960, quando 69 negros foram metralhados pelas forças de segurança em um protesto do PAC (Congresso Pan-Africano) contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir.

Segundo Mandela, o treinamento militar seria paralelo ao político, de forma a ficar bem definido que a revolução serviria para tomar o poder, e não para habilitar atiradores. "Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições”, explicou na ocasião. Em 1962, Mandela vai a Londres, onde adquire livros sobre guerra e guerrilha. Ele e Tambo se reúnem com vários políticos e, dali, percorrem diversos países africanos em busca de apoio contra o Apartheid.
(do site Opera Mundi).

  

 

Ao noticiar a morte de Mandela, a mídia conservadora tentou seqüestrar a história, exaltando o lado “conciliador”do primeiro presidente negro da África do Sul. Mas foi a coragem para o confronto ao segregacionista da minoria branca que pôs abaixo o apartheid e que lhe custou quase três décadas de cárceres.

 

A frase

"Quando é negado a um homem o direito de viver a vida na qual ele acredita, ele não tem outra alternativa a não ser se tornar um fora-da-lei"

 

Côrtes defende autogestão

Contrário à Ebserh, diretor eleito do HUCFF enaltece capacidade de administração da UFRJ 

Posse será em 19 de dezembro

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O diretor eleito do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), professor Eduardo Côrtes, concedeu entrevista ao Jornal da Adufrj. Ele falou das primeiras ações que tomará a partir de sua posse, marcada para 19 de dezembro. 

Côrtes conseguiu o feito inédito de vencer a eleição para o HUCFF nos três segmentos: docente, técnico-administrativo e estudantil. Ele, mesmo antes de se candidatar ao cargo máximo do hospital, já se colocava radicalmente contra a assinatura do contrato entre a UFRJ e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ao lado, você poderá acompanhar, por temas, as ideias do professor para a gestão do maior hospital da UFRJ.

 

Extraquadros

Durante a campanha, Côrtes chegou a afirmar que buscaria uma solução mais justa e humana possível para solucionar o problema dos profissionais extraquadros que atuam no HUCFF. “Em muitos setores, os melhores trabalhadores são extraquadros. Como ficaremos sem essas pessoas? O concurso precisará ser realizado. Vamos estudar uma opção, dentro da lei, que pontue, como uma espécie de prova de títulos, a experiência prévia. O currículo precisa valer ponto. O Sintufrj já se dispôs a ajudar criando cursos preparatórios para os nossos funcionários e o hospital disponibilizará as salas”, afirmou o dirigente eleito.

 

Auditoria do TCU

Um dos graves problemas apontados pelo relatório do Tribunal de Contas da União são as áreas de compras e licitações do hospital, cuja resolução já está em curso via Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6). Outro problema indicado pelo TCU foi uma dívida de R$ 8 milhões herdada com a Fundação José Bonifácio. “Estive com a professora Lucila Perrota (diretora adjunta da atual gestão do HUCFF) e ela me disse que o hospital não tem dívidas. Informações detalhadas eu só terei depois que tiver acesso às contas”, disse. 

 

Financiamento

Eduardo Côrtes esteve na direção geral do hospital e foi informado de que o HUCFF está sem dinheiro. “Eles me disseram que o dinheiro do Rehuf (programa de reestruturação dos hospitais universitários federais) esse ano foi menor que no ano passado e que o hospital está comprando insumos em quantidades muito menores. Eu vou conversar com a reitoria porque o hospital não pode fechar. A reitoria e o MEC precisam se comprometer em manter o hospital aberto até começarem a aparecer os frutos da nova administração”. O novo diretor avisou que já trabalha na melhoria das cobranças dos serviços prestados ao SUS. “O HU perde muito dinheiro por não ter um sistema de cobrança. Há uma estimativa de perda de 40% do que poderíamos arrecadar com o SUS por falta de gente treinada, por falta de um sistema organizado e fiscalizado”.

 

Gestão dos hospitais

“Eu sempre defendi que a universidade brasileira, especialmente a UFRJ, que é a maior das federais, tenha e desenvolva sua capacidade de autogestão. Isto está na Constituição. Uma universidade que tem uma das melhores escolas de administração em níveis de graduação e pós-graduação do país (nesse ano, a Coppead foi considerada a melhor da América Latina) não pode dizer que não é capaz de administrar seu hospital. Mais do que isso, temos a obrigação de desenvolver uma administração hospitalar moderna, integrada com o século XXI”, observou o docente. Ele disse que fará uma “força-tarefa” para criar um curso de gestão hospitalar. 

 

Pressão para aderir à Ebserh

“Não posso acreditar que governo algum vá fazer pressão financeira contra uma universidade que usa de sua prerrogativa constitucional para decidir se quer ou não ser administrada por fora. Porque se o governo fizer isso, ele estará indo contra a lei. Não aceitamos ser discriminados ou perder verbas por isso”, afirmou o docente. Quanto à relação com a Ebserh, em Brasília, que assumiu o lugar da extinta Coordenação Geral dos Hospitais Universitários no MEC, a CGHU, Côrtes afirmou que a relação se dará “sem nenhum problema”. “Vamos trabalhar juntos. E vamos atuar para que seja flexibilizada a legislação para os hospitais. As normas precisam ser condizentes com um local que tem pessoas doentes, que podem morrer caso não existam determinados procedimentos e recursos”. 

 

Equipe

O diretor eleito informou que segue organizando uma equipe de trabalho e que, nos próximos dias, deverá divulgar todos os nomes. Mas adiantou que o professor Eduardo Fraga, coordenador de Atividades Educacionais do hospital, permanecerá no cargo. “É uma coordenação de grande relevância do hospital. Organiza concursos, coordena todas as atividades na área de graduação, pós-graduação, estágios, residências”.

 

Comissão da reitoria

“Quando decidi me candidatar, tive uma reunião com a professora Aracéli (Ferreira, pró-reitora de Gestão e Governança) para me apresentar como candidato e obter informações sobre o trabalho dela”. Depois da eleição, o professor já conversou com a pró-reitora por telefone e agendou outra reunião para ter acesso aos dados já levantados pela PR-6. “O trabalho dela (Aracéli) é muito interessante porque o hospital tem deficiências em muitos setores. Ela se dispôs a ficar aqui o tempo necessário, mas nós precisamos andar com nossas próprias pernas”. O diretor eleito disse que a reitoria encaminhará um profissional treinado em compras para atuar no HU, treinando as equipes do hospital. “As áreas mais prioritárias para o treinamento das nossas equipes são em compras e licitações”. O futuro diretor afirmou que não entende o trabalho de apoio da PR-6 como intervenção no hospital.

 

Novo hospital

Na época da implosão da “perna seca” do HUCFF, em dezembro de 2010, o então reitor Aloísio Teixeira (falecido em 2012) chegou a afirmar que o MEC e o Ministério da Saúde haviam se comprometido com a universidade no financiamento para a construção de um novo hospital, que seria erguido no terreno desocupado pela ala demolida. Sobre esse assunto, Côrtes se reunirá com o reitor Carlos Levi e com o vice-reitor, Antônio Ledo. “Essa é uma bandeira pela qual vamos lutar intensamente”. Ele, porém, não confirmou o local de construção desse novo hospital, mas disse que será uma importante realização da universidade. 

 

Estrutura do HUCFF

“A melhor garantia de um bom ensino em saúde é ter um bom hospital. O que ocorre hoje é que nosso hospital não está bom. Nosso hospital não tem leitos suficientes”, afirmou Côrtes. Ele pretende ampliar os leitos do HU para 470. “Estamos vendo a questão da licitação da obra do 11º andar da Ala D. Isso aumentaria de imediato os leitos. Eu ainda não tive acesso a essa documentação, só sei que a obra está atrasada por problemas de licitação. Não há um impedimento físico para a reabertura daquela ala”.  Outras medidas anunciadas são: aumentar o número de cirurgias e de leitos do CTI, recuperação de equipamentos e aumento do número de procedimentos diagnósticos. “Isso serve de treinamento e otimiza o fluxo de pacientes no hospital, reduzindo o tempo de internação. Se eu interno 500 pacientes por ano, os alunos são expostos a 500 leitos. Se eu aperfeiçoo o funcionamento desse hospital e interno 700 pacientes, eu aumento em 50% o meu número de leitos no mesmo hospital”.

 

Emergência

“É preciso reabrir a emergência. Para isso, precisamos de gente. Eu lamentei que nos recentes concursos para a UFRJ não tem nenhum médico para serviço de emergência. Esse hospital não pode ficar com a emergência fechada. Com o apoio da reitoria, iremos até Brasília reivindicar as vagas para a emergência. Eu gostaria que a emergência fosse reaberta agora, mas é muito difícil prever em quanto tempo ela será efetivamente reaberta. Como não tenho dados ainda, não sei quantas pessoas trabalham aqui, quanto tempo elas trabalham. Eu gostaria muito, inclusive, que fosse criada a especialidade Medicina de Emergência e a Enfermagem de Emergência. Isso criaria uma residência médica em emergência. Com isso, daríamos um tom acadêmico a esse setor que hoje é puramente assistencial”. 

 

Representação estudantil

“Queremos que os estudantes tenham assento nos conselhos superiores do hospital, mas nem sempre o assento é suficiente. É preciso criar uma forma de ouvi-los. Além disso, estamos estudando a melhor forma de realizar audiências públicas. Em 2014, queremos fazer a primeira audiência pública de hospital universitário. Nenhum outro HU do Brasil faz isso. E nós queremos não só a participação dos estudantes, como também de toda a sociedade. Será um momento de ouvir e também prestar contas sobre nossas ações. Ter transparência”. 

 

Retomada da excelência do HUCFF

“Costumo perguntar para as pessoas que tipo de hospital elas querem: de excelência, bonzinho, mais ou menos ou queremos empurrar com a barriga por mais quatro anos? As pessoas costumam responder que querem um hospital de excelência. Para isso, o trabalho de cada pessoa aqui deve ser também de excelência. Nossos antigos professores deixaram esse legado para a minha geração. Quando vim trabalhar aqui, o HUCFF era um dos três melhores do país. Essa foi uma das razões da minha candidatura. Pensei: eu não posso me aposentar sem nem ao menos ter tentado melhorar o legado que a minha geração deixará para os futuros profissionais e estudantes que aqui atuarão”. 

 

Modernização do ensino

Além disso, o docente estuda uma reformulação do funcionamento acadêmico do hospital. “Muitas áreas ainda não são utilizadas pelos alunos. Um exemplo é a Patologia Clínica. Serviços de consultoria do hospital também podem ser abertos aos estudantes. Temos que modernizar o ensino do hospital. É preciso treinar os estudantes para suas decisões, tanto em planejamento diagnóstico, quando tratamento terapêutico”.

 

Transição

Ele já esteve com a professora Lucila Perrota, diretora-adjunta do HUCFF, que informou que todas as divisões estão instruídas a abrir as informações necessárias à nova gestão. Além disso, Côrtes garantiu que está indo aos locais de trabalho ver as condições de trabalho dos profissionais que atuam no hospital. “Agora é a oportunidade de conhecer mais a fundo essa realidade. Conheço muita coisa, mas agora, como gestor, a responsabilidade aumenta nesse sentido”.

 

Eleições para a Congregação da Medicina

Novas regras, editadas após prazo-limite de inscrição de chapas para representação docente, geram confusão na Unidade.

O professor da Faculdade de Medicina e também diretor da Adufrj-SSind, Romildo Bomfim, pediu impugnação das novas normas para eleição de representação docente na Congregação da Faculdade de Medicina. A mudança no regulamento ocorreu após o fim do prazo limite para inscrição de chapas (26 de novembro, às 16h). Naquela ocasião, apenas uma chapa, a do professor Romildo, havia se inscrito.

As novas regras, com a prorrogação do prazo das inscrições, entraram em vigor no dia 28 de novembro, dois dias após o prazo-limite, sob a justificativa de correção do número de vagas para as representações docentes. Entretanto, o professor Romildo afirma que o novo edital não contém mudanças quanto ao número de representantes na classe dos Assistentes.

O documento foi encaminhado à Comissão Eleitoral da Faculdade de Medicina no dia 5 de dezembro. A Comissão ainda não deu resposta.

 

Mandela enfrentou a chaga  capitalista do apartheid

"Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".

Nelson Rolihlahla Mandela (nome de batismo Rolihlahla Dalibhunga Mandela) faleceu na quinta-feira (05/12), aos 95 anos. As palavras acima foram ditas em 1964, durante seu julgamento. Em junho daquele ano, ele seria condenado à prisão perpétua. Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela passou a ocupar a cela de número 466/64, cujas dimensões eram de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm. Viveu ali por 27 anos.
O prolongado período de cárcere ao qual Mandela foi submetido era uma manifestação direta do brutal regime segregacionista do apartheid imposto pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul. De 1948 a 1994, ano das primeiras eleições livres no país – conquistadas pelo líder popular –, os direitos da grande maioria dos habitantes eram cerceados pelo governo, formado pela minoria branca. De fato, a segregação racial data do período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial no final dos anos 1940.
Com ele tiveram origem os bantustões, pseudoestados de base tribal criados pelo regime para manter os negros fora dos bairros e terras brancas, mas suficientemente perto delas para servirem de fontes de mão-de-obra barata.
Pouco tempo antes, o jovem Mandela, membro de uma família de nobreza tribal da etnia Xhosa, nascido em uma pequena aldeia do interior, se mudou para capital, Johannesburgo, com 23 anos e começou a atuar na política. Naquele ambiente cosmopolita, em contraste com o cenário rural no qual havia vivido até então, Mandela se formou em advocacia e passou a liderar a resistência não-violenta da Liga da Juventude do CNA (Congresso Nacional Africano).

Na Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros, Mandela fez muitos amigos com quem mais tarde formaria o núcleo de comando da Liga, movimento de resistência ao apartheid que se transformou em partido político a partir de 1994, o CNA.

Na capital, Mandela trabalhou como vigia de uma mina e conheceu Walter Sisulu, ativista político, em 1941. Sobre o encontro Sisulu diria, mais tarde: "Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório."

Alguns anos depois, Mandela se juntou a outro ativista, Oliver Tambo, com quem inaugurou o primeiro escritório advocatício negro do país. Biografias de Mandela analisam que, somente em Johannesburgo, quando já não era mais tratado como um garoto da nobreza tribal, e sim como mais um negro pobre do interior, o jovem percebeu a dimensão do abismo entre brancos e negros. Essa, provavelmente, foi a fagulha determinante para o início da luta contra o racismo.

Em 1951, Mandela é eleito presidente da Liga e no ano seguinte presidente do CNA na província de Transvaal, o que o coloca como vice-presidente nacional da instituição. Em 26 de junho do ano seguinte, é lançada na África do Sul a “Campanha de Desafio”: por todo o país, negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – banheiros, escritórios públicos, correios. Ele é condenado, junto a outros 19 companheiros, com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados.

Em 8 de abril de 1960, o CNA é banido e Mandela fica preso até o ano seguinte, quando passa para a clandestinidade. Em 1961, ele cria o Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação" – também conhecido pela sigla "MK”, braço armado do CNA. O movimento surge em resposta ao Massacre de Sharpville, em 20 de março de 1960, quando 69 negros foram metralhados pelas forças de segurança em um protesto do PAC (Congresso Pan-Africano) contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir.

Segundo Mandela, o treinamento militar seria paralelo ao político, de forma a ficar bem definido que a revolução serviria para tomar o poder, e não para habilitar atiradores. "Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições”, explicou na ocasião. Em 1962, Mandela vai a Londres, onde adquire livros sobre guerra e guerrilha. Ele e Tambo se reúnem com vários políticos e, dali, percorrem diversos países africanos em busca de apoio contra o Apartheid. (do site Opera Mundi).
 
 
 
Ao noticiar a morte de Mandela, a mídia conservadora tentou seqüestrar a história, exaltando o lado “conciliador”do primeiro presidente negro da África do Sul. Mas foi a coragem para o confronto ao segregacionista da minoria branca que pôs abaixo o apartheid e que lhe custou quase três décadas de cárceres.
 
A frase
"Quando é negado a um homem o direito de viver a vida na qual ele acredita, ele não tem outra alternativa a não ser se tornar um fora-da-lei"
 
 

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