O Seminário Internacional “Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo” foi aberto esta manhã com a conferência de dois convidados internacionais, os professores Michael Löwy, do Centre National de la Recherche Scientifique, e Guido Liguori, diretor da Sociedade Internacional Antônio Gramsci. Löwy discorreu sobre Carlos Nelson (morto em setembro de 2012) tomando como referência o texto “A democracia como valor universal”. Esse ensaio de Carlos Nelson Coutinho, escrito em 1979, sacudiu o pensamento da esquerda brasileira. Já Guido Liguori recuperou a passagem do autor brasileiro pela Itália, seu contato com o eurocomunismo e a influência de Gramsci na sua visão de mundo.
O seminário, que tem o apoio da Adufrj-SSind, segue até esta quarta-feira 13. O encerramento será com as conferências dos professores José Paulo Netto e Francisco Louçã – o economista português que liderou por alguns anos o Bloco de Esquerda em Portugal. Em seguida, estão programadas homenagens a Carlos Nelson Coutinho e Aloísio Teixeira (ex-reitor da UFRJ, também falecido em 2012).
Na sessão de abertura, a Adufrj-SSind foi representada pela diretora da Seção Sindical Cleusa dos Santos. Mais detalhes na próxima edição do Jornal da Adufrj.
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Quase uma centena de jovens lotaram o auditório da ESS para acompanhar o debate marxista sobre o tema
A crise do capitalismo recoloca socialismo na agenda de debates
Da Redação
O posto de observação de José Paulo Netto para analisar o mundo é o marxismo. É noite de sexta-feira e um auditório lotado de jovens da ESS na Praia Vermelha acompanha o professor emérito da UFRJ desconstruir os mecanismos que a sociedade burguesa lança mão para mascarar os antagonismos entre classes sociais. Os argumentos do professor parecem convincentes pela atenção que desperta na plateia, e ele está à vontade no tema “Luta de classes: um conceito superado?”
José Paulo Netto tem ao seu lado Gaudêncio Frigotto, professor, filósofo, vigoroso crítico do capitalismo. “Se o capitalismo não tem classe, o capitalismo acabou”, ironiza Frigotto. O evento fecha o instigante seminário “Criminalização da Pobreza”, organizado pelo CFCH. Falou-se de capitalismo, do drama dos trabalhadores do campo, do oligopólio da mídia, das manifestações que sacudiram o Brasil em junho.
Um olhar marxista sobre a realidade – presente durante o seminário – em debates no interior da universidade tem a sua relevância. Para esta semana está programado, também no campus da Praia Vermelha, um evento internacional que traz como tema “a Renovação do Marxismo”. Vai tratar do pensamento do intelectual comunista Carlos Nelson Coutinho (veja programação na página ao lado). Durante alguns anos o debate em boa parte das áreas das Ciências Sociais sofreu influência do discurso único, coincidindo com a força da ideologia neoliberal. O questionamento do neoliberalismo e o ingresso do capitalismo em nova crise internacional mudaram o cenário.
O 18 Brumário
Na sexta-feira em questão, porém, como indica o título do debate, a conversa é sobre a sociedade constituída de classes e como elas se formam nas suas relações com os meios de produção. Em tom quase didático, José Paulo Netto provoca. “A questão agrária, a violência contra sem-terra, o massacre de índios, os jagunços dos fazendeiros não se explicam pela psicologia social”, ele diz. “Não é a antropologia social que me explica a obscena estrutura tributária dos EUA, a crise europeia, a sociedade de consumo”. É a luta de classes, ou melhor, “as lutas de classes” (segundo ele, a expressão usada por Karl Marx) é que explicam e põem a nu a dinâmica dos conflitos sociais.
Além de Karl Marx (1818- 1883), o professor cita dois outros autores –– “donos do pensamento fundante das Ciências Sociais” – que formularam teorias sobre as classes ainda no século XIX: Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920). “Todos eles apresentam uma análise da sociedade em que eles viviam. Reconheceram que a sociedade dispunha de um sistema de estratificação social”, diz. Netto observa que os primeiros a perceberem a estrutura de classes na sociedade burguesa nascente foram os românticos franceses. Ele mostra que Durkheim e Weber apresentam entendimentos diferentes de Marx sobre o tema. Durkheim usava a expressão “sociedade moderna” (e não “burguesa”) e sustentava que o sistema de estratificação social, “com origem em relações desiguais”, era insuprimível. Já Weber não tinha a visão “positivista, naturalista” de Durkheim, admitia o “conflito” entre classes, mas falava em uma “racionalidade para disciplinar esses conflitos”.
Para formular suas teorias, José Paulo Netto diz que Karl Marx bebeu na fonte dos franceses do início do século XIX e de economistas ingleses, “especialmente (David) Ricardo (1772-1823)”. O conceito de luta de classes, segundo Netto, não está expresso na principal obra de Marx, o Capital, dividido em três volumes – o último foi editado depois da morte do autor. Mas em inúmeros textos elaborados por ele a partir de 1848. O professor cita, especificamente, “O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte”, sobre a revolução de 1848 na França. “Vocês não vão encontrar muita coisa” nos livros didáticos “sobre esta revolução, porque ela trazia como protagonista um novo ator com projeto autônomo, que era o proletariado”.
José Paulo Netto é enfático: “Toda a experiência histórica até hoje é a comprovação cabal da existência da luta de classes”, diz.
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Estão desaparecidas atas com o registro de sessões do Conselho Universitário durante alguns anos do período da ditadura civil-militar (1964-1985). O sumiço dos documentos foi constatado pela Comissão da Memória e Verdade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CVM-UFRJ). Estão faltando as atas dos anos 1967 (a partir de abril), 1968, 1969, 1972, 1975, 1976, 1978 e 1979. Em setembro de 1966 (portanto, seis meses antes do início do período sobre os quais os registros do Consuni não foram localizados) deu-se a invasão, pela polícia, da Faculdade de Medicina que funcionava num prédio na Praia Vermelha. Foi um dos episódios mais traumáticos da presença da ditadura no campus da UFRJ. E 1968, outro ano do qual não se encontrou os registros do conselho, terminou com a decretação do Ato Institucional nº 5, para muitos analistas “um golpe dentro do golpe”.
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Quadro efetivo muito reduzido é considerado principal obstáculo
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
A falta de concursos para o Colégio de Aplicação causa diversos problemas: um deles, menos óbvio, manifesta-se no período eleitoral para a diretoria da Unidade. Desde agosto, quando o primeiro prazo de inscrições foi aberto (o mais recente foi estendido até este dia 11 de novembro), não surgiu nenhuma candidatura. E o quadro de efetivos muito reduzido é o principal obstáculo para o processo deslanchar, na opinião da professora Alessandra Carvalho, integrante da comissão que organiza o pleito.
“É uma direção grande: além da direção geral e do vice, são mais seis nomes para Direção Adjunta de Ensino (DAE) e Direção Adjunta de Licenciatura e Pesquisa e Extensão (Dalpe). Como estamos há muito tempo sem concurso e sem reposição dos aposentados e das exonerações, acaba que ficamos com um quadro de efetivos muito reduzido (para as candidaturas)”, afirmou Alessandra. Vale lembrar que, diferentemente do que ocorre para a carreira de magistério superior, não existe a reposição automática pelo dispositivo do banco de professores equivalentes para a carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT).
Outras dificuldades
Além disso, houve outros percalços no processo de 2013. A Comissão Eleitoral propôs mudanças que, inicialmente, “restringiram as participações tanto dos docentes quanto dos técnicos-administrativos nas chapas”. “No caso dos professores, não poderiam estar nenhum membro que tivesse composto a direção por dois mandatos. No caso dos técnicos, nenhum que não estivesse em cargo de nível superior”, explicou Alessandra.
Sem candidaturas (mais uma vez), a comissão flexibilizou as normas: agora é permitido que docentes já integrantes da direção anterior concorram ao pleito (em cargos distintos dos ocupados anteriormente). Também poderão candidatar-se técnicos-administrativos em função de nível médio na universidade, desde que diplomados pelo ensino superior em Pedagogia ou Licenciatura.
Na avaliação da integrante da comissão eleitoral, a revisão das regras permitirá a composição de chapas. “Estamos na expectativa de que a escola supere as dificuldades e consiga realizar o processo”, observou Alessandra.
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Campus de Macaé recebe o maior número de profissionais (24) desta entrada, seguido pela Farmácia (com sete)
Cerimônia ocorreu no auditório do CT 2
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O quadro de professores da UFRJ foi reforçado, no último dia 5, com a posse de 58 profissionais. A cerimônia, organizada pela Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), foi realizada em auditório do CT 2. A Adufrj-SSind deu as boas-vindas: “Para nós, é uma alegria recebê-los. E, ao mesmo tempo, uma responsabilidade, pois os desafios na universidade são muitos e as condições ainda mais duras para os que ingressam hoje”, disse Cláudio Ribeiro, presidente da seção sindical. “As regras previdenciárias de vocês não são as mesmas que as minhas. Nós realizaremos o mesmo trabalho, mas o tratamento será distinto. É preciso que, o quanto antes, vocês busquem se informar para compreender as mudanças em curso na universidade”, afirmou, sobre a nova carreira do magistério superior, imposta pelo governo federal ao fim da greve de 2012.
Cláudio ainda falou aos colegas sobre a privatização da previdência dos servidores federais (via Funpresp). E informou sobre a luta da comunidade universitária contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O dirigente distribuiu kits com materiais informativos relacionados a esses temas e estimulou a participação dos novos em uma plena vida universitária: “Precisamos que o tripé ensino, pesquisa e extensão ganhe uma perna a mais, que é a luta em defesa da universidade”.
O superintendente da PR-4, Agnaldo Fernandes, destacou aspectos da saúde do trabalhador que atingem os docentes da universidade. E, convidada ao evento, a professora Libânia Nacif Xavier apresentou o programa de apoio à docência que, resultado de uma parceria entre decania do CFCH, Faculdade de Educação e a reitoria, busca “valorizar o trabalho de sala de aula”. O objetivo, exposto pela professora, é “promover reflexões sobre o ensino” e “romper com a cultura de que só o desempenho científico (de pesquisa) é importante”.
Entre os recém-consursados, o primeiro professor de cavaquinho
O campus de Macaé foi o lugar que recebeu o maior número de professores dessa entrada (24 dos 58), seguido pela Faculdade de Farmácia (7). Dentre os novos integrantes da carreira do magistério superior, está Henrique Cazes, o primeiro professor do bacharelado de cavaquinho, iniciativa aprovada pela Escola de Música em 2011. “O primeiro curso deste tipo, no mundo, não poderia ser em outro lugar”, observou, em referência à inovação da UFRJ. Músico há 37 anos, Cazes confessou a emoção: “É muito bom saber que toda essa experiência agora poderá ser passada adiante”.
Carolina Mesquita deixou a família e o emprego na UFMG e na Católica de Minas (PUC-MG) para se dedicar “a fundo na carreira de ensino e pesquisa do Direito Coletivo do Trabalho”. “A expectativa é muito grande e a alegria também”, completou.
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