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No dia 15 de outubro, milhares ocuparam o Centro da cidade em apoio aos educadores em greve

Andes-SN e Adufrj-SSind estiveram presentes 

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Era 15 de outubro, mas os professores do Rio não quiseram comemorar data tão especial em casa. Pelo contrário, de manhã, uma assembleia com cinco mil educadores municipais, na Tijuca, decidiu pela continuidade da greve, iniciada em 8 de agosto. À tarde, a “celebração” foi no Centro da cidade, numa passeata que voltou a tomar a avenida Rio Branco, contra os desmandos da prefeitura e da polícia militar.

Carlos Silva, professor de História do município, considerou positivo passar o 15 de outubro na rua: “Temos que mostrar para os cidadãos que vivem nessa democracia superficial que a melhor sala de aula é a rua. Apesar de toda atrocidade, eu acredito que a democracia se faz na rua”.

Na passeata, muitos rostos e histórias. Letícia Trindade, também docente do município, é ex-aluna de Biologia da UFRJ. “Este não é um processo agradável, porque temos que discutir, lutar e gritar por direitos básicos”, afirmou. Letícia estava na manifestação do dia 1º de outubro, quando a PM agiu com extrema violência contra os professores. “A arbitrariedade da polícia foi absurda e gratuita. Nós não nos confrontamos com eles. Nem os Black Blocks estavam atacando”, afirmou. A professora espera o apoio de toda a sociedade. “Nós, como educadores, lutamos por uma sociedade diferente. Queremos ter condições de trabalho para dar dignidade aos nossos alunos”, afirmou. 

Rogério Lustosa, da Escola de Serviço Social da UFRJ, também participou do ato: “A vida é feita de resistência. Devemos lutar pela escola pública, gratuita, de qualidade em todos os níveis! Estar na rua hoje é uma celebração”, disse.

Fernanda Moreno, professora de História da rede estadual, criticou o governo pelo descaso com a Educação: “O mais difícil é saber que estamos lutando por um direito e contra um governo que já deixou bem claro que a Educação não é prioridade”. A docente, porém, se diz esperançosa: “É muito bom saber que a população está aderindo e entendendo que, sem educação, esta nação não vai pra frente”.

Amplo apoio à categoria

O ato contou com a participação de diversos sindicatos e movimentos sociais. Professores das universidades federais, organizados pelo Andes-SN, estudantes secundaristas e entidades representativas dos segmentos do Colégio Pedro II, Cefet-RJ e Faetec também compareceram. Até o fim da passeata, não houve registros de confrontos. Depois de formalmente encerrado pela organização, iniciou-se o conflito que acabou ganhando mais destaque na mídia comercial do que as justas reivindicações dos educadores.

Greve na rede estadual também continua

No dia seguinte à passeata (16), a rede estadual deliberou pela continuidade da greve. As próximas assembleias estão marcadas para os dias 22 (municipal) e 24 (estadual), em locais e horários ainda indefinidos até o fechamento desta edição.

 

Os excessos da PM, pela visão de uma voluntária

13102142Enterro. Grupo de professores fez uma intervenção na rua. Nas faixas, os pontos de pauta da greve. Em tom de marcha fúnebre, eles cantavam: “Não aguento mais/a educação do Eduardo Paes”. Foto: Samuel Tosta - 15/10/2013Rebecca Tenuta, de 25 anos, faz parte de um grupo que voluntariamente ajuda e presta os primeiros socorros a feridos nas manifestações. Ela atua desde as manifestações de junho. De acordo com a jovem, não há distinção de público entre os feridos: “Idosos, jovens, homens, mulheres, advogados, jornalistas, estudantes. Todos são alvos. Muitos são feridos por estilhaços de bombas de gás. Aliás, é assustadora a quantidade de bombas que encontramos no chão”, relatou.

Segundo Rebecca, os ferimentos de balas de borracha não seguem o protocolo de segurança: “Nunca são abaixo da linha da cintura. São sempre na cabeça. Atendemos muitos feridos na face, no olho, na testa”, comenta. Quando o ferimento é abaixo da cintura, o alvo majoritariamente são os órgãos genitais. “Já atendemos um homem com um ferimento muito grave”, disse.

BATEPRONTO/Gestão 2011-2013

Cultura política coletiva

MAURO IASI/ex-presidente da Adufrj-SSind

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

O professor Mauro Iasi teve dias intensos nos dois anos que esteve à frente da direção da Adufrj-SSind. No cargo, viveu a greve histórica de 2012, foi anfitrião do 32º Congresso do Andes-SN e ativo protagonista na resistência ao projeto que quer entregar os hospitais universitários à concepção mercantilista. Na posição de liderança que o cargo naturalmente lhe conferia, Iasi foi desafiado, com os demais companheiros de diretoria e do Conselho de Representantes, a pensar o Brasil dos levantes de junho. Agora, Mauro Iasi passa a integrar o Conselho de Representantes (CR) até 2015. Nesta rápida conversa com o Jornal da Adufrj, o ex-presidente da Seção Sindical faz um balanço de seu mandato. Ele revela sua absoluta confiança na nova gestão para a construção de alternativas coletivas na disputa pelo fortalecimento da universidade pública e pensando o Brasil.

 

A greve de 2012

A greve nos ajudou a despertar uma energia e o que há de melhor nos militantes em defesa da universidade. Foi uma greve bonita, vigorosa, e que nos propiciou formar uma unidade para enfrentar outras tarefas.  

O Congresso do Andes-SN

Sediamos o Congresso, uma tarefa bastante grande e politicamente importante. O evento debateu o movimento e traçou as linhas que nos conduzirão ao enfrentamento contra um projeto que quer quebrar a carreira docente e diminuir o papel da educação pública neste país. Houve clareza política, unidade e representatividade pra conduzir a categoria às novas lutas que estão postas na conjuntura.

O Brasil insurgente

Foi a quebra do falso consenso, foi a explosão contra esse projeto de sociedade de costas para a própria sociedade.  Aquilo que se havia constituído no país, uma democracia de cooptação, limitada, foi subvertido pela rebelião que as massas empreenderam, a partir de junho, em defesa do transporte coletivo, mas também pela saúde, educação. As ruas vão contra a Copa, as remoções, a Polícia Militar e agora se refletem na bonita greve dos professores da rede municipal e estadual de ensino do Rio de Janeiro. Isso nos dá energia pra transformar a luta da universidade numa luta de toda a sociedade.

Ebserh

Um marco de nossa resistência. O que nós acumulamos na greve de 2012 foi o que nos fez vitoriosos em barrar, pelo menos por enquanto, a Ebserh dentro da UFRJ. Uma luta coletiva de professores, estudantes e técnicos-administrativos, que mostram a disposição em defesa da educação pública.  Não se trata apenas de barrar uma forma de gestão, mas uma concepção de universidade, com sua lógica empresarial voltada à perda da autonomia. E barrar também a confissão do fracasso em gerir a coisa pública. Isso nós não aceitamos, por isso a universidade se levantou e conseguiu impor a sua vontade. 

A próxima gestão

Acredito que tenhamos criado uma cultura política no movimento docente. Há uma direção coletiva, que trabalha com o Conselho de Representantes, em sintonia com a categoria. Nós esperamos que a nova gestão se sirva desta cultura política coletiva. Ela se expressa na forma como conduzimos as assembleias, a greve, a luta contra a Ebserh e em nosso projeto de comunicação, que busca uma aproximação aprofundada com a base dos professores para, de fato, representar seus anseios e necessidades.

 Estou bastante confiante pela qualidade dos nossos próximos representantes na direção e no conselho. Tenho certeza de que será uma continuidade no sentido da luta, da resistência e na construção coletiva de uma alternativa para a universidade deste país.

Eleitos em setembro, a diretoria e o Conselho de Representantes da Adufrj-SSind assumiram ontem (dia 16), em Assembleia Geral, o mandato para o biênio 2013-2015. O novo presidente da Seção Sindical é Cláudio Ribeiro, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. A posse ocorreu no Salão Nobre do IFCS.

Adufrj-SSind repudia prisões políticas

E convoca para ato em defesa da liberdade dos manifestantes, no dia 23

Depois do ato em solidariedade aos educadores do Rio em greve, no dia 15, aproximadamente 200 pessoas foram conduzidas para delegacias. Dessas, algumas pertencem à comunidade acadêmica da UFRJ: os estudantes Ciro Oiticica e Adelson Luis, da Escola de Comunicação; e Rodrigo Campos Castello Branco, da Faculdade de Educação; e o técnico-administrativo João Correia Neto (também da ECO). A diretoria da Adufrj-SSind divulgou nota de repúdio às prisões políticas e convocou para ato público pela liberdade de manifestação, dia 23 (quarta-feira).

 

Confira a íntegra da nota da Seção Sindical:

AtoEscadarias2“A diretoria da Adufrj-SSind repudia as prisões políticas feitas pela Polícia Militar, por ordem da Chefia de Polícia do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O direito à manifestação é estruturador da democracia. Os poderes executivos Estaduais e Municipais devem priorizar melhorias na Educação Pública como exigem as categorias dos Profissionais da Educação em greve! No entanto, quando ampliam investimentos em políticas equivocadas de segurança, produzem apenas violência que cada vez mais estabelece um clima de censura através de prisões arbitrárias e irresponsáveis que têm sido sistematicamente acompanhadas de truculência e brutalidade para com os demais manifestantes.

Nos solidarizamos com todos os manifestantes presos, especialmente os alunos Ciro Oiticica e Adelson Luis Ferreira da Silva, da ECO/UFRJ, Rodrigo Campos Castello Branco, da Faculdade de Educação, e o técnico João Correia Neto, que foram injustamente detidos e tiveram seus direitos violados, convocando toda a comunidade da UFRJ para o Ato Público pela Liberdade de Manifestação, que será realizado nas Escadarias do IFCS, dia 23.10, 17h30.

Liberdade aos presos políticos!

Rio de Janeiro, 18 de Outubro de 2013.”

 

 

 

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