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UFRJ pediu à Justiça retirada de moradores e comércio, e pertences tiveram de ser levados para depósito da Prefeitura Universitária. Famílias estavam ali desde anos 20
Oito famílias com cerca de 50 pessoas, moradoras da Praia do Mangue, no Fundão, tiveram que abandonar suas casas e pequenos comércios na manhã da última quinta-feira. A UFRJ pediu à Justiça a reintegração de posse da área, centro de uma contenda jurídica desde 1996. Seis oficiais de Justiça e 18 agentes da Polícia Federal participaram da ação. Desesperados e decepcionados, os moradores tentaram negociar um adiamento da retirada. Sem sucesso. Os pertences foram levados para um depósito próximo ao alojamento estudantil. Havia a ameaça da demolição das casas. Estudantes, técnicos e professores acompanharam a movimentação e buscaram intermediar o conflito. A Adufrj esteve presente para buscar uma saída mais humana para os moradores. A história de muitas famílias é mais antiga que a criação da Cidade Universitária. João Batista da Silva conta que seu pai construiu uma casa no local em 1928. “Estamos aqui muito antes de existir a UFRJ aqui. Essa era a Ilha do Bom Jesus”, lembrou o comerciante e servidor aposentado. “Vivo aqui desde que nasci. Sou fundador da Prefeitura Universitária, e é justamente ela que está me expulsando”, contou emocionado. Reitoria e moradores chegaram a criar um projeto de financiamento coletivo para a construção de casas legalizadas na Vila Residencial, também dentro da Cidade Universitária. Foi constituído um projeto de extensão, com a participação de docentes da universidade, para elaboração do projeto. Não houve tempo, porém, para iniciar a captação dos recursos. “O acordo com a reitoria era que migraríamos para a Vila Residencial assim que as novas casas ficassem prontas. Não esperávamos essa reintegração hoje”, lamentou Mario Luiz Tosta, liderança local. Técnicos da Diseg e da PR-6 (Pró-Reitoria de Gestão e Patrimônio) acompanharam a operação. Por nota, a reitoria informou que o cumprimento do mandado se deu por conta da permanência de comércio de bebida e que assistentes sociais da Prefeitura do Rio teriam oferecido abrigo a quem não tivesse para onde ir. “A reitoria não esteve aqui oferecendo nada. Estão nos expulsando como cachorros”, afirmou Valéria Cristina Nery da Silva, moradora há 50 anos. Às 16h30 o fornecimento de energia elétrica foi cortado e a Polícia Federal começou uma negociação com os estudantes para que deixassem o terreno. Depois da pressão do movimento estudantil e de docentes, a reitoria mudou de posição e decidiu não derrubar os imóveis. Estudantes e moradores permaneceram em vigília no lugar. Não houve confronto. Até o fechamento desta edição, as casas seguiam desocupadas.

ENTREVISTA LUIZ DAVIDOVICH, presidente da Academia Brasileira de Ciências Ciência dá audiência? Tivemos uma festa mostrando o interesse do público pela ciência. Mas há um contraste com o desinteresse que autoridades desse governo demonstram, um panorama desastroso no nível federal e no nível estadual, com desprestígio da Faperj. Esse é um dia de resistência. As altas autoridades do país cortam violentamente o orçamento para ciência e tecnologia, que caiu mais de 50% em relação a 2013. Se tirarmos o custeio, a verba é um terço da de 2013. Qual o impacto disso para a pesquisa? A ciência está por trás dos alimentos que comemos, da água que tomamos, da energia que usamos. É a ciência que garante qualidade de vida dos brasileiros. Ao mesmo tempo que a gente tem um motivo de celebração do que a ciência brasileira já fez pelo país, tem indignação diante do que está sendo feito com a ciência. Perdemos a Copa do futebol, mas temos que vencer a Copa da ciência. É essa Copa que vai garantir a qualidade de vida da população. O que é possível fazer? Pressionar os parlamentares de cada estado, cobrar posicionamento. A votação do orçamento é agora. Eleitores e associações têm que pressionar.

Na Faculdade de Odontologia da UFRJ, as aulas práticas melhoram a saúde da população. Toda semana, os alunos atendem cerca de duas mil pessoas nas clínicas da faculdade, no CCS. O atendimento é supervisionado por docentes e tem importante peso na formação acadêmica.

Os pacientes são examinados por alunos de variados semestres. “Para os alunos, é como um estágio. Eles se aprimoram, e ainda podemos prestar um serviço à sociedade”, afirmou a chefe do departamento de Clínica Odontológica, professora Amara Eulalia Chagas Santos, vice-diretora da faculdade - de onde também foi aluna.

Em algumas clínicas, o atendimento é realizado por profissionais já formados, alunos de especialização, mestrado e doutorado. O curso de Odontologia da UFRJ está entre os melhores do país.

Os alunos são avaliados pelo trabalho e, à medida que avançam no curso, o papel do professor vai sendo reduzido. Alunos do oitavo e último período, coordenados pela professora Amara, já atuam de modo mais independente. “Passar pela clínica foi fundamental para que eu pudesse aprender e ganhar segurança”, afirmou a professora Lorrane Salvador de Mello, enquanto supervisionava o trabalho de uma aluna na colocação da prótese de um paciente. “Tive ótimos professores e pacientes, e hoje tento repetir a experiência com meus alunos”.

Quem busca o serviço das clínicas passa por uma triagem, para que possa ser encaminhado para o tratamento correto. É muito comum que o paciente precise de vários serviços.

Cada atendimento custa R$ 30. Segundo a professora Amara, o dinheiro vai para a Fundação José Bonifácio, cadastrada no MEC para atuar junto à UFRJ para este tipo de parceria, e volta para a Faculdade, que o utiliza para custear equipamentos e material odontológico.

Há clínicas específicas para ortodontia, cirurgia, próteses, radiologia, estomatologia e odontopediatria, que atende bebês e pacientes especiais. Às segundas, quartas e sextas, há uma pequena emergência, com prioridade para quem já é paciente.

_________ SERVIÇO: O telefone para informações é 3938-2048.

Professora Ligia Bahia, vice-presidente da Adufrj, afirma que planos de saúde empurram cidadão a desempenhar o papel de Joseph K. , personagem de Kafka enredado num processo sem chance de defesa   Ligia Bahia*   Um dos planos de saúde de professores da UFRJ (Unimed) aumentou 42,5%. A péssima notícia atinge uma categoria com salários estagnados e gastos crescentes para trabalhar. Além de ter que tirar do bolso ajudas diversas às atividades de ensino e pesquisa, estamos gastando mais com transporte, livros e até com medicamentos. O reajuste oito vezes maior que a inflação da economia e quatro vezes superior ao concedido pela Agência de Saúde Suplementar causou espanto e indignação. O que poderia justificar essa discrepância com outros índices de preços? Diversos professores procuraram a Adufrj. A pergunta que está pairando no ar é: o que faremos? E quem questionou já adiantou: ficar de braços cruzados, nem pensar. Para quem estuda o tema há muito tempo, um valor tão elevado também surpreendeu. Nem todas as evidências acumuladas sobre reajustes abusivos poderiam ter nos preparado para lidar com esse fato como mais um ponto. O entendimento geral da dinâmica do mercado contribui para saber de onde vem uma política tão agressiva, mas não foi suficiente para antecipar, evitar o problema. O plano que está abrigado na Unimed, na realidade, está subalocado na Asparj e é operacionalizado (em termos de negociação dos contratos) pela IBBCA, uma administradora de saúde. Assim mesmo muito confuso. Traduzindo: o plano tem a rede credenciada e própria da Unimed, nossos professores foram inseridos em um pool com outros servidores públicos e o corretor trabalha para diversas empresas, inclusive para a IBBCA. Na hora de contratar parece meio difícil entender, mas fica claro que o atendimento tem a Unimed por trás. Contudo, quando se trata de contestar o reajuste é diferente. As responsabilidades se evaporam. Ao interpelar a diretoria da Unimed Rio soubemos que o valor só poderia ser negociado com a administradora e que não existe um contrato com a Adufrj e sim com a Asparj. É a administradora e não a Unimed que pode “dar desconto”. Foi exatamente como o corretor agiu: propôs para os mais jovens um aumento de “apenas” o dobro daquele definido pela ANS e para quem tem acima de 65 anos, ônus integral. Uma crueldade que sequer preserva princípios básicos da solidariedade intergeracional de qualquer mutualismo. Desde a semana passada, a atenção de toda a equipe da Adufrj, inclusive dos assessores jurídicos, está voltada para impedir esse assalto (sem violência física, mas portador de ameaças objetivas à organização da vida) aos professores. Estamos reunindo informações para arguir o aumento pela via judicial. Por exemplo, planos de servidores públicos como o dos fiscais da Receita Federal não aumentaram ou tiveram reajuste máximo de 7,2% (uma categoria também constituída fundamentalmente por profissionais de nível de idade média). Paralelamente, divulgamos entre especialistas o que está ocorrendo na UFRJ. Temos sido procurados por pessoas interessadas em apresentar esquemas assistenciais que garantam estabilidade assistencial e financeira para os usuários. Consideramos que características tais como: existência de concursos e admissão permanente de novos associados, adimplência e estabilidade no plano devem ser consideradas nos processos de precificação. Encarar a briga pela saúde em um contexto de forte expansão de negócios é uma tarefa árdua. Certamente foi na seguradora na qual trabalhou que Kafka se inspirou para escrever “O Processo”. Os planos de saúde, a seu modo, nos empurram para desempenhar o papel de Joseph K. O que oferecemos para contrarrestar as tendências de expansão da mercantilizarão da saúde não é pouco. A população brasileira, quando consultada por diversas pesquisas, declara peremptoriamente sua insatisfação com a privatização da educação e saúde e atesta má qualidade de serviços inclusive das operadoras de planos. A justiça está repleta de ações contra planos e tem se manifestado majoritariamente a favor dos pacientes. E a Adufrj tem de sobra esperanças e compromissos para encontrar melhores perspectivas para a saúde.   * Vice-presidente da Adufrj e pesquisadora em saúde coletiva

Em meio à comemoração dos 70 anos, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) fará sua reunião anual na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, de 22 a 28 de julho. Num 2018 marcado pela crise política do governo de Michel Temer e pelas eleições presidenciais, o encontro prevê conferências científicas, palestras e minicursos, mas também debates sobre os cortes orçamentários que atingem a área. Na programação geral da SBPC consta um encontro com os presidenciáveis, mas a organização da SBPC não informou quais deles já confirmaram presença. Estão previstas conferências e palestras de pelo menos 13 pesquisadores ligados à UFRJ. Dois diretores da Adufrj, Felipe Rosa e Ligia Bahia, participarão do evento, organizado por mais de 142 sociedades ligadas à ciência.  O presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Luchesi, professor da Faculdade de Letras, falará de literatura e ciência. “A UFRJ sempre teve uma presença muito grande na SBPC, participa desde o início”, afirma Ildeu de Castro Moreira, presidente da entidade e professor do Instituto de Física da universidade. Para Ildeu, a reunião será um espaço para chamar a atenção das autoridades sobre a importância do investimento na ciência. “Estamos vivendo um momento muito delicado no país para as áreas de ciência e educação”, afirma. “Vamos discutir o acesso a políticas públicas que promovam o desenvolvimento científico, humano e sustentável.” Luiz Pinguelli Rosa, Diretor de Relações Institucionais da Coppe, será um dos palestrantes da mesa-redonda “Desafios do pré-sal”. Ele promete analisar a situação da indústria petroleira no país e no exterior. “Farei críticas à política de petróleo do governo Temer e contra as privatizações no setor”, explica. “Eles são pessoas que atentam contra o interesse nacional, são funcionários das grandes multinacionais.” O pesquisador lembra, inclusive, que o aumento de preços dos combustíveis deu origem à greve dos caminhoneiros que aconteceu em maio. Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, vai apresentar a conferência “Dragões Alados: Novidades do Front”, que vai trazer ao público estudos científicos sobre os pterossauros. “Vamos apresentar as novidades e avanços realizados nas pesquisas sobre répteis alados”, explica o paleontólogo, um dos maiores especialistas do mundo no assunto. Ele também vai coordenar uma sessão especial sobre o bicentenário do Museu, instituição científica mais antiga do Brasil. “Serão apresentações sobre a história do Museu Nacional e suas coleções antropológicas, zoológicas e paleontológicas. É uma maneira de mostrarmos para a SBPC nossa importância ao longo desses 200 anos.”

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