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Dois meses depois do dramático sequestro de dois professores no Fundão, ainda não saíram do papel algumas medidas cobradas pela comunidade universitária para melhorar a segurança. Não foi implementada nem mesmo a mais simples das promessas da reitoria: a reabertura das passagens de veículos em frente ao CCS – hoje os motoristas são obrigados a fazer o retorno numa área erma, a mesma onde o casal de docentes foi capturado em maio.
A mudança no local do retorno foi sugerida por um técnico numa manifestação na escadaria do CCS em 23 de maio, na presença do reitor e de sua equipe. Naquele mesmo dia, ainda durante o evento, a reitoria reconheceu que a ação era simples e se comprometeu a executá-la imediatamente.
“Faço esse retorno todo dia, sinto insegurança total. Se eu gritar, ninguém ouve. Viver assim não é normal”, reclama a professora aposentada Yocie Yoneshigue-Valentim, do Departamento de Botânica. Este mês, bandidos de fuzil roubaram um pedestre no estacionamento do CCS.
Para Sônia Costa, professora do Instituto de Pesquisa de Produtos Naturais, a situação é inadmissível. “Não sabemos quando seremos assaltados. Muitas medidas não dependem de dinheiro, mas da vontade”, relata.
Questionada, a Prefeitura Universitária não respondeu sobre o retorno. Em junho, foram instaladas câmeras de alta definição nos pórticos, além de contadores para medir o fluxo de veículos.
Também não saiu do papel a assinatura do convênio do Proeis (Programa Estadual de Integração na Segurança). Esse convênio, a ser assinado entre UFRJ, Petrobras e Polícia Militar, prevê o pagamento para que PMs de folga trabalhem na segurança do campus. Segundo a Prefeitura, enquanto o Proeis não saísse do papel, o policiamento seguiria reforçado, o que tem ocorrido.
A Prefeitura diz que a demora é da Petrobras. Segundo a assessoria da empresa, o processo está em andamento para discussão de detalhes contratuais, mas ainda sem expectativa de conclusão. Como medida de efeito provisório, o Estado do Rio está pagando, após reivindicação da UFRJ, o Regime Adicional de Serviço. Ele amplia o policiamento com policiais trabalhando nos dias de folga e, segundo a Prefeitura, vai permanecer até a efetivação do Proeis.
“Reconhecemos a presença maior de soldados do Exército nas entradas do Fundão, mas lamentamos a morosidade para a execução de promessas”, diz Felipe Rosa, diretor da Adufrj.
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A divulgação do ranking universitário britânico Times Higher Education surprendeu a comunidade acadêmica da UFRJ. De acordo com o levantamento - que examina 13 indicadores –, a universidade não está mais entre as dez melhores da América Latina: caiu para a 12ª posição.
Mais preocupante do que o desempenho deste ano é a tendência sinalizada pelos números. A UFRJ estava em 8º lugar em 2017 e em 5º lugar há dois anos. Significa uma queda de sete posições em três anos.
Para o professor Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica, o ranking mostra que a conta da crise chegou para as universidades públicas do Rio. Além da UFRJ, a Uerj também caiu uma posição (para 25º) e a UFF se manteve em 45º lugar. “Somos duplamente punidos aqui, pelo corte nos recursos federais e pela situação da Faperj. Há mais de R$ 500 milhões em projetos contratados pela Faperj que foram empenhados pela obrigação constitucional e que não foram pagos pelo governo estadual desde 2015”, afirmou o ex-dirigente da Fundação.
A pró-reitora de Pós-graduação, Leila Rodrigues, minimizou o resultado. Segundo ela, a UFRJ aumentou o número de publicações e estudantes. Já o pró- -reitor de Graduação, Eduardo Serra, ressaltou que os números em ensino melhoraram, mesmo com os cortes orçamentários. Universidades como UnB e UFMG melhoraram a performance. O Brasil, no entanto, ainda está numa posição acanhada no cenário internacional. As instituições melhor colocadas no país, Unicamp e USP, não estão nem entre as 200 primeiras do ranking mundial.
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