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A aplicação do tarifaço norte-americano contra o Brasil, com chantagem política, repercutiu no último Consuni. O colegiado aprovou uma moção em defesa da soberania nacional. Confira abaixo:
“O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão ordinária no dia 10 de julho de 2025, manifesta -se em defesa da Soberania Nacional frente a ingerência do Presidente dos EUA em assuntos inegociáveis como a defesa da democracia e de seus órgãos de decisão estabelecidos na Constituição Federal Brasileira.
O Conselho Universitário expressa apoio ao Presidente Luiz Inácio em aplicar a Lei de Reciprocidade - Lei n° 15 122/2025, e conclama a comunidade universitária à participação nas ações necessárias em defesa da Soberania Nacional, em conformidade com o Estatuto da UFRJ.”
A moção do Consuni da UFRJ foi seguida de várias manifestações da comunidade acadêmica. Poucos dias depois, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgaram nota contra as ações do governo de Donald Trump, “que configuram uma afronta inaceitável à soberania nacional, à democracia brasileira e à estabilidade das relações internacionais”.

CAp VOLTA A PROTESTAR
WhatsApp Image 2025 07 16 at 17.51.09Foto: Kelvin MeloA comunidade do Colégio de Aplicação voltou a protestar por melhores condições de infraestrutura no Conselho Universitário realizado no dia 10. Durante a sessão, alunos entregaram à reitoria 140 cartas (foto) denunciando os problemas da escola.
“Duas semanas após terem deixado o muro cair, estamos convivendo com tapumes e com promessas de um muro reerguido”, reforçou a representante do corpo docente da unidade no Consuni, Maria Coelho. “Mas ainda há uma rede elétrica condenada, estrutura da educação infantil restrita — há três anos — a duas salas da escola, desgaste físico e emocional do corpo profissional e da direção”, completou.
O reitor Roberto Medronho se defendeu das críticas sobre o muro. O dirigente responsabilizou o subfinanciamento crônico da UFRJ e a legislação que dificulta a agilidade das obras. “Vários sinistros têm ocorrido na nossa universidade e nenhum reitor é responsável por isso. São anos e anos de subfinanciamento”, disse.
A administração central apresentou as intervenções que serão feitas na unidade: além do muro (com obra emergencial já contratada e em andamento), haverá uma reforma da quadra e do sistema elétrico da escola. “Estamos finalizando agora o mapeamento da rede elétrica do prédio para posterior contratação da reforma”, disse o diretor do Escritório Técnico da Universidade, professor Wagner Ribeiro. “A outra demanda é a quadra. Já era programação retomar a obra da quadra. Houve uma licitação que fracassou. Vamos retomar agora no segundo semestre”, completou.
Também foi informado que 75 empresas se apresentaram para a licitação de construção do espaço que vai abrigar o segmento infantil no antigo polo de biotecnologia, na Cidade Universitária. Uma empresa foi considerada vencedora, mas outra firma entrou com recurso, que deve ser avaliado até o fim do mês.
“Vamos fazer uma comissão com alunos, pais, servidores, junto da reitoria, para acompanhar, etapa a etapa, todas essas intervenções”, disse Medronho, que se comprometeu a visitar a escola para conversar com o corpo social da escola. A reunião ficou marcada para o próximo dia 30.

PRIMEIRA EMERÊNCIA
DO CM UFRJ-MACAÉ
O professor Emerson Elias Merhy, do Departamento de Saúde Coletiva, Mental e da Família, do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé, será emérito. A concessão do título pelo Consuni — a primeira do Centro — premia uma carreira dedicada aos estudos em saúde coletiva de reconhecimento internacional. Merhy é Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Rosário, da Argentina desde 2019.

SEM MAIS VAGAS
PARA SUBSTITUTOS
Representante do campus Macaé, o professor Habib Montoya solicitou alguma reserva técnica emergencial de substitutos para cobrir as vagas de professoras grávidas. A administração central respondeu que não há mais nenhuma vaga disponível este ano, em função dos recursos das unidades aprovados pelo próprio Consuni. As instituições podem contratar substitutos até o limite de 20% do quadro total de docentes ativos — no caso da UFRJ, o percentual corresponde a 720. “Preenchemos todas as vagas”, informou a superintendente geral de Graduação, professora Georgia Atella.

NOVA OUVIDORA
O colegiado aprovou a indicação da professora Katya Gualter para ser a nova ouvidora geral da UFRJ. A docente está encerrando neste mês o mandato como diretora da Escola de Educação Física e de Desportos.

MUDANÇA NA PR-6
Fernando Peregrino foi indicado para a pró-reitoria de Governança, substituindo a professora Claudia Cruz. O nome será submetido ao Consuni do dia 24. Se aprovado, levará para uma das áreas mais sensíveis da gestão a vasta experiência adquirida em diversos cargos administrativos. Foi presidente da Faperj, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado e diretor-executivo da Coppetec.

Todos os professores da UFRJ, da ativa e aposentados, podem se filiar à ADUFRJ

CONDIÇÕES ESPECIAIS

Sindicalize-se! Estamos com condições especiais para novos filiados; Professores assistentes e
adjuntos (do magistério superior) e DI, DII e DIII (EBTT) que se filiarem à ADUFRJ ganham isenção nas mensalidades pelos primeiros dois anos.
E desconto de 50% nos dois anos seguintes.
A mensalidade corresponde a apenas 0,8% do salário bruto. Num salário de R$ 10 mil, por exemplo, o sindicalizado paga R$ 80, valor bem inferior ao total de descontos que o filiado obtém com o uso dos convênios oferecidos pela AdUFRJ.

WhatsApp Image 2025 07 03 at 18.28.33 10

joãotorresJoão Torres

Professor do Instituto de Física e
pró-reitor de Pós-graduação
e Pesquisa da UFRJ

Nos últimos meses, a cobertura internacional sobre Gaza tem se concentrado, com razão, na destruição de hospitais e escolas. No entanto, um aspecto igualmente vital da infraestrutura civil tem recebido menos atenção: as universidades. Desde o início das operações militares de Israel em 2023, ao menos doze instituições de ensino superior foram completamente destruídas. Estima-se que cerca de 94 professores universitários tenham sido mortos, além de centenas de estudantes e dezenas de administradores acadêmicos.
Um dos casos mais simbólicos dessa destruição é o da Universidade Al-Aqsa — a mais antiga instituição pública de ensino superior da Faixa de Gaza — que, até 2024, atendia cerca de 26 mil estudantes. Suas instalações foram completamente arrasadas por bombardeios israelenses e suas bibliotecas foram queimadas de propósito, com imagens registradas pelos próprios perpetradores.
No meio das ruínas das cidades bombardeadas, entre a dor de familiares assassinados e a perda de lares, jovens palestinos encontram um raro refúgio: a Ciência. Em meio ao genocídio em curso, eles continuam estudando Física de buracos negros, teoria dos números primos, Óptica Quântica e outros temas complexos da Ciência moderna. E não estão sozinhos.
Uma constelação de cientistas mundialmente reconhecidos tem se mobilizado para oferecer a esses estudantes um elo com o conhecimento e com a dignidade humana. Dentre os envolvidos estão nomes de peso como os Prêmios Nobel Anne L’Huillier, Michel Mayor,e Alain Aspect, além dos medalhistas Fields (o “Nobel da Matemática”) Terence Tao, Cédric Villani e Edward Witten. A esses se somam pesquisadores como Neil Turok, ex-diretor do Instituto Perimeter de Física Teórica, e Carlo Rovelli, autor de best-sellers em Física. Como isso é possível?
Duas grandes iniciativas têm garantido essa ponte entre Gaza e o mundo acadêmico internacional. A primeira é a Solidariedade Acadêmica com a Palestina (Academic Solidarity with Palestine), uma rede formada por cerca de quatro mil voluntários, dedicada a manter o acesso à educação superior para jovens palestinos. Em parceria com a Universidade de Lille, na França, e a Universidade An-Najah, na Cisjordânia, a iniciativa organiza cursos online voltados às necessidades dos estudantes de Gaza.
As dificuldades, porém, são imensas. A organização distribui chips de celular para que os alunos consigam se conectar à internet. Muitos deles caminham longas distâncias até encontrar sinal suficiente para assistir às aulas. Uma realidade que lembra, numa versão muito pior, os desafios enfrentados por estudantes brasileiros durante os períodos mais críticos da pandemia da covid-19.
A segunda iniciativa é a organização Cientistas pela Palestina (Scientists for Palestine – S4P). Criada em 2015 por físicos dos EUA e do Reino Unido, a S4P busca apoiar a Ciência na Palestina e mitigar os efeitos devastadores da ocupação militar sobre o ensino e a pesquisa. Através de ações diretas em território palestino e da articulação de uma rede internacional de cientistas, a organização realiza webinários, escolas de verão, captação de recursos e programas de intercâmbio para estudantes e pesquisadores palestinos.
Mesmo diante da guerra, das limitações técnicas e da dor, as aulas continuam acontecendo. E acontecem em nome dos direitos humanos universais, conforme expressos na Declaração Universal de 1948 — o mesmo ano da criação do Estado de Israel. Esses direitos não são ideias abstratas: são fundamentos da dignidade humana, como o direito à vida, à liberdade, à saúde, ao trabalho — e à educação.
O mais impressionante é que, antes da guerra contra Gaza, a Palestina tinha uma das maiores taxas de alfabetização da região — um testemunho do valor que seu povo atribui à educação, mesmo após décadas de ocupação.
A solidariedade internacional de grandes cientistas com Gaza não é de hoje. Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu em 2013, quando ostephen renomado físico Stephen Hawking (foto) decidiu boicotar a Conferência Presidencial de Israel, organizada pelo então presidente Shimon Peres. Hawking havia inicialmente aceitado o convite, mas voltou atrás após apelos de acadêmicos palestinos e de colegas ao redor do mundo, em apoio ao movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Sua decisão gerou ampla repercussão internacional e foi interpretada como um gesto político forte, vindo de um cientista de prestígio global, em defesa dos direitos dos palestinos. Vale lembrar que Hawking já havia visitado a Palestina em 2006 , quando participou de uma videoconferência com estudantes em Gaza, expressando apoio à educação e ao direito dos palestinos ao acesso ao conhecimento — mesmo sob condições de bloqueio e ocupação. Seu gesto permanece como referência simbólica da aliança entre ciência e justiça.
Participar de um colóquio com cientistas de alto nível ou fazer um curso de Física ou de línguas, mesmo que online, dá aos estudantes palestinos uma certeza fundamental: eles não foram esquecidos. Ainda são vistos como seres humanos, apesar da intensa campanha de desumanização que enfrentam. A ciência, a educação e a busca por uma compreensão mais ampla do universo são valores universais — e os jovens palestinos ainda vivos merecem usufruí-los como qualquer um dos nossos estudantes aqui na UFRJ.

WhatsApp Image 2025 06 26 at 13.49.16Foto: Kelvin MeloA interdição de dois banheiros e de uma sala do aulário da Praia Vermelha (foto) desde segunda-feira (23) representa mais um capítulo da crise de infraestrutura da UFRJ. A decisão foi tomada após uma vistoria do Escritório Técnico da Universidade que apontou risco de acidente para os usuários. Foram detectados vazamentos e afundamentos do piso.
“Ações de recuperação estrutural e material são necessárias no telhado, na base dos reservatórios superiores, nos pisos e estruturas dos sanitários e no piso, de forma pontual, em salas de aula”, diz o relatório do ETU ao qual a reportagem teve acesso.
Chefe de gabinete da reitoria, a professora Fabiana Fonseca informou que uma empresa de manutenção já contratada pela UFRJ começa o reparo esta semana. Os espaços devem ser reabertos até o início do próximo período letivo. “Os dois banheiros e uma sala. O restante não está comprometido”, afirmou.

IMG 20250530 154202 1Foto: Silvana SáColetivo de professoras e professores aposentados do CAp

A FALA DOS PROFESSORES DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO QUE TÊM DIREITO AO RECONHECIMENTO DE SABERES E COMPETÊNCIAS

Somos professoras e professores aposentados do Colégio de Aplicação da UFRJ. Dedicamos os melhores anos de nossas vidas à formação de milhares de crianças e adolescentes. Foi o trabalho diuturno numa época em que o magistério era mais desvalorizado do que hoje e que as tarefas familiares ainda eram mais fortemente concentradas nas mulheres. Uma lida árdua que impediu muitos de nós de concluir a titulação..
Nossa história e nosso contexto foi reconhecido pela lei nº 12.772/2012, o chamado Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), legislação que abriu as portas para um justo retorno financeiro para nós. No entanto, há mais de dois anos vivemos uma situação kafkaniana em que temos que cumprir uma maratona burocrática para receber algo que é nosso por direito.
O Jornal da AdUFRJ abriu espaço para nossa luta em reportagem de capa há duas semanas e nos convidou para escrever um artigo detalhando nosso calvário. É o que fazemos aqui.
Primeiro queremos explicitar que o RSC permite aos docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) receberem valores de Retribuição por Titulação (RT), mas para isso é necessário comprovar documentalmente a prática pedagógica, conhecimentos e competências adquiridas que façam equivalência com a especialização, mestrado e doutorado.
No âmbito da UFRJ, a Resolução n° 02/15 do CONSUNI dispôs sobre a regulamentação da avaliação e fluxo de procedimentos para a concessão do RSC.
Em fins de 2022, a ADUFRJ venceu ação coletiva que determinou a extensão do direito ao RSC a 74 docentes do Colégio de Aplicação que se aposentaram na vigência da lei da paridade remuneratória. Nesse mesmo período, foi firmado com a UFRJ um compromisso para que esses docentes, após cumprimento de todo o protocolo de avaliação, tivessem a imediata revisão de seus proventos de aposentadoria.
O não cumprimento desse acordo por parte da UFRJ nos causa indignação. Dos 23 docentes que entraram com o pleito junto à CPPD/EBTT/RSC, 9 foram avaliados e seus respectivos processos encaminhados à PR4, que, até o momento, não efetivou o pagamento, tendo, inclusive, negado procedência a um deles.
E por que toda essa indignação diante da desconsideração aos nossos direitos?
A grande maioria dos pleiteantes ao RSC iniciou a sua atuação no CAp na década de 80, atravessando os anos 90, até mais ou menos a primeira década dos anos 2000. Trata-se de uma geração de docentes que, resgatando o contexto histórico mais amplo, viveu o momento do fim da ditadura e início do processo de reconstrução democrática, resistindo à ameaça de retrocesso nas políticas educacionais com a persistente tentativa de imposição das reformas neoliberais na educação.

MOVIMENTO SINDICAL
Lembramos que nós professores vivíamos uma conjuntura de luzes e sombras, mas, sem dúvida, com um horizonte mais aberto para a discussão de novos caminhos para a educação brasileira, em seus diferentes níveis. Vale lembrar também que o CAp, conosco na linha de frente, sempre participou ativamente do movimento sindical, mobilizando-se em todas as greves e manifestações, e assumindo, anos seguidos, o profundo desgaste que é a reposição de aulas no ensino básico.
No nível interno, nossa geração de docentes vivenciou um clima de efervescência e intensos debates provenientes das mudanças no pensamento pedagógico crítico e das novas concepções de educação escolar.
Resgatando a trajetória histórica do CAp, é importante lembrar que, embora criado em 1948 e concebido como um espaço privilegiado para a formação docente na UFRJ, até meados dos anos 80, o colégio não era uma unidade autônoma, encontrando-se subordinado, primeiramente, ao Departamento de Didática da Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, à Faculdade de Educação e ao CFCH.
Internamente, forjou-se um movimento de resistência ao papel subordinado do CAp e se estruturou um movimento de renovação da prática pedagógica, que levou à elaboração de novas propostas programáticas por todos os diferentes setores curriculares do colégio. Contudo, só em 1985, o corpo docente do CAp elegeu sua primeira diretoria. A partir daí, ocorreram grandes mudanças na estruturação interna do colégio.

CONDIÇÕES DE TRABALHO
E antes de abordarmos algumas dessas mudanças, é importante destacar que muitos desses professores da lista dos 74 docentes habilitados ao pleito do RSC assumiram cargos de direção e de coordenação e tiveram uma participação de extrema dedicação e compromisso na luta pela construção de autonomia administrativa e pedagógica de nosso colégio.
Assim, após a conquista do direito de eleger sua diretoria, verifica-se uma intensa mobilização do corpo docente em torno de questões institucionais, como a conquista de representação no Consuni, no CEG e no Conselho do CFCH. Do mesmo modo, surge uma nova estrutura de funcionamento da escola, através da criação das Direções Adjuntas, do Conselho Pedagógico e das coordenações dos setores curriculares. Ainda que a implantação dessa nova estrutura tenha representado um avanço indiscutível, perduraram, ao longo das décadas de 80 e 90, condições de trabalho precárias, evidenciadas por contratos temporários extorsivos, atraso de pagamento, demora na contratação de professores concursados e substitutos. Certamente, todos nós sofremos as repercussões dessa precariedade em nossas condições de trabalho.
Lembramos também que, ainda que já tivesse sido instituído o concurso público como condição de ingresso dos professores, o regime de trabalho predominante era, na década de 80 e em parte dos anos 90, de 20 horas semanais. Com uma carga muitas vezes exaustiva de aulas/turmas e de licenciandos, mergulhávamos, sobrecarregados, no estudo e preparação das aulas, acreditando na proposta de enriquecer nossa prática pedagógica e propiciar uma educação crítica e de qualidade para os nossos alunos e licenciandos.
Nós, professores aposentados, temos a memória viva de nossa atuação naquele período. Fomos, junto com as nossas respectivas equipes de setor curricular, elaboradores e integrantes dos primeiros projetos de pesquisa e extensão aprovados junto ao CEG/CEPG. Acreditamos, portanto, que em muito contribuímos para o reconhecimento do caráter universitário do trabalho do CAp-UFRJ ao implantar e desenvolver sua premissa central, que é o elo entre ensino, pesquisa e extensão.
Na década de 90 e até meados da primeira década de 2000, a maioria de nós participou da construção do primeiro projeto político- pedagógico do colégio, que foi resultado de inúmeras discussões e debates sobre o papel dos colégios de aplicação na formação dos professores, na pesquisa sobre a educação básica, sobretudo, na democratização da educação pública. Foi nesse contexto que foram implementadas as novas formas mais democráticas de acesso ao CAp.

DIREITO DE PARIDADE
É importante afirmar que, ao longo desse período final, cresceu em muito o número de professores que passaram para o regime 40 h/DE. Contudo, o breve relato da ampliação das responsabilidades e tarefas presentes no processo de conquista de autonomia administrativa e pedagógica, bem como as dificuldades na concessão de licença para capacitação dos docentes, nos ajuda a esclarecer os motivos pelos quais muitos professores da educação básica não encontraram fôlego para completar a sua titulação em nível formal.
Não à toa foi instituído o RSC que, em última análise, representa um entendimento consensual das dificuldades presentes no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no que se refere à capacitação docente, buscando contemplar o direito de paridade remuneratória entre os docentes das IFEs
Queremos ainda expressar, mesmo não estando presentes na reformulação da carreira EBTT, o orgulho que sentimos ao constatar que a implantação de mecanismos de estímulos à capacitação docente mudou significativamente o perfil acadêmico dos professores do CAp - UFRJ. Segundo Carvalho (2025), o corpo docente atual do CAp, composto por 98 professores, chegou, em 2024, ao número de 65 doutores, 17 doutorandos e 15 mestres. Acreditamos firmemente que nosso esforço pedagógico e nossas lutas reivindicatórias contribuíram para a configuração desse novo perfil e, certamente, pavimentaram o caminho que os novos professores estão percorrendo.
Pleitear o RSC representa um ato de extrema coragem e resiliência para nós, professores aposentados, – alguns há mais de 20 anos - na medida em que foi necessário se submeter a um complexo fluxo de procedimentos, que envolveu a elaboração de um memorial descritivo/analítico completo, englobando toda a atuação profissional desenvolvida até o momento da aposentadoria.
O memorial deve percorrer parâmetros pré- estabelecidos e normatizados, tais como, a título de exemplo, o inventário de todas as turmas trabalhadas e licenciandos orientados ao longo dos anos letivos na ativa; projetos de pesquisa e/ou extensão desenvolvidos; cursos de capacitação certificados; atuação em gestão, comissões e representações institucionais; atuação em bancas de seleção; produção de material didático e aplicação de métodos e tecnologias educacionais; artigos e livros publicados e muitos outros itens que justifiquem a solicitação do pleito.
Cada uma das atividades apresentadas no memorial deve ser referendada por documento comprobatório. Tratou-se de tarefa indescritivelmente exaustiva coletar documentos de um período anterior à era digital.
Em seguida, toda a documentação do professor pleiteante segue para a CPPD/EBTT/RSC, instituída no CAp, com vistas a coordenação do processo avaliativo de cada docente, cabendo-lhe o trabalho de formação da banca, composta por 4 avaliadores, sendo dois internos e dois externos.
Esses avaliadores são sorteados pelo SIMEC a partir de uma lista nacional de avaliadores inscritos no sistema. Na prática, a questão da formação das bancas é, segundo esclarecimentos da CPPD/EBTT, altamente problemática porque, na real, os professores que se dispuseram a participar solidariamente da avaliação dos colegas, ao serem sorteados, argumentam sentirem-se sobrecarregados e não se disponibilizam a mais esse trabalho não remunerado.
Segundo a CPPD, este é o principal fator que explica porque, apesar de terem entregues o memorial há cerca de 2 anos, a maior parte dos docentes pleiteantes ainda não teve sua avaliação concluída e encaminhada para homologação pelo Conselho Diretor do CAp, etapa que precede o envio do processo para a PR4.

FORÇA E ENERGIA
A partir deste sucinto relato, é possível entender porque nos sentimos profundamente indignados quando nove companheiros, com o processo avaliativo concluído e enviado para a PR4, não conseguem ter a retribuição por titulação incorporada imediatamente nos seus respectivos proventos.
Carregando dentro de nós a força e a energia oriundas de muita dedicação, estudo e vivência de luta cotidiana na construção de novos e mais democráticos caminhos para o ensino básico, queremos deixar claro que NÃO abdicaremos do direito ao Reconhecimento de nossos Saberes e Competências.

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