Milhares pela Educação
A Avenida Rio Branco, no Centro do Rio voltou a ser tomada por uma multidão. Diversos segmentos de trabalhadores, estudantes e demais entidades e representações da sociedade civil abraçaram a causa dos professores da rede municipal, em greve há 60 dias. Eles seguiram a convocação do Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) e de outras entidades.
Com vitalidade invejável e muita disposição para a luta, os professores puxaram a manifestação até a
Cinelândia. O Andes-SN e a Adufrj-SSind estiveram presentes na marcha. A concentração da comunidade acadêmica da UFRJ foi no Largo do São Francisco, onde funcionam os institutos de História e de Filosofia e Ciências Sociais.
As pautas eram velhas conhecidas da esquerda: desmilitarização da polícia, crítica à imprensa comercial, mais investimentos para a Saúde e a Educação públicas, contra a violência de Estado. O grupo conhecido como Black Block fez a segurança de toda a passeata contra possíveis investidas da polícia militar. Nas ruas, um irrisório efetivo policial fazia a segurança de algumas agências bancárias ao longo da avenida.
Éramos muitos
O Globo foi duramente criticado quando divulgou que apenas duas mil pessoas participavam do ato. Uma ensurdecedora vaia tomou conta de toda a Rio Branco, que àquela altura estava completamente cheia de manifestantes.
Na Cinelândia, o grupo comemorou o sucesso do ato que reuniu milhares de pessoas. Alguns cálculos indicam 60 mil. Há quem fale em cem mil. Apenas do alto do carro de som e dos edifícios era possível ter a dimensão da passeata. Vera Nepomuceno, dirigente do Sepe-RJ, afirmou que os professores deram uma “belíssima aula de cidadania e democracia”. Com a ausência de efetivo policial, os manifestantes cantaram: “Que coincidência, sem polícia não teve violência”.
O Sepe-RJ encerrou o ato quando tomou conhecimento que um grupo grande de policiais estavam enfileirados na rua Evaristo da Veiga. Os Black Blocks fizeram uma barreira entre a PM e os manifestantes até que a maior parte conseguisse sair em segurança. A partir desse momento, houve confronto.
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Aluna de intercâmbio diz ter que responder constantemente a questões preconceituosas sobre a África
Ela foi trazida de Cabo Verde pelo Programa Estudante Convênio de Graduação
Darlan de Azevedo. Estagiário e Redação
Desde a promulgação da Carta Constitucional de 1988, o racismo é declarado como crime inafiançável. No entanto, resquícios histórico-culturais presentes na sociedade brasileira mantêm vivo, mesmo que de forma velada, um intenso preconceito racial por parte da elite branca dominante.
Em um caso recente envolvendo a UFRJ, o estudante negro Delmar Lopes Siga, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), foi autuado pela Polícia Militar em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por um suposto assalto de celular. De acordo com depoimento apresentado na delegacia, Delmar, natural de Guiné-Bissau (país cuja língua oficial é o francês), pediu informação a uma mulher, que fugiu assustada. Ao passar pelo local, um policial achou que se tratava de um roubo e prendeu o aluno. Atualmente, o guineense responde ao processo em liberdade.
A estudante do 8º período da Escola de Comunicação da UFRJ, Rossana Ribeiro, de 22 anos, cursa Jornalismo desde 2010, quando veio para o Brasil através do mesmo programa que trouxe Delmar, o PEC-G (Programa Estudante Convênio de Graduação). Ela engrossa as críticas ao racismo, por vezes dissimulado, que encontrou no Rio de Janeiro. Natural de Cabo Verde, país localizado na costa ocidental da África, Rossana observou que a chamada “hospitalidade brasileira” não passa de um mito.
Rossana diz que a integração entre os estudantes de países africanos e os brasileiros não é tão aprofundada: “Vejo na verdade maior integração entre os estudantes de origem africana do que propriamente com os brasileiros. É recorrente sairmos juntos e termos amizades mais próximas com quem vivia por lá e acredito que isso não é o propósito de um intercâmbio”, completa.
Para ela, é comum a necessidade de desconstruir muitos dos estereótipos dados ao continente africano, como responder se existem prédios em Cabo Verde. Também nota olhares estranhos quando relata a alguém seu país de origem.
Sonho de estudar no Rio
Apesar dos problemas, Rossana conta que sempre sonhou em morar no Rio de Janeiro e após receber boas indicações de tios, ambos formados na Universidade Federal Fluminense (UFF), escolheu a cidade. “Desde criança eu via o Rio de Janeiro nas novelas e quando descobri a qualidade da UFRJ não pensei duas vezes antes de vir para cá”, confessa.
Programa objetiva criar mão de obra qualificada para países da África e América Latina
Há cerca de 90 alunos com matrícula ativa no PEC-G
O Programa Estudante Convênio de Graduação (PEC-G) atrai estudantes de países da América Latina e do continente africano após completarem o equivalente ao Ensino Médio brasileiro, em seus respectivos países. Ele atende universidades federais, estaduais e até mesmo particulares, porém não cobre nenhum tipo de gasto dos alunos. Eles devem receber bolsas de seus países para se sustentarem aqui durante o curso. Para estudantes de países não lusófonos, também é necessário realizar um curso de proficiência de língua portuguesa durante um ano chamado Celpe-Bras.
Segundo dados do programa, dos países que mais exportam estudantes, destacam-se na África: Cabo Verde (possui português como língua oficial), além de Togo, Congo e Guiné-Bissau (todos possuem o francês como língua oficial). Já pelo continente americano, alunos de países como Paraguai, Colômbia e Bolívia aparecem com mais frequência. Em relação aos cursos, os mais tradicionais como Direito, Engenharia e Medicina são majoritariamente os mais procurados. Contudo, outras graduações como Arquitetura, Comunicação Social, além de outros cursos da área de saúde também demonstram grande demanda.
Atualmente o programa atende um total de aproximadamente 90 alunos dentro da UFRJ, sendo contabilizados apenas os que possuem matrícula ativa. Chefe da Seção de Seleção e coordenador do PEC-G, Carlos Celano ressalta que muitos desses estudantes estrangeiros vêm para o Brasil com uma educação de base deficitária, o que acarreta em dificuldades para concluírem a graduação. “Notamos que cursos das ciências exatas, por exigirem muito de Matemática e Física nas suas cadeiras, como cálculo e álgebra, dificultam o domínio por parte desses estudantes. Isso ocorre, em outras proporções, também na área de humanas”, afirma.
Além disso, o alto custo de vida nas grandes capitais do país, isto é, no eixo da Região Sudeste, inviabiliza muitas vezes um bom aprendizado. Celano explica que o programa pretende estender essa parceria com universidades de regiões fora dos grandes centros, pelo custo de vida menor: “Convênios com universidades da região Nordeste devem ser firmados para evitar o elevado número de desistências”.
Dificuldade em arcar com os custos no Rio de Janeiro
Morar na cidade não está fácil. Mesmo estagiando na Coordenadoria de Comunicação da UFRJ, Rossana Ribeiro destaca que os altos preços dos aluguéis dos imóveis aliados à histórica dificuldade de mobilidade urbana dificultam o acesso à moradia. Principalmente para quem vem de fora, pois outro empecilho é a necessidade de um fiador. Inicialmente, ela se instalou numa república de cabo-verdianos, porém ressalta que rapidamente o local tornou-se insustentável (o imóvel era dividido com mais nove pessoas). Atualmente, vive no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio, junto de mais duas amigas brasileiras, uma das quais conseguiu a mãe como fiadora. “Sempre me disseram que o Rio de Janeiro era caro, só não imaginei que fosse tanto”, completa.
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Osvaldo Maciel e Edmundo Fernandes vão ganhar placas na sede do Sindicato
Os professores Osvaldo de Oliveira Maciel e Edmundo Fernandes Dias serão homenageados durante o VII Encontro Intersetorial do Andes-SN, que acontece em Brasília, de 25 a 27 de outubro. No dia 26, será feito o descerramento das placas que darão o nome dos docentes ao Centro de Documento e à sala de reuniões da entidade, conforme decidido em encontros anteriores do Sindicato Nacional.
Segundo circular enviada às Seções Sindicais, a diretoria do Andes-SN optou por prestar a deferência durante o VII Intersetorial, uma vez que a atividade reunirá um grande número de docentes.
História
Osvaldo de Oliveira Maciel foi o primeiro presidente do Andes-SN, em 1982, além de ter sido um dos fundadores da Associação dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina, da qual também ocupou a presidência. Maciel faleceu em 12 de dezembro de 2005.
Edmundo Fernandes Dias também teve participação ativa na criação e construção do Andes-SN, tendo ocupado, por diversas vezes, cargos na diretoria da entidade: 3º Vice-presidente (1992-1994); Secretário-Geral (1994-1996 e 2000-2002); 3º Secretário (2004-2006), destacando-se com suas contribuições corajosas na construção de um movimento sindical independente e de classe, comprometido exclusivamente com os trabalhadores. Edmundo faleceu no dia 3 de maio deste ano. (Fonte: Andes-SN. Edição: Adufrj-SSind)
8/10 (terça-feira)
Auditório da Escola de Serviço Social, campus da Praia Vermelha
Pauta: 1 – Informes; e 2 - Gestão dos Hospitais Universitários.
Lembramos que as reuniões do Conselho de Representantes são abertas a todos os professores sindicalizados.
Leia mais: Reunião do Conselho de Representantes da Adufrj-SSind
O dono da máscara
Eduardo Paes faz aquele gênero boa-praça, garoto da zona sul que bebe chope no subúrbio, desfila na Portela, discute futebol, perfil de sujeito que se deu bem na vida mas que, digamos, não rejeita relações mais horizontais. Por trás dessa imagem pública se manifestam as entranhas de um conservadorismo sombrio que expele ódio e preconceito de classe. O massacre em curso dos professores municipais rasga a máscara do prefeitinho de alianças obscuras com setores ativos das elites, entre os quais, a família Marinho, da TV Globo e da Fundação Roberto Marinho – instituição que, segundo o vereador Renato Cinco, recebe arcas de dinheiro desviado da educação pública.
Questão
Quando a Prefeitura Universitária irá retomar os estacionamentos nas cercanias do CCS?
No olho do furacão
A convulsão política na área da saúde na UFRJ tem outra agenda explosiva.
A sucessão na direção do Hospital do Fundão já incendeia os bastidores.
A instituição tem que iniciar dezembro com novo diretor.
LIVROS
O geógrafo e ambientalista Elmo Amador está lançando os livros Baía de Guanabara e Bacia da Baía de Guanabara.
Elmo foi professor e diretor do Instituto de Geociências da UFRJ. Entre 1993 e 1995, foi diretor da Adufrj-SSind.
O lançamento, no dia 16 de outubro, está sendo organizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro: às 17h30 no auditório da entidade – Rua Buenos Aires, nº 40, no 5º andar.
Secchin: uma vida em letras, organizado por Maria Lucia Guimarães de Faria e Godofredo de Oliveira Neto, expõe a obra do professor e membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin. O livro será lançado pela Editora UFRJ nesta quarta-feira, 9, às 18h, no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da universidade. Na mesma ocasião, o imortal receberá o título de emérito da UFRJ, em sessão solene do Consuni.
High-tech
Um robô foi instalado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do IPPMG para auxiliar os médicos no tratamento das crianças.
A máquina tem vários programas e dois técnicos foram chamados para treinar o pessoal para o seu uso.
Contrassenso
Ao mesmo tempo, o instituto acaba de fechar mais uma enfermaria.
Com a palavra, a direção.
Bilionários
No ranking de bilionários brasileiros da revista Forbes Brasil, barões das corporações familiares da mídia privada no país se destacam.
Isso revela que o reacionarismo expresso no conteúdo dos veículos de comunicação cumpre a sua centralidade estratégica no campo ideológico.
Mas também tem a sua funcionalidade ao propiciar muito dinheiro ao setor da burguesia que domina o negócio.
A revista publicou a relação de 124 super-ricos brasileiros. Nessa lista dos afortunados deste país de desigualdades profundas, logo na terceira, quarta e quinta posições surgem, respectativamente, Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho.
No 14º lugar aparece Giancarlo Civita & família. Trata-se da família dona da empresa que, entre outras revistas, publica a Veja.