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Dois anos do levante

Este domingo, 20 de junho de 2015, celebra a memória da maior manifestação popular tendo o Rio como cenário, desde o movimento Diretas Já, em 1984. Foi o auge aqui nesta cidade da explosão social que alcançou o Brasil no outono/inverno de 2013. Os números não são precisos, mas, na tarde daquela quinta-feira, não menos do que 500 mil pessoas foram às ruas, enfrentando violenta repressão policial. As previsões mais otimistas que apontavam “os levantes de junho” (assim o fenômeno foi registrado) como um novo marco do movimento de massas e certeiros desdobramentos na conjuntura não se confirmaram. Veja parte do balanço feito, então, pelo Jornal da Adufrj acerca dos protestos. 

"(...) tudo começou com o protesto contra o aumento das passagens. Mas logo as manifestações se espalharam país afora, erguendo pautas múltiplas e ganhando fôlego de levante popular. Investimentos em saúde, educação, melhoria dos serviços públicos, mobilidade urbana emergiam como reivindicações nos cartazes. Os gastos superfaturados com a Copa, a violência da polícia e suas ações de extermínio nas periferias, tudo isso fez ferver o caldeirão político numa dimensão impensável poucas semanas antes. A esquerda tradicional foi pega de surpresa, mas logo se incorporou às lutas – até porque, na essência, as bandeiras nas ruas sempre foram erguidas pelas forças identificadas com as lutas populares. Já os setores reacionários procuraram surfar nas ondas dos protestos – com a poderosa ação política da mídia – para contrabandear sua agenda. O professor da UFRJ Mauro Iasi (que escreveu um dos artigos de livro editado pela Boitempo em busca de interpretação para o fenômeno dos protestos) observou que as múltiplas pautas trazidas às ruas são bloqueadas pela política econômica do governo, com os gastos astronômicos destinados ao financiamento dos juros da dívida pública."

13062411Quinta-feira, 20 de junho de 2013: Av. Presidente Vargas ocupada por milhares. Foto: Rafael Duarte - 20/06/2013

BATEPRONTO/Greve docente

MARINALVA OLIVEIRA/1ª vice-presidente do Andes-SN

Quem não dialogou foi o governo

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

IMG 0012Foto: Elisa Monteiro - 27/04/2012Primeira vice-presidente do Sindicato Nacional, Marinalva Oliveira culpa o governo — que interrompeu as negociações em maio de 2014 — pela greve. Ela acredita na força da unidade entre os três segmentos universitários para conseguir o atendimento das reivindicações. No dia desta entrevista, realizada por e-mail, a dirigente recebeu a notícia da marcação da reunião com o MEC para esta terça-feira, 23 de maio.
 
Opositores da greve dizem que a pauta é extensa demais, que não é clara. O que a senhora tem a dizer sobre isso? 
A nossa greve expressa o enfrentamento entre o projeto do governo de ensino superior e nossa defesa da universidade pública. Os pontos concretos da nossa pauta são as verbas para as IFES funcionarem (logicamente, reversão dos cortes, contas pagas e mais investimentos), concursos públicos para docentes e técnicos-administrativos, pagamento e ampliação das bolsas estudantis, política consistente de permanência, garantia dos espaços públicos, passos na reestruturação da carreira, valorização salarial e finalização das obras inacabadas. A defesa do caráter público da universidade só se concretiza na garantia do Regime Jurídico Único (RJU) com a derrota do projeto de contratação via organização social (OS). Portanto, a pauta não é extensa, ela é apenas o necessário para manter o caráter público da universidade.

O ministro da Educação acusa o movimento de “precipitado”, que faltou diálogo... 
O Ministério da Educação (MEC) interrompeu as reuniões em maio de 2014. Apenas no dia 22 de maio de 2105, após a aprovação da deflagração da greve, fomos chamados para um encontro.  Mas, nele, o governo não apresentou nenhuma resposta às nossas reivindicações, e pior, ainda negou o acordo assinado em abril de 2014. Hoje (17) tivemos um segundo encontro que agendou uma nova reunião de negociação para o dia 23 de junho. Estamos na expectativa de que haja avanços em relação às nossas reivindicações.
É importante destacar que, ao longo de todo esse período, o Sindicato solicitou, várias vezes, reuniões de negociação e que apenas a partir da deflagração da greve fomos atendidos. Faltou diálogo sim, mas por parte do MEC.

Qual a estratégia para o movimento ganhar mais visibilidade neste momento? 
Acreditamos na força da unidade entre os três segmentos em defesa da universidade. As mobilizações conjuntas com estudantes e técnicos-administrativos são fundamentais para esse salto de qualidade na pressão sobre o governo. Mesmo com o convite de reunião do MEC para 23 de junho, é preciso ter clareza de que qualquer avanço nessa mesa só será possível se fortalecermos as mobilizações em cada local.

Algumas pessoas avaliam que a greve não é mais um instrumento válido na negociação ou que só prejudica servidores, os alunos e suas famílias. O que tem a dizer sobre essa leitura? 
A greve é o último instrumento que usamos para pressionar o governo a negociar. Antes de deflagrar esta greve, fizemos vários movimentos no sentido de agendar reuniões, fizemos atos, paralisações etc. Infelizmente, a única resposta que obtivemos do governo foi o anúncio de cortes orçamentários para universidades que já vinham sofrendo com a falta de investimentos. A greve é e sempre foi um instrumento importante e necessário dos trabalhadores diante de conjunturas de ataques a direitos. Quanto ao resultado não é preciso dizer muito mais: depois de mais de um ano sem reuniões, vamos ser recebidos pela segunda vez em poucos dias por conta da greve. Quem afirma que a greve prejudica a sociedade inverte a equação, apagando simplesmente o principal fator que é o corte orçamentário (e de direitos básicos como a educação pública de qualidade) realizado pelo governo. 

Samuel Tostad750 272O presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo, defendeu a pauta do Sindicato Nacional na última Assembleia Geral da Adufrj-SSind, dia 19. Foto: Samuel Tosta – 19/06/2015

Para a senhora, que presidiu o Sindicato durante a greve de 2012, quais são os pontos comuns e as diferenças entre o movimento daquele ano e o deste? 
Os pontos comuns dizem respeito ao embate entre dois projetos de educação superior: o projeto privatista do governo versus o projeto de universidade pública do Andes-SN. Em 2015, está mais evidente a pressão do dia a dia para o desmonte da estrutura pública da universidade e para sua privatização interna. E que, consequentemente, enfraquecem nosso projeto da educação superior como um direito.
Agora, os cortes orçamentários aceleram e radicalizam esse processo de ataques, trazendo novas ameaças como a contratação nas universidades via OS. Nesse cenário, mais do que nunca é necessário não perder de vista que a universidade pública só mantém sua qualidade graças à resistência de anos de seus estudantes, técnicos e docentes em luta. As greves emergem quando necessárias e têm sido vitoriosas. 

Na audiência, Andes-SN vai cobrar, ainda, informações sobre o corte orçamentário sofrido pela pasta

Docentes já paralisaram em 35 IFES

Com a intensificação da greve entre os docentes federais, que já contava com a adesão de 35 instituições até o fechamento desta edição (em 22/6), a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) agendou para esta terça-feira (23), às 14h, em Brasília (DF), uma reunião com o Andes-SN. Na pauta, está a discussão das reivindicações dos docentes federais, em greve desde 28 de maio por conta da negativa do governo em negociar com a categoria.

Na última reunião entre Sindicato Nacional e o Ministro da Educação em exercício, Luiz Cláudio Costa, em 22 de maio, os docentes apresentaram, mais uma vez, a pauta da categoria, que inclui: a defesa do caráter público da universidade, melhores condições de trabalho, garantia de autonomia, reestruturação da carreira e valorização salarial de ativos e aposentados. Os representantes do MEC, novamente, não apresentaram respostas, e ainda voltaram atrás em relação ao acordo assinado entre a SeSU/MEC e o Andes-SN em abril de 2014, referente aos conceitos iniciais para reestruturação da carreira.

Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN, ressalta que, como o governo segue sem negociar com os docentes federais, é fundamental a manutenção e o fortalecimento da greve. “Todas as reuniões anteriores não apresentaram propostas e esperamos que o governo responda às nossas reivindicações. Depois dessa reunião, teremos que avaliar se houve avanços ou não, e qual a forma de dar continuidade ao movimento”, afirmou Rizzo.

O presidente do Andes-SN explicou que a SeSU/MEC tinha ficado responsável por marcar nova reunião, duas semanas após aquela realizada em 22 de maio. No entanto, como o Sindicato Nacional não foi convocado, enviou ofício cobrando a audiência: recebeu como resposta o agendamento para o dia 23 de junho.

A expectativa de Rizzo para a reunião é saber se o MEC dará autorização para a Secretaria de Ensino Superior negociar com os docentes federais. “Na reunião que o Sinasefe teve com o ministro da Educação, lhes foi dito que a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) estava autorizada a negociar com o sindicato, mas apenas questões que não trouxessem impactos orçamentários. O que nós vamos saber na reunião com a SeSU é se há autorização ou não de disponibilização de recursos por parte do MEC para responder à nossa pauta”, disse o presidente do Andes-SN.

Em relação aos cortes orçamentários, que recentemente retiraram R$ 9,4 bilhões da educação, Paulo Rizzo espera que o MEC apresente publicamente as informações sobre os programas e investimentos afetados. “Nós já estamos vendo, na prática, os problemas decorrentes dos cortes na educação — em programas como o Parfor (de formação de professores) e no corte das bolsas estudantis, por exemplo —, mas vamos cobrar do MEC que torne público exatamente onde são os cortes que afetam a educação brasileira”, disse Rizzo. (Fonte: Andes-SN. Edição: Adufrj-SSind)

 

Andifes não tem posição sobre contratação docente via OS
Nos últimos dias, teria circulado na internet uma notícia de apoio dos reitores à proposta de contratação de professores via organizações sociais. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), por sua vez, garante que não há um posicionamento institucional a respeito do tema, proposto pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2014.

Gustavo Balduíno, secretário-executivo da Andifes, afirmou que o debate sobre a terceirização da contratação de docentes federais nunca foi pautado na entidade e que desconhece algum reitor com posição oficial a esse respeito. “Efetivamente, a Andifes nunca tratou desse assunto. Nem informalmente. E eu não conheço algum reitor que tenha posição favorável ou contrária, ou que tenha debatido esse assunto”, disse. Ainda de acordo com o Balduíno, não há nenhuma previsão de que o tema seja pautado nas reuniões da entidade.

Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN, critica a proposta de contratação de professores via OS. “É importante que os reitores tenham informado que não há posicionamento por parte deles em relação à contratação de docentes via OS, porque já temos experiências de gestões hospitalares via OS e elas significam precarização, não apenas do trabalho, como também dos serviços oferecidos nos hospitais”, afirmou o docente.

Rizzo ressalta que, no entanto, o projeto de precarização segue pairando sobre as universidades. “O fantasma da contratação por OS não deixou de existir. Devemos lembrar que ele foi lançado pelo presidente da Capes no final do ano passado, como uma proposta para captar recursos humanos para as universidades, e a ideia ainda existe. E, em uma época de ajuste fiscal, é uma possibilidade que não foi descartada. Vale lembrar também que esse projeto se insere, por exemplo, nos hospitais universitários via Ebserh, que é uma empresa, não uma OS, mas também funciona com a precarização das relações de trabalho”, disse o presidente do Sindicato. (Fonte: Andes-SN. Edição: Adufrj-SSind)

Em debate ocorrido na Fiocruz, servidores foram alertados sobre os riscos da adesão ao fundo

Atividade também discutiu mobilização dos SPF

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

“A Funpresp visa transformar e tornar paritária as aposentadorias dos servidores públicos com as dos trabalhadores do INSS. No caso, rebaixando o teto das aposentadorias dos servidores”, enfatizou a professora Sara Granemann, da Escola de Serviço Social da UFRJ, em debate realizado na Fiocruz, no último dia 17. Convidada do Movimento de Base Asfoc de Luta para uma atividade de mobilização dos trabalhadores daquela instituição, ela criticou duramente a Fundação de Previdência Complementar dos Servidores do Executivo, criada pelo governo em 2012. 

Estudiosa do assunto, Sara explicou que a adesão à Funpresp não é obrigatória: “Ninguém está obrigado a se filiar à fundação. Mas, depois de filiado, o termo de adesão denomina o ato como irrevogável e irretratável”. A docente informou que os servidores que ingressaram no serviço público federal até junho de 2012 gozam do direito à aposentadoria integral, “desde que não se filiem ao fundo”. “No momento em que se filia ao fundo de pensão, você abre mão automaticamente de sua aposentadoria integral”, alertou. Já os trabalhadores que ingressaram depois dessa data não têm mais direito ao benefício integral. Estes receberão na aposentadoria o valor igual ao teto do INSS (hoje, de R$ 4.663,75). 

Contribuição definida, já o retorno...

Até 2001, de acordo com a professora, existiam dois tipos de aposentadoria complementar: a de benefício definido e a de contribuição definida. A de benefício definido variava a contribuição a partir da rentabilidade do fundo, mas o contratante sabia quanto receberia ao final do investimento. Depois de 2001, passou a existir apenas a contribuição definida, que possui valor fixo para as mensalidades, mas não se sabe quanto o contratante receberá na aposentadoria: “Dependerá da ‘saúde’ do fundo, assim eles declaram”, disse Sara.

No caso da Funpresp, que é de contribuição definida, o Estado pode contribuir para o fundo com até 8,5% do valor do salário do trabalhador. O servidor, por sua vez, pode contribuir com até 30% de seu salário: “Não é um bom negócio para os trabalhadores”, esclareceu a palestrante.

Ainda segundo Sara Granemann, a Funpresp foi chamada de “previdência complementar” apenas para atrair adeptos. “Isto, na verdade, é um investimento em mercado de capitais. E quem tem algum conhecimento sobre isso sabe o nível elevado do risco de perder tudo de um dia para o outro”. Como exemplo, ela citou o Postalis, fundo de previdência dos funcionários dos Correios que investiu nas ações das empresas de Eike Batista. O Postalis sofreu um rombo de mais de R$ 5 bilhões e, agora, os trabalhadores dividem o prejuízo.

Unificar as lutas

Outro convidado para a atividade da Fiocruz foi o técnico-administrativo Luiz Pustiglione, também da UFRJ. Ele defendeu a necessidade de unificar as lutas dos trabalhadores. “Esta não é uma tarefa fácil, mas é necessária para termos força de barrar a série de ataques que vem destruindo as instituições públicas. A construção da greve dos servidores públicos federais vai exatamente nessa direção. A unificação das lutas nos possibilita arrancar vitórias”, disse. Pustiglione elencou a pauta unificada dos SPF e chamou os trabalhadores da Fiocruz a se somarem às mobilizações e à greve dos servidores federais.

 

 

Movimento investe no esclarecimento dos colegas

O debate sobre a crise do capital e seus impactos sobre a previdência dos trabalhadores e sua organização de luta foi o terceiro recentemente organizado pelo Movimento de Base Asfoc de Luta.  No primeiro, realizado no mês de abril, o tema foi terceirização e luta dos trabalhadores; no segundo; financiamento da saúde.

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