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Ciência pede socorro

Sem receber recursos do governo, Faperj acumula dívida com pesquisadores

Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária

Três mil e quinhentos projetos parados e mais de cinco mil bolsistas com pagamentos atrasados. Este é o resultado da crise econômica na ciência fluminense. Somente nos últimos dois anos, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro deixou de repassar R$ 470 milhões aos pesquisadores.

Para Jerson Lima Silva, professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e diretor científico da Faperj, a situação é de calamidade. “Jovens que têm outras oportunidades acabam optando por lugares menos incertos do que o estado do Rio. Muitos vão para o exterior, o que também é o caso de diversos pesquisadores”, afirma.

Segundo ele, todas as áreas estão sendo afetadas pela falta de financiamento. Um edital específico lançado em 2015 garante o andamento de trabalhos sobre doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Ainda assim, as verbas são insuficientes. “Pesquisas como estas demandam uma infraestrutura de ponta e manutenção dos equipamentos do laboratório”, diz.

Está ruim e pode piorar

No início do ano passado, a comunidade científica enfrentou uma proposta de redução dos repasses à Faperj (de 2% das receitas tributárias líquidas do estado para 1%). A proposta não passou na Assembleia Legislativa. Mas, na primeira semana de 2017, um decreto do governador Luiz Fernando Pezão estabeleceu uma redução de 30% neste financiamento — retroativa a janeiro de 2016. Pezão valeu-se de uma emenda constitucional aprovada no Congresso Nacional, em setembro, que criou a Desvinculação das Receitas dos estados. Assim, a medida não precisou nem tramitar pela Alerj.

“Esse decreto afeta não só a Faperj, como outros órgãos de apoio à pesquisa”, diz Jerson. Segundo ele, o decreto é recente e ainda não gerou uma reação da comunidade científica. “Devemos comparecer a assembleias, organizar manifestações e chamar os diversos setores da sociedade”, finaliza.


FAU ainda sofre com 2016

Faculdade não sabe se terá condições mínimas para iniciar período letivo

Texto e fotos: Elisa Monteiro
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Suspender o primeiro semestre letivo de 2017 e não admitir novos alunos. Foi desta forma que a Congregação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo reagiu, no último dia 4 — vale ressaltar, em caráter preliminar —, à demora na recuperação do prédio da reitoria, sede do curso, após um incêndio ocorrido em outubro. Maria Julia de Oliveira, vice-diretora da FAU, porém, destacou que a posição é política, uma vez que a decisão cabe à administração central da UFRJ. Que já descartou a possibilidade.

A FAU, ao lado da EBA, ainda está em aulas para terminar o segundo período do ano passado, em salas improvisadas. “O acordado foi um esforço coletivo para fechar 2016 em caráter emergencial. Mas que, para 2017, já haveria condições mínimas de funcionamento do curso”, observou Maria Julia. A expectativa é pela liberação do quarto andar — após o incêndio, os pavimentos superiores foram interditados — para a recomposição das aulas, atualmente ocorrendo nos espaços de circulação do prédio. “Sem tomadas, as aulas no mezanino estão impossíveis. Os alunos de hoje trabalham direto no computador. Os professores também tiveram que abrir mão das projeções”, informou Maria Julia.

Reitoria responde
A reitoria divulgou nota pública, dois dias depois da manifestação da FAU, dizendo não ser necessária a suspensão do primeiro semestre de 2017, “dado que, até março deste ano, haverá mais disponibilidade de espaços e melhores condições de trabalho e estudo para o funcionamento das unidades afetadas”.

Segundo a administração, está em curso a “recuperação da estrutura, alvenaria, esquadrias, bem como da parte elétrica e hidrossanitária do prédio”. A congregação da FAU, contudo, segundo a vice-diretora, não identifica movimentação de obras no edifício. A direção da unidade critica, ainda, a equipe técnica montada pela reitoria. “Não é possível que, com o número e a qualidade de arquitetos que temos no corpo da FAU, não possamos participar deste trabalho”, disse Maria Julia.

Nesta quinta-feira (12), está prevista uma reunião entre representantes da reitoria com dirigentes das unidades instaladas no prédio. “A discussão segue aberta”, ressaltou Maria Julia.

Frisson na rede
A mensagem da Congregação, no perfil da FAU no Facebook, causou alvoroço particularmente entre os estudantes e repercutiu na imprensa. A estudante Stefany Silva ficou confusa com a nota: “A princípio, entendi que só suspenderiam para os novos, depois vi que era para todos. Até agora, não sei se fico no Rio ou volto para casa”. A estudante é do Espírito Santo e divide apartamento na cidade.

Seu colega de turma, Caio Carvalho, pensa igual. “A gente sabe como é o ritmo de obra aqui. O curso não podia funcionar sem biblioteca, mas ela está fechada, ficou o período inteiro sem funcionar. Pior vai ser suspender seis meses e voltar tudo igual”.

Na outra ponta do curso, João Pedro está no segundo período e só conheceu crise. “Quando vi a mensagem da FAU, quase chorei”. De Goiás, o estudante explica que a suspensão do semestre, na prática, implicaria para a família custear à toa seis meses de aluguel já contratados no Rio.

Calor é mais um obstáculo ao ensino

O professor Luiz Felipe Cunha desistiu da sala no bloco D em função da insalubridade e dá suas aulas em um dos jardins internos: “Este prédio não foi feito para ter aulas nesta época do ano. Estou abrindo mão do protocolo de calça e trabalhando de bermuda pela primeira vez na vida por causa do calor”.IMG 2655De bermuda. O professor Luiz Felipe Cunha não resistiu ao calor

E não foi só a vestimenta que teve de ajustar.  “Normalmente, faço um seminário onde eles desenvolvem um problema e projeto solução, com a apresentação para discussão em turma. Este semestre eu tive que fazer isso que você está vendo, orientações individuais. Quer dizer, um método participativo coletivo resumido a consultas individuais empobrecidas”.

Ele sugeriu uma melhor distribuição das aulas nos horários e dias da semana. “Há uma concentração da oferta de disciplinas nas terças e quintas-feiras. Enquanto isso, há salas ociosas às segundas e sextas-feiras. Também há uma preferência e disputa por espaço no turno da manhã”, argumentou.

 

 

O Museu Nacional (MN) da UFRJ oferece entrada gratuita a todas as exposições entre os dias 2 e 31 de janeiro. O acesso livre é de segunda a domingo, das 16h às 17h, e a permanência no museu é permitida até as 18h. A gratuidade se aplica a todos os visitantes.

Localizado na Quinta da Boa Vista, o Museu conta com mais de 20 milhões de itens que abrangem arqueologia, antropologia biológica, etnologia, geologia, paleontologia e zoologia e proporciona diversão a todas as idades.
 

cartaz gratuidadeDivulgação

Duramente atingida pela crise econômica do estado, a comunidade da UERJ realiza um ato unificado nesta quinta-feira, 12, às 8h.

 

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A UERJ enfrenta uma grave crise por conta da situação econômica do estado. Para chamar atenção das autoridades públicas para o problema, um abaixo-assinado circula na internet. Confira, abaixo, a íntegra do texto: 

"AO PODER PÚBLICO ESTADUAL E FEDERAL,
CARTA EM DEFESA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ
Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 2017

Nós, servidores da UERJ e demais membros da sociedade civil em seus diversos segmentos, denunciamos, com profunda indignação, a dramática situação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e solicitamos ao poder público que assuma o compromisso com o pleno funcionamento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A UERJ é a 5ª melhor Universidade do Brasil e a 11ª da América Latina, de acordo com o ranking “Best Global Universities 2016”, aferido com base em indicadores que mensuram a performance nas áreas de pesquisa acadêmica, número de docentes premiados e reputação regional e global.
Patrimônio científico e cultural do Rio de Janeiro, a UERJ firmou sua existência ao longo de 64 anos com avanços e inovações científico-acadêmicas que resultaram em 33 cursos de graduação, 54 de mestrado, 42 de doutorado, 142 de especialização, 623 projetos de extensão, intercâmbios e parcerias internacionais, e dois centros médicos de atendimento e pesquisa: Hospital Universitário Pedro Ernesto e Policlínica Piquet Carneiro - ambos com reconhecidas expertises em vários domínios das ciências médicas. Além do Colégio de Aplicação, que atende a estudantes nos níveis fundamental e médio.
Essas conquistas acadêmicas resultam do esforço conjunto de todos os segmentos da Universidade. Dentre esses esforços, destaque-se o programa Prociência, que permitiu à UERJ alcançar os atuais níveis de excelência. A UERJ é também pioneira em sua missão social ao ser precursora na implantação do sistema de cotas.
Somente em 2013, todavia, foi instituído, e de forma incompleta, o regime de dedicação exclusiva, existente há muito nas Universidades Federais. Além disso, há que se destacar a intolerável defasagem salarial frente à remuneração das Universidades Federais, resultado de 14 anos sem reajuste linear.
Neste momento, a UERJ enfrenta uma crise profunda e sem precedentes, agravada desde o final de 2015, quando o governo do Estado do Rio de Janeiro passou a submeter a Universidade a um progressivo abandono, um verdadeiro processo de sucateamento. A degradação tornou-se pública em fins de 2016, com a propalada falência do estado do Rio de Janeiro, que resultou na falta de pagamento do custeio da Universidade e dos salários de seus servidores. Submetida a condições inaceitáveis, a UERJ encontra-se paralisada.
Conclamamos, portanto, o poder público, em suas diferentes esferas – estadual e federal-, a assumir sua responsabilidade pelo destino de 2.977 docentes altamente qualificados, 4.519 funcionários técnico-administrativos especializados e 32.220 estudantes, desta que é a 5ª melhor Universidade do Brasil.
Obs.: As assinaturas estão sendo recolhidas pelo email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Enviar nome completo e filiação institucional.
Carta escrita pela doutora Mônica Lessa (UERJ)"

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