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CFCH critica distribuição de recursos do orçamento 2017

 

Elisa Monteiro
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A disputa pelos recursos da universidade não se encerrou com a sessão extraordinária do Consuni que aprovou o orçamento da UFRJ para 2017, em 13 de dezembro. No dia 19, o Conselho Diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas divulgou uma nota que contesta o debate e os números apresentados pela reitoria.

“O que motivou nossa manifestação coletiva foi, em primeiro lugar, o fato de não termos sido chamados para as reuniões que definiram como seriam feitos os gastos”, explicou o professor Marcelo Corrêa e Castro, do CFCH. “Em segundo lugar, a afirmação de que estaríamos reclamando, mesmo tendo sido tão beneficiados. O que não corresponde de fato à verdade”. 

De acordo com o documento do CFCH, dos quase R$ 22 milhões em obras atribuídos ao Centro, pouco mais de R$ 7 milhões correspondem a “ações amplas para benefício da Praia Vermelha como um todo”. Outros R$ 12,8 milhões beneficiam três centros e uma só unidade do CFCH: a Faculdade de Educação. Apenas a obra de cobertura da quadra de esportes do Colégio de Aplicação, de R$ 1,4 milhão, receberia uma verba utilizada exclusivamente no Centro.


A decana Lilia Pougy reforçou que a forma como peça orçamentária foi apresentada distorceu os gastos concretos no Centro. “Meu financeiro não receberá esse recurso”. Para ela, ainda “há distribuição muito desigual”. “Está correto dizer que, desde o Reuni, a Praia Vermelha não recebia recursos, que virou um campus esquecido. Só não dá para dizer que esse dinheiro está beneficiando o CFCH quando só beneficiará (no campus) dois cursos, sendo que um está de mudança para o Fundão”, afirmou, em referência à Faculdade de Educação. “É claro que a cobertura da quadra de esportes do CAP se trata de uma demanda antiga e justa. Mas, se tivéssemos sido consultados, poderíamos ter discutido mais a fundo as prioridades para 2017”, disse.

Dentre as demandas emergenciais solicitadas, estão: a recuperação elétrica do prédio da Escola de Serviço Social e a reforma dos telhados do IFCS e do Instituto de Psicologia. “O Serviço Social tem laudo condenando a elétrica do prédio há cinco anos. Chove dentro da Psicologia e no prédio do Largo São Francisco de Paula”, observou. O próprio prédio da decania, segundo ela, aguarda obras estruturais de elétrica e de dados (infraestrutura de internet) para pôr em funcionamento equipamentos conquistados por meio de editais, em 2018: “Os laboratórios serviriam à pós-graduação do CFCH e do CCJE, além da graduação em geral”.

Reitoria responde

O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), Roberto Gambine, se defendeu. “Não foi a reitoria definiu as obras. A lista foi resultado das reuniões de câmara técnicas. As prioridades das demandas foram definidas lá. A PR-3 apenas organiza o planejamento destas despesas”.

Gambine disse estar surpreso com a nota do CFCH. “Tenho a comprovação de todos os e-mails convocatórios. Foram enviados para decanos e diretores de unidades.” Ele também afirmou desconhecer as pautas emergenciais do Centro: “Não tenho registro nenhum das demandas citadas”.

 

 

2016 NUNCA MAIS

Ana Beatriz Magno e Kelvin Melo
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O ano de 2016 não vai deixar saudade. De janeiro a dezembro, uma agenda de retrocessos foi imposta à comunidade acadêmica: corte de bolsas de pesquisa, limitação dos gastos com educação e saúde, fim do MCTI. Para piorar, no apagar das luzes, o governo de Michel Temer anunciou uma reforma que endurece as regras da aposentadoria e castiga o futuro dos professores.

Na UFRJ, o assassinato do aluno Diego Vieira nas imediações do alojamento e os sequestros de professores aumentaram a sensação de insegurança da comunidade. Os cortes no orçamento da universidade e um incêndio no oitavo andar do prédio da reitoria também prejudicaram o desenvolvimento do ano letivo.

Se, de um lado, o noticiário foi sombrio, do outro, a resistência foi intensa. Professores, pesquisadores, estudantes e técnicos não deixaram a universidade parada e reagiram contra as ameaças. Protestaram nas ruas e nas redes. Debateram e participaram de assembleias. Os docentes fizeram paralisações pontuais e apoiaram ocupações estudantis.

A Adufrj investiu em novas formas de mobilização, montou a Praça do Conhecimento na Cinelândia e criou plataformas de ativismo digital. O compromisso da diretoria para ampliar o debate e a participação nas decisões da entidade foi confirmado com a realização das assembleias multicampi, com os locais ligados por videoconferência.

Na comunicação, ficou consolidado o jornalismo ágil com atualizações diárias no perfil da Adufrj no Facebook e no site. Foram distribuídas 49 edições do boletim com matérias pautadas nas preocupações da categoria e preparadas com uma narrativa de reportagem, focada no equilíbrio de perspectivas e no cuidado estético. A nova revista da Adufrj veio para completar este trabalho de informação e reflexão sobre grandes temas. Os dois primeiros números trataram das cotas raciais e do financiamento da universidade.

Agora, a Adufrj fará uma breve pausa nas atividades. Voltaremos em 9 de janeiro para enfrentar os desafios da conjuntura. Boas Festas e até 2017!

 


 


De: Adufrj

Para: UFRJ

A seguir, uma pequena amostra dos doze meses de trabalho na defesa dos interesses dos professores e da universidade pública, gratuita e de qualidade 

Janeiro
Assembleias conectadasFSOU4987Foto: Fernando SouzaA Adufrj realizou cinco assembleias em 2016. A primeira foi em janeiro e elegeu os delegados que participaram do Congresso do Andes, no mesmo mês. Para ampliar a participação das professoras e dos professores nas decisões, a diretoria passou a convocar assembleias multicampi, interligadas por videoconferência. A estreia do novo formato ocorreu em 17 de maio. Permaneceu a adoção de votação em urna para decidir paralisações. Em novembro, os docentes rejeitaram um indicativo de greve e optaram por outras formas de mobilização em defesa da universidade.





Fevereiro

IMG 9918Foto: Elisa MonteiroFuturo sob ataque
Preocupada com o futuro de professoras e professores, a Adufrj organizou já no começo do ano, em 23 de fevereiro, um debate sobre a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe). A reforma da previdência, apresentada em dezembro pelo governo Temer, retira conquistas históricas dos trabalhadores.



MarçoIMG 8028Foto: Silvana Sá
Em defesa da Faperj
A Adufrj combateu a proposta do governo Pezão que pretendia reduzir em 50% o investimento destinado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj) até 31 de dezembro de 2018. Audiência pública na Assembleia Legislativa do estado debateu o tema.



IMG 8618Foto: Samantha SuAbril

Debates da democracia
Realizar debates na Praia Vermelha, no Direito e no IFCS, em defesa da democracia, participar de atos contra o impeachment da presidente Dilma e pensar as narrativas da imprensa foram algumas das iniciativas da Adufrj para inserir a entidade na agenda política nacional. Em abril, a diretoria promeveu seminário na Escola de Comunicação com jornalistas e pesquisadores.



Maio
Para ler e pensarRevistaAdufrj site
Uma revista com o compromisso de informar e refletir sobre os grandes temas da universidade é a mais nova publicação da Adufrj. Foram publicados dois números em 2016. O primeiro, em maio, foi sobre cotas raciais. Em outubro, circulou a segunda edição, com destaque para um dossiê de 22 páginas que mergulhou no orçamento da UFRJ e discutiu o financiamento da instituição.




IMG 20160622 120159751 HDRFoto: Elisa MonteiroJunho
Contra a extinção do MCTI
Os professores não se calaram diante da extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Fizeram uma série de protestos criativos, com repercussão na imprensa e adesão de pesquisadores de renome internacional. Sob a liderança da Adufrj e da SBPC, docentes de todo o país trocaram as fotos dos currículos Lattes por avatares com o lema “Fica MCTI”. Na UFRJ, as manifestações incluíram também um abraço ao prédio do CT na manhã de 22 de junho. Também neste sentido, um “Ciência na Praça” ocorreu no Largo do Machado.





IMG 9338Salas do Instituto de Economia são compartilhadas por muitos professores - Foto: Silvana Sá


Julho

Condições de trabalho
A partir de reclamações enviadas pelos associados, a Comunicação da Adufrj produziu uma série de reportagens sobre as precárias condições de trabalho nos campi. Outro tema que ganhou espaço no noticiário foi o andamento das obras da universidade e o crescimento da violência no Fundão. Em julho, o estudante Diego Vieira foi assassinado perto do alojamento. Em novembro, um professor da Coppe foi sequestrado no estacionamento do Centro de Tecnologia.



Agosto
IMG 2622Foto: Silvana Sá
Déficit galopante
O assunto mais debatido no Consuni em 2016 foi o orçamento da UFRJ. A Adufrj participou intensamente da discussão desde agosto, quando a reitoria criou um grupo de trabalho sobre o tema. Em 13 de dezembro, o Consuni aprovou o orçamento para 2017 com um déficit previsto de R$ 287 milhões. Duas semanas antes, a diretoria da Adufrj reuniu-se com o reitor Roberto Leher (foto).


Setembro

MG 3841Foto: Claudia Ferreira
Site Brasil 2036

No dia 29 de setembro, a Adufrj lançou o portal Brasil 2036, com a participação de outras entidades nacionais. Pelo site, os internautas podiam pressionar os parlamentares contra a PEC que limitará os gastos do governo em Educação e Saúde por 20 anos.



FredO professor Carlos Frederico Leão Rocha fala ao público antes da exibição do filme - Foto: Ivan AngelisAquarius
Na mesma data, a exibição do filme “Aquarius” alterou a rotina do campus da Praia Vermelha e encerrou um dia de mobilização contra o teto de gastos públicos.





Outubro
Nas ruas contra a PEC do Fim do Mundo
O combate à PEC do Fim do Mundo foi uma das prioridades da diretoria em 2016. A Adufrj foi para as ruas protestar. Em outubro, a entidade liderou manifestação que levou mais de sete mil pessoas para o Centro do Rio.FSOU6311






FSOU0301Novembro
Praça do Conhecimento
Mostrar à sociedade um pouco da produção científica e cultural da universidade pública ameaçada pelo limite aos gastos primários do governo foi o objetivo da Praça do Conhecimento, evento realizado pela Adufrj na Cinelândia, em 25 de novembro.

 

 

 

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Dezembro
Samba do Professor
Encontro de fim de ano da Adufrj transformou o Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ em casa do samba, no último dia 16. Foi a forma de confraternizar com os colegas, após um ano tão difícil.


Em busca de uma UFRJ para todos

Texto e foto: Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária da Adufrj

Para marcar os 10 anos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Fórum Permanente UFRJ Acessível e Inclusiva realizou a segunda plenária neste dia 15. O primeiro objetivo da instância criada este ano é mapear todas as pessoas com deficiência que frequentam o ambiente universitário. Depois, criar políticas que melhorem a acessibilidade e promovam a inclusão.

O grande desafio é barrar o preconceito: "É preciso que haja uma mudança de atitude. Queremos sensibilizar a todos para criar uma cultura de igualdade dentro da universidade", explica Mônica Pereira dos Santos, presidente da comissão executiva do Fórum. Outro problema é a estrutura física da UFRJ. "Os espaços não são democráticos. Quem sofre de alguma deficiência tem grande dificuldade para se locomover aqui". Fazem falta o piso tátil e orientações em braille para guiar pessoas cegas e rampas com inclinação ideal para cadeirantes, por exemplo.

O Fórum já conta com a participação de representantes de diversas unidades da UFRJ, como a Faculdade de Educação, Medicina, Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Computação, Serviço Social, dentre outras.  Ele é aberto a professores, estudantes e a todos os interessados em discutir o tema. "Sempre houve grupos de discussão sobre o tema, mas, com o Fórum Permanente, decidimos nos unificar para fortalecer”, observa Mônica. 

Leituras que ajudam a curar

Projeto de extensão propõe que histórias sejam contadas para crianças em tratamento no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira

Valentina Leite                  
Estudante da ECO/UFRJ e estagiária da Adufrj
Fotos: Divulgação 

Era uma vez crianças que precisavam de cuidados médicos e eram tratadas em um hospital universitário. Certo dia, alguns professores resolveram reunir estudantes das mais diversas áreas do conhecimento para amenizar as dores da internação. Assim nasceu o projeto de extensão “Alunos Contadores de Histórias”, coordenado pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).

“A separação da família, do ambiente de casa, da escola e dos amigos é muito intensa para as crianças. Acreditamos que trabalhar com histórias lúdicas minimiza, de alguma forma, o sofrimento delas”, afirma Verônica Pinheiro Viana, da Divisão de Enfermagem do IPPMG e uma das coordenadoras do projeto.

Desde 2008, os voluntários vestem seus jalecos coloridos e revezam-se, todos os dias, para realizar atividades lúdicas com os pacientes. “Além de contar histórias, também organizamos festas durante o ano, como no Dia das Mães, Dia das Crianças e no Natal”, conta Verônica.

Qualquer aluno da UFRJ pode ser um contador de histórias. “Basta se inscrever pelo site e torcer para ser sorteado. Nos últimos dois anos, a procura aumentou tanto que tivemos de tornar a seleção um sorteio público”, explica Verônica. Se selecionado, o aluno deve participar de um processo de treinamento, que dura cerca de um mês. São escolhidos 70 alunos por semestre.IMG 4550 site

“No treinamento, eles assistem a palestras sobre literatura e psicologia, mas também sobre questões hospitalares, como higienização dos utensílios, lavagem das mãos e regras de conduta”, observa Verônica. Os participantes são provenientes dos mais diversos cursos, como Dança, Engenharia, Medicina, Comunicação e outros. “É só ter vontade de fazer alguém sorrir”, diz.

Troca diária
Carolina Ponce, aluna do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional e contadora de histórias desde 2014, conta que é uma grande oportunidade poder fazer parte do projeto. “É uma troca diária e, para falar a verdade, eu mais aprendo do que ensino. As crianças me mostraram, com seus desafios e limitações, como ser uma pessoa melhor. Passei a olhar a vida com mais atenção, disposta a ouvir e a me identificar com as dificuldades dos outros”, comenta.

Com a proximidade do Natal, os alunos organizaram a campanha “Trenó dos Contadores de Histórias”. Eles utilizaram uma plataforma online de financiamento coletivo para arrecadar contribuições e conseguiram, no final do mês de novembro, alcançar a meta pretendida. Agora, o dinheiro arrecadado será revertido em presentes para as crianças.

Para ser um contador, acesse: www.alunoscontadores.com.br

Solidariedade a professor deportado do Brasil marca workshop de Física

Elisa Monteiro
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Deportado arbitrariamente do Brasil em julho deste ano por suposta associação ao terrorismo, o físico de partículas franco-argelino Adlène Hicheur recebeu um emocionante gesto de solidariedade internacional no último dia 13. Pesquisadores de diferentes países resolveram realizar um evento acadêmico em Vienne, cidade do interior da França onde Adlène está confinado por ordem da Justiça.

Cerca de trinta pesquisadores compareceram à reunião, no auditório de uma escola pública dentro do perímetro no qual o professor está autorizado a transitar. Outros quinze físicos acompanharam as discussões pela rede mundial. Dentre eles, cinco docentes — Leandro de Paula, Miriam Gandelman, Sandra Amato, Murilo Rangel e Irina Nasteva — do Instituto de Física da UFRJ, onde Adlène atuou como professor visitante até ser deportado.

Desde que foi expulso do país, Hicheur não podia mais comparecer aos eventos científicos em outras cidades. No mês passado, ele só apresentou trabalho Simpósio Latino-Americano de Física de Alta Energia, em Antígua, Guatemala, por meio de videoconferência.

O professor Leandro de Paula disse que, embora não haja mais vínculo empregatício entre Adlène e a UFRJ, os pesquisadores “mantêm sempre contato”. Adlène apresentou trabalho no evento como pesquisador da UFRJ.

 “O processo dele contra a ilegalidade da deportação do Brasil ainda está em curso”, destacou Leandro. Caso seja revertida a decisão governo brasileiro, ele acredita que o regresso “passa a ser uma possibilidade concreta”.

Recentemente, Adlène expressou a vontade de voltar a lecionar Física na Argélia, depois de receber autorização do governo francês para migrar. “Ele viaja domingo agora, 18”, confirma o colega brasileiro.

Leandro ressaltou o cerceamento enfrentado pelo pesquisador, na França: “Ele precisa ir três vezes ao dia até a delegacia, às 7h, 14h e 18h, apenas para assinar papéis”.

Relembre o caso

Adlène Hicheur ficou preso entre 2009 e 2012, ainda na França, sob as novas leis antiterroristas, por trocar e-mails com um suposto militante da Al-Qaeda. O processo, contudo, não encontrou indícios concretos da relação. E ele foi posto em liberdade.
 

O pesquisador veio ao Brasil recontruir a vida e começou a trabalhar no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Depois, na UFRJ. No clima do atentado contra o jornal francês “Charlie Hebdo”, a revista Época trouxe o caso à tona com uma matéria de tom sensacionalista ( “Um terrorista no Brasil” em janeiro de 2016). Perto das Olimpíadas do Rio, o pesquisador foi deportado pelo governo brasileiro em 15 de julho.

 

 

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