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Querem apagar a UFRJ

Light corta luz da reitoria e interrompe aulas da Escola de Belas Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Pesquisas também estão ameaçadas

Matéria atualizada em 30/11 

Silvana Sá                   
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A Light cortou a luz do prédio da reitoria da UFRJ por volta das 10h do dia 29. A empresa justificou a medida pela falta de pagamento das faturas de junho a novembro. São aproximadamente R$ 18 milhões de débito, no total.

O desligamento prejudicou o funcionamento do gabinete do reitor, da Procuradoria da universidade e do Sistema de Tecnologia da Informação e Comunicação. Também forçou nova suspensão das atividades acadêmicas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Escola de Belas Artes e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, unidades que já sofreram atrasos no calendário letivo deste ano por conta do incêndio no último andar do edifício, no início de outubro. As aulas só serão retomadas após o restabelecimento da energia.

À prefeitura da UFRJ, a companhia teria ameaçado deixar no escuro outros locais, como a Escola de Educação Física e Desportos e a Prefeitura Universitária. O que pode acabar com o esforço de anos de pesquisa. “Os impactos na Educação Física são perda de biotérios e prejuízos acadêmicos pela falta de aulas. No caso da (subestação da) Prefeitura, apaga também o CT 2 e toda a iluminação pública do Fundão”, diz Paulo Mário Ripper, prefeito dos campi. A assessoria de imprensa da Light, no entanto, só confirma o corte de energia para a parte administrativa da universidade, no Fundão.

Mas se o apagão ocorrer, o prefeito universitário não vê outra solução: “Vou ter que fechar o campus. Sem luz, não tenho como garantir a segurança das pessoas. A Light vai fechar a maior universidade do país”. 

A reitoria recebeu a notícia com espanto. “Foi uma reação intempestiva da empresa. No dia 28, pagamos o que restava de junho, seguíamos em negociação. Estamos indignados”, disse Roberto Gambine, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças. Gambine não tem ideia de quando a energia será normalizada no prédio da reitoria. “Estamos em negociação, mas a próxima liberação de recursos para a universidade só acontece em dezembro. Antes disso, não temos o que fazer quanto a novos pagamentos”. 


Em nota divulgada no site da UFRJ, a reitoria informa que busca, na Justiça Federal, o imediato restabelecimento do fornecimento da energia. O modo de agir da empresa é considerado “antirrepublicano e antiético”. Além disso, afirma que serão intensificadas negociações junto ao MEC para liberação de recursos.

 *colaborou Jan Niklas Jenkner

Saiu o calendário da UFRJ para 2017                      


Texto e foto: Elisa Monteiro

Com poucos ajustes, o Conselho Universitário do último dia 24 aprovou o calendário acadêmico para 2017. A programação contemplou a situação dos cursos prejudicados pelo incêndio no prédio da reitoria.

Os alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Escola de Belas Artes (EBA) só fecharão o ano letivo de 2016 em 17 de fevereiro de 2017. E realizarão o primeiro semestre de 2017 entre 13 de março e 15 de junho.

Para a graduação em geral, o primeiro período letivo de 2017 tem início uma semana antes, em 6 de março, e termina em 8 de julho. O segundo período vai de 31 de julho de 2017 a 9 de dezembro.

Períodos diferentes                              

Os alunos dos Cursos de Medicina (Rio de Janeiro), Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Medicina (Macaé), como de costume, começam mais cedo que todos, em 13 de fevereiro, fechando o semestre em 8 de julho.

Para atender às exigências da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a primeira parte das aulas do Colégio de Aplicação vai de 6 de fevereiro a 14 de julho. Os alunos retornam das férias em 1º de agosto, encerrando o ano em 19 de dezembro. Já a Escola de Educação Infantil inicia um mês depois, em 6 de março, fechando também em 14 de julho. O retorno também acontece em 1º de agosto, mas as aulas se estendem até 19 de janeiro de 2018.

Pós-graduação

A pós-graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado) dos cursos organizados em dois períodos letivos (semestral) terá aulas de 6 de março a 8 de julho e de 31 de julho a 9 de dezembro.

Os cursos organizados em quatro períodos letivos (bimestral) terão aulas entre 6 de março e 6 de maio, de 15 de maio a 15 de julho, depois entre 31 de julho a 30 de setembro e, finalmente, de 9 de outubro a 9 de dezembro de 2017.

Por fim, os cursos de quatro períodos letivos (trimestral) funcionarão entre 6 de março e 2 de junho, entre 12 de junho e 8 de setembro, de 18 de setembro a 15 de dezembro e 2 de janeiro a 2 de março de 2018.

Trancamento especial

 

Em função da ocupação estudantil em vários prédios da universidade, o Consuni estendeu a possibilidade de trancamento de disciplinas até o dia 16 de dezembro — antes, era até 8 de outubro.  Alunos da EBA e da FAU ainda podem trancar a matrícula, para não cursar 2016/2, no mesmo prazo. 


“A PEC 55 é um desastre para a economia”

Saída para a crise é fazer o oposto do que determina a Proposta de Emenda à Constituição do governo, diz economista

Silvana Sá                                                     
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“Existe um diagnóstico falso, do governo Temer, de que houve uma gastança exagerada no país. De que, para a economia crescer, seria preciso reduzir gastos públicos. Mas a saída para a crise é justamente o oposto”, disse o economista Antonio José Alves Junior, em debate promovido neste dia 21, pelos professores do Instituto de Química, em parceria com o centro acadêmico da unidade. A atividade contou com o apoio da Adufrj.

Alves Junior, do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, argumentou que a dívida cresce em relação ao Produto Interno Bruto sempre que há recessão em um país. Para freá-la, seria necessário estimular a economia, aumentando os gastos públicos. Mas a Proposta de Emenda à Constituição 55 (ex-PEC 241), em tramitação no Senado, reduz os investimentos do governo pelos próximos 20 anos: “Não consigo entender como alguém consegue ficar feliz com essa PEC. Ela é um desastre para a nossa economia”.

Face da barbárie

Roberto Marques, do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ, considera a PEC 55 como uma reação conservadora aos avanços sociais da última década: “Quando a gente foca em números e não debate civilização, a gente abre espaço para que qualquer tipo de barbárie se instale”.

O docente fez um paralelo entre a PEC 55 e a Medida Provisória 746, de reforma do Ensino Médio, também proposta pelo atual governo. Ambas, pra Roberto Marques, trabalham com a lógica de que educação é uma despesa e não investimento. “O que se pretende é entregar, de portas abertas, todo o setor da educação para a iniciativa privada, das diversas maneiras possíveis”.

Previdência na berlinda
Sara Granemann, da Escola de Serviço Social da UFRJ e especialista em fundos de pensão, alertou que a reforma da Previdência será a próxima a entrar na pauta do governo Temer. A PEC 55 seria uma “justificativa”: “Antes de mexer na Previdência, era necessário dizer que os gastos previdenciários estão acima do teto. Assim, só haverá, pela lei, uma saída. Fazer a contrarreforma”.

Em acordo com os demais debatedores, a docente afirmou que a PEC 55 produzirá mais miséria no país e vai gerar redução de investimentos nas áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. “A partir do teto estipulado, a distribuição dos recursos dentro de cada poder será proporcional à força de cada área. Chegaremos ao ponto de ‘escolher’ o que é prioritário: mais saúde ou mais educação”, criticou.

Mediaram o encontro o professor Rodrigo Volcan, do Instituto de Química, e a representante do centro acadêmico, Diana Roza de Oliveira.

Confira algumas imagens da "Praça do Conhecimento", realizada na última sexta (25), na Cinelândia. Professores e estudantes apresentaram suas pesquisas, prestaram serviços de utilidade pública e fizeram performances. Foi mais um protesto da universidade pública  contra a Proposta de Emenda à Constituição 55, que busca congelar os gastos em políticas sociais. O evento, organizado pela Adufrj com apoio do Andes-SN, também contou com a participação de outras entidades e associações docentes. A manifestação integrou o calendário de paralisação definido na assembleia de 8 de novembro. A atividade terminou com a performance do "Baile da Quadrilha Fiscal" e passeata. Mais imagens e matéria sobre a "Praça do Conhecimento" serão divulgadas, nos próximos dias.

Fotos: Fernando Souza


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Professores sofrem com improviso na EBA

Insalubridade e trancamentos assombram curso no retorno às aulas

Elisa Monteiro
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Professores e alunos da Escola de Belas Artes têm sofrido bastante no retorno às aulas, desde o dia 16. “A EBA foi a mais prejudicada em termos de espaço perdido”, explica Patrícia March, coordenadora do Departamento de Desenho Industrial. A unidade ocupava o sexto e o sétimo andares do edifício da reitoria — interditados após o incêndio ocorrido no local em 3 de outubro — e compartilhava com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo o segundo pavimento.

De acordo com um mapa publicado no site da EBA, das cerca de 370 matérias ofertadas, 220 foram mantidas no prédio, muitas em salas improvisadas nos corredores, com problemas de iluminação e acústica. Outras 110 foram transferidas para o Centro de Tecnologia, 25 para a Faculdade de Letras e cinco para o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza.

A administração também foi pulverizada. “As chefias de departamento estão enlouquecidas. Toda a direção da EBA está em duas salinhas (da decania) do Centro de Letras e Artes (CLA)”. Segundo a docente, atualmente, o único lugar com internet.

Mais um detalhe: March explica que dois terços da grade curricular do curso correspondem a disciplinas práticas “que demandam espaço e mobiliário muito particulares”.

Muitos estudantes não querem continuar os estudos nas atuais condições. “Já estamos com trancamentos acima do normal”, afirma a professora. O professor Dalton Raphael mostra, no celular, a última mensagem que recebeu de aluna justificando trancamento: “Não concordo com aulas em corredores”, escreveu a jovem. “Só hoje recebi duas”, relata Dalton.

IMG 2435Professor Dalton tem recebido mensagens dos alunos, via celular, de trancamento do curso

Dalton está dando aula de Geometria e perspectiva em uma das seis baias divididas por divisórias no acesso ao Salão Azul. “Voltamos há apenas uma semana e já estou rouco. Não há qualquer acústica”. Ele afirma que não sabe como serão as 10 semanas que faltam para completar o semestre. “Sempre tivemos problemas com a manutenção (da estrutura) e condições (de trabalho), mas nunca foi tão ruim. Para dar esta aula, eu precisaria de um quadro ao menos quatro vezes maior”, desabafa.

Na avaliação do docente, a escassez de recursos não explica a precariedade. “Não é possível que esta seja a única alternativa. Ao menos por estes três meses (para fechar o semestre), poderíamos estar sob cobertura de tendas, com algum isolamento sonoro e alguma cara de (sala de) aula”.

Isabela Baur, aluna do 5º período do curso de Composição de Interior, assiste a uma disciplina eletiva em uma sala adaptada. “Não é bem uma sala de aula, é um cantinho numa sala administrativa”. Para ela, “não fazer tudo no mesmo prédio é ruim, mas dá para levar até o fim o semestre”.


CARTA

Ao ler a matéria publicada no Boletim da Adufrj, relatando as condições da EBA após o incêndio, identifiquei alguns ruídos de comunicação. Nesse sentido, gostaria de um espaço nos veículos de vocês para esclarecer dois pontos importantes.

1. Em primeiro lugar, sobre a dificuldade de reorganização administrativa dos diferentes setores da EBA há uma declaração dada no calor da situação, mas que não condiz com a minha avaliação sobre as dificuldades que as Chefias e Coordenações de Curso estão enfrentando para minimizar as dificuldades de trabalho. “As chefias de departamento estão enlouquecidas” não tinha sentido literal e perdeu o contexto na edição do texto.

2. Em relação ao trancamento de disciplinas pelos alunos “acima do normal”, acredito que não ficou suficientemente claro que não se trata de um fato administrativamente configurado. Pois ainda não temos dados oficiais sobre a questão. A minha fala baseou-se em consultas a colegas e alunos. Cabe salientar, contudo, que o prognóstico vem ao encontro da demanda apresentada pelos estudantes da EBA e acatada na sessão do CEG do dia 24 de extensão do prazos oficiais para trancamento de matrícula e disciplinas.

Tendo em vista minha responsabilidade e o meu compromisso, como Docente e Coordenadora de curso da EBA, solicito que sejam esclarecidos estes pontos.

 

Cordialmente, Patricia March


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