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Encontro de estudantes e coletivos universitários negros marca dia histórico


Texto: Elisa Monteiro e Samantha Su
Fotos: Claudia Ferreira

Na sexta-feira, dia 13 de maio, teve início no auditório Quinhentão, do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, o primeiro Encontro Nacional de Estudantes e Coletivos Universitários Negros (EECUN). O evento, organizado por quinze coletivos, teve como objetivo discutir o acesso e a permanência da juventude negra nas universidades brasileiras. O encontro terminou neste domingo (15).

No primeiro dia, 1,2 mil estudantes de todas as regiões do Brasil já estavam credenciados. A expectativa da organização era receber 1,5 mil pessoas. As inscrições abarcaram graduandos e pós-graduandos de universidades públicas, principalmente, mas também particulares. E até mesmo secundaristas: “Os coletivos negros têm se expandido para escolas em alguns lugares porque a questão do acesso à universidade, das cotas, tem a ver com o futuro para eles”, relata Mirtes Santos, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e uma das organizadoras.

O EECUN foi pensado a partir de quatro princípios fundamentais: a afrocentricidade, isto é, um modo próprio de construir política, fugindo dos métodos tradicionais eurocêntricos de sindicatos ou institucionais; o suprapartidarismo (autonomia política-partidária); autonomia financeira e contra todas as formas de opressões.

Foram mais ou menos dois anos de preparação. A internet deu uma mão, mas o determinante foi a pauta comum: “Os coletivos negros estão muito articulados por causa da luta local por permanência”, contou Mirtes. Um dos objetivos da reunião é “fortalecer laços entre esses universitários”.

Os quinze coletivos que integram o encontro foram saudados na abertura. São eles: Coletivo Negro Iolanda de Oliveira-UFF, Coletivo Negro Carolina de Jesus-UFRJ, Coletivo Negro Azoilda Loreto Da Trindade-CEFET-RJ, Frente Negra-UFPR, Bloco das Pretas- BH MG, Núcleo de Estudos Afro-brasileiros- NEAB Viçosa, Coletivo Preto Dandaras da Baixada – UFRRJ IM, Coletivo CORPOS NEGROS – UFG [Goiânia- Goiás], Coletivo Negro Kimpa – UNESP Bauru, Coletivo Juventude Educafro – SP, Coletivo Negrex, Coletivo Negrada- UFES, Coletivo Nuvem Negra-PUC-RJ, Coletivo Alma Preta e o Coletivo Nacional de Juventude pela Igualdade Racial – Conajir.

Saudações ao encontro

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“Eu fiquei muito satisfeita e, diria até, orgulhosa, porque talvez eu não tivesse essa dimensão, de que o encontro é muito grande, com uma grande rede estabelecida. Tem uma integração imensa de diversos coletivos em várias localidades. Acho que só através de ações assim a gente vai conseguir avançar nas questões sobre a democracia nas universidades brasileiras, seja no acesso, permanência, na conclusão e na continuação disso na sociedade brasileira”, elogiou Maria Fernanda Quintela, decana do Centro de Ciências da Saúde, no início do evento. 
Além da decana, foram convidados para a abertura solene a vice-presidente da Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ (Attufrj), Terezinha Costa; a diretora da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), Katya Gualter, junto de sua vice, Angela Brêtas dos Santos; o reitor da UFRJ, Roberto Leher; a diretora da Adufrj Liv Sovik; e Seu Adão, representante da ocupação urbana Isidoro. Caroline Borges, estudante e integrante do Coletivo Carolina Maria de Jesus da UFRJ agradeceu o apoio dos convidados para a realização do encontro na UFRJ.

A diretora Kátya Gualter e a vice-diretora Angela Bretas dos Santos da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ recepcionaram com entusiasmo o evento. Para Angela, a emoção era pessoal: “Esse é um sonho negro realizado. Ver esse auditório lotado e repleto de jovens negras e negros me deixa em êxtase. Que vocês possam alcançar seus objetivos e expandir esse sonho para tantos outros jovens negros e negras deste país”, declarou.

Novo jornal da Adufrj foi lançado no Eecun

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Apoiadora do encontro, a Adufrj aproveitou a pertinência temática e lançou o novo jornal trimestral da entidade. A edição traz um dossiê da política afirmativa na UFRJ. A publicação — já distribuída nos campi — traz, entre outros textos, entrevista com Giovana Xavier, professora Adjunta de Prática de Ensino de História na Faculdade de Educação (FE), também palestrante no EECUN.

“A democratização da universidade a partir das cotas foi catalisadora e veículo de discussão sobre racismo no país. Ela atualizou o debate sobre desigualdade racial”, avaliou a Liv Sovik (Adufrj).

Confira mais sobre o evento no site www.adufrj.org.br, em breve. 

Consuni rende homenagens a Clementino Fraga Filho

Docente que dá nome ao maior hospital da UFRJ faleceu na véspera do colegiado

Silvana Sá
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Repercutiu no Conselho Universitário do último dia 12 o recente falecimento do professor emérito da Faculdade de Medicina e fundador do Hospital Universitário, o professor Clementino Fraga Filho. A ouvidora-geral da UFRJ, Cristina Riche, fez uma emocionada fala sobre a história de dedicação de Clementino Fraga Filho à universidade.

A decana do Centro de Ciências da Saúde (CCS), professora Maria Fernanda Quintela, propôs ao Consuni uma moção de pesar pelo falecimento do docente e de agradecimento por suas contribuições para a UFRJ. “Queremos expressar, pelo CCS, o apreço e agradecimento ao homem que foi o responsável pela formação de centenas de alunos e por proporcionar à área médica e de saúde uma formação com o compromisso pela saúde pública e com a universidade pública e sua autonomia”.

O reitor Roberto Leher destacou o trabalho exemplar do docente: “Esta é uma perda enorme para a UFRJ. Em breve, faremos o lançamento de um vídeo sobre a obra do professor Clementino Fraga Filho como mais uma forma de homenagear e registrar sua importância para a universidade”.

O docente foi agraciado com a emerência em 1986. Formou-se em 1936 pela Faculdade de Medicina da UFRJ e dela nunca mais saiu. Dedicou esforço e vida para a criação do hospital que leva seu nome e para a constituição de um currículo que levasse em conta o caráter humano da medicina. Clementino Fraga Filho morreu em 11 de maio, aos 98 anos. O docente sofria de mal de Parkinson e faleceu em casa.

A diretoria da Adufrj solidariza-se com familiares e amigos do docente, que teve destacado papel na constituição do maior hospital-escola da universidade.

Leia a moção aprovada:

“A vida de uma instituição depende de muitas vidas que a ela se dedicam”. Assim, escreveu Professor Clementino Fraga Filho na abertura do livro em que narra a implantação do Hospital Universitário, um fato histórico para a Universidade e sua Faculdade de Medicina.

Os que acompanharam sua trajetória acadêmica puderam testemunhar que tal afirmativa está em harmonia com o exemplo que ele próprio legou aos colaboradores e alunos. Sua vida pessoal se entrelaçou à vida da nossa Universidade. Nela se formou, em 1939, e a ela serviu como médico, professor e administrador no curso de quase 50 anos. O sentido de compromisso com a instituição foi constante no curso do tempo.

Eleito Vice-Reitor em 1966, assumiu pouco depois a Reitoria, em razão do afastamento de Raymundo Moniz de Aragão, feito Ministro da Educação e Cultura. Voltou a ocupar o cargo, em 1969, em virtude da renúncia de Aragão. Sua passagem pela Reitoria coincidiu com o período de estudos para a Reforma Universitária, na qual teve destacada participação, e com a vigência do regime militar. Em período conturbado, soube manter com equilíbrio a intransigência na defesa da instituição e a tolerância com as manifestações estudantis.

A vitoriosa experiência no Serviço de Clínica Médica, associada ao devotamento à instituição e às características de líder, estará na origem da indicação unânime da Congregação da Faculdade de Medicina para dirigir a instituição e, paralelamente, conduzir os trabalhos da comissão especial para a implantação do Hospital Universitário, designada pelo Reitor.  Foi seu primeiro Diretor, até 1985, como a consolidar a tarefa.

Nunca se afastou da prática médica, convencido de que o exercício paralelo da atividade docente e da clínica aprimorava a qualidade de ambas. Exerceu a clínica enquanto a saúde permitiu e, em seu afastamento, não foram raros os instantes em que confessou a falta do contato e a saudade dos pacientes, que deram sentido a sua vida, que o fizeram se sentir útil.

Paralelamente aos encargos na Universidade e à prática médica, integrou, sucessivamente, a Comissão de Ensino Médico do MEC, o Conselho Nacional de Saúde e o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP), assim como exerceu a Presidência da Associação Brasileira de Educação Médica. Tais posições lhe permitiram ampliar a ação em benefício da qualidade da formação dos médicos e da prestação de serviços em saúde.

Na doença, manteve comportamento exemplar. Cordato, sorriso amável, trato cortês, sem amargura visível, sem queixumes. Manifestou por vezes o cansaço dos dias tornados longos pela inatividade. Na madrugada de ontem, faleceu, serenamente, em sua casa, aos 98 anos de idade.

Dos três filhos, um seguiu-lhe o exemplo. Eduardo Gordilho Fraga é Coordenador das Atividades Educacionais do Hospital que tem hoje o nome de seu Mestre, por decisão unânime do Conselho Universitário, a título de reconhecimento e permanente homenagem.

Pontos de vista

Polêmica na ciência nacional

Nos últimos dias, uma polêmica entre dois conhecidos nomes da ciência nacional ganhou destaque nas redes sociais. A discussão foi iniciada quando a professora Suzana Heculano-Houzel, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ, anunciou à revista Piauí, em 3 de maio, que iria deixar o país e trabalhar em uma universidade norte-americana. Motivo: falta de condições para realizar suas pesquisas no país.

O professor Roberto Lent, do mesmo ICB, criticou a decisão da colega de tornar pública sua decisão. Para ele, a atitude transformou-se em uma “opção política individualista e de capitulação”. Lent acrescentou que a solução “não é abandonar o barco, e sim resistir e lutar”.

Suzana repudiou veementemente sua escolha ser tratada como “capitulação". Observou, ainda, que a crítica fundamentada apresentada à imprensa é uma forma de mudar a situação.

Nessa discussão, algumas questões foram pouco exploradas pela mídia: problemas enfrentados por Suzana poderiam ser resolvidos internamente à universidade? A política salarial deve ser modificada? O novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação pode levar à superação de dificuldades? Como andam as formas de financiamento da pesquisa no Brasil?

O que você, professor(a) da UFRJ, pensa? Envie mensagens para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou faça comentários nesta notícia.

TEMOS MUITO A TEMER

1019659-df 13052016reuniao20ministerial dsc5759a-Primeira reunião ministerial da gestão Temer - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Novo ministério representa graves ameaças aos nossos direitos e às condições de trabalho na universidade pública:

- Ministério da Educação nas mãos de Mendonça Filho do DEM, incorporando o Ministério da Cultura;

- Ministério da Ciência e Tecnologia unido ao de Comunicação;

- Ministério da Previdência passando a fazer parte do Ministério da Fazenda;

- Fim do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos, que ficará sob o comando do Ministério da Justiça;

- Nenhuma mulher ou negros no ministério.

Além disso tudo, o programa Ponte para o Futuro do PMDB anuncia o fim da vinculação constitucional dos investimentos em educação e saúde.

Precisamos ficar mobilizados. Teremos assembleia dia 17 (veja detalhes aqui) para discutir agenda política e de mobilização.

Nenhum direito a menos!

Geografia ficou sem aulas

Motivos: falta de água e crise local de terceirização com limpeza

Elisa Monteiro e Silvana Sá

O Departamento de Geografia passou por dias turbulentos. As aulas e atividades de secretaria foram suspensas em 5 e 6 de maio por falta de água. E no dia 9, novamente, desta vez, por falta de limpeza: “Sem água e, depois, o acúmulo de uma anormalidade do funcionamento de limpeza nos banheiros, nossa avaliação foi que o mais razoável seria velar pelos alunos e professores e esperar por uma normalização”, explicou Letícia Ribeiro, chefe do Departamento.

 

De acordo com a gestora, o corpo social foi comunicado da ação. “Todos os professores e técnicos foram informados. A comunicação aos alunos de graduação foi feita via SIGA e aos da pós-graduação, por e-mail”.  Interrompido completamente no dia 5 e parcialmente retomado no dia 6, o abastecimento de água foi normalizado a partir do dia 7.

 

A decania do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) informou que o problema com a água foi encontrado no início da semana. As raízes de uma pequena árvore comprimiram um dos canos subterrâneos do Centro contra uma pedra, perfurando uma tubulação de três polegadas. Na operação, com auxílio do Escritório Técnico da Universidade (ETU), outro encanamento acabou prejudicado. Segundo o superintendente Carlos Quintas, o reparo foi finalizado na quinta-feira (5). No entanto, segundo o administrador, não houve interrupção da água. “Temos duas caixas d’água e uma cisterna de 40 mil litros. Em nenhum momento, faltou água no CCMN. Apenas a Geografia suspendeu aulas”.

 

Limpeza

Já o problema com a limpeza diz respeito ao conflito com a empresa Limpe Top, que substituiu a Venturelli nos serviços de manutenção no Centro. Segundo o superintendente do CCMN, a prestação de serviço da firma no primeiro ano de contrato pode ser considerada satisfatória. Mas, desde dezembro de 2015, começaram os problemas com o não pagamento do décimo terceiro salário dos empregados.

Em janeiro, continuaram os atrasos salariais. “Até então, havia atrasos apenas no pagamento do auxílio-transporte e na entrega de materiais de limpezas”, relatou Carlos Quintas. “Pedimos ainda no ano passado à Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6) a substituição da empresa. Mas isso não aconteceu”. O contrato de dois anos de vigência se encerra em junho deste ano. A reportagem da Adufrj não conseguiu entrar em contato com a Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6) sobre os problemas com a Limpe Top.

Há também um desentendimento entre Decania e a firma que se recusa a oferecer, conforme pactuado, o serviço no período noturno. A Geografia, por exemplo, tem curso noturno. “Esta semana, deslocamos um funcionário para suprir parcialmente a demanda”, afirmou Carlos. “Mas apenas para cobrir os banheiros e corredor, porque seria humanamente impossível dar conta ainda das salas de aula”.

O mais recente pomo da discórdia foi concessão de férias a 15 funcionários, sem substituição, o que, segundo o superintendente, agrava o quadro de desfalques: “Há dois em aviso prévio, licenciados, fora as pessoas que estão deixando de vir por causa dos atrasos de pagamentos”.

Enxugamento

Rebeca Steiman leciona no departamento e depõe sobre a situação na Geografia: “Hoje, vários banheiros estão fechados ou interditados. Os que estão abertos têm água, mas estão sujos ou cheios de papel. Não vi nenhum funcionário circulando ou indo às salas remover o lixo, mas os corredores parecem OK”.

A Superintendência do CCMN confirmou o encolhimento no quadro de pessoal: até dezembro de 2015 eram 71 funcionários entre 69 profissionais de limpeza e dois encarregados; caindo para 58 trabalhadores para atender à Decania, ao Instituto de Geociências (IG) e ao Núcleo de Computação Eletrônica (NCE).

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