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Descaso governamental aprofunda crise em Xerém

Diretor anuncia saída do cargo em meio à conturbada situação de infraestrutura. Vice assume provisoriamente

Decisão foi formalizada em assembleia comunitária, dia 26

Filipe GalvãoSamantha Su. Estagiários e Redação

Geraldo Antônio Cidade não é mais o diretor do polo Xerém da UFRJ. Ele formalizou sua saída em assembleia comunitária realizada no último dia 26, após seis anos de gestão.

A precariedade da infraestrutura, somada ao que Geraldo chamou de precária expansão do Reuni, alimentou o sentimento de desamparo e revolta entre alunos, técnicos e professores. Aulas em contêineres, deficiência na assistência e imobilidade administrativa compõem o cenário. 

A Superintendente Geral de Atividades Fora da Sede, Maria Antonieta Tyrrel, esteve em Xerém e defendeu a posse da vice-diretora, professora Raquel Moraes Soares. O problema é que o polo não possui regimento interno, o que deixaria a transição em aberto.

Thaís Lara Barbosa, diretora do DCE presente à assembleia comunitária, afirmou que, enquanto a questão institucional não for resolvida, uma comissão paritária de professores, alunos e técnicos dará início a um processo de consulta pública. A iniciativa poderia contribuir para confirmar Raquel na direção ou apontaria na direção de um novo processo eleitoral. 

Aprofundar processos democráticos

A intensa movimentação política nascida do sentimento de abandono e incerteza gerou propostas de aprofundamento dos processos democráticos relativos ao polo. Os professores exigiram maior participação nas decisões. Os alunos, por meio de uma articulação entre os centros acadêmicos de Xerém e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), irão formular um plano de metas com as propostas mais urgentes.

O DCE pretende levar essas demandas ao Consuni. Thaís observa que a prioridade é discutir isso não como fruto de uma questão interna do polo, mas sim como demanda pela assistência estudantil que garanta a permanência dos alunos na universidade: “É importante entender que isso é fruto de uma conjuntura da educação que passa pelo arrocho de verbas do governo federal e pela precarização do ensino”. 

Ciência: um território ainda dominado pelos homens

Mesmo com uma crescente participação feminina em pesquisa científica, estudo da distribuição de bolsas do CNPq de 2013 demonstra que bolsas dos programas mais valorizados ainda estão em mãos masculinas 

Desigualdade é mais acentuada nas Ciências Exatas, à exceção da Química

Samantha Su. Estagiária e Redação

Em 2013, a distribuição das bolsas do CNPq alcançou a paridade entre homens e mulheres. Porém, na mais valorizada “Produtividade em Pesquisa (PQ)”, a participação feminina é de apenas 36%. Elas acumulam mais bolsas na iniciação científica, com 59% do total. O resultado indica que, apesar de uma crescente inserção feminina na Ciência nacional, as categorias consideradas mais importantes ainda são majoritariamente masculinas. 

A análise foi feita pela professora Hildete Araujo, de Economia da UFF, representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e do programa Mulher e Ciência do CNPq. Hildete esteve na UFRJ em debate organizado, dia 15, pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.

Ela expôs que a média de idade das pesquisadoras que conseguem chegar ao nível 2 em “Produtividade de Pesquisa” é de 50 a 54 anos, enquanto a dos pesquisadores é de até dez anos menos. Em 2013, a quantidade de mulheres em nível 1 (PQ1), topo do programa, era de 281, enquanto 908 eram homens. O levantamento mostra também as áreas em que as diferenças são mais significativas. São elas as Ciências Exatas (com exceção da Química), as Engenharias e o setor de Computação e Tecnologia. 

A canadense Sophia Huyer, diretora da Gender is Science, Innovation, Technology and Engineering (iniciativa global envolvendo pessoas de diferentes setores para promover o papel das mulheres na ciência, inovação, tecnologia e engenharia), observou que o Brasil — apesar de todos os problemas de desigualdade internos — encontra-se em terceiro lugar quanto à participação das mulheres na ciência e tecnologia, atrás dos Estados Unidos e da União Europeia. Ainda assim, Huyer demonstrou que em áreas como Engenharia, Física e Ciência da Computação, elas representam menos de 30% dos pesquisadores, na maioria dos países. Mesmo nos lugares onde o número de mulheres que estudam ciência e tecnologia tem aumentado, isso não se traduziu em equilíbrio de gênero no mercado de trabalho desses setores.

A professora Eliane Volchan demonstrou a consequência desses dados sob o ponto de vista das percepções implícitas, segundo a neurociência. Para isso, utilizou os resultados de testes de Implicit Association Test (IAT), que trabalha o subconsciente através de respostas imediatas e associativas. Desse modo, descobriu que 70% das pessoas associam ciência à figura masculina. Em um dos testes, era pedido para que fosse julgado um currículo com um nome feminino com base em quatro vetores, competência, possibilidade de contratação, indicação para um cargo de supervisão e salário. O mesmo currículo foi apresentado com um nome masculino e todos os vetores melhoraram, o vetor salarial chegou a ter 4 pontos acima do currículo feminino.

Com o objetivo de reverter esse quadro, o projeto Mulher e Ciência, do CNPq, criou três frentes de atuação. São elas: editais de apoio a pesquisas sobre gênero, o prêmio “Construindo Igualdade de Gênero” e encontros nacionais de núcleos e grupos de pesquisa sobre o tema. 

 

 

Desigualdade reproduz-se também no IBCCF

Dentro do Instituto de Biofísica, os dados não são diferentes. A monografia da estudante Gabriela Lúcio, orientada pela professora Daniele Botano, demonstrou que há 52 docentes mulheres e 44 homens na faculdade. Ainda assim, dos 53 cargos de chefia, 31 são masculinos. E somente 64 anos após a criação do IBCCF, foi eleita uma diretora.

 

Pesquisas acabam reforçando estereótipos

Eliane Volchan também questionou os resultados das pesquisas biológicas sobre gênero. Segundo ela, a conclusão dos testes é sempre uma interpretação sociocultural dos cientistas. Como exemplo, citou um documentário científico que tinha por objetivo identificar características biológicas ligadas a gênero. Para isso, bebês com seis meses de idade de ambos os sexos eram colocados em frente a uma tela. Quando puxavam uma corda próxima, as imagens mudavam. Em determinado momento, a ligação entre a corda e a tela era cortada. 

O teste demonstrou que os meninos continuavam a movimentar a corda, repetidas vezes, mesmo depois da interrupção. Enquanto as meninas, após perceberem o mecanismo quebrado, começavam a chorar. Volchan, como neurocientista, apreendeu que o teste demonstrava a rapidez das meninas para compreender que a ligação havia sido quebrada; e por isso choravam para reclamar. Para a surpresa da cientista, o resultado do documentário dizia que os meninos tinham mais tendência biológica à persistência, enquanto as meninas eram mais “propensas à sensibilidade”. 

Vida de Professor,
por Diego Novaes

TiraQuadrinho

 

Documentário conta história recente da economia brasileira

Filme apresenta pontos de vista sobre a política econômica, desde 1930

Lançamento ocorreu na Casa da Ciência, dia 16

Samantha Su. Estagiária e Redação


“A gente fala muito do passado, mas acho importante filmar essas pessoas do presente”, foi assim que o diretor José Mariani justificou a importância de seu novo filme (Um Sonho Intenso), que conta a história da economia brasileira desde 1930 até o primeiro governo Lula. O lançamento ocorreu dia 12, na Casa da Ciência da UFRJ, como iniciativa da Universidade da Cidadania, ligada ao Fórum de Ciência e Cultura. 

Para a realização do documentário, Mariani gravou depoimentos com nomes do quilate de Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares, Ricardo Bielschowsky, Lena Lavinas, Celso Amorim, Francisco de Oliveira, João Manuel Cardoso de Mello, Luiz Gonzaga Belluzzo e José Murilo de Carvalho.

“O ponto de partida foi fazer uma história comentada. Isso deu ao filme certa liberdade de colher opiniões relativamente divergentes, mas dentro do campo da esquerda. Acho que a coisa essencial do documentário é a liberdade e a autonomia ao personagem”, afirmou Mariani, em debate que se seguiu à exibição.

As quase duas horas de filme são recheadas por um passeio com imagens de arquivo que mostra a história brasileira. Curiosidade: o título, pedaço de um verso retirado do hino nacional, serve para analisar a caminhada para o desenvolvimento do país. 

Além do diretor, os economistas Carlos Lessa, Lena Lavinas e Ricardo Bielschowsky participaram da atividade na Casa da Ciência.  Durante o debate, a plateia sugeriu uma continuidade da película. Do ponto de vista de Lena Lavinas, a sequência poderia ter como foco a extensão da desigualdade: “A gente começou com Celso Furtado e acho que vamos voltar a ele para entender uma das frases ditas no filme, que é ‘a interpretação da reprodução do subdesenvolvimento’. Por que a gente não consegue sair dele?”, questionou.

Respeito à soberania nacional

Carlos Lessa relembrou, ainda, a construção da identidade nacional como forma de pensar um caminho autônomo e original: “As gerações políticas brasileira são comidas por essa pergunta — O que é o Brasil? Temos de entender que as respostas satisfatórias ainda não são insuficientes”.

Ele também lamentou a falta de debate entre os presidenciáveis sobre a questão: “Fora da Nação, não há salvação. A realidade é centro e periferia, temos de superar esse discurso da globalização. Você tem que ser Nação para poder proteger seu povo. Acho inquietante o debate presidencial não dar importância à soberania nacional”. 

Está na rua o mais novo outdoor da Adufrj-SSind. Fixado ao lado da ex-casa de espetáculos Canecão, traz a arte do Grupo de Trabalho de Comunicação e Artes da Seção Sindical que funciona como uma provocação pública ao privatista PNE do governo, aprovado este ano no Congresso: “Educação não é mercadoria”, são seus dizeres. 

14092221Foto: Elisa Monteiro - 16/09/2014

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